CAPÍTULO VIII – Sentimentos Co

CAPÍTULO VIII – Sentimentos Co



CAPÍTULO VIII – Sentimentos Confusos


 


- Eu deveria saber. – sir Harry falou com amargura, antes de sentar-se e libertá-la.


Hermione não se moveu, pois seu coração parecia pesar uma tonelada.


- Por quê? – inquiriu, à beira das lágrimas. – Por que está tentando roubar as minhas cartas?


Harry fitou-a por um momento, como se demorasse para compreender o significado das palavras dela.


- Acha que eu... Ora, sua tola! Não sou o ladrão! Pensei que a senhorita fosse.


- Eu? Ficou maluco? Por que eu invadiria a minha própria casa, para procurar pelas cartas, se já faço isso todas as tardes?


- Não foi isso o que eu quis dizer.


- O quê, exatamente, o senhor quis dizer?


- Estou tentando explicar que não percebi que era a senhorita, quando a ataquei. Vi alguém se aproximando da casa. Está muito escuro. Achei que o ladrão havia voltado, na intenção de invadir a casa novamente. Então, pulei sobre ele... ou melhor, sobre a senhorita.


- Está querendo dizer que veio até aqui, na tentativa de apanhar o intruso? – Hermione indagou, irritada.


- Claro. Quando seu ex-capataz contou-nos sobre a invasão, decidi vir aqui, à noite, e esperar que o bandido aparecesse.


- Foi exatamente o que eu vim fazer. – ela o informou, soltando uma risada de puro alívio.


Ora, não poderia ter sido ele quem se aproximara com o lampião. Como um homem poderia ter voltado tão depressa e atacá-la pelas costas?


- Mas ele estava aqui! – lembrou-se de súbito. Vi um lampião, dando a volta na casa. Foi por isso que me aproximei.


- Planejava confrontá-lo? – Harry quase gritou. – Francamente, Hermione! Esse homem deve ser perigoso!


- Não se preocupe. Tenho um revólver. – Hermione declarou, retirando a arma do bolso.


- Um revólver! E, ainda, pede que eu não me preocupe? Pelo amor de Deus, vire essa coisa para lá! A senhorita é uma ameaça para si mesma e todos os que a cercam!


- Eu! – ela retrucou, indignada. – Não sou eu quem ataca as pessoas, sem ao menos esperar para saber quem é! E o que estamos fazendo aqui, sentados? O intruso...


- Já deve estar longe. – Harry completou. – Ou a senhorita acha que ele ficaria por perto, enquanto lutávamos, gritávamos e discutíamos?


- Não, acho que não. Agora, quer fazer o favor de sair de cima de mim. – falou, exasperada, quando puxou a saia e descobria que estava presa, debaixo do corpo de sir Harry.


Ele a fitou com aquele olhar faminto, que Hermione já vira antes. Só então, ela se deu conta da conotação de suas palavras, e sentiu as faces arderem.


- Eu não... não quis dizer... – balbuciou, sem saber o que mais poderia dizer, sem tornar a situação ainda pior.


Arriscou um olhar de soslaio para sir Harry, mas ele já não a fitava nos olhos, pois algo mais abaixo havia lhe chamado a atenção. Foi quando Hermione lembrou-se do ruído de tecido se rasgando, pouco antes.


Baixou os olhos e, horrorizada, constatou que seu vestido encontrava-se aberto, deixando à mostra os dois seios, cobertos apenas pelo algodão fino e quase transparente da combinação.


Engoliu em seco, profundamente embaraçada. Como podia se ver, mais uma vez, em situação tão comprometedora, com aquele mesmo cavalheiro? Porém, quando voltou a fitá-lo, o sentimento que a invadiu não foi embaraço. Ao contrário, foi um misto de orgulho e prazer, por saber que a visão de seu corpo semi-nu provocava nele aquele olhar faminto.


Notou que os olhos dele baixaram ainda mais, pousando em suas pernas, claramente delineadas pela saia do vestido. Ao se vestir, Hermione decidira não usar saiote, pois queria ter a maior liberdade de movimentos possível.


Sir Harry voltou a fitá-la nos olhos e, após um breve instante, declarou com ousadia:


- Quero você.


