CAPÍTULO XVI – Emboscada

CAPÍTULO XVI – Emboscada



CAPÍTULO XVI – Emboscada


 


Hermione sabia que deveria protestar, resistir... ao menos, hesitar. Mas não podia, pois o desejo que tomara conta de Harry assumira também o controle dos atos dela. E não havia lugar para preocupações com responsabilidade, ou impropriedade. Nos últimos dias, haviam passado o tempo todo juntos, o que mantivera acesa a chama do desejo. Hermione sabia que o autocontrole de Harry era um sinal do respeito que tinha por ela, uma indicação de que os rumores sobre ele não correspondiam sequer a parte da realidade. Ao mesmo tempo que era bom saber como ele se sentia com relação a ela, Hermione não poderia dizer que gostara de tal comportamento. Cada vez que seus dedos se tocavam acidentalmente, que seus olhares se cruzavam, ela se lembrava da paixão que os beijos dele lhe despertavam, e queria sentir aquela paixão novamente.


Quando chegaram no terraço à beira da água, Harry voltou a tomá-la nos braços. Então, beijou-a com ardor. O corpo de Hermione parecia haver adquirido vida própria. Seus sentidos aguçados registravam o sabor e o calor de Harry, assim como o som da água que banhava o pequeno os pilares que sustentavam parte do terraço, e a brisa fresca que lhe acariciava a pele em brasa.


Harry desabotoou-lhe o vestido e, com movimentos lentos, quase reverentes, soltou as fitas que prendiam a fina combinação ao corpo de Hermione. Por um longo momento, limitou-se a observar os seios expostos, com admiração. Então, pousou as mãos sobre eles, acariciando os mamilos já rijos, deleitando-se com a reação inconfundível de Hermione.


- Sonho com isso há semanas. – ele murmurou. – Desde que nos conhecemos. Os últimos dias foram um verdadeiro inferno. Tive de lutar com todas as forças para não beijá-la, não tocá-la, embora a desejasse mais do que tudo em minha vida. Hermione, você não faz idéia de como me sinto, quando estamos juntos.


- Sei como eu me sinto. – ela replicou, começando a desabotoar os botões da camisa dele.


Harry fechou os olhos, enquanto Hermione abria sua camisa. Quando chegou ao último botão, ela deslizou as mãos pelo peito largo, a fim de afastar o tecido. Ele gemeu baixinho, imóvel, entregue às sensações provocadas pelas carícias dela. Encorajada, pela reação dele, Hermione explorou cada saliência e cada reentrância, sentindo o contorno de músculos e ossos, enroscando os dedos nos pelos negros e sedosos.


Livrando-se da camisa e atirando-a no chão, Harry voltou a beijá-la. Os seios de Hermione pressionaram-lhe o peito. O contato de seus corpos, semi-despidos, fez crescer ainda mais o desejo de ambos. Hermione descobriu-se querendo mais. Queria sentir o corpo inteiro de Harry, colado ao seu, sem barreiras. Queria senti-lo dentro de si.


A idéia provocou-lhe um sobressalto, mas ela sabia que teria de ser aquele o desfecho do que haviam começado. Afastou-se de Harry que, por um momento, fitou-a com ar confuso. Então, começou a desabotoar a saia e tirar o volumoso saiote. Harry observou-a com olhar faminto, enquanto também acabava de se despir.


Uma vez nua, Hermione ergueu os olhos para Harry. O embaraço causado por se mostrar inteira, pela primeira vez, a um homem, logo cedeu lugar ao orgulho e ao prazer, conseqüências da admiração evidente nos olhos dele. A constatação da nudez de Harry foi, de início, um choque. Porém, assim como a dela, logo se transformou em poderoso combustível para o desejo que a incendiava.


Harry pousou as mãos nos ombros de Hermione e, lentamente, deslizou-as por sobre seus seios, seu ventre, acompanhando a curva dos quadris e descendo pelas coxas. Então, voltaram a subir, com a mesma lentidão e reverência. Em seguida, Harry colocou-se atrás de Hermione, passando a explorar-lhe as costas e as nádegas.


Beijou-lhe o ombro, então o pescoço, enquanto uma de suas mãos acariciava-lhe os seios. A outra, depois de mover-se em círculos sobre o ventre liso de Hermione, desceu devagar, até encontrar seu caminho por entre as coxas dela.


Hermione sentiu os joelhos trêmulos e chegou a pensar que eles fossem vergar sob o peso de seu corpo. O prazer provocado pelas carícias íntimas de Harry era tão intenso, que ela não estava certa de que seria capaz de suportar as sensações que invadiam seu corpo. Mas Harry apertou-a contra si com um braço firme, sem jamais interromper a exploração detalhada e maravilhosa de sua intimidade, ou os beijos ardentes em seu pescoço e ombros. Sