CAPÍTULO VII – Festa e Vigilân

CAPÍTULO VII – Festa e Vigilân



 


CAPÍTULO VII – Festa e Vigilância


 


Hermione hesitou diante do tom de voz gelado, mas conseguiu manter a calma.


- Há uma certa lógica na idéia.


Harry fitou-a por um longo momento, antes de dizer:


- Sim, é muito lógico que a senhorita confie em um homem, sobre quem não sabe absolutamente nada, como David Miller, e desconfie de um membro de uma das famílias mais antigas e honradas da Inglaterra e, além disso, dono de uma riqueza tão grande, que o tal dote espanhol faria pouca diferença em seus cofres.


A arrogância dele pôs fim ao sentimento de culpa que invadira Hermione pela dúvida.


- Sem dúvida – retrucou - os homens ricos jamais procuram aumentar suas fortunas, ou agem como vilões gananciosos. Somente nós, os pobres, possuímos um senso de moral tão baixo, que somos capazes de fazer qualquer coisa por dinheiro. E, também, somente estrangeiros desconhecidos invadem residências alheias.


Harry não escondeu o embaraço.


- Não foi isso o que eu quis dizer. Simplesmente, apontei que a sua lógica favorece um estranho, a alguém que a senhorita conhece.


- Acontece que não conheço nenhum dos dois. - Hermione lembrou. – Na verdade, conversei mais com David Miller, do que com o senhor, uma vez que ele passou alguns dias conosco. No entanto, sei que o senhor é um Potter e, historicamente, os Potter nunca foram amigos dos Granger. Também sei que, geralmente, as grandes riquezas são obtidas por meios desonestos, e que os homens ricos estão sempre tentando aumentar seu patrimônio. Não tenho a intenção de acusar o senhor, ou o Sr. Miller, ou quem quer que seja, enquanto não tiver maiores evidências. Sempre faço o possível para ser justa.


Sir Harry cerrou os dentes, furioso por Hermione concluir com tamanha facilidade que ele poderia ser o intruso.


- É o senhor quem detesta coincidências. – ela continuou. – Não acha suspeito o fato de a invasão ter ocorrido na noite seguinte à sua chegada aqui? E de ter acontecido duas semanas depois de o senhor ter tomado conhecimento do tesouro... e um ano depois de o Sr. Miller ter vendido os diários?


Os olhos verde esmeralda de Harry faiscaram.


- Também é suspeito que tenha acontecido uma semana após a visita do Sr. Miller, quando a senhorita mostrou a ele onde procurava pelas cartas. – Emitiu um suspiro contrariado. – Está determinada a me transformar em vilão, não está?


- Não. Gostaria de confiar em meu parceiro. – Hermione declarou com sinceridade. – Por outro lado, é difícil acreditar que o Sr. Miller estivesse mal-intencionado. E não faz o menor sentido que ele tenha esperado um ano para dar o seu golpe.


- Faz sentido, se considerar que, ao vender os diários, ele não sabia se a história era verdadeira, ou se as famílias ainda existiam. Talvez só quisesse o dinheiro da venda dos diários, mas, ao voltar e conversar com o Sr. Simons, descobriu a existência dos Granger e do tesouro. Então, reconsiderou a questão e concluiu que poderia se tornar um homem rico.


- O senhor está especulando.


- De fato. Foi o que fizemos nos últimos minutos.


- Não fazemos a menor idéia de quem entrou aqui. Nem podemos ter certeza de que as cartas tiveram algo a ver com a invasão.


- Não vejo sentido em outras possibilidades.


- Infelizmente, aprendi que, muitas vezes, o que menos faz sentido é justamente a resposta dos grandes mistérios.


- Está sugerindo que foi mera coincidência? – Hermione inquiriu, ligeiramente irritada.


- Não. E uma possibilidade, mas não acredito. Acho que, agora, mais do que nunca, precisamos encontrar as cartas com a máxima urgência.


- Concordo plenamente. Por isso, sugiro pararmos com as especulações e começarmos a trabalhar.


- Por onde devemos começar? – Harry perguntou, tirando o paletó.


Trabalharam em silêncio por um longo tempo, até Olívia provocar um sobressalto em todos.


- Vejam!


- O que foi? – Hermione aproximou-se, preocupada. – Que cheiro horrível!


- Acho que é cânfora. Venha ver que roupas maravilhosas!


- Sim, são muito bonitas.


Tratava-se de uma saia, acompanhada por um corpete, de veludo verde, ricamente bordado em dourado. Apesar de um pouco desbotado, o traje ainda guardava seu esplendor.


- De que época seria, Hermione? – Olívia perguntou. – Acha que era usado nas festas da corte? Ou seria um vestido de casamento?


- De uma coisa tenho certeza: trata-se de um traje para ocasiões especiais. Não estou certa quanto à época, mas arriscaria dizer que foi feito nos tempos do rei Charles II, no século dezessete.


- É tão romântico! – a mais nova exclamou, segurando o vestido diante de si.


- Veja isto!


Hermione retirou do mesmo baú um par de sapatos, também de veludo bordado, mas de um azul escuro. Possuía salto grosso e bico quadrado.


- Como alguém poderia usar uma coisa destas?


Olívia riu.


- E enorme!


- Grande demais para ter pertencido a uma mulher. – Hermione concordou. – Com certeza, foi usado por algum lorde Chesilworth.


- Está brincando! – Crispin protestou, incrédulo.


- Os homens usavam roupas muito coloridas, naquela época. – sir Harry explicou. – Em minha casa, há um retrato de um antepassado, usando sapatos muito parecidos.


- Vamos experimentar! – Olívia sugeriu. – Por favor, Hermione...


- Está bem, mas tenha cuidado. O tecido está velho e pode se rasgar.


- É grande demais para mim. Vamos vesti-lo em você. .


As duas esconderam-se atrás de uma pilha de caixas.


Olívia ajudou Hermione a trocar de vestido.


- Ah, Mione... É lindo! – Puxou a irmã para exibi-la a sir Harry e aos irmãos. – Vejam como caiu bem em Mione.


- Realmente. – Sir Harry concordou, examinando Hermione da cabeça aos pés, com olhar fascinado.


- Se tenho de me fantasiar, recuso-me a ser a única. – ela protestou, embaraçada, antes de retirar uma outra peça do baú. – Ah! Sir Harry, terá de vestir isto.


Estendeu a ele um casado de mangas bufantes, todo bordado.


Após um momento de hesitação, ele aceitou o desafio. Uma vez vestido, parecia um cavaleiro antigo, faltando-lhe apenas a espada fia bainha.


Hermione prendeu a respiração diante da visão espetacular, então, puxou-o pela mão.


- Venha. Vamos ver como estamos.


Foi somente quando pararam diante do espelho apoiado a uma das paredes, que ela se deu conta de que ainda segurava a mão dele. Soltou-a no mesmo instante, mas seu olhar fixou-se no dele, através do espelho. Não era divertimento o que iluminava as profundezas castanhas, mas sim, a chama do desejo, que provocou tremores imediatos em Hermione. De repente, ela se descobriu desejando que os irmãos não estivessem ali.


Com certo esforço, afastou-se.


- Se continuarmos brincando, nunca encontraremos as cartas. – declarou. – Vamos voltar ao trabalho.


- Sim... Claro. – sir Harry concordou, aparentemente perturbado. - Mione, o que devo fazer com os outros objetos guardados neste baú? – sir Harry perguntou.


- Examine tudo com cuidado. Afinal, é o primeiro baú, cujo conteúdo data do século que nos interessa.


Hermione conseguiu falar no tom prático de sempre, disfarçando as batidas frenéticas de seu coração.


- Por que Olívia e os garotos não trabalham da parede para cá? – Harry sugeriu. - A senhorita e eu continuaremos no sentido oposto. E possível que o baú que procuramos encontre-se no meio.


Hermione concordou e voltou a esconder-se atrás das caixas, para trocar o vestido antigo pelo que usava antes. Então, retomou a tarefa metódica de procurar pelas cartas..


Trabalharam a tarde toda, mas não encontraram nada que pudesse se relacionar a Margaret Granger. Quando Hermione, finalmente, sentou-se nos calcanhares com um suspiro cansado, sir Harry retirou o relógio do bolso.


- Receio que tenhamos de parar. Ainda terei de voltar à hospedaria e me arrumar para o jantar.


- Ah, meu Deus! – Hermione exclamou, levantando-se de um pulo. – Que horas são? – Quando sir Harry respondeu, ela soltou um gemido. – Como pude me distrair tanto! Preciso voltar para casa, imediatamente.


Antes de deixar a Mansão Moulton, certificara-se de que tudo estava sendo feito de acordo. Porém, seria impossível ter certeza de que nenhum problema imprevisto surgiria no decorrer do dia. Agora, atrasada como estava, certamente não teria tempo para se arrumar como gostaria.


Depois de despedir-se, apressada, de sir Harry, disse a si mesma que isso não tinha importância. Nunca fizera sucesso em festas e, quando Joanna estava presente, com sua beleza e vivacidade, não sobravam olhares para Hermione. Nem mesmo um vestido novo ela tinha para usar, naquela noite. O traje de cetim, cor de café com leite que mandara escovar e arejar já tinha mais de três anos. Além disso, a cor não favorecia seus traços, mas ela não contava com alternativa melhor.


Embora não quisesse admitir, a verdade era que daria tudo pelo vestido que sua tia usaria naquela noite. Não exatamente o vestido, mas o tecido. Tratava-se de uma peça de seda cinza-claro, cujo brilho apresentava nuances em lilás e violeta, além de criar à ilusão visual da presença de outros tons pastéis. Seria perfeito para realçar seus olhos cinzentos e sua pele clara.


Um dia, quando visitavam Fairbourne, tia Ardis vira Hermione parada diante de uma vitrine e aproximara-se para saber o que chamara a atenção da sobrinha.


- Que tecido lindo! – Ardis exclamara.


Por um momento, Hermione animara-se, na esperança de que a tia lhe comprasse o tecido de presente, tendo percebido que seria a cor perfeita para ela. Porém, a Sra. Moulton continuara:


- Ainda bem que você viu, Hermione. Ficará perfeito em um vestido para mim, com detalhes em renda preta, talvez. Venha, vamos entrar.


Com o coração apertado, Hermione observara a discussão de tia Ardis com a costureira, que não conseguiu demover a freguesa da idéia de enfeitar o vestido com tantos laços, babados e rendas, que o resultado final foi ridículo. Hermione não acreditava que a tia houvesse feito aquilo por crueldade. Na verdade, Ardis era tão egoísta, que nem sequer lhe ocorria abrir mão de alguma coisa que gostasse, em beneficio de quem quer que fosse.


Sentiu uma pontada de pesar quando, envergando o vestido fora de moda, com os cabelos presos em um coque simples, olhou para a tia e viu o brilho suave da seda macia. Mas, como não tinha o hábito de perder tempo, lamentando circunstâncias que não poderia mudar, tratou de ocupar-se, garantindo que o jantar transcorresse sem qualquer incidente.


Quando conversava com o sr. Harrelson; preso a uma cadeira por causa do último, de uma série interminável de acidentes ocorridos durante caçadas, sentiu um arrepio na nuca e não pôde resistir ao impulso de olhar para trás.


Sir Harry estava parado na porta, fitando-a. Ao perceber que fora visto por ela, sorriu e adiantou-se naquela direção. Infelizmente, tia Ardis foi rápida e interceptou-o no meio do caminho, arrastando-o para outro lado, sob o pretexto de apresentá-lo ao vigário, sua esposa e filha.


Assim, Hermione só conversou com Sir Harry depois do jantar. Sendo o centro das atenções, ele não passou um instante desacompanhado e, além disso, Hermione não queria dar à tia e à prima o menor motivo para dizerem que ela estava competindo com Joanna pela atenção dele. Embora não partilhasse das ilusões das duas sobre o interesse de sir Harry, Hermione sabia que, enquanto elas se concentrassem na tarefa de persegui-lo, sua própria seria muito mais fácil, pois as duas não se importariam com o que Hermione fizesse, ou deixasse de fazer.


Ainda assim, depois do jantar, quando Hermione aproveitava uma pausa na conversa tediosa e estridente da irmã do sr. Winton, deu de encontro com sir Harry, que avançara na direção dela.


- Sir Harry. Desculpe-me! Não percebi que estava atrás de mim.


- Eu me escondi atrás de um vaso, pois tive de agüentar a srta. Winton durante dez minutos intermináveis ainda há pouco e, por isso, decidi ser cuidadoso. – ele confidenciou em voz baixa.


- O senhor é um homem sábio. – Hermione murmurou.


- Não conversamos nem uma vez esta noite. Toda vez que me dirijo na sua direção, a senhorita desaparece. Está me evitando, srta. Granger?


- É claro que não. – ela respondeu, deixando-se levar sorrateiramente para o hall de entrada. – O senhor é o convidado de honra. Todos disputam a sua atenção.


- Muito mais do que eu gostaria.


- Achei que não deveria tomar o seu tempo, uma vez que passei a tarde toda em sua companhia.


- Mesmo assim, poderia ter tido um pouco de piedade. – ele insistiu, fingindo-se magoado. – Meu sofrimento seria bem menor, se pudesse desfrutar de alguns minutos de uma conversa inteligente.


- Ora, sir Harry, estou lisonjeada. – Hermione zombou.


- Estou dizendo a verdade, srta. Granger. Se eu ouvir mais uma descrição dos dotes em pintura, ou ao piano, da filha de alguém, acabarei estrangulando um dos convidados!


Hermione teve de reprimir o riso.


- O senhor ainda não viu nenhuma das telas, nem ouviu uma sonata, dessas moças encantadoras.


- Não, mas ouvi falar delas, assim como conheci as moças em questão. Mediocridade é a única palavra que me vem à mente.


- Dunsleigh é um lugar bastante limitado. - Certo de que Hermione sequer tinha consciência dos próprios atributos, sir Harry não se cansava de admirar a maneira como os olhos dela brilhavam quando ela sorria, ou da textura suave de sua pele clara. No entanto, notara o vestido fora de moda, de cor apagada, que ela usava. Imediatamente, foi tomado pelo desejo de comprar um traje elegante, de uma cor que realçasse aqueles lindos olhos cinzentos, que valorizasse o corpo esbelto. Algo feito no tecido do vestido da sra. Moulton, sem as rendas e babados, claro. A seda delicada faria maravilhas pela compleição clara de Hermione.


Infelizmente, uma mulher decente não poderia sequer pensar em aceitar um vestido de baile, como presente de um homem, exceto seu pai ou seu irmão. Mesmo um colar de pérolas para enfeitar-lhe o pescoço seria impensável, se não fosse dado pelo noivo, ou marido. Pela primeira vez em sua vida, sir Harry revoltou-se contra as restrições sociais. Era absurdo que um homem pudesse cobrir com os presentes mais caros uma mulher de virtude duvidosa, enquanto uma outra, virtuosa, mas pobre, não pudesse aceitar nada de homem algum. Ah, como gostaria de dar um presente a Hermione, só para ver os olhos dela se iluminarem de prazer.


