A casa dos Riddle



***

– Você é realmente atencioso... – Irina comentou quando chegaram.


– Não podemos deixar que nos vejam aparatando ou fazendo magia... – Harry se explicou sem saber se ela o estava realmente criticando.


– E vai ser muito útil também... – ela se afastou, verificando o local. – Você pode usar este lugar para passar a noite se não conseguirmos voltar a tempo. Terá muito com o que se distrair e ninguém irá ouvir os seus uivos aqui dentro, olhe... – ela escolheu um mausoléu e entrou – as grades deste aqui são bem resistentes...


– Não... – descartou sua sugestão com repulsa – Se eu precisasse preferiria voltar a Nottinghan, Perdicas disse que eu poderia, se quisesse.


– Você não precisa de um bando! – Irina olhou para ele ofendida – Não quando pode ter um Clã.


– No momento eu já tenho o suficiente...


Harry saiu do cemitério para procurar a casa, Irina o acompanhou em silêncio, ainda magoada. A nevasca tinha espantado os moradores para dentro de suas residências. Harry parou quando avistou a colina ali perto, a velha casa senhorial se destacava, mas não foi a visão da imponente construção que o deteve, foi a presença que sentiu ali. Esticou o braço fazendo com que Irina também parasse.


– Há dois Comensais lá no alto – avisou a ela.


– O que fazem aqui? Vigiando a casa?


– Não pode ser... – Harry agitou-se hesitante – Por que deixaria dois deles? Seria mais fácil tê-la levado...


– Vamos verificar – Irina se prontificou.


– Não... – ele olhou ao redor estudando o ambiente – Ele sabe que eu perceberia a presença deles, talvez queira que eu pense que ela ainda está lá ...


– Ou ele deixou os dois para que o avisassem quando você aparecesse... ou para protegê-la... ou para que você pensasse ser uma armadilha e desistisse... ou eles estão lá por acaso.. – Irina concluiu impacientemente – A incógnita são os dois, eu resolvo isso...


Ela desapareceu antes que Harry pudesse se decidir, ele ficou intrigado sem entender o que ela estava planejando fazer até que, um após o outro, parou de percebê-los, aparatou.




A casa era velha e mofada, havia telhas faltando e a neve se acumulara no segundo andar, as madeiras podres eram um risco, sobrevoou de volta à escada e desceu, não havia nada lá em cima também. Todo o primeiro andar já havia sido checado, achou que estava deixando passar alguma coisa.


Arrepiou-se quando ela beijou sua nuca, olhou para a mão pequena e delicada em seu peito. Entendeu o que Pável dissera, ela parecia ser tão frágil, um atrativo natural para conseguir surpreender a presa. Sentiu a pressão dos dentes dela em seu pescoço.


– Agora não, Irina – afastou-se. – Estou tentando me concentrar...


– Você está chateado comigo? – ela indagou.


– Não... – respondeu após breve hesitação – Mas não havia necessidade, você nem estava com sede...


– Eles eram seus inimigos.


– Eu não disse que eram, nem os conhecia... E mesmo se fossem, não precisava ser assim.


– Harry, o que espera que a gente faça durante o confronto que está planejando? É assim que agimos... Nem Mihail, sempre tão gentil, costuma...


– Você acha que seu Clã se envolveria? Por quê?


– Esqueceu da nossa aliança? – perguntou com descrença.


– Não... mas o que tem a ver? Eles não são obrigados a vir... nem você...


– Seus inimigos são nossos inimigos agora! – lembrou-o surpresa, percebeu sua expressão confusa e suspirou incrédula – Harry, você sabe o que significa firmar uma aliança com o meu povo?


– Que... seremos amigos? – perguntou com um mau pressentimento.


– Ah, gatinho... – Irina o olhou pesarosa – Lutaremos ao seu lado em suas batalhas e você, ao nosso lado durante as nossas. Nossos inimigos também são seus inimigos agora...


– E são muitos? – perguntou desanimado.


– Algumas dezenas. Muitos não sobreviveram à evolução.


– Que bom... Por que ninguém me avisou antes? – murmurou chateado coçando a cicatriz.


