Batalhando por Amor

Batalhando por Amor



COLIN ABRIU os olhos, sentindo uma dor abrasadora nas mãos. Lutava para não gritar, mas a curandeira o fez deitar novamente.


— Calma garoto. Preciso limpar suas feridas.


A mulher Ihe deu uma bebida amarga que o deixou tonto. Enquanto ela cuidava de suas mãos, Colin tentava não cair no sono.


— Preciso ajudá-lo — ele disse, querendo sentar.


— Deite-se — ela insistiu. — Precisa descansar.


Não. Não podia ficar deitado na cama. Não quando Harry estava cavalgando para salvar Gina. Os soldados de Malfoy matariam os dois, por sua culpa.


Uma onda de fúria se apossou dele, raiva de si mesmo pelo fracasso. Colin usou o que Ihe restava de força para empurrar a mulher.


— A vida do meu irmão depende de mim.


O peso do sono desceu sobre ele por causa das ervas. Colin foi para um canto e tentou vomitar o chá, sabendo que precisava manter o raciocínio caso quisesse sobreviver.


Lorde Diggory entrou no quarto.


— O que foi?


— Os homens de Malfoy matarão meu irmão quando ele chegar. Preciso que mande reforços para ajudar. Ele esta lá sozinho.


Diggory meneou a cabeça.


— Acho que não devo me envolver nesta batalha.


— Ele morrera se você não ajudar! — insistiu Colin. — Ou é isso o que você sempre quis? — A voz tremia de raiva e impotência. Tinha falhado com o irmão uma vez, mas Harry o salvou. Se não fosse por sua fraqueza, Malfoy nunca os teria encontrado.


— Não. Esta nunca foi a minha intenção.


— Então mande homens — implorou Colin. — Depois do que você permitiu acontecer, deve ajudá-lo.


O barão ficou calado, refletindo.


— Onde eles estão?


Colin descreveu o lugar do acampamento e, depois de um longo tempo, o barão cedeu.


— Devo isso a ele depois do que fiz. — E saiu para dar ordens.


Colin alcançou a porta, as mãos sangrando novamente. Ignorou a dor, mantendo a mente concentrada.


Não falharia desta vez.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


HARRY DESMONTOU do cavalo quando o acampamento se tornou visível. Ficou abaixado, a relva coberta de gelo molhando sua túnica. Arrastando-se ate o topo do morro, olhou para o inimigo mais abaixo.


Não havia árvore ou rocha onde pudesse se esconder. Os soldados esperavam a plena vista. No centro do acampamento havia uma única tenda, fortemente guardada. Ele nem mesmo sabia se Gina estava lá dentro.


Um ataque de surpresa seria impossível nestas circunstâncias. Mas antes de fazer qualquer coisa, precisava saber se Gina ainda estava viva.


Montou novamente o corcel, guiando o animal para o topo do morro. Tirando uma flecha da aljava, Harry a encaixou no arco.


— Malfoy! — ele gritou.


Um soldado veio a cavalo na direção dele, a espada apontada. Harry disparou a flecha, que atingiu o alvo. O corpo do homem caiu no chão. Harry preparou outra flecha.


— Quero ver Gina. Se ela estiver viva, irei até você.


Ele não via Sir Draco, mas os guardas abriram a fresta da tenda. Momentos depois arrastavam Gina para fora. As mãos dela estavam presas as costas; sangue escorria do rosto.


— Harry, vá embora! — ela gritou. — Não se aproxime!


Ele ignorou o pedido, colocando o cavalo em movimento, mas mantendo-se longe do alcance deles. Era como se estivesse num pesadelo.


— Soltem-na — ele disse. — Eu garanto que terá o que quer.


Malfoy apareceu.


— Tudo o que quero é ver você morto.


Harry ouviu o som de cavalos se aproximando. Olhando para trás, viu soldados surgindo pelos flancos, impedindo sua fuga. Ele disparou várias flechas, mas eram muitos.


Quando a última flecha foi disparada, Harry puxou a espada. Os soldados fecharam o cerco sobre ele.


— Tragam-no vivo — alertou Malfoy aos homens. — Eu é que vou acabar com a vida dele.


Harry enfrentou os atacantes, e foram necessários seis deles para conseguir desarmá-lo. A mente dele fervilhava de medo por Gina. Os homens o amarraram tão apertado que Harry mal conseguia respirar por causa das tiras ao redor do peito. Mãos e pés também foram amarrados, embora ele lutasse para se soltar.


Malfoy obrigou Harry a olhar para Gina. Havia sangue na têmpora dela, o cabelo caia desgrenhado sobre os ombros. O vestido estava rasgado e os pés descalços.


A fúria de Harry triplicou ao ver Gina machucada e com frio.


— Não toque nela — ele avisou.


 


— Ou o quê? — zombou Malfoy. — Você não pode me impedir.


— Juro por Deus, seu maldito, que será morto se encostar um dedo nela.


— Já encostei — disse Malfoy. — E ela sofrerá por sua insolência. — Aproximando-se de Gina, deu-lhe um soco no rosto.


A cabeça de Gina tombou por um instante. Depois ela encarou Malfoy, a raiva faiscando nos olhos. Voltou-se para Harry, meneando ligeiramente a cabeça. Ele se perguntava o que Gina pretendia fazer.


Malfoy se posicionou atrás dela, encaixando uma faca em sua garganta.