- Aí estão vocês! – a voz de tia Ardis interrompeu-os. Hermione e Harry viraram-se para ela, ligeiramente sobressaltados – O que pensa que está fazendo, Hermione? – a tia repreendeu-a em tom de falsa brincadeira. – Não pode ficar conversando com sir Harry no hall, enquanto todos os convidados encontram-se no salão. Sir Harry, peço que desculpe minha sobrinha. Ela não está acostumada com a vida em sociedade.


- Eu percebi. Aliás, é o que mais me agrada, nela.


Tia Ardis forçou um sorriso.


- Ora, ora, se continuar usando esse seu charme com estas pobres moças do campo, deixará um exército de corações partidos para trás, quando for embora.


Sir Harry lançou um olhar conformado para Hermione, quando Ardis tomou-lhe o braço e arrastou-o de volta para o salão. Hermione observou-os desaparecerem e, então, suspirou. Foi como se o brilho da noite houvesse se dissipado e só lhe restasse esperar pelo final da festa.


O que não demorou a acontecer. Depois que sir Harry se retirou, os convidados foram se despedindo, um a um. Pouco depois, a casa estava vazia. Tia Ardis desabou sobre uma cadeira, como se houvesse trabalhado muito para organizar aquela festa. Porém, recuperou-se depressa e lançou-se em uma discussão frenética com Joanna, sobre cada gesto de sir Harry que, claro, era incapaz de disfarçar sua paixão crescente por Joanna.


Hermione tratou de se retirar e foi direto para o quarto, onde encontrou Olívia profundamente adormecida. Despiu-se e deitou-se. Deixou o lampião aceso, pois sabia que assim não dormiria profundamente. Acordou menos de duas horas depois e, verificando que Olívia continuava dormindo, saiu da cama em silêncio e vestiu-se. Abriu o baú ao pé da cama e retirou um cobertor, que enfiou debaixo do braço. Então, apagou o lampião e saiu na ponta dos pés.


Assim que seus olhos se habituaram à escuridão, foi até o escritório do tio. De dentro de um dos armários, retirou um revólver e um pacote de balas. Carregou a arma e guardou-a cuidadosamente no bolso da saia.


Nunca tivera de usar um revólver antes, mas como seu pai acreditava que a educação dos filhos, homens e mulheres, deveria ser completa, ela tivera aulas de tiro e, como em tudo mais, saíra-se muito bem. Sentia-se confiante de que seria capaz de se defender, caso fosse necessário. Fez sua última parada na cozinha, a fim de apanhar um lampião, e saiu na direção de Chesilworth.


Ao ouvir a história contada por Jack Chumley, Hermione decidira quase imediatamente que a única maneira de descobrir quem estava procurando pelas cartas seria voltar a Chesilworth, à noite. Seu plano era simples. Ficaria escondida no pequeno bosque atrás da mansão e, quando uma luz aparecesse no interior da casa, ela se aproximaria para ver quem era o intruso. Levara o cobertor para ter um pouco de conforto, caso a espera fosse longa. A arma serviria como proteção. Inicialmente, pensara em confrontar o sujeito, mas concluiu que, mesmo armada, isso seria muito arriscado. Bastaria saber quem ele era.


Não conseguia acreditar que fosse sir Harry, nem o sr. Miller. Sir Harry tinha muitos defeitos, mas sendo um homem rico e de posição, não arriscaria ser apontado como ladrão, por causa do que, para ele seria uma quantia relativamente pequena. E, afinal de contas, haviam combinado dividir o tesouro, quando o encontrassem. O sr. Miller, por sua vez, possuía um dos semblantes mais honestos que Hermione já vira. Como poderia um homem que conversava com tamanha franqueza, ser um vilão?


Bem, todas as suas hipóteses baseavam-se exclusivamente em seus instintos. Hermione precisava de provas.


Quando chegou ao pequeno bosque, atrás de Chesilworth, estendeu o cobertor no chão, apagou o lampião e sentou-se, recostada no tronco de uma árvore. Agora, só lhe restava esperar.


