Invasão



Capítulo 15- Invasão

Ele estava usando uma vassoura alugada, e agora pensava por que não havia alugado um grosso casaco também. O vento cortante estava quase congelando seus músculos e, por alguns instantes, seu cérebro também. Era impossível não pensar em recuar e tentar buscar Gina só quando o verão chegasse. Mas ele ia em frente.


Harry sentiu uma ponta de alívio quando viu uma sombra negra na noite escura. Lá estava o castelo. Era relativamente pequeno e isso o animava. Como procuraria Gina se o lugar fosse enorme? Ele estava pensando nisso quando sentiu uma pressão intensa e de repente todo o ar sumiu.


Durante um tempo que ele não soube definir, tudo o que sentia era dor, muita dor. Ficou de olhos fechados por muito tempo, e o corpo imóvel no frio parecia cada vez mais pesado. “Harry, você não tem mais quinze anos. Devia abandonar esse tipo de vida...” pensou amargurado. Abriu os olhos com relutância e enxergou o céu estrelado. Ele estava estatelado no chão, com um corte na têmpora esquerda e talvez tivesse algum osso quebrado. Despencara de uma altura de mais de 200 metros.


-Mas como...? –indagou ele, tentando sentar a muito custo.


Sua cabeça estava latejando, e a hipótese de desistir de entrar na escola parecia cada vez a mais sensata. Olhou para o lado e viu a vassoura totalmente estraçalhada. Tudo estava girando demais para que ele conseguisse pensar direito, mas continuou ainda sentado, olhando do céu para a vassoura, da vassoura para a escola e da escola pro céu, até que tudo fez sentido.


-Encantamento contra invasores de vassoura –concluiu penosamente- Como eu não pensei nisso antes?


Passou a mão pela cabeça e viu que estava molhada de sangue, mas pelo visto o sangramento já estancara. Apoiou-se no que restara do cabo da vassoura, como se fosse um cajado, e levantou-se.


-Ai...


Realmente tinha se machucado muito na queda, mas não parecia ter quebrado nada. Ainda estava inteiro. Ficou de pé encarando a escola onde Gina estava dormindo nesse momento. Desistir ou não? O corpo maltratado exigia cuidados médicos, além de descanso. É, talvez fosse melhor voltar. Deu um passo no sentido contrário à escola e viu o horizonte vazio. Não havia nada num raio de muitos quilômetros, mas a escola estava ali, bem pertinho dele. Gina estava bem perto dele.


-Dane-se esses machucados! –exclamou, alongando o corpo- Eu vim aqui buscar minha mulher e só saio com ela ao meu lado.


Forçou a visão, mas os seus óculos também haviam se espatifado. Tirou a varinha do bolso com muito receio de que ela houvesse quebrado, mas ela havia sobrevivido.


-Ainda bem que ouvi Moody e deixei de colocá-la no bolso de trás...


Consertou os óculos e então olhou para os lados. Devia haver guardas por ali. Uma escola de magia avançada deve guardar todo tipo de pesquisa, objeto e segredos. Protegeriam-se de todas as maneiras contra invasores.


-Mas eu vou entrar aí. Já venci coisa muito pior, não vai ser um sistema de segurança que vai acabar comigo.


Fechou os olhos e respirou fundo por alguns segundos, tinha que esvaziar a mente. Não podia permitir um só erro. Voltou a abrir os olhos e apurou bem se havia guardas por perto, lembrou-se das técnicas utilizadas na guerra para encontrar inimigos camuflados e ficou a espreita por um tempo. Não havia ninguém, por enquanto.


Tirou os sapatos e novamente praguejou contra o frio, mas ainda assim sua mente estava concentrada, não havia frio que lhe impedisse. Andou cautelosamente até se aproximar mais dos portões, observando os possíveis guardas e tendo cuidado para não pisar em galhos secos ou qualquer outra coisa que fizesse barulho.


Estava realmente muito próximo dos portões quando finalmente avistou os guardas. Eles estavam imóveis e camuflados, bem como Harry supôs. Mas desse jeito ele não saberia quantos eram, nem como passar por eles. Mas havia um jeito.


Conjurou um espelho e foi levitando-o rente ao chão até um canto oposto ao que estava, e o deixou em posição oblíqua. Pegou uma pedra no chão e lançou-lhe um feitiço de estouro retardado, jogando-a para trás, num ângulo reto com o espelho. Assim que a pedra estourou, lançou fagulhas por todos os lados, e essas foram refletidas pelo espelho, dando a impressão de que alguém atacara do lado de lá.


Como o esperado, os guardas correram para lá, não todos, alguns continuaram guardando os portões, mas estavam com a atenção voltada para o outro lado. Harry lançou sobre si o feitiço para se camuflar e passou correndo por entre os guardas que não notaram a sua presença.


Ele não parou de correr até chegar à escola propriamente dita, e já entrava nela quando ouviu o rumor dos guardas. Alguém gritara alguma coisa que ele não entendera, pois não falava aquela língua, mas Harry tinha certeza de que haviam encontrado o espelho e entendido como fora usado. Agora tinha pouco tempo.


Pela dimensão do lugar e pela quantidade de mesas e cadeira, percebeu que estava no Salão Principal. Lembrou-se novamente de Hogwarts e seu estômago ameaçou a roncar, mas ficara quieto. Se tudo desse certo, em pouco tempo estaria com Gina em casa, e ele faria alguma coisa para os dois comerem.