– Temos andado pela superfície há muito tempo, mas imagino que Tristan esteja entusiasmado com a possibilidade de voltar ao submundo, agora que temos um bruxo ao nosso lado, um bruxo poderoso...


– Por que eu tenho o pressentimento de que não vou gostar de ouvir essa história?


– Sempre foi nosso desejo reencontrar Strickland, agora, talvez, tenhamos uma chance...  e se você se tornar um híbrido, será ainda melhor!


– Strickland não está morto? – Harry se lembrou dos comentários da Sra. Maddy.


– Pode-se dizer que sim, mas na verdade ele está perdido lá em baixo... mas vamos nos preocupar com a sua batalha primeiro.


– Claro... – Harry abriu a mochila, tentando não pensar no assunto e se preocupar antecipadamente, pegou o monóculo.


Não viu nada diferente nas paredes a sua volta ou no segundo andar, exceto quando olhou para o chão, havia algo mais ali embaixo. Percorreu os cômodos da casa até chegar a um minúsculo quarto escuro que dava para os fundos da propriedade.


Iluminou o local com a varinha e se agachou para encontrar a entrada para a escada que existia do outro lado. O assoalho estava intacto, passou a mão pela poeira do chão e não viu sinal da abertura.


– Deveria ter uma abertura aqui, para o porão, consegue ver alguma coisa? – perguntou a Irina enquanto procurava.


– Faz uma... esta casa já está caindo aos pedaços mesmo. Tenho certeza de que essa Ynys Corporation nem irá notar a diferença.


– Ynys...?


– É o que está escrito na placa lá fora, você não viu? No portão...


– Não, estava preocupado com os corpos... – comentou distraidamente. Irina torceu o nariz e ignorou seu comentário.


– Ela deve ter comprado o lugar, talvez pense em demolir isto e construir alguma coisa...


– Ynys significa...


– Ilha, em galês.


– É esta a empresa que possui negócios com Voldemort... – ficou um tempo olhando para a madeira que se estilhaçava revelando os primeiros degraus da escada. – Fique aqui... – virou-se para Irina mas não a viu.


– O que está esperando? – a voz dela surgiu da abertura aos seus pés. Lançou luz abaixo e desceu.


– Cuidado, deve ter armadilhas mágicas aqui – Harry pediu a ela.


– Areia... encheram este lugar com areia – ela se abaixou, no último degrau, e pegou um punhado da areia solta, que enchia o cômodo.


Harry lançou-se à frente e sobrevoou o local, examinou o teto e as paredes, uma delas chamou sua atenção. Virou-se ao ouvir o som do metal tinindo e cortando.


Irina fez com que os dedos, ainda presos ao seu pulso, se abrissem e a soltassem.


– Deve ter mais deles aqui embaixo – passou o pedaço do braço cortado a Harry.

Ele jogou, sobre a areia, o braço que ainda se mexia, e logo uma mão surgiu para puxá-lo para baixo. Voltou até a parede e desfez o feitiço de ocultação, revelando um corredor estreito e comprido, tocou o chão de terra firme, verificando se era realmente seguro.


– Quer esperar por mim aqui? – perguntou à Irina – Pode haver muito mais.


– Espero que realmente tenha, preciso de muita adrenalina para me manter acordada.


Harry a pegou nos braços e a levou até a passagem. Avançou lentamente reparando cada centímetro do corredor de terra, Irina o seguia atenta e silenciosa.


– Nossos amigos da areia estão nos seguindo – ela avisou após algum tempo. – Deveríamos ter cuidado deles antes de continuar, esse corredor estreito não é um bom local pra isso.


Harry apontou a varinha jogando o Lumus Máxima naquela direção. Eles se arrastavam feito cegos pelo corredor estreito, passando por cima uns dos outros, pareciam muitos.


– Posso bloquear o corredor e tentar achar outra saída depois – ele sugeriu.


– Pode não haver outra saída, deixe que venham, cuidaremos deles quando chegarmos a um local apropriado.


