A Visita



GINA SE perguntava o que teria feito Harry mudar de atitude, mas em vez de se encher de alegria, sentia-se preocupada. As duvidas a atormentavam, uma vozinha lembrando-a de que nunca fora capaz de agradar Draco. Por quanto tempo duraria o desejo de Harry? Também se sentiria insatisfeito com ela?


Tentou silenciar a voz com trabalho. Nos dias seguintes, entregou-se a qualquer tarefa que mantivesse suas mãos ocupadas.


Colin tinha ficado para cuidar de Godric, sob ordens de Harry. Gina se perguntava quanto tempo o marido ficaria fora, e Colin assegurou que provavelmente seria questão de dias. Neste meio tempo, Colin decidiu descobrir mais sobre a fita enviada por Draco, apesar dos protestos dela. Colin insistia em dizer que o assunto não podia ser ignorado.


Gina suspeitava que ele estava mais interessado em ter um motivo para ficar espionando os outros do em descobrir o mistério. Mas isso o mantinha ocupado, então ela não se importou muito.


Com a ajuda das criadas, Gina limpou a lareira e forrou o chão com junco fresco. Quando se viu esfregando as paredes, procurando por teias de aranha, percebeu que já fizera o bastante.


Harry a proibiu de mexer no quarto que havia compartilhado com a primeira esposa, exceto para limpeza. A nova cama a lembrava da promessa de consumar o casamento, e Gina imaginava se ele cumpriria a palavra. Fariam amor naquela cama? Ou o fantasma da esposa ainda o assombraria? Ela não temia mais o toque de Harry, mas estava preocupada em agradá-lo.


Seu olhar se deparou com o baú perto da parede. Gina sabia qual era o conteúdo dele muito antes de Harry proibir que fosse aberto. Lá dentro havia vestidos, uma medida de linho rosa e um gorro de criança. Gina tinha experimentado um dos vestidos meses atrás, embora Ihe fosse muito curto. Havia imaginado como seria a vida das pessoas que moravam ali antes dela.


Agora sabia e compreendia o pesar que a descoberta evocava. Havia amor naquele baú, embrulhado em ervas para que fosse preservado. As recordações de Harry estavam ali.


Gina abriu o baú novamente, afastando os vestidos, segurando o gorro na palma da mão. Tão pequenino. Não conseguia imaginar a dor que Harry devia sentir.


Será que Harry realmente deixara as recordações para trás? Ou ela havia meramente incitado sua luxúria? Queria que Harry a amasse como amara Cho.


Por que abrir a caixa de Pandora? Por que se permitir sonhar se Harry tinha o poder de destruir seu coração? Gina fechou os olhos. Embora isso pudesse fazer dela uma tola, uma tola ela seria.


De repente, Colin irrompeu no quarto. Parecia sem fôlego, como se tivesse corrido.


— Um pequeno grupo de sonserinos. Ao norte. Ordenei que os homens fiquem de guarda.


Gina se levantou.


— Qual o propósito deles?


Colin meneou a cabeça. — Não sei. Mas descobrirei.


Saiu do quarto a toda velocidade, e Gina conteve o nervosismo. Endireitou a roupa, assegurando que o cabelo estivesse devidamente coberto. Descendo, ordenou que trouxessem bebida e lava pés para os convidados. Ela os consideraria assim até saber a razão da visita.


Pouco tempo depois, Colin retornou. O rosto apresentava um ar zangado.


— Sir Draco Malfoy esta com eles. Devo dar ordem para atacar? — Os olhos dele brilhavam de animação.


O coração dela deu um pulo. Gina se controlou, tentando lembrar que estava bem protegida, mesmo sem a presença de Harry.


— Quantos são?


— Só dez. Seria uma batalha curta — insistiu Colin.


Gina sabia que devia negar a entrada de Draco e mandar que os guardas os despachassem para longe. Era a coisa certa a ser feita.


Mas pensou novamente na fita que ele enviara. O que Draco pretendia? O que ele queria? Ela já estava casada com Harry, seus filhos herdariam Godric. Caso tivesse filhos, pensou com um suspiro.