“Certo” pensou com urgência, os passos dos guardas vinham em direção ao local onde estava “Essa escola também deve ter seus segredos, vou ter que procurar aleatoriamente. Só espero que os quartos não sejam guardados por quadros que exigem uma senha para entrar.”


Os passos dos guardas estavam muito perto quando ele finalmente saiu correndo dali. Embrenhou-se por uma infinidade de corredores, e ao contrário do que imaginava, não viu quadro algum. Não havia quadros, estátuas ou qualquer coisa que diferenciasse um corredor do outro. Nem mesmo portas. Estava andando, andando, andando e até agora não vira uma só porta na qual pudesse entrar. Parecia que a todo o momento ele saia e entrava no mesmo corredor, como se estivesse dando voltas.


-Merda...


Sua respiração estava mais ofegante do que ele gostaria. A idade finalmente dava seus sinais. Não era mais jovem, e há muitos anos que sequer fazia uma caminhada. Seu condicionamento físico fora por água a baixo há muitos anos. Ficou parado apoiado numa parede, tentando normalizar um pouco a respiração. Não conseguia mais correr. Não tinha como. O ar não estava mais chegando aos seus pulmões.


-MERDA! –enraivou-se ele, dando um soco na parede.


Harry gelou quando ouviu o eco do seu grito. Um eco longo e muito alto, propagando por cada corredor semelhante do castelo. Tudo pareceu ainda pior quando ouviu as vozes dos guardas dizerem alguma coisa. Haviam descoberto a localização dele através do eco.


“Eu tenho que sair daqui” pensou, desesperado. Mas assim que deu o primeiro passo, duas grades despencaram do teto, cada uma de um lado do corredor. Estava preso.
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Gina acordou assustada. O sonho que estava tendo já não era muito agradável, então ela ouviu aquele grito horroroso ecoando por toda a parte. Isso acontecera, não acontecera?

-Eu não imaginei esse grito... –disse ela, esfregando os olhos.

Calçou as pantufas e olhou para o relógio: 3:15 da madrugada. Estranho. Foi até a mesinha tomar um copo d’água e afastou as cortinas. Lá fora os guardas estavam muito agitados.


-Eu nunca nem vi esses guardas... –reconheceu, franzindo o cenho- Eles sempre estiveram camuflados. Mas agora são muitos deles, bem visíveis.


É, aquele grito tinha sido real, bem real. Ela aproximou-se da porta do seu quarto e colou o ouvido lá, tentando ouvir algum outro ruído, mas estava ligeiramente silencioso. Ela descolou o ouvido da porta e ficou parada, a espera de algum outro barulho qualquer.


-Eu não sei se eu devo sair...


Abriu a porta e colocou a cabeça para fora. Olhou para os lados, mas ninguém mais estava com sua cabeça para fora conferindo a situação. Ela enrolou o robe e deu um passo para fora do quarto. Olhou até o próximo corredor e olhou para os lados e novamente vazio. Embora de longe ela escutasse algumas vozes ecoando de forma baixa.


-Eles devem estar resolvendo tudo.


Sair e andar pelo castelo poderia ser uma ajuda para os guardas. Ou não. Ela balançou a cabeça e voltou para o quarto. Tirou o robe e deixou-o largado na cadeira. Estava já coberta e agasalhada quando ouviu os guardas passando por um corredor vizinho.
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Harry apontou sua varinha para as grades e tentou lançar todo tipo de encantamento que conhecia, mas nada adiantava. O que iria fazer? Estava ouvindo os guardas se aproximarem, e até agora não havia nenhuma esperança de escapar. Era assim que iria terminar? Preso em outro país, sem que ninguém soubesse que ele estava ali?


“Pelo menos Hilde pode adivinhar onde eu estou...” pensou, desanimado.


Se ao menos tivesse feito tudo da maneira correta. Se tivesse telefonado, ou escrito uma carta... Mas não, ele tinha que invadir uma escola no meio da madrugada! Pensou nisso e não conseguiu evitar um meio-sorriso. Se tivesse feito tudo da maneira correta não seria a mesma coisa.


Ainda estava com o sorriso bobo na cara quando a parede se abriu. Uma senhora de cabelos roxos o encarava com a sobrancelha franzida e uma varinha apontada para o seu peito. Ela falou algo na língua local, mas ele não a entendia. Ela fez uma cara de tédio e voltou a falar, desta vez no que parecia francês, depois italiano, espanhol, português.


-Você não pode falar em inglês, por favor? –pediu ele, de forma humilde.


Ela revirou os olhos.


-Odeio ingleses –resmungou ela, seguido do que parecia ser um palavrão em francês. A varinha dela ainda estendida para o seu peito- Quem é você?


-Vim aqui buscar minha esposa... –disse ele, sem jeito- O nome dela é Ginevra Weasley.


A senhor lançou-se um feitiço que doeu e fez todo o seu corpo contrair, mas que durou apenas um segundo, como um choque.


-Pare de mentir –rugiu a senhora- Quem é você e o que quer aqui?


Os passos dos guardas estavam cada vez mais próximos. Se aquela senhora acreditasse nele, ela poderia ser sua salvação.


-Por favor, tem que acreditar em mim –implorou ele, mostrando a carteira, com uma foto antiga da Família Potter- Ela é minha ex, mas será minha esposa novamente em breve. Eu só preciso encontrá-la. Por favor, me deixe ir.


Ela lhe olhava com um olhar de tédio, mas ele percebeu que seus olhos reconheceram Gina na foto. Ela voltou a lhe olhar como se ele fosse um mentiroso.


-Sabe de uma coisa? –disse ela, ajustando a varinha- Eu não acredito em você. Não acredito e tenho razões para isso.


Ele fechou os olhos e deixou uma expressão de desalento preencher o seu rosto. Já esperava por isso. Por que aquela senhora acreditaria num homem que invade uma escola de magia avançada no meio da madrugada? Estava perdido.


-Mas eu vou ajudar você –disse ela. Antes que ele pudesse se alegrar com a notícia, ela fez um giro rápido com a varinha e lhe arrancou a sua. Estava desarmado- Ajudo você a encontrá-la. Mas não vou deixar que fique com isso.


Harry estava desarmado e à mercê de uma senhora que usava cabelos roxos. Ela realmente o ajudaria? Os guardas estavam já bem perto, a julgar pelo som dos passos.


-Vamos, entre no meu quarto! O que diabos você está esperando? Que os guardas cheguem?


Ele entrou e ela o empurrou para dentro do guarda-roupa. Falou algo com ele, mas ele não entendeu, porque ela já tinha voltado a falar em finlandês. Ficou em dúvida se deveria perguntar o que ela dissera, mas, na dúvida, ele resolveu continuar quieto e encolhido dentro do guarda-roupa.


Harry ouviu os guardas chegando, e ela começou a falar histérica. Ele não entendia uma só palavra, mas pelo tom da voz dela, parecia estar fazendo uma boa encenação. Um dos guardas falava rápido também, parecia estar fazendo perguntas, e ela só aumentava a voz e falava ainda mais rápido.


“O que eu não daria para entender o que eles estão conversando...” pensou, com a sombra de um sorriso. A mulher bateu forte a porta do quarto e por instantes tudo o que ele ouviu foi os guardas trocando informações entre si, com tom de urgência em suas vozes. Harry pensou em sair do guarda-roupa, mas era melhor esperar até que a senhora lhe desse um sinal.


Aos poucos os guardas saíram dali, correndo em outra direção. Quando os passos haviam sumido, ele ouviu a porta ser aberta novamente, e fechada logo em seguida. Então ela abriu o guarda-roupa com um sorriso maroto.


-Eles se foram. Vamos, saia daí!


Ele saiu meio desajeitado, o corpo ainda doía por causa da queda recente e da corrida sem condicionamento físico. A senhora tinha se enrolado num robe vermelho e o encarava com cara de interrogação. Ela sentou numa confortável poltrona e o olhou de cima a baixo.


-Então...?


Ele continuou de pé, calado, sem saber o que fazer. Ela tinha sua varinha, então mesmo que ela tivesse afastado os guardas, ele ainda não se sentia seguro.


-Então o quê? O que quer saber?


-Primeiramente o seu nome e a que veio –disse, de cenho franzido.


Ele respirou fundo, tentando não parecer nervoso. Mas não deu certo.


-Meu nome é Harry Potter e vim aqui buscar minha ex esposa, Ginevra Weasley.


-Ela lhe pediu para ser buscada? –indagou ela, a face tornando-se obscura.


-Não, porém eu sei que ela irá comigo –respondeu ele com cautela- Se eu conseguir convencê-la...


-Diga-me, Sr. Potter, o que lhe leva a crer que ela abandonará um curso importante para a formação profissional dela para ir com um ex que invade a escola onde ela está no meio da madrugada, todo rasgado como se fosse um bêbado?


Ele ficou calado por um tempo, tanto para assimilar o que ela falara de modo muito rápido com aquele sotaque carregado, quanto para pensar numa resposta.


-Ela me ama –respondeu, por fim- Ela só se esqueceu disso. Por isso eu vim lembrá-la.


A abaixou a cabeça e riu, uma sonora gargalhada.


-Prazer, Sr. Potter, sou Amélie Pordue. Vou levar você até o quarto dela. Será divertido ver ela lhe dar um fora.


-Ah, prazer... –respondeu, sem ânimo.


Tinha dúvidas se aquela era a melhor aliada para se ter, mas levando em conta as condições em que se encontrava, ter uma aliada já era muita coisa.


-Vamos, o que está esperando? Mexa-se! –resmungou ela, já parada do lado de fora do quarto.


Ele saiu receoso de encontrar guardas ou algum outro morado do castelo, mas ela andava a frente com segurança. Sua única e melhor opção era segui-la.


-Esse castelo não tem muita graça, não é? –disse ela baixinho, ao olhar para as paredes- Aposto que isso lhe confundiu um pouco. Eles dizem que é para isso mesmo, confundir invasores. Mas eu preferiria que tivesse mais vida. Uns quadros e estátuas, quem sabe...


-É, é –respondeu ele, mas estava a fim mesmo era de ficar calado, até mesmo para não fazer barulho.


Amélie olhou para ele e lhe deu nova encarada com desprezo, depois balançou a cabeça e riu. Ele não sabia exatamente do que ela ria, mas por todos os motivos do mundo, era melhor não perguntar.


-É esse o corredor –avisou ela, virando a esquerda.


Ele começou a suspirar mais aliviado. Os guardas poderiam até lhe achar, desde que ele já estivesse com Gina, pois ela explicaria toda a situação. Ok, estava perto de tudo se resolver. “Só mais alguns passos e tudo ficará bem” consolou-se.


Andaram muito pouco e pararam em frente a uma parede vazia, então Amélie bateu delicadamente à parede.


-Weasley? Sou eu, Pordue –disse baixinho.


Mas nenhuma resposta veio do lado de dentro. Amélie bateu um pouco mais forte e repetiu suas palavras, novamente sem nenhuma resposta, abrindo então a porta. O quarto estava vazio.
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Um novo grito ecoou pelo castelo quando Gina deu de cara com o italiano. Ela havia saído do quarto, não agüentara ficar deitada a espera de que a situação foi resolvida. E, pelo visto, seu colega italiano também não conseguira esperar quieto.


-Fome súbita durante a noite? –perguntou ele, fazendo gracinha.


Ela sorriu e olhou para os lados.


-Pois é –disse, dando um sorriso. Então ficou séria novamente- Acha que é um invasor?


-Com toda certeza- respondeu o moço, apertando com mais força a varinha- Eu já tinha ouvido passos no meu corredor antes mesmo daquele grito ecoar. Acordei com os guardas passando e já fiquei a espera de qualquer coisa que me fizesse sair do quarto.


-Mesmo que as ordens digam exatamente o contrário... –completou ela, num sorriso cúmplice.


Sim, desde o primeiro dia que chegaram ali, foram instruídos para permanecerem em seus quartos caso o castelo fosse invadido. A ordem era puramente uma formalidade, já que até então o castelo nunca havia sido invadido, mas na primeira chance que tinham de cumprir essa regra, estavam desobedecendo sem nenhum pudor.


-É impossível pedir que nós fiquemos parados enquanto há um possível ladrão ou assassino aqui –disse ele, voltando a andar. Ela o seguia de perto, olhando bem para os corredores em volta- Até se fôssemos crianças, tudo bem, seria expor pessoas despreparadas a um risco enorme, mas, por favor, nós somos Aurores!


Ela simplesmente concordou com a cabeça, estava concentrada demais para ficar dando corda à conversa. Ele também não fez questão de retomar o fio da meada. Pararam novamente, tentando ouvir alguma coisa que lhes desse uma direção, mas o castelo estava no mais absoluto silêncio.


-Não seria o caso de voltar para os nossos quartos? –perguntou ele, guardando a varinha- Talvez os guardas já tenham resolvido essa situação.


Ela não respondeu nada, tampouco abaixou a varinha. Ainda ficou em silêncio para tentar ouvir alguma coisa, achava que um eco muito baixo vinha da direção do Salão Principal.


-Eu duvido muito –respondeu ela, por fim- Eu acho que nós saberíamos se alguém tivesse sido capturado.


Havia algo que não saía de sua cabeça por nada. Durante todo o tempo em que esteve deitada, aquele grito ficou ecoando em sua cabeça, e ela ficou cada vez mais convencida de que ouvira um “merda” num perfeito inglês. O castelo abrigava vários estrangeiros, a maioria europeus, mas de inglesa só havia ela. E isso poderia ser um mal sinal.


“Ainda há Comensais da Morte soltos” pensou “Sempre há um por aí”.E se por acaso fosse um Comensal que estivesse ali, e ele teria vários motivos para estar, então quem saberia como pegá-lo provavelmente seria ela. “Há muita coisa nesse castelo com que um Comensal poderia fazer uma festinha. E saber que aqui há uma Auror que ajudou a derrotar Voldemort seria um ótimo pretexto para invadir um lugar desse”.


-Você está séria –constatou o italiano- Por acaso não têm nada a ver com o que está ocorrendo, tem?


Ela sustentou o olhar inquisidor dele.


-Tenho uma lista de inimigos razoável. Posso ter sido seguida.


Ele arregalou os olhos, mas se recompôs em seguida.


-O que a leva a crer nisso? Afinal, muitos de nós têm uma grande lista de inimigos.


-Mas você tem na sua lista algum inimigo que seja inglês? –perguntou ela, olhando-o com um olhar de desdém- Ouça, aquele grito foi em inglês, e a menos que eu esteja enganada, nenhum finlandês, italiano, francês ou o que quer que seja costuma xingar em outra língua que não seja a sua língua natal. E a menos que eu esteja enganada novamente, eu sou a única inglesa deste lugar.


Ele ficou calado, observando-a com cuidado. Então voltou a falar:


-E se por acaso algum inimigo tivesse te seguido, o que ele buscaria?


-Eu não sei. Pode ter vindo me matar, ou soube para onde eu vim e ficou sabendo desse lugar, que é um prato cheio para qualquer bruxo das trevas. Eu não sei, as hipóteses são imensas.


-Certo, então é melhor nós continuarmos –disse ele, tirando a varinha do bolso.


Ela só havia balançado a cabeça quando um novo ruído propagou pelo castelo. Não como se fosse só um grito, mas toda uma confusão.


-Vem do Salão Principal –disse ela.


Os dois correram em direção ao Salão com as varinhas preparadas para atacar. Ela entrou no Salão e a primeira coisa que viu foi a senhora francesa presa, amarrada e vigiada por guardas.


-Sra. Pordue..? –perguntou ela- Por que prenderam a senhora? O que está acont...?


Ela ainda falava quando viu Harry, também amarrado, atrás da senhora de cabelos roxos. O Salão estava cheio de guardas, mais os próprios moradores que, como ela, também saíram do seu quarto para checar a situação. Ela não podia confessar na frente de todas essas pessoas que o invasor que tirara o sono de todos ali era seu ex marido. Deu dois passos para trás, na esperança de que Harry não a visse, mas foi tarde demais.


-GINA! –gritou ele, os olhos iluminando-se.


Ela abaixou a cabeça e tentou tampar o rosto com uma das mãos. O italiano deu dois passos a frente dela, apontando a varinha para Harry.


-É algum inimigo seu? –perguntou o italiano à Gina, mas sem deixar de encarar Harry.