Harry concordou e continuou a caminhada, desejando que estivessem fazendo a escolha certa. Após uma curva começaram a descer, o solo se tornou rochoso e escorregadio. A passagem os levou até uma câmara subterrânea que possuía várias aberturas na rocha, passagens para algum lugar.


– Isso aqui parece um labirinto – Harry examinou as passagens, iluminando-as com sua varinha, algumas pareciam levar para mais abaixo de onde estavam.


– Este lugar lembra o submundo.


– É? Eu sabia que não iria gostar... – ouviu o som de algo rastejando pelo chão, ele olhou para trás, iluminando o corredor pelo qual tinham vindo.


– São apenas ratos – Irina disse a ele. Harry ergueu a varinha mas não conseguiu enxergar nada além do seu raio de luz.


– Moram pessoas nesse lugar, o submundo? Bruxos ou criaturas mágicas?


– Não! Nenhum ser vivo sobrevive lá embaixo por muito tempo. Há apenas as criaturas que guardam os portais, mas elas não são vivas – comentou descontraidamente, estudando ao redor. – O desafio é conseguir passar por elas e achar o portal correto, o mais rápido possível.


– Que portais são esses? – Escolheu uma das passagens mais altas e ajudou Irina a chegar até ela.


– Portais que levam até as outras realidades paralelas... – Irina percebeu seu olhar curioso – Não conhece nada sobre os outros mundos existentes? Provavelmente não –  concluiu – É muito difícil encontrar um deles, alguns portais, às vezes, se abrem na superfície também, mas é algo raro e esporádico. Raramente levam consigo alguma coisa, mas já aconteceu de sumirem embarcações, pessoas e até civilizações inteiras...


– Quem mais conhece sobre isso? – perguntou interessado.


– Quem pôde ver, estudar a respeito e sair vivo – Irina deu de ombros – Nós tivemos muito tempo para isso...


Ouviram o som das criaturas se debatendo no chão abaixo, Harry pediu silêncio para não atraí-los, teriam muitas passagens para procurarem até que os localizassem.

Havia ali uma ramificação com mais três passagens. Harry examinou bem cada uma delas e seguiu pela do meio. A cratera terminou após alguns passos, ele passou a mão pela parede estudando-a.


– Pelo jeito, será uma busca animada – ela se virou para sair, chutou o chão e algo guinchou ao fazer contato com sua bota.


Ele virou-se iluminando o local, surgindo de todas as direções eles começavam a cercá-los.


– Nós já achamos – avisou a ela e se agachou, observando-os. Um deles saltou em sua direção, olhos malévolos e dentes avantajados, prontos para enterrá-los em sua carne, pegou-o no ar. – São grandes demais para ratos comuns...


– São bem desenvolvidos – ela concordou – O cemitério não fica distante... – silenciou-se vendo-o rasgar o animal com as garras e espalhar o sangue pela parede.


– Você não está com sede, não é? – Harry a olhou de lado enquanto parte da parede começava a se desfazer mostrando uma pequena abertura – Acabou de atacar duas pessoas...


Ele jogou para longe os restos do animal e olhou para as mãos sujas, os demais roedores correram em fuga quando ele se abaixou para lavar as mãos com a água que saía de sua varinha.


– Em algumas vezes você me encanta com seu ar de menino, em outras, você me surpreende... – ela o contemplou amorosamente enquanto ele se levantava secando a mão nas vestes. – Deixe-me sentir suas presas – Irina pediu a ele meigamente.


Harry passou, distraidamente, a língua por elas, sentido-as pontudas e afiadas. Ela se inclinou para ele, que se afastou voltando a observar a recente abertura, suficiente apenas para que passasse um braço. Iluminou o pequeno túnel estreito e avistou algo no final, uma pedra vermelha que brilhou à luz.


– Você está com nojo de mim, por causa daquilo?


– Claro que não! – apontou a varinha tentando invocar o objeto mas não conseguiu. – Só não quero saber que gosto eles tinham... – olhou ao redor procurando uma outra maneira, começou a abrir uma passagem paralela, na rocha.


– Com todas essas passagens você a encontrou bem rápido – Irina comentou dando-se por vencida. – Sexto sentido?