Lembrou da promessa do marido e sentiu o corpo arder. Antes de entregar-se nos braços de Harry, havia uma última lembrança a ser extirpada: a terrível noite em que Draco tentou se forçar sobre ela, e quase conseguiu.


Ele a manteve presa, esmagando-a com seu peso.


— Não pode me rejeitar — dissera. — Serei seu marido.


Os punhos a machucaram, rasgando suas roupas até que ficasse exposta aos olhos dele. Gina lutara, mas a força de Draco superava a dela.


— Se fizer isso, eu o odiarei para sempre ela havia murmurado.


E, por alguma razão, Draco parou. A ira dele não havia diminuído, nem a luxúria, mas as palavras dela o detiveram. Draco tentou persuadi-la novamente, insistindo que poderia Ihe dar prazer. Gina chorou até ele finalmente deixá-la em paz.


Sentia um medo devastador desde então. Gina nunca se livraria disso se não enfrentasse Draco.


Ali estava a chance de recuperar seu orgulho, de olhar na face do inimigo e deixar que ele visse que ela não seria vencida. As mãos tremiam.


— Deixe que entrem. Falarei com ele.


Colin parecia incrédulo, mas Gina Ihe deu mais uma ordem.


— E quero 20 guardas aqui comigo. Alem de você. — Ela Ihe exibiu um pequeno sorriso. — Vai me proteger, não é, irmão?


O orgulho explodiu no rosto de Colin, que assentiu.


— Claro.


Os instantes se passavam e Gina andava de um lado para o outro. A cada passo, o coração batia mais rápido, fazendo com que o medo a dominasse novamente.


— Gina. — Ela se virou e Draco exibiu um tímido sorriso. O rosto estava bem barbeado, o cabelo louro cortado curto. Trajava apenas uma leve armadura, o elmo cônico debaixo do braço. — Vejo que recebeu minha mensagem.


— O que você quer? — ela perguntou. Para sua surpresa, a voz soava calma.


— Queria me desculpar por meus atos — ele disse. — Sei que perdi a calma às vezes. Você sofreu violência, e me sinto culpado por isso. — Draco parecia embaraçado, em especial com tantos guardas olhando para ele. — Não podemos conversar em particular? — ele perguntou. — Há mais coisas que gostaria de Ihe dizer.


— O que tem a dizer pode ser dito aqui — ela respondeu. — Você perdeu minha confiança há muito tempo.


Ele baixou a cabeça em concordância.


— Sim. — Draco deixou o remorso transparecer no rosto. Parecia ser sincero, algo que Gina não esperava. A expressão trazia um vislumbre do homem que ela amou um dia, o homem que a tratava com gentileza.


— Vim dar minhas felicitações pelo casamento. E pedir perdão por meus atos.


Gina não acreditou nele.


— Que outras razões o trazem a Godric? — ela foi direta não querendo prolongar a visita.


O sorriso dele diminuiu.


— Esta feliz com o grifinório?


Gina não disse nada enquanto Draco sentava num banco e desamarrava as botas. Como anfitriã, era de se esperar que ela Ihe lavasse os pés. Mas Gina não ousaria se ajoelhar diante dele. Em vez disso, sinalizou para que um servo o atendesse.


Ela cruzou os braços.


— Estou. E eu não desafiaria as ordens de nosso rei.


Draco tomou um gole do hidromel servido por uma criada e calçou as botas de novo.


— Lembra de quando Ihe dei aquela fita? Na feira? — Ele sorriu, como se recordasse. — Você me deu um beijo por isso.


— Isto é passado, Draco. Por que fala disso?


Ele se aproximou e tentou segurar as mãos dela. Gina recuou, repugnada com o toque.


— Você já me amou — ele disse — Você já me desejou. Pertencemos um ao outro.


Não, você pensou que eu Ihe pertencia, ela queria dizer. Ao invés, cerrou os dentes e o encarou.


— Diga o que quer, Draco.