A noite estava muito escura e silenciosa. Os últimos dias haviam sido um tanto cansativos. Por duas vezes, Hermione quase adormeceu, mas forçou-se a despertar. Quando seus olhos já pesavam de novo, ela teve um sobressalto. Após alguns segundos de confusão, deu-se conta do que a despertara de uma vez por todas. Fora o brilho de um lampião, aproximando-se da casa.


Imediatamente, seu coração disparou e ela se pôs de pé, rapidamente. Ao mesmo tempo, enfiou a mão no bolso da saia, fechando-a em torno da arma, o que lhe proporcionou certa confiança.


Começou a caminhar lentamente na direção da mansão. Como não poderia acender o lampião, precisava ser cuidadosa para não pisar em um buraco e acabar ferida.


A luz desapareceu. Ou o intruso apagara o lampião, ou estava dando a volta na casa, provavelmente à procura de uma entrada fácil, uma vez que a janela quebrada fora fechada. Hermione lamentou o fato de Chumley ter pregado tábuas em lugar do vidro quebrado, pois isso deixaria claro que a invasão fora descoberta e o sujeito poderia calcular que havia alguém à sua espera, na escuridão.


Tal pensamento fez Hermione apressar o passo. Mantendo os olhos fixos no chão, ela, de súbito, pressentiu um movimento à sua esquerda. Porém, antes que pudesse virar-se, um grande peso abateu-se sobre ela, derrubando-a.


Desesperada, Hermione pôs-se a lutar, usando para isso braços e pernas. Uma cotovelada atingiu algo sólido e ela ouviu um gemido abafado, ao mesmo tempo em que as mãos que a seguravam afrouxaram o aperto. Ela aproveitou a oportunidade para tentar escapar, mas ele foi mais rápido e conseguiu alcançá-la. Uma das mãos dele agarraram-lhe o decote do vestido e, quando Hermione girou o corpo, ainda tentando fugir, o tecido rasgou-se até a cintura. A mão dele deslizou por seus seios nus.


- Ah, meu Deus!


Hermione preparou-se para gritar, mas, então, sua mente registrou o timbre daquela voz. Ele a forçou a deitar-se de costas, segurando-lhe os dois braços com firmeza. Por um longo momento, olharam fixamente um para o outro, mas divisando as feições, uma vez que a escuridão era quase total.


- Sir Harry! – Hermione finalmente exclamou, sentindo-se como se houvesse sido apunhalada pelas costas. – Foi o senhor! O senhor é o ladrão!


 


 


 


Agradecimentos especiais:


 


kassia bell: a Hermione fez o que qualquer mulher na situação dela faria, pelo menos eu acredito nisso, afinal ele é tão desconhecido para ela quanto qualquer outro. Realmente o Miller ficou bastante visível e a próxima aparição dele só vai reforçar a opinião do Harry de que ele é o assaltante. Concordo com o fato da Mione ter vacilado ao deixar a informação sobre o tesouro chegar aos ouvidos de David, afinal mesmo ele sendo “primo” da família não descartaria a possibilidade dele poder ser um ladrão ou bandido. Eu também gosto de romances de época, principalmente os romances escoceses. Beijos.


 


Nanny Black: Vou ser bonzinho com você e responder suas duvidas. O Miller é realmente o primo distante da Mione, e não é um enviado da tia dela para tentar descobrir o que ela poderia estar tramando e ele também não é um caça tesouro, posso garantir. Qaunto a sua aposta em confusão, posso garantir que elas apenas começaram e o final desse capitulo disse tudo, não é mesmo? Beijos.


 


Lúh. C. P.: a procura deles pelas cartas é intensa, e vai ser recompensada em breve. Realmente  aparição de David caiu bem para a Mione, espero que tenha gostado do capitulo, foi muito legal de ler, nos próximos as coisas começam a se desenrolar. Beijos.


 


 

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