Ela olhou para o ex e não conseguiu responder nada. Não podia falar que sim e deixar que ele fosse tratado como um assassino ou um ladrão, mas não queria revelar que aquele homem, que causara toda aquela confusão, era seu ex marido, pai de suas filhas.


Harry olhava para a ruiva totalmente atônito. Gina só estava ali há uma semana, mas aquele homem estava protegendo-a de um jeito que daria para pensar que... Não, ela não podia estar flertando com ele.


-Gina... Quem é esse homem? –perguntou ele sério, já com os punhos cerrados.


As pessoas cessaram as conversas paralelas e olhavam do invasor para Gina, curiosos. O italiano sentiu-se ofendido e olhou para Gina também, a espera de uma explicação.


-É somente um colega –respondeu ela, tentando controlar-se. Então fechou seu semblante e o encarou- E você, o que faz aqui?


-Conhece esse homem? –perguntou o italiano- É seu inimigo?


Harry ficou calado, a espera de que ela falasse para todos quem ele era. Ele olhava para a ex num tom de ameaça, desafiando-a a mentir para aquelas pessoas de que ele era um inimigo.


-Não, ele não é um inimigo –disse, sem encarar ninguém. Depois levantou os olhos para Harry- Responda, Harry, o que faz aqui?


-Pensei que pudéssemos conversar –respondeu ele, muito sério.


-Ah, pensou? Eu acho que nos últimos tempos você vem pensando demais, Harry. E falando também! –ela levantou o tom de voz, esquecendo-se das pessoas ao redor- Olhe, eu já ouvi tudo o que você tem a dizer, e não me interessa! Vá embora, suma e vá fazer o que você deveria estar fazendo: permanecer na sua casa,ter notícia das meninas e tomar conta delas! Será que você não consegue fazer isso, cuidar das suas filhas?


-Aconteceram algumas coisas recentes que eu gostaria de compartilhar com você –disse ele, amenizando a voz, dando a entender que queria conversar com ela fora dali.


Antes que Gina respondesse, Amélie abaixou a cabeça e entrou numa nova gargalhada. O Salão inteiro foi preenchido pelo som do riso, mas todas as outras pessoas estavam pasmas e confusas demais com a situação para expressarem qualquer reação.


-Imagine você, meu filho, que ela inventou que era viúva só pra não ter que falar de você...


Algumas pessoas foram lembrando, uma a uma, que ela havia dito que era viúva. No entanto, o pai das filhas dela estava amarrado ali. Gina corou furiosamente e olhou com ódio mortal para a francesa.


-Muito obrigada, Sra. Pordue, por piorar a situação.


Ela olhou para Harry e não soube o que fazer, ele olhava totalmente desolado, chocado demais para dizer qualquer coisa.


-Solte-o –disse ela para um guarda, olhou para a francesa e voltou a falar- Ela você pode deixar aí...


-Hey! Eu o ajudei a achar você! –protestou a senhora.


-Nossa, que grande favor você me fez! –ironizou Gina.


O guarda soltou Harry, mas ele continuou sentado, encarando-a.


-Vamos, Harry, pare com isso! –resmungou ela, gesticulando muito com as mãos- Levante-se dessa cadeira, pegue uma vassoura e vá embora. Volte para a Inglaterra, de onde você não deveria ter saído.


Um guarda o cutucou e ele levantou-se, e passou por ela sem dizer nada. Ela suspirou cansada, mas não olhou para trás. Preferia não ver aquela cena. Ele já havia saído do Salão e do castelo quando uma indiana tocou o seu ombro.


-Vamos, vamos dormir. Essa noite foi terrível para você -a indiana a abraçou e juntas saíram do Salão, indo em direção ao quarto dela.


Já estavam no meio do caminho quando os gritos recomeçaram. As duas pararam no corredor, a indiana a olhando com piedade.


-Nós podemos simplesmente ir para o quarto. Por mais que ele rode esse castelo, não achará você.


Gina balançou a cabeça.


-Não. É melhor que eu vá lá...


Ela voltou ao Salão e ele estava lá berrando o nome dela, vários guardas o seguravam, mas ele estava resistindo a todos, exigindo que queria falar com ela novamente. As pessoas que já tinham ido para os seus quartos voltaram novamente. Ela olhou para os guardas, e eles deixaram Harry em paz.


-Achei que você já tivesse ido, Harry –disse ela, num tom entediado.


Ele ajeitou a roupa rasgada e passou a mão pelo cabelos sujos de sangue.


-Eu estava indo, quando me dei conta que vim longe demais para não fazer nada.


Ela fechou os olhos e suspirou. Sabia que Harry não a deixaria em paz enquanto ele não falasse o que queria.


-Você me deixou para trás há uma semana, Gina, mesmo depois de eu ter lhe feito a maior declaração que eu podia. E eu prometi a mim mesmo que se fosse para a agente ficar juntos, quem daria o próximo passo seria você...


-Digamos que eu dei! E foi uma mulher quem atendeu o telefone! –rugiu ela, cansada das declarações dele.


Harry parou de falar pasmo. Não imaginava que ela tivesse ligado para ele.


-Q-quando...? Quando foi isso?


-Ontem à noite –disse ela, encarando seus pés. Era lamentável assumir para todas aquelas pessoas que ela ligara para o ex e uma outra mulher havia atendido ao telefone.


-Hei, hei, espere! Não é nada disso que você está pensando... –disse ele se adiantando.


-Ah, não? –cortou ela, colocando as mãos na cintura.