De repente, ele se sentiu incapaz de raciocinar com clareza, pois o desejo assumira o controle de sua mente, assim como de seu corpo. Os cabelos de Hermione estavam soltos, pálidos e sedosos, pedindo carícias. E aquele corpo esbelto, tão perto...


Hermione passou a língua pelos lábios, incapaz de pensar em qualquer coisa, que não fosse a lembrança da boca de Harry na sua, das mãos dele deslizando pelo seu corpo.


- Não foi um sonho, foi? – murmurou. – Na noite em que nos conhecemos, eu não estava sonhando. Você estava fazendo aquelas coisas...


- Sim, eu a beijei. Eu a toquei.


Ele ergueu a mão e pousou-a sobre um dos seios de Hermione. Apesar do sobressalto provocado pela carícia inesperada, ela não pôde reagir. Sentiu-se como se estivesse hipnotizada, e limitou-se a fitá-lo em silêncio.


Harry deslizou a mão por debaixo da combinação, a fim de acariciar-lhe os seios, sem qualquer barreira entre sua pele e a dela. Viu-se prestes a perder o controle, quando Hermione estremeceu de prazer.


- Hermione... – murmurou baixinho, aproximando-se e dobrando uma perna, de maneira que ela pudesse apoiar as costas em seu joelho.


Abriu a combinação, expondo os seios fartos à luz suave do luar. Deleitou-se com a visão da pele clara, contrastando com os mamilos escuros e rijos.


- Você é linda. – falou com voz rouca, ao mesmo tempo em que, com as pontas dos dedos, circundava as curvas arredondadas.


Hermione fechou os olhos e, suspirando, abandonou-se à paixão, como se toda a sua energia houvesse sido drenada por aquela mão que parecia operar verdadeiros milagres, quando em contato com seu corpo.


Trêmulo de desejo, Harry reconheceu que, apesar de suas boas intenções, estava determinado a fazer amor com Hermione naquele lugar, naquela noite. Sabia que, dentro de poucos instantes, ela estaria deitada no chão, enquanto suas mãos a acariciavam, enquanto seus lábios a beijavam. Então, fariam amor, até estarem ambos plenamente saciados, até que ela fosse irremediavelmente sua.


Passou os braços em torno dela e puxou-a para si, beijando-a com ardor.


- Quem está aí? – uma voz masculina inquiriu aos berros, exercendo o efeito de um balde de água fria sobre a paixão dos dois. – Levante-se e identifique-se, antes que eu atire!


Harry imobilizou-se, emitindo um gemido frustrado.


- Chumley! – Hermione sussurrou, aflita.


- O quê? – Harry perguntou, confuso.


- Está me ouvindo? – a voz voltou a soar na escuridão. – Mandei levantar-se!


- É Chumley! – Hermione repetiu. – O homem que o surpreendeu aqui, ontem.


Depois de praguejar baixinho, Harry ergueu as duas mãos e declarou:


- Não atire. Viemos em paz.


- Chumley, sou eu, Hermione Granger.


Não foi fácil levantar-se e, ao mesmo tempo, segurar as roupas rasgadas, mas Harry ajudou-a.


- Srta. Hermione! – Chumley exclamou, chocado, aproximando-se rapidamente. – O que está fazendo aqui? Quase atirei na senhorita!


Percebendo o dilema de Hermione com relação ao vestido, Harry apressou-se em tirar o paletó e cobri-la com ele.


- Sinto muito por tê-lo alarmado, Chumley. Não esperava encontrá-lo aqui. – Ora, alguém tinha de proteger a casa!


- Aparentemente, foi o que ocorreu a todos nós. - Harry comentou com uma pontada de irritação. Chumley examinou-o, desconfiado.


- O senhor de novo! O que está fazendo aqui?


- Sir Harry e eu viemos pelo mesmo motivo que você. – Hermione explicou. – Nós três esperávamos surpreender o intruso. Infelizmente, não nos comunicamos sobre nossos planos. Receio que nosso homem tenha escapado, a menos que você estivesse usando um lampião, há alguns minutos.


- Não, senhorita. Eu não sairia à caça de um ladrão, com um lampião para anunciar a minha chegada!