– Você sabe que não... – respondeu sem desviar a atenção do que estava fazendo.


– Por que não tenta da maneira mais simples? – sugeriu.


– Porque está protegida, não é seguro por a mão aí.


– Isso não é problema.

Irina afastou-se por alguns segundos e voltou com um braço inteiro. Harry lançou luz à entrada esperando encontrar-se cercado.

– Nem ele percebeu... – ela disse apontando o braço que enfiava pela abertura.

Assim que fez contato com o objeto a mão se fechou automaticamente sobre ele, agarrando-o. Começou a puxá-lo. O fogo tomou conta do braço, incendiando-o, Irina atirou-o longe. Harry foi para perto dela e segurou suas mãos verificando se estava ferida enquanto ela se acalmava.


– Tudo bem com você? – perguntou preocupado com sua reação.


– Estou... eu não me queimei. – olhou para as próprias mãos, entre as dele. – Não nos regeneramos se formos queimados...


– Fique aqui, eu vou apagar – prontificou-se e foi até a entrada, onde as chamas ainda o consumiam, apagou o fogo.


Abaixou-se e tentou tirar a pedra dentre os dedos carbonizados, uma mão surgiu pela abertura, tateando, e agarrou o braço queimado. Harry o segurou firmemente puxando-o para livrá-lo das mãos do morto-vivo enquanto tentava recuperar a pedra.

Outras mãos surgiram apalpando-o e agarraram seu braço e perna, tentou chutá-los para longe, as mãos ocupadas em tentar obter a horcrux. Foi puxado pela abertura caindo entre os corpos sem vida que se impulsionavam a proteger o local contra os invasores.


– Soltem! – gritou tentando se livrar das mãos que o agarravam. – Afastem-se! – ordenou erguendo a pedra nas mãos.


Reparou o caminho, de corpos caídos, que se formou até ele. Irina parou ao seu lado vendo-os se afastarem obedientemente, ela chutou um dos ratos para longe, vários deles já cobriam os corpos no chão. Harry a puxou para perto, passando o braço em volta de sua cintura, a luz de sua varinha se apagou e desapareceram na escuridão.




Desceram até o porão e foram recepcionados por Tristan e Emil.


– O que fazem acordados? – perguntou Irina.


– Estávamos preocupados, não conseguimos dormir, seu celular estava fora de área.


– Desculpem, foi um dia agitado.


– Venha comigo, Harry – Tristan o chamou – Logo escurecerá.


Harry o acompanhou, obedientemente, até o quarto que ele tinha se dado ao trabalho de preparar especialmente para ele, reparou as portas reforçadas ao entrar. Estava realmente cansado, agradeceu a atenção e esperou que ele saísse.


Levou a mochila até o banheiro, pegou a pedra e a colocou sobre a pia. Admirou-a por um tempo, era um rubi de verdade, imaginou que ele deveria tê-lo roubado de alguém importante. Despiu-se e entrou debaixo do chuveiro quente.

 Ouviu alguém entrar e esperou que ela fosse até ele, limpou bem as garras querendo apagar os vestígios daquele dia.


– Irina...? – chamou após algum tempo e não obteve resposta.


Quando saiu encontrou seu cordão ao lado da horcrux, perdeu um bom tempo olhando para os dois objetos sobre a bancada lembrando dos últimos acontecimentos desde a noite anterior.


Encarou-se no espelho sem ter duvidas de a quem estava vendo refletido ali. Pegou o objeto e foi para o quarto. Encontrou uma bandeja sobre a mesinha e comeu. Irina não tinha retornado ainda quando acabou, rendeu-se ao cansaço e preparou-se para dormir.


Despertou com seu beijo. Pegou os óculos sobre a mesinha e olhou ao redor.


– Estava tendo pesadelos de novo?


– Sempre com espelhos – esfregou os olhos – Pensei que tivesse acabado de superar essa crise de identidade – passou os braços em volta dela e a puxou para si reparando o quanto ela ficava linda vestida como uma menina, em seu longo vestido branco, bordado, os cabelos caindo sobre a testa.