— Ela nem lutou contra mim. — Puxando a cabeça de Gina para trás, encostou a lâmina na pele macia.


O mundo de Harry se fragmentou ao pensar em Gina sofrendo nas mãos de Malfoy. Ele forçou os músculos contra as amarras e lançou o corpo sobre um dos guardas, atirando o homem ao chão.


Neste segundo, Gina empurrou Malfoy. Tinha conseguido afrouxar os nós das cordas o suficiente para se soltar. Jogou-se para trás e girou sobre ele, atirando-o no chão. A faca afundou na coxa de Draco, que perdeu o fôlego com o impacto. Gina puxou a arma e correu até Harry.


Ela começou a cortar as cordas, mas Harry Ihe tomou a adaga.


— Vá! — ele gritou. Gina correu na direção do morro. Os esforços dela tinham afrouxado as cordas o bastante para que ele se livrasse do resto. Fazendo força contra as amarras, conseguiu se soltar.


Quando os soldados o cercaram, Harry usou a faca para se defender. De longe, viu Malfoy se levantar do chão, ignorando o ferimento. Ele montou e saiu em perseguição a Gina, a espada em punho para abatê-la.


Uma fúria selvagem desceu sobre Harry, que brandia a adaga feito um louco, esfaqueando os soldados até conseguir pegar uma espada. Com a espada e a adaga, conseguiu rechaçá-los.


Malfoy estava se aproximando dela.


Harry socou um guarda, cortou outro, até finalmente conseguir montar num cavalo. Disparou com o animal, correndo na direção de Gina.


Deus, proteja Gina, ele rezou.


Ela tinha quase alcançado o topo do morro, mas Malfoy avançou sobre ela. Harry ergueu a espada, mirando as costas de Malfoy, quando de repente outro cavalo apareceu lá em cima.


Um grito de batalha ecoou do cavaleiro, e Harry viu seu irmão Colin se jogar para cima de Malfoy, arrancando-o do cavalo. Um pequeno grupo de soldados que vinha atrás dele se espalhou para lutar contra os homens de Malfoy. Harry respirou aliviado quando viu que Gina estava ilesa.


Malfoy se ergueu e, para horror de Harry, apontou a espada na direção do irmão. Colin bloqueou a lâmina, mas a ponta o atingiu no braço. Colin gritou e tombou no chão.


Harry largou as rédeas de sua montaria, puxando a própria espada. Desmontou e partiu para atacar Draco. Malfoy se lançou contra Harry com toda a força. Harry podia ver grande medo nos olhos de Draco enquanto manejava a espada. Mas os movimentos do inimigo se tornavam lentos, o sangue fluindo livremente da ferida que Gina provocara.


Num rápido golpe, a espada de Harry quase acertou o estômago de Malfoy. Aço se chocava contra aço, até o pé de Harry escorregar no gelo.


Malfoy ganhou vantagem, mas Harry rolou para o lado. No último instante, ele ergueu a espada, perfurando o peito de Malfoy.


Os olhos dele congelaram. Enquanto a morte descia sobre Malfoy, Harry puxou a espada e deixou o corpo do homem desabar no chão.


Harry correu para Gina, esmagando-a num abraço.


— Colin... — ela conseguiu dizer.


Harry a puxou pela mão e ambos se ajoelharam diante do garoto. A espada havia cortado fundo o ombro esquerdo. O rosto de Colin estava mortalmente pálido, mas ele conseguiu exibir um fraco sorriso.


— Não falhei desta vez, irmão — ele murmurou.


Harry segurou-lhe a mão.


— Não, não mesmo. — Então sorriu. — Devemos nossas vidas a você, jovem guerreiro.


O sorriso de Colin se alargou antes que ele fechasse os olhos.


— Ele sobrevivera? — perguntou Gina, tentando reduzir o fluxo de sangue com a barra do vestido.


Harry assentiu.


— Precisamos levá-lo para a fortaleza bem depressa.


— Muito obrigada — ela murmurou. — Lamento os problemas que Ihe causei.


Harry a puxou para seus braços.


— Não precisa se lamentar. Eu é que devo ficar arrependido — ele disse, a voz tomada de emoção. — Voltei para dizer que Cho não está mais viva. Ela morreu muito antes de nos casarmos.


Harry acariciou-lhe o rosto, atento aos novos ferimentos.


— Ela escondeu Lílian, deixou que todos acreditassem que tinha morrido de febre anos atrás. Encontrei minha filha na fortaleza de Lufalufa.


A expressão de Gina parecia irritada, mas ela conseguiu exibir um sorriso.


— Estou feliz por você.


— Gina — ele murmurou, abraçando-a forte. — Volte comigo.


Uma esperança desesperada crescia dentro dela, mas Gina não podia evitar os sentimentos de raiva que resguardavam seu amor por ele. Harry teria escolhido Cho se ela estivesse lá.


E Gina não gostava disso. Nem um pouco.


— Precisamos cuidar dos ferimentos de Colin — ela disse, levantando-se. — E depois voltarei para a casa de meus pais.


Gina viu a expressão ofendida no rosto de Harry, a surpresa. Devia ter imaginado que ela se atiraria em seus braços, que voltaria para Godric com ele.


— Estou apaixonado por você — ele murmurou. — Não quero que vá.


As lágrimas ardiam nos olhos dela, mas Gina agarrou-se ao próprio orgulho.


— Você fez sua escolha, Harry. Agora estou fazendo a minha.

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