— E se eu conseguisse anular sua união? — ele perguntou em tom suave. — Poderíamos pertencer um ao outro mais uma vez. Dê-me uma chance, Gina. — Ele acenou para um servo, que apresentou um pequeno baú de madeira. — Trouxe este presente para você. Só peço que considere minhas palavras. — Erguendo a tampa, Draco exibiu um cordão de ouro com safiras.


Gina mal conseguia conter a raiva. Ele achava que podia apagar o passado com uma jóia?


— Não quero o anulamento, Draco. — E, para garantir que não houvesse engano, acrescentou: — E não me casaria com você nem que fosse o último homem da terra.


O rosto dele ficou rubro de raiva.


— Não perdeu a altivez, não é? Seria melhor aprender a se submeter a autoridade de um homem. Aposto que seu grifinório não sabe como domá-la.


— Saia — ordenou Gina. — Não serei insultada em minha própria casa.


— Talvez não seja sua por muito tempo — insinuou Draco. — Não com seu marido ausente em batalha. Ele poderia ser morto. E o que seria de você então?


Gina engoliu em seco, mas se manteve firme.


— Mandei que saísse. Meus homens o levarão para fora.


— Pense em minhas palavras, Lady Gina. Basta uma única flecha para acabar com a vida de um homem. Seu marido esta combatendo o exército dos homens de Voldemort. Minha espada ainda pode encontrar a dele.


Com estas palavras, Draco partiu. Gina esperou que ele tivesse indo embora para desabar num banco. Cobriu o rosto com as mãos, esfregando as têmporas. Draco estava certo. Se algo acontecesse a Harry, ela não estaria segura.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


GINA NÃO dormiu naquela noite, nem na seguinte. Sempre que fechava os olhos, o rosto de Draco aparecia para zombar dela. Então seus punhos recaiam sobre ela, ate que enfim acordasse suando de pavor.


Luna notou sua falta de sono e se ofereceu para fazer um chá de ervas. Quando Gina recusou, ela ficou fazendo estardalhaço até convencê-la a beber. Tinha gosto de camomila e menta. Gina mentiu dizendo que se sentia melhor.


— Você precisa se livrar desta tristeza, Gina — repreendeu Luna. — Aberforth, o cervejeiro, a convidou a casa dele esta noite. Você vem não é?


Gina não se sentia disposta para visitas, mas considerou que seria rude recusar. Seu relacionamento com os arrendatários progredia lentamente. Eram pessoas orgulhosas, algumas mais bondosas que outras. Decidiu ir, na esperança de ganhar o coração daqueles que ainda se ressentiam de sua origem sonserina.


Luna a levou ao pequeno pedaço de terra, cujo campo estava coberto de neve. Apressou Gina a sair do ar frio e entrar na cabana em forma de colméia, onde a turfa oferecia agradável calor.


— Ah, aqui estamos! Este e Aberforth. Se quiserem ouvir mexericos, este é o homem. Nosso Aberforth sabe de tudo.


Um homem corpulento de bochechas vermelhas sorriu e ofereceu um caneco de cerveja a Gina.


— Seja bem-vinda, Gina.


Dentro da pequena cabana, vários homens e mulheres estavam reunidos para compartilhar da comida, da bebida e da diversão. Gina bebeu e achou a cerveja boa, apesar de forte.


— Imagino que queira saber de Cho Potter, estou certo? — perguntou Aberforth, acendendo o cachimbo.


O ciúme se infiltrou em Gina, mas ela ignorou a emoção.


— Prefiro saber mais sobre Harry — ela disse, corrigindo o palpite dele.


Mas o ciúme devia estar evidente em seu rosto, pois Aberforth riu.


— Ora, precisa saber mais sobre Cho para compreender Harry. — Ele desatou a explicar a rixa com os Chang, muito sobre a qual ela sabia através de Harry. Mas, ao longo da história, tornou-se claro que as pessoas adoravam Cho.


— Ela era a mais bela Chang de todas — comentou Luna.


— O que aconteceu com ela? — perguntou Gina. — Sei pouco sobre a noite em que ela morreu.


Aberforth serviu mais bebida a todos. Retomando seu lugar no banco, acendeu o cachimbo.