-Aquela era a Meg! –disse, tentando se aproximar dela, mas ela estava dando tapas nas mãos dele.


-Meg? Quem é Meg? –rugiu ela.


-A minha amiga trouxa, lembra? –falou ele com cuidado- A única que sabia que eu era um bruxo...


Ela inflou de raiva, mas se manteve quieta. Aparentemente não tinha o que retrucar.


-Você me ligou –disse ele, num tom de vitória.


-Foi um gesto estúpido –disse ela, corando.


-Mas você ligou –repetiu ele, sorrindo- O que você iria falar?


Ela continuou calada olhando para os próprios pés, não queria ver aquele sorrisinho besta na cara dele.


-Vamos, Gina, admita que você quer voltar para mim tanto quanto eu quero voltar para você que aí eu não preciso convencê-la a fazer isso.


Ela o encarou com raiva.


-Eu-não-quero-voltar-para-você! –resmungou, cuspindo as palavras lentamente- Eu-só-quero-que-você-vá-embora!


-Mas você me ligou... Ia falar o quê?


Ela inflou de raiva novamente e começou a bater nele.


-Eu ia falar que eu sou uma estúpida! –rugiu, enquanto batia nele- Que estava me sentindo mal por ter te deixado para trás daquele jeito! –mais vários tapas- Queria falar sobre nós, qualquer coisa! –ela parou de bater e se afastou. Gina sentiu-se ainda mais deplorável ao ver que estava chorando- Há algumas horas atrás eu queria só ouvir a sua voz, mas ouvi a de outra mulher em seu lugar. Neste momento a única coisa que eu quero é que você suma daqui. E quando eu for ver as minhas filhas, não quero que você apareça na minha frente!


Ele tentava apagar o sorriso do rosto, sabia que isso deixava Gina com raiva, e enfurecê-la não ajudaria em nada. Mas parar de sorrir era difícil. Durante todo o tempo ela evitara confessar que ainda o amava, mas neste momento estava involuntariamente confessando não só para ele, mas para aquele monte de pessoas, o que ela sentia.


-Gina... –chamou ele, tentando se aproximar com cuidado, para que ela não voltasse a bater nele- Lembra-se do porta-retrato que você viu no meu antigo escritório? Lembra que você achou estranho e perguntou se a minha namorada permitia que eu tivesse uma foto com você no meu escritório?


Ela não disse nada, ficou de braços cruzados olhando para o lado contrário ao que ele estava. Ele deu mais dois passos em direção a ela e tocou o seu braço, mas ela se esquivou dele com raiva.


-Lembra-se disso? –voltou ele a falar- Eu te respondi que Lola e Hilde estavam no retrato também, só tinham ido dar uma volta... Mas era mentira, assim como você imaginou que fosse.


-E daí, Harry! –explodiu ela em lágrimas novamente, se afastando dele- Eu não ligo! Pegue o seu porta-retrato, a sua foto e suma-da-minha vida!


-Você não acha que seria estranho se eu tivesse uma foto da minha ex? Não acha que a minha namorada iria brigar? –ele olhou em volta e perguntou as pessoas- Vocês permitiriam que seu namorado ou namorada tivessem uma foto da ex? –as pessoas confirmaram e Gina abaixou a cabeça, morrendo de vergonha- Viu, Gina? Amanda nunca teria permitido aquela foto!


-Pouco me importa se você escondia a foto quando ela entrava! –gritou ela, afastando-se cada vez mais e tentando limpar as lágrimas- Agora saia daqui! Saia! Saia!


Ela parou de andar na direção dela, se Gina resolvesse correr para o seu quarto, ele nunca a acharia.


-Eu não escondia nada, Gina –disse ele com ternura- Amanda simplesmente não podia ver. Ninguém podia ver. Qualquer pessoa que entrasse no meu escritório e olhasse para aquele lado não veria nada além de uma estante praticamente vazia.


Um coro de “ohhh” foi ouvido e as pessoas faziam uma estranha cara de compreensão, muitas esboçaram um sorriso. Todas elas olharam para Gina na expectativa, mas a ruiva não sabia porque eles estavam agindo assim. Olhou para Harry, e ele tinha um sorriso vitorioso no rosto.


-Aquele era um porta-retrato encantado, Gina. Eu o encantei. Encantei a sua foto porque não podia encantar você. Coloquei naquele porta-retrato uma foto da pessoa que eu amava, e que no momento em que a foto foi tirada também me amava. Guardei sua foto num encanto porque não podia guardar você.


As mulheres presentes se derreteram, e mesmo muitos homens pareceram menos turrões. Somente Gina que ainda parecia alheia a isso. Ela balançou a cabeça e deu de ombros.


-Você não entende, Gina? Talvez você não conheça esse feitiço, ou talvez não lembre. Há um encanto em que você transmite um laço sentimental para um objeto, e ele cria uma espécie de vida. Esse objeto só se mostra para aqueles que compartilham do mesmo sentimento que o criou, e é por isso que é usado para guardar segredos ou como presente para pessoas queridas. E eu só nunca te entreguei o presente, porque pensava que você não poderia ver. Mas você viu.


Ela ficou parada, com o coração disparado. As pessoas nem mesmo piscavam, estavam com a respiração presa ao olhar para ela. Harry estava parado sem saber o que fazer. Já sabia que ela o amava, não só ele como todas aquelas pessoas sabiam disso, mas ela ainda assim poderia não voltar para ele, assim como ela fizera durante todos esses anos.