- Tem razão. Bem, imagino que, agora, não fará mal algum iluminarmos este lugar. – ela falou com um suspiro.


Então, virou-se para apanhar o lampião e aproveitou a oportunidade para enfiar os braços pelas mangas do casaco de Harry e abotoá-lo. Assim, seu vestido arruinado não poderia ser visto. Quanto ao sangue que ainda fervia em suas veias, aquecendo-lhe o corpo de maneira estranha, felizmente ninguém poderia perceber o que se passava dentro dela. Ajeitou os cabelos rapidamente, acendeu o lampião e voltou a se juntar aos dois homens.


Eles também haviam acendido lampiões e, no momento, estudavam-se com ar de reprovação.


- Tenho certeza de que seu pai ficaria furioso se soubesse que a senhorita está aqui, a esta hora, na companhia de um estranho.


- Sir Harry não é um estranho, Chumley, mas sim um amigo da família. Além disso, vim sozinha. Nós nos... encontramos aqui. Ele pensou que eu fosse o ladrão.


Chumley emitiu um som que expressava com clareza sua opinião sobre um homem capaz de confundir a srta. Granger com um ladrão.


- Não creio que tenha sido boa idéia a senhorita ter saído de casa sozinha, no meio da noite.


- Na minha opinião, uma jovem sozinha e indefesa, andando pelos campos, na madrugada, é inconcebível! – sir Harry argumentou com veemência.


- Depende da jovem. – Chumley replicou, coçando o queixo. – Se a srta. Hermione trouxe uma arma, o que acredito que tenha feito, pois é muito esperta, eu diria que o ladrão precisaria de proteção. Ela atira melhor do que muitos homens que conheço.


- Obrigada, Chumley. – Hermione agradeceu, lançando um olhar triunfante para Neville. – Tentei explicar isso a sir Harry, mas ele não compreendeu. Agora, em vez de ficarmos aqui, parados e discutindo, que tal procurarmos pelo ladrão?


Sem esperar pela resposta, encaminhou-se para os fundos da casa, onde vira o lampião pela última vez.


Chumley seguiu-a sem questionar. Com um suspiro exasperado, sir Harry foi se juntar a eles.


- Por que tem de sair sempre na frente, sem proteção, Hermione? – protestou, irritado. – Ainda vai se arrepender disso.


- Não seja ridículo! Tenho certeza de que o intruso já está longe daqui. Além do mais, creio que já ficou esclarecido que sou perfeitamente capaz de me defender. Ali! – ela apontou para um par de janelas. – Foi onde vi o ladrão.


Os três se aproximaram, usando os lampiões para iluminar o solo. Chumley foi o primeiro a avistar as pegadas.


- Vejo marcas, onde o solo está mais úmido.


- Sim, são pegadas nítidas. - sir Harry concordou.


- Definitivamente, pertencem a um homem. – Hermione concluiu.


- Um homem grande. – Harry acrescentou.


- Alto, talvez, – Chumley contribuiu – mas não muito pesado.. A terra é fofa, aqui. Se o sujeito fosse pesado, o sapato teria deixado marcas mais fundas.


Alto, mas não pesado, Hermione pensou. Um homem do tamanho de sir Harry! Sem pensar, ela baixou os olhos para os sapatos dele.


Harry percebeu o olhar dela e seus lábios se curvaram em um sorriso irônico.


- O tamanho é o mesmo, – declarou – mas o estilo não combina com o meu.


Com gestos exagerados, ele estendeu um pé e virou-o para um lado e outro, para que Hermione pudesse se certificar de que o sapato que ele usava não coincidia com as pegadas no solo.


- Francamente sir Harry, – ela falou com desdém – se parasse de brincar, quem sabe encontrássemos alguma pista útil.


Virou-se e seguiu Chumley, que dava a volta na casa.


- Veja, senhorita. – ele chamou, parando e aproximando o lampião do chão.


Hermione e Harry foram até lá e distinguiram mais uma pegada. Embora fosse do outro pé, era, sem dúvida, o mesmo modelo de sapato. Aquela marca, porém, apresentava um detalhe interessante. Havia um pequeno “v” no salto.


- O que é isso? – Hermione indagou.