– Espelhos? – ela roçou os lábios no seu maxilar. – Esteve na Casa do Espanto sem mim? – repreendeu-o.


– Não... o que eu faria naquele lugar? Ainda mais sem você? – beijou-lhe as pálpebras – Você demorou...


– Eles quiseram ter uma conversa, agora não vão mais nos atrapalhar.


– Eles não aprovam nossa relação, acham que você pode acabar se machucando – deduziu.


– Não, eles acham que você pode acabar se machucando – aninhou-se em seu peito, passou os dedos pelo cordão. – Ksenya conseguiu achá-lo, que bom... pedi que ela procurasse hoje. Você sente muita falta deles – Irina observou.


– Obrigado... – deslizou os dedos pelo braço dela, acariciando-a enquanto contornava o desenho de sua tatuagem, um símbolo que desconhecia. – Não sei como eles vão reagir, mas não posso omitir isso deles, nem adiar mais esse momento, mesmo sabendo que nossos caminhos poderão se separar.


– Será a escolha deles. Vai entregar essa aos Weasley também? Para que possam fazer mais testes para conseguir separá-los?


– Eu não sei... – disse distraidamente – Não sei mais o que eu quero.


– Vai querer continuar ao meu lado se conseguir isso? – ela ergueu os olhos para ele.


– Eu também gosto muito de você, não duvide disso – pediu a ela. – A pergunta que venho me fazendo é se você vai continuar interessada por mim, se isso acontecer.


– Claro que irei, mas também sentirei falta...


Ficaram abraçados em silêncio por um bom tempo.


– Harry... – ela sussurrou.


– Hum...? – ele abriu os olhos novamente.


– Já faz um tempo que a lua saiu.


– Decepcionada?


– Não... se você me deixar sentir suas presas...







– O que vocês têm? Animem-se! É véspera de natal!– Jorge disse a eles após um bocejo, durante o café da manhã.


– Harry ainda não deu notícias – Hermione reclamou –Voltamos lá novamente, ontem à noite, e não  nos deixaram vê-lo! Estão escondendo alguma coisa... era de se esperar que ele tivesse o mínimo de consideração e enviasse uma mensagem...


– A não ser que algo o esteja impedindo – disse Rony – neste caso, deveríamos chamar alguém...


– Eu acredito que alguém o esteja impedindo – Fred opinou – Uma jovem muito atraente... – acrescentou com um sorriso.


– Onde? – pediu Rony.


– Está rolando alguma coisa entre o Harry e a Irina – Jorge explicou.


– Vocês têm certeza disso? – Hermione perguntou.


– Claro, eu ouvi – afirmou Fred.


– Deixem-no por lá – Jorge pediu – Deixem que ela o distraia, assim ele não pressiona a gente...


– Claro que não! – Rony levantou – Então temos que ajudá-lo... antes que alguém o morda! – enfatizou vendo-os ainda sentados.


– Rony... – Hermione o puxou pela blusa fazendo com que sentasse novamente – Eu te proíbo de tentar atrapalhar, ele sabe se defender muito bem.


– Mione, o que há com você? – perguntou espantado – Não vai fazer nada?


– Por quê? Depois que fomos à Hogwarts percebi que os dois não terão a mínima chance... O que foi? – percebeu seu olhar incrédulo – Deixe-o se distrair, ele precisa se alegrar um pouco...


– Sim, ela vai mesmo alegrar a vida dele com seu lado obscuro... Ela nem é humana! – Rony sussurrou mortificado.


– Olha Jorge, nosso irmãozinho é preconceituoso...


– Vocês acham normal?


– Para o Harry... sim, ele gosta de viver perigosamente – Jorge comentou e desviou o olhar para a porta – Falando nele...


– O quê? – Harry perguntou apreensivo.


– Harry... – Hermione o recepcionou aliviada – Vem, senta com a gente – ela o convidou lançando um olhar de advertência a Rony.


Harry se aproximou cautelosamente.


– E a Irina, Harry? Não veio com você? – perguntou Fred.