-Eu disse que vim porque aconteceram algumas coisas recente que eu queria compartilhar com você –disse ele, com ternura, mas voltando a se aproximar dela com cuidado- Bom, o dia ontem foi cheio. Eu arranjei um emprego! Olhe, e você é a primeira pessoa a saber, aconteceu tanta coisa que não deu para eu contar para Meg, e para Lola eu esqueci...


Ela abaixou a cabeça e tampou o rosto, estava morrendo de vergonha, queria sumir. Todas aquelas pessoas agora sabiam que ela amava o marido, mas que fugia dele de modo infantil.


-Harry, porque você não vai embora? –pediu ela, escondendo mais o rosto.


-Há ainda outras coisas para se contar... Sabe o concurso de Lola? Ela perdeu, mas conseguiu a vaga, mas jogou isso fora. –Gina levantou o rosto, assombrada com a notícia- E sabe porque Lola fez isso? Porque ela invadiu a sala de Tonks e me chamou pela lareira.


-E para quê ela faria isso? –perguntou ela, curiosa, enxugando as lágrimas.


-Para me contar que Hilde estava na enfermaria.


-Hilde o quê? –assustou-se ela, andando na direção de Harry- Me diga que a minha filha está bem, me diga que...


-Hilde está bem –disse ele, segurando-a pelos dois braços- Ou pelo menos eu acho que está, ou vai ficar –Gina franziu o cenho, mas ele continuou falando- Hilde tem passado mal, e tudo indica que isso tem a ver com um certo poder especial que ela tem.


-Poder? Harry do que você está falando? –perguntou ela, totalmente confusa.


-Hilde é uma vidente, Gina. E não faça essa cara surpresa, porque nós sempre percebemos que ela fazia coisas estranhas.


Gina ficou calada, era verdade que sempre percebeu que a filha mais nova fazia coisas esquisitas, mas...


-E você sabe o que Hilde adivinhou? –perguntou ele.


Ela balançou a cabeça, não encontrava mais forças para falar. Ele aproximou o rosto do ouvido dela, falando de modo que só ele pudesse ouvir.


-Ela adivinhou porque você me deixou –sussurrou ele.


Gina se afastou e o encarou nos olhos.


-Seja lá o que Hilde tenha dito, desista, Harry. Não existe um motivo sólido com o qual eu possa justificar porque eu te deixei. Não se iluda achando que...


-Pare de falar tolices! –cortou ele- Não existe um motivo sólido, eu sei. Existem vários motivos subjetivos. Você me deixou porque eu não roubava mais flores dos jardins alheios para te dar. Porque eu parei de confiar na minha intuição e querer as coisas concretas. Porque eu era turrão, desconfiado e impulsivo, e foi esse Harry cheio de defeitos e manias que salvou a Pedra Filosofal, que te salvou do Tom Hidle, que foi atrás de Sirius e que fez todas as coisas que me mandavam não fazer. Vivendo como trouxa eu deixei de fazer o que mandavam não fazer, mas só o que mandavam. Eu deixei de ser o homem que você amava.


Ela lembrou da frase de que havia dito há cinco anos. Ficou encarando-o deslumbrada por segundos, mas então seu sorriso morreu e ela deu dois passos para trás.


-É muito lindo o que você diz, Harry, mas eu duvido que você mude de um dia para o outro...


Ao contrário do que ela imaginava, ele sorriu.


-Eu por que só eu tenho que mudar, Gina?


Ela ficou de boca aberta, sem saber o que responder.


-Quem garante que só eu causei os motivos da nossa separação? –perguntou ele, maroto- Revendo as minhas memórias eu achei uns defeitozinhos em você.


-Como? –perguntou ela, indignada.


-Uns pés-de-galinha, umas manias estranhas... Aliás, depois que Hilde nasceu você ganhou vários quilos, hein?


Ela inflou de raiva e colocou as mãos na cintura. Ele fez uma cara de entediado e apontou para ela.


-É, além do fato de que você ficou explosiva que nem a sua mãe. Uma vez vocês duas discutindo fizeram Lola desmaiar, lembra?


Ela abriu e fechou a boca várias vezes, apontou o dedo para a cara dele e gesticulou várias ameaças, sem falar nada concreto.


-Vamos, Gina. Sobre os quilos a mais eu estava brincando, você continua linda, embora mais cheinha. –ela continuou com raiva apontando o dedo, mas ele segurou o dedo dela e a puxou para perto de si- Para que brigar, quando você sabe que ao longos dos anos ninguém permanece o mesmo? Os defeitos vão aparecendo com a idade, Gina, fofinhos só os bebês, as pessoas são cheias de erros. Eu errei, você errou, mas se nós estivermos dispostos a corrigir tudo... Ainda há tempo.

Ele aproveitou que ela parou de fazer resistência e a beijou, e ela não o afastou, como havia o risco de ela fazer. As pessoas em volta sorriram, e algumas mulheres limparam o canto dos olhos.

-Vem para casa comigo? –perguntou ele.

-Só se você esperar eu arrumar as malas –sorriu ela.

-Eu espero, se esses guardas não me expulsarem daqui antes –gracejou ele, apontando com os olhos para o lado.

Gina somente olhou para os guardas e eles se afastaram. Amélie se aproximou dele.

-Vamos, meu filho, vamos ali na cozinha arranjar alguma coisa para você comer enquanto ela ajeita tudo. Você está um caco.

-É melhor levá-lo na enfermaria também, Sra. Pordue –sugeriu Gina, então olhou para ele- Como você se machucou tanto?

-Caí da vassoura –disse ele, rindo de si.