— Isso posso Ihe contar. E talvez você entenda por que Harry sofre tanto depois de ouvir a história.


Aberforth deu uma baforada de fumaça.


— Dois anos atrás, Harry levou Cho numa visita a Hogwarts. Só havia se passado um mês desde a perda da filha, Lílian, para a febre. Ambos sofriam. Hogwarts foi atacada. Harry mandou Cho ficar na fortaleza. Você sabe como ele se orgulha de suas habilidades de batalha. Harry matou mais de trinta homens no dia em que Fenrir Greyback atacou.


A sala havia se tornado silenciosa, e Aberforth continuou:


— Nossa tribo lutou contra os invasores sonserinos... — ele fitou Gina, não querendo ofende-la — ...e embora Cho não fosse do tipo que desobedece, foi o que fez naquele dia. Pode ter sido a aflição causada pelo ataque ou o medo pela vida de Harry. Ela saiu da fortaleza à procura dele. Harry a viu correndo de um grupo de soldados sonserinos, gritando por ajuda enquanto era perseguida. Ele lutou com todas as forças para impedir que ela fosse levada, mas um soldado o atingiu na cabeça. Ninguém conseguiu socorrer Cho a tempo.


— O que aconteceu depois? — perguntou Gina.


Aberforth clareou a garganta e deixou o cachimbo de lado. Seu semblante se tornou pesaroso.


— O corpo dela foi encontrado mais tarde. Queimado. Ela deve ter escapado para uma das cabanas que foram incendiadas pelos sonserinos. Se não tivesse deixado a fortaleza, talvez estivesse viva.


A atmosfera na cabana fora tomada pela tristeza. Gina percebeu que a noite chegava ao fim. Agradeceu a Aberforth pela hospitalidade e ele Ihe prometeu um barril de sua melhor cerveja como presente de casamento.


Quando chegou ao portão de Godric, a movimentação chamou a atenção de Gina. Um grande grupo de homens, cansados da batalha, entregava os cavalos aos cavalariços. Gina vasculhou o grupo ate localizar Harry.


A armadura dele estava suja de lama, manchas de sangue cobriam o rosto e as roupas. Uma espessa barba Ihe cobria as bochechas e o queixo, mas os olhos verdes a fitavam com intensidade. Gina correu até ele, que desmontou.


— Está ferido? — Ela tocou o sangue no rosto dele, procurando por ferimentos.


Ele meneou a cabeça.


— Só alguns arranhões. Mas derrotamos os sonserinos que estavam atacando a gente de Lupin. Ele jurou nos ajudar se um dia precisarmos.


Gina lembrou das ameaças de Draco e ficou agradecida por ter outro aliado.


— Vai me obrigar a ficar aqui fora? — perguntou Harry, a voz com um toque de humor. — Ou prefere me ajudar a me aquecer? — A voz de tenor revelava um duplo significado que fez Gina corar.


— Venha para dentro. — Ela Ihe segurou a mão para conduzi-lo à fortaleza, mas Harry parou e levou a mão dela aos lábios.


— Pensou em mim? — ele perguntou baixinho.


Gina assentiu, o coração disparado. Parecia que Harry não tinha esquecido a promessa. Esta noite ele se deitaria com ela, que se esforçaria para ser uma boa esposa.


Mas como tinha medo do leito nupcial! Embora Harry tivesse Ihe despertado muitas sensações, sabia que isso mudaria quando seus corpos se unissem. Gina adorava ser beijada e acariciada por ele, mas a união seria dolorosa. Talvez esta parte fosse rápida. Era o que ela esperava.


— Quer comida e bebida? — ela perguntou, o nervosismo fazendo com que falasse mais rápido que de costume. — Posso pedir que Ihe tragam algo. Carne, ou queijo, ou pão?


— Sim. Estou faminto. — Ele se inclinou para beijá-la, a boca não deixando dúvida de que estava faminto. Gina estremeceu quando ele a libertou do abraço. — Mande que me preparem um banho. E diga que levem comida e vinho lá para cima. Quero sua companhia enquanto como.