- Uma marca qualquer. – Harry sugeriu.


- Sim, senhorita. – Chumley concordou. – Ele deve ter pisado em alguma coisa que marcou o salto do sapato.


- Portanto, só nos resta inspecionar os sapatos de todos os homens da região, à procura de um com um “v” no salto esquerdo. – sir Harry concluiu com sarcasmo.


- É a única pista que temos, até agora. – Hermione protestou. .


- Sim, mas ainda não temos um suspeito.


- Pensei que o senhor tivesse um. – ela retrucou, irritada. – Meu primo americano.


Ao ver Chumley erguer as sobrancelhas, Hermione arrependeu-se do comentário. A última coisa que desejava eram fofocas locais sobre tesouros e mapas escondidos em Chesilworth.


- Na verdade, ele continua sendo o primeiro da minha lista. – Harry confirmou. – Mas, como não fazemos idéia do paradeiro do sr. Miller, será impossível examinarmos os sapatos dele.


- Eu estava brincando. – Hermione falou depressa, lançando-lhe um olhar significativo. – O fato de o senhor haver criado uma antipatia gratuita por David Miller não quer dizer que ele seja um ladrão. Além disso, como Chumley pode confirmar, não há nada de valor, em Chesilworth..


- A senhorita tem razão. A prataria está bem guardada.


- Exatamente. O sr. Miller esteve aqui e pôde ver com os próprios olhos o estado em que a propriedade se encontra. – Hermione esperava que seus argumentos fossem suficientes para desencorajar qualquer fofoca sobre seu primo americano. Mesmo assim, decidiu desviar os pensamentos de Chumley. – Acho que foi algum forasteiro...


- Pode ser, senhorita. – o mais velho concordou de pronto. – As pessoas da região não roubariam a sua família.


- Provavelmente, essa pessoa viu o tamanho da casa e imaginou que encontraria algo de valor, lá dentro. - ela acrescentou.


- Sem dúvida. – Harry também concordou, deixando claro que havia compreendido a intenção de Hermione.


- O que significa que o intruso está por perto. – ela continuou. – Afinal, ele esteve aqui duas noites seguidas. Onde passou o dia?


- Tem razão, senhorita. Alguém deve tê-lo visto. Perguntarei aos moradores de Dunsleigh, amanhã, se viram algum estranho por aqui.


- Também perguntarei na hospedaria onde me encontro, – Harry prometeu – mas não podemos nos esquecer de que ele pode, perfeitamente, estar hospedado em outra cidade próxima.


Encontraram mais três ou quatro pegadas, afastando-se da casa. Mais adiante, porém, o solo torna-se mais duro e seco, e não havia sinal do intruso.


- O barulho o assustou e ele fugiu. – Harry afirmou. - Vou acompanhá-la até sua casa, srta. Granger.


Hermione deu-se conta de que, pouco antes, ele a chamara de Cassandra. Agora, estavam de volta a “srta. Granger”. Bem, pensou, pouco antes, estavam...


Ora, seria melhor não pensar mais nisso!


- Garanto que sou perfeitamente capaz de voltar sozinha. – replicou em tom formal.


- Não duvido, mas se pensa que vou permitir que uma jovem volte para casa sozinha, no meio da noite, quando há um ladrão à solta por aí, está enganada.


- O cavalheiro está certo, srta. Hermione. – Chumley concordou com certa relutância. – Se ele não for, eu irei.


Hermione sabia que o ex-empregado faria exatamente o que estava dizendo e, como a casa de sua tia ficava no lado oposto à dele, decidiu aceitar a oferta de Harry.


- Está bem, sir Harry.


Caminharam em silêncio, lado a lado. Hermione conhecia a opinião de sir Harry sobre o intruso e sobre o fato de ela ter ido vigiar a casa, sozinha. E, como ele conhecia a opinião dela sobre os dois assuntos, ambos mantiveram-se calados. Os pensamentos de Hermione concentravam-se no momento em que sir Harry a apanhara... e no que ocorrera a seguir.


O incidente diminuíra em muito a importância de um ladrão estar rondando a casa. Ainda assim, ela não tinha a menor intenção de conversar com ele sobre isso. Já era embaraçoso demais ter de caminhar ao lado de sir Harry, sentindo-se perturbada por aquela proximidade. Não poderia negar que havia gostado, e muito, os beijos e as carícias de Harry.