-Vá, menina, vá arrumar suas coisas. Eu cuido dele –falou Amélie, fazendo um gesto para que Gina se apressasse.

Gina ficou para sorrindo feita boba, olhando a senhora Pordue sair com Harry pelo braço. Amélie devolveu a varinha dele, e Gina ainda ouviu a voz de Harry dizer “E você pensando que ela me daria um fora...”. Gina riu e balançou a cabeça, dando uma volta e enfim encarando a todas as pessoas que ainda estavam paradas ali.

-Hum, er, me desculpem pelo transtorno –pediu, sem jeito, mordendo o lábio inferior.

Uma garota jovem deu uma gargalhada e saiu andando para seu quarto. As outras pessoas também sorriram para ela, algumas a cumprimentaram com um tapinha no ombro, então cada um foi voltando para seus respectivos quartos.

Gina foi andando calmamente para o seu quarto, tinha ficado exausta emocionalmente para conseguir correr. Quando entrou no seu quarto suas malas já estavam todas prontas, e a diretora estava sentada em sua cama, com o rosto sereno.

-Eu falei que a sua permanência nesse curso era duvidosa –disse ela, com um sorriso enigmático.

Gina sorriu amarelo e sentou-se ao lado da mulher.

-Eu sei de tudo o que acontece no meu castelo, Ginevra –voltou a mulher a falar- E eu vi o exato momento em que as barreiras contra invasões através de vassouras jogaram o seu ex esposo no chão. Eu poderia tê-lo achado num instante e retirado ele do meu castelo, mas eu sabia que se eu fizesse isso, eu poderia agravar a sua situação.

-O que você quer dizer com isso? –perguntou Gina.

-Que os boatos inevitavelmente iriam correr, todos iriam saber que teve um invasor. E você poderia começar a sonhar que poderia ser o seu ex vindo buscar você, mesmo que racionalmente acreditasse que isso não era possível. Ora, eu sei que você ligou para ele, e sei que depois o telefone foi destruído, embora até ainda há pouco eu não soubesse que tinha sido uma mulher a atender ao telefone dele. Há uma central dos telefones no meu escritório –acrescentou ela, respondendo uma pergunta silenciosa de Gina.

Gina olhou para os seus joelhos sorrindo, era inevitável não se sentir uma tola adolescente nesse momento. Mas a verdade é que sempre quando o assunto era Harry, ela sempre acabava agindo como uma adolescente, uma tola adolescente.

-Muito obrigada por arrumar as minhas malas –disse a ruiva- Eu espero que isso seja um presente, ao invés de uma expulsão.

-É um presente sim –sorriu a mulher- Você não está expulsa, pode voltar num outro momento, quando estiver preparada. Se quiser, é claro.

-Agradeço a oferta, mas acho que tenho muito que fazer por enquanto.

Gina levantou-se e fez as malas levitarem. Já saía do quarto quando a mulher voltou a falar.

-Eu sabia que você não continuaria nesse curso, Ginevra. Sua filha mais nova parece saber muitas coisas também. Quando ela estiver mais velha, mande-a para cá conversar comigo.

Gina ficou parada por um tempo somente encarando a mulher, até que entendeu perfeitamente o que ela queria dizer.

-Mandarei Hilde para cá, se ela quiser. Mas você já deve saber se ela virá ou não...

-Esse é um futuro muito distante... Ainda não posso ver. Mas se a filha for tão talentosa quanto à mãe, torcerei para que ela venha.

Gina sorriu e deu um tchau para a mulher, despedindo-se. Tinha que pegar Harry na cozinha e ir. Tinham muito que conversar.

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N/A: Sim, dessa vez o próximo capítulo realmente é o último, não dá mais para adiar. Só falta um epílogo, para não ficar tudo assim no ar. E agora, aê, podem comemorar, finalmente os dois estão juntos para sempre! Demorou mais aconteceu, e mesmo que o Harry tenha sido bem lento ao longo da fic, ele conseguiu!rsrsrs Bom, se você está satisfeito com a fic (e depois disso tudo eu espero que esteja...) deixe uma resenha e entre na campanha “Eu faço uma autora feliz”. Bjusss, Asuka.

Tonks & Lupin: Não há razão para se preocupar com a Hilde, eu garanto. Pode ficar tranquila! Bjusss

Eleonora: Uma hora ele tinha que criar vergonha na cara, né? rs Bom, para sua felicidade eu não demorei e aki está o penultimo cap! E sobre a Hilde, pode ficar rtanquila, ela está bem! Bjusss

Doug Potter: Obrigada pelos elogios, é muito bom saber que a fic tá agradando. Mas, para felicidade ou não, a fic tá no finasl. O próximo cap com certeza é o último... Mas outras fics minhas virão! Se vc quiser acompanhar, a próxima é a H/G tb e se chama Absinto. Mas enquanto isso aproveita esse cap, Bjusss

MarciaM: A Lola sempre tem um olhar crítico sobre as atitudes do pai, e as cantadas não ficam de fora! rsrsrs E se vc gostou do Harry ter ido pra Finlandia no ultimo cap, esse então vc deve ter gostado mesmo. Espero q sim! Bjusss

Ju de Paris: Tá aí todas as aventuras do Harry na Finlândia, foi muita emoção para uma madruga só! Espero q tenha gostado, aproveita o cap! Bjusss

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Comentários (1)

  • Natalie Mayer Black

    OOOOOOOOOOOOOOOWN QUE T-U-U-U-U-U-U-D-O amando, continue assim *-*     Natalie Mayer Black Weasley  

    2012-01-31
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