Quando ela saiu para dar as ordens, o corpo de Harry esquentou de ansiedade. Durante todo o tempo em que estivera lutando, mantinha a imagem dela na cabeça. Imaginava Gina esperando por ele para Ihe ensinar os prazeres do amor. Queria ver o amor nos olhos dela quando a levasse ao êxtase.


Havia subido metade da escada quando Colin o interrompeu.


— Draco Malfoy esteve aqui durante sua ausência. — Colin pôs a mão sobre o punho da espada. — Mandei alguns homens segui-lo.


— Por que ele veio? — Harry lembrava da maneira como sir Draco o desafiou em Tocah. O homem queria Godric. Não duvidava que Malfoy fosse ameaçar Gina.


— Ele alegou querer felicitar Gina pelo casamento. Mas vi a cobiça nos olhos dele. Ele quer tomar o seu lugar — disse Colin. — E avisou Gina do que aconteceria caso você morresse.


Maldito sonserino.


— Por que o deixou entrar?


— Eu não queria. Gina permitiu que ele entrasse. Mas mantive os homens bem armados. Ele não a molestou.


Harry suspeitava dos motivos de Gina. Ela sabia do que o homem era capaz. Então por que se colocaria em perigo?


— Até onde seus homens o rastrearam? — ele perguntou.


— Tomaram a direção de Tocah — respondeu Colin.


Para apelar ao rei, sem dúvida. Insistiria no caso antes que Snape regressasse a Sonserina. Harry rangeu os dentes.


— Fez muito bem ao me informar disso.


Ele firmou o olhar no irmão e, então, percebeu um ar de maturidade. Colin aceitara a responsabilidade de guardar Gina e obteve sucesso. Era um vislumbre do homem que um dia poderia ser.


Deu um tapinha no ombro de Colin.


— Muito obrigado, irmão.


Colin assentiu embaraçado antes de se juntar aos outros no salão. Ele tratou de ir comer, embora Harry visse o orgulho em sua postura. Ainda havia esperança para o garoto.


Lá em cima, parou diante da porta do quarto de Gina. Não, agora era o quarto deles, embora antes o compartilhasse com Cho. Ao invés da raiva que sentiu quando Gina ordenou a destruição da cama, agora sentia remorso. Mas era melhor que a velha tivesse sido substituída, permitindo que nada do passado se colocasse entre eles.


Abrindo a porta do quarto, encontrou Gina sentada num banco perto do fogo. O cabelo estava solto, caindo sobre o vestido creme. Ela mantinha as mãos sobre o colo e olhava para o baú perto da parede.


— Colin me contou que Malfoy esteve aqui — ele disse.


Gina assentiu.


— Sim.


— Diga-me o que aconteceu. — Harry mantinha o tom firme, precisava entender os motivos dela. — Por que abriu os portões para ele?


Gina o fitou diretamente nos olhos.


— Passei semanas fugindo dele. Era hora de parar.


— Ele podia ter molestado você. — Harry acariciou-lhe a bochecha, onde antes existia o hematoma.


Gina apertou a mão dele junto ao rosto.


— Eu sei. Mas queria enfrentá-lo. Queria que ele visse que não permitirei que meus medos continuem me controlando.


— Por quê? — Visões do que poderia ter acontecido surgiam na mente dele. — Por que se colocar em perigo deste jeito?


— Porque eu sabia que seus homens me protegeriam. Mesmo sem você aqui.


Aquela demonstração de confiança era a última coisa que ele esperava. Harry não sabia o que dizer, então pôs as mãos sobre os ombros dela. Massageou a tensão no pescoço de Gina, jogando-lhe os cabelos por cima de um dos ombros. Gina encostou o rosto nele, fechando os olhos.


— Hum.


Harry a pôs de frente para ele. Gina enlaçou seu pescoço com os braços, escondendo o rosto nele novamente.


— Senti sua falta.


Ele a abraçou forte, sentindo uma onda de ternura. A fé que Gina depositava nele fez com que desejasse Ihe oferecer algo em troca.