Perguntou-se o que ele pensava dela, por ter reagido com tamanho ardor. O que ele queria? O que sentia por ela? E, mais importante, o que ela sentia por ele? Nunca antes Hermione descobrira-se tão confusa.


Caminhando ao lado dela, sir Harry não estava menos confuso. Sabia que devia desculpas a Hermione, pelo que fizera. Permitira que a paixão dominasse seus atos, mesmo depois de ter prometido a ela que aquilo jamais voltaria a acontecer. Parecia haver alguma coisa em Hermione Granger, que o fazia esquecer-se das regras segundo as quais costumava viver, que apagava os limites, geralmente claros, entre o comportamento que poderia ter com uma mulher de virtude duvidosa, e o comportamento esperado para com uma moça decente. Nunca em sua vida fora tomado pela paixão incontrolável que Hermione lhe despertava. Talvez fosse a inocência das reações dela, a paixão natural, que o excitava tanto. Ou, quem sabe, o contraste entre os beijos tão doces de Hermione, com suas respostas afiadas. Harry não saberia dizer. Tudo o que sabia era que queria muito continuar a ver a srta. Granger.


E, também, queria muito beijá-la de novo.


Foi por essa razão que desistiu de pedir desculpas, pois isso implicaria em prometer nunca mais agir daquela maneira e Harry tinha um palpite de que não seria capaz de honrar tal promessa. Na verdade, nem queria honrá-la. Só queria continuar seguindo por aquele caminho, até descobrir onde chegaria.


Hermione parou de repente e segurou-lhe o braço. Harry virou-se para fitá-la, sentindo o coração disparar pela expectativa do que ela teria a dizer.


- Lá está a casa de minha tia, entre as árvores. – ela anunciou.


- Estou vendo.


- É melhor que eu vá sozinha a partir daqui. Seria desastroso se alguém me visse voltando para casa, a esta hora, na companhia de um homem. Especialmente, sendo o senhor.


Ele assentiu, decepcionado por Hermione não ter feito um comentário mais pessoal. Ora, o que estava esperando? Que ela pedisse que continuassem do ponto onde haviam parado, quando interrompidos por Chumley?


- Tem razão. Vá em frente. Ficarei aqui, para ter certeza de que chegará em casa sã e salva.


- Tenho certeza de que isso não será necessário.


- Vamos nos encontrar em Chesilworth, amanhã? - ele perguntou, ignorando as últimas palavras dela.


- Sim. Estarei lá à uma hora.


- Bom. Até amanhã.


Hermione assentiu e, sem dizer mais nada, virou-se e partiu na direção da casa. Sir Harry permaneceu onde estava, observando-a afastar-se. Quando a viu desaparecer por uma porta lateral, virou-se com um suspiro e tomou o longo caminho de volta à cidade.


 


A suave batida na porta do quarto acordou Hermione. Ela gemeu e virou-se na cama, arrependida de ter pedido à criada que a chamasse cedo, para que ela pudesse cuidar da limpeza. Porém, sabia que o melhor seria limpar e arrumar a casa antes que tia Ardis e Joanna acordassem. Assim, Hermione teria a tarde livre para trabalhar em Chesilworth.


Com um suspiro, afastou as cobertas e levantou-se. Abriu a porta para a criada e permitiu que a moça a ajudasse a vestir-se. Então, aceitou as torradas com café que haviam sido levados em uma bandeja. Sentindo-se um pouco melhor, desceu para supervisionar a limpeza, bem como para ajudar a criadagem.


Foi uma surpresa agradável descobrir que ainda não eram onze horas, e a casa já se encontrava impecável. Assim, Hermione poderia começar o seu trabalho no sótão algumas horas mais cedo. Afinal, seria muito mais fácil escapar dali, uma vez que tia Ardis ainda nem sequer saíra de seu quarto. Decidida, Hermione pediu à cozinheira que lhe preparasse um lanche e partiu duas horas antes, deixando para trás os irmãos, que lamentaram ter de ficar para a aula semanal de religião.