– Não... Ela ainda está dormindo... – sentou-se à mesa não percebendo a troca de olhar entre os gêmeos.


– Lamento que você tenha tomado conhecimento daquela maneira – disse Jorge – Não sabíamos que a Ordem não tinha avisado ainda a vocês...


– Tudo bem... E o Draco? – perguntou adiando o assunto.


– Fizemos ele voltar pra Hogwarts – disse Rony, olhando-o desconfiado – Imagine, querer soltar outro bruxo das trevas, como se já não tivéssemos o suficiente...


– Posso falar com ele? – Harry pediu à Hermione.


– Claro... – ela tirou o pergaminho da bolsa e passou para ele juntamente com o tinteiro e a pena. – Você sabe que não foi culpa sua, não é? Você não poderia ter feito nada.


– Foi culpa de Voldemort apenas – recebeu o pergaminho e começou a escrever – Onde está a lareira portátil? Podem me emprestar?


– Tá... – Fred estranhou o pedido mas a invocou para a sala.


– O que está havendo? – perguntou Hermione. – Não vai nos dizer nada?


– Vou... preciso contar algo a vocês – largou a pena sobre o pergaminho e olhou para eles.


– Já estamos sabendo – Rony declarou impaciente com sua hesitação. – Você está namorando a Irina... Ficou maluco?!


– Rony!! – Hermione o repreendeu.


– Eu gosto dela! O que há de errado nisso? – Harry chateou-se.


– Tudo bem que goste de mulheres mais velhas – disse Rony – Mas ela não é como nós! – olhou-o nos olhos enquanto Hermione cruzava os braços desanimada e os gêmeos balançavam negativamente a cabeça, em reprovação – Tudo bem que seja só outro... outro sintoma, por causa do seu estado... Mas quando voltar ao normal...


– Não estou doente! Estou perfeitamente normal agora! – cortou-o com irritação – E não é sobre isso que eu quero falar – olhou para o pergaminha à sua frente. – Draco está vindo pra cá, tenho que acertar algumas coisas com ele.


– Já cuidamos dele, Harry – disse Jorge – Ele não vai tentar nada, nem tem como fazer isso sozinho.


– Eu sei, é por isso que eu vou ajudá-lo, ele tem razão, está na hora de alguém assumir isso...


– Está brincando!


– Não Rony, estou planejando um ataque direto...


– Mas... – Hermione tentou se reorientar – Do que está falando? E as horcruxes?


– Não decidi ainda sobre elas, mas há outros meios de me livrar de Voldemort. Dumbledore não estava se preocupando com elas e parece que ele também não está mais... – desviou o olhar para a lareira, de onde surgiu a figura alta e pálida de Draco. Ele olhou para os presentes com desconfiança, Harry foi até ele.


– É sério mesmo? – perguntou Draco – Está disposto a comandar uma invasão?


– Sim, já tenho os lobisomens como voluntários, quero que me leve até os bruxos dos quais falou, mas Azkaban ficará como último recurso – Harry o advertiu.


– Isso é uma loucura! – Hermione reclamou – Poderemos morrer todos!


– Irão comigo apenas os que puderem e estiverem dispostos a lutar, e ninguém será obrigado a ficar, poderão fugir caso as coisas comecem a dar errado. Não será um ataque de verdade, Hermione, será mais uma ocupação para tomar o controle, espero que confrontos de verdade não sejam necessários, mas deveremos estar preparados...


– Pra mim não faz diferença, contanto que as coisas voltem ao normal – disse Draco.


– Nada voltará a ser como antes, Draco, e você terá de esperar um pouco mais...


– Nós estamos dentro – disse Fred após uma rápida consulta a Jorge.


– Obrigado, vamos precisar de tudo o que vocês puderem fornecer.


– Harry... – Rony tentou chamá-lo à realidade – Mesmo se reunirmos pessoas o suficiente, o que não parece possível, as chances de vencermos a todos os seguidores dele são mínimas, e para quê ocupar a ilha?


– Não é da ilha de Voldemort que estou falando – Harry avisou a eles – Eu quero o Ministério da Magia... e estou esperando ter reforços pra conseguir isso...


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