Segurando o rosto dela entre as mãos, Harry a beijou. Ela correspondeu, beijando seus lábios com doçura. Cho nunca o fitou como Gina. Sentia-se poderoso por saber que podia fazê-la sentir a mesma paixão que ele sentia. Uma paixão que nunca teve pela primeira esposa.


Gina deslizou o dedo pela cicatriz na face esquerda, depois na direita.


— As batalhas tiraram meus atrativos — ele provocou.


Ela meneou a cabeça.


— Não. As cicatrizes mostram sua força. — Gina beijou cada uma delas. A pele de Harry esquentou ao toque dos lábios, o corpo se erguendo em busca dela.


— Tenho outras cicatrizes — ele comentou, olhando para a cintura. Gina riu, as bochechas ficando coradas.


Harry tirou o cinto da espada, então removeu a túnica. Com o peito exposto, tomou Gina nos braços de novo, dando-lhe um beijo na nuca.


— Pediu o banho?


— Pedi.


Harry tirou o resto das roupas, ficando nu diante dela.


As faces de Gina coraram, mas ela não desviou o olhar. Seu coração disparou de ansiedade. Sendo um bravo guerreiro, o corpo de Harry carregava várias cicatrizes de incontáveis batalhas. A pele sobre a ferida no ombro enfim cicatrizara, uma marca que carregaria por causa dela.


Não havia um grama de gordura no corpo magro e musculoso. Quando ele afundou na tina de água, o cabelo escuro alcançou o pescoço. Os olhos verdes a chamaram num mudo convite.


Gina pegou um pano para esfregá-lo, mas Harry a deteve.


— Use as mãos — ele disse num profundo sussurro.


Ela esperava ter que se submeter ao marido, ficar deitada para que ele fizesse o que quisesse com seu corpo. Nunca imaginou que Harry pediria para que assumisse comando.


— Não posso.


— Sim, você pode. — Harry segurou a mão dela, pôs sabão e a colocou sobre o peito. Deslizou a palma sobre os músculos definidos, sobre as cicatrizes, e o gesto a assustou.


Gina não era boa com essas coisas. Nunca o agradaria da maneira como ele a agradava. Quando tentou puxar a mão, Harry a segurou, perguntando:


— Por que esta com medo?


— Não estou com medo.


Mentirosa, ela pensou. Embora tentasse esconder, Harry não se deixava enganar.


— Ele a machucou. Sei que esta pensando nele agora.


— Não estou. — Mas Gina sabia que ele via através de sua pretensa coragem. Ele estava certo em parte. Ela estava se lembrando de Draco. Mas também se lembrava de que Harry a rejeitou na última vez. E se ele fizesse isso novamente? E se o desagradasse?


Harry segurou-lhe os pulsos, mantendo-a ao lado da tina.


— Você disse que queria se livrar dele.


— E eu q-quero — ela gaguejou. — Se quiser, tiro o vestido e me deito na cama.


— Você não merece ser tomada desta maneira — disse Harry, beijando o interior dos pulsos dela. Uma espiral de desejo a fez estremecer. — Não quero que sinta medo. — Levou mão a de Gina ao peito, afundando-a na água. — Então deixarei que me tome.


Harry Ihe acariciava a mão, puxando-a até seus quadris. Os olhos de Gina se arregalaram.


— Mas eu já disse... não sei como.


— Faça o que quiser — ele disse. — Deixo tocar qualquer parte de mim. Esta noite serei seu servo.


Gina ficou estática, mal conseguindo respirar.


— E se você não gostar?


— Garanto que vou gostar. — O olhar se tornou mais provocante, a voz sedutora. — Por que não vem para a tina comigo?


— Não ha. espaço para nós dois.


— Haverá se sentar no meu colo. — Ele sorriu, malicioso. — Acho que não beijou todas as minhas cicatrizes. Tenho mais algumas.


Então Gina percebeu o que ele estava fazendo. Estava assegurando que ela não tivesse lembranças de Draco para interferir. Ela estava no comando, ele não a forçaria a nada que não quisesse.


A inebriante sensação de poder a ajudou a reunir os fragmentos de sua coragem.


— Terei que tirar o vestido — ela disse.


A única resposta de Harry foi um sorriso.

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