Era um dia bonito e agradável e Hermione percorreu o trajeto até Chesilworth cantarolando. A cada dia, a possibilidade de encontrar as cartas tornava-se maior, o que serviu para animá-la. Tratou de afastar o pensamento de que a perspectiva de voltar a encontrar sir Harry aumentava ainda mais suas expectativas de ter um dia maravilhoso.


Assim que avistou a casa, parou, examinando-lhe a silhueta imensa e escura. Pela primeira vez em sua vida, foi tomada de um sentimento negativo com relação a Chesilworth. Seria impossível esquecer de que alguém invadira a casa, duas noites antes, e tentara fazer o mesmo na noite anterior. Como poderia ter certeza de que o intruso não voltara mais tarde, e que obtivera sucesso em sua tentativa? Como saber que não havia alguém, naquele exato momento, procurando pelas cartas, no sótão?


Por um momento, Hermione desejou ter esperado pela hora marcada com sir Harry, ou ter encontrado uma desculpa para dispensar os irmãos da aula de religião.


Sacudiu a cabeça, afastando os pensamentos indesejados. Disse a si mesma de que estava em Chesilworth, seu lar, e não em um castelo assustador. Conhecia cada centímetro daquela casa. E, mesmo que o intruso houvesse retornado na noite anterior, o que era muito improvável, ele não teria ficado ali até o meio do dia, sabendo que alguém poderia aparecer.


Recusando-se a perder a coragem, entrou na cozinha e acendeu o lampião que costumava deixar sobre a mesa, antes de subir para o sótão.


A casa deserta parecia mais silenciosa do que de hábito. Hermione teve de se forçar a não olhar para os recantos escuros. No andar superior, porém, teve de percorrer os longos corredores, a fim de alcançar a escada estreita que levava ao sótão. Sentiu um arrepio na espinha, mas não olhou para trás.


Sabia que estava se deixando assustar por nada, que sua mente estava criando um clima ameaçador ao seu redor. Ainda assim, descobriu-se incapaz de controlar o medo. Chegou a pensar em descer e esperar por sir Harry à sombra de uma árvore. No entanto, descartou a idéia imediatamente, pois detestava covardia. Disse a si mesma que, assim que começasse a trabalhar, certamente esqueceria toda aquela bobagem e que seria um desperdício impensável abrir mão daquelas duas horas, tão preciosas.


Subiu os degraus com passos determinados. Uma vez dentro do sótão, olhou em volta e concluiu que ninguém estivera ali. Depois de fechar a porta, iniciou seu trabalho, retomando do ponto onde haviam parado, na véspera.


Como previra, distraiu-se na busca das cartas e esqueceu-se das sombras fantasmagóricas ao seu redor. Mais tarde, porém, um ruído chamou-lhe a atenção. Hermione apurou os ouvidos e, instantes depois, o mesmo ruído se repetiu. Alerta, ela se levantou e atravessou o sótão nas pontas dos pés. Quando se aproximava da porta, os ruídos tornaram-se claros e distintos: eram passos no corredor do andar superior. Alguém caminhava exatamente debaixo do sótão. Sentindo um forte aperto no peito, ela ficou imóvel.


Passado o primeiro momento de pânico, Hermione conseguiu correr em silêncio e esconder-se atrás de uma pilha de caixas. O aperto em seu peito ameaçou sufocá-la, quando os passos tomaram a escada.


De repente, a porta do sótão se abriu e um homem apareceu.


 


 


 


Agradecimentos especiais:


 


Lúh. C. P.: que bom que gostou dos capítulos, mas mesmo que o que o Harry diga faça bastante sentido e tenha muita lógica, eu não teria tanta certeza de ser o Miller, afinal muitas coisas estão sem esclarecimentos. O Harry realmente foi lá apenas para vigiar a casa. A Ardis e a Jonna nem sequer começaram a serem chatas, espere pra ver o que ainda vai acontecer daqui pra frente. Beijos.


 


natylindinha: que bom que gostou da fic. Beijos.


 


Nanny Black: realmente os dois tiveram a mesma idéia, agora as coisas entre Harry e Hermione estão começando a esquentar, mas em breve vão ferver. Beijos.


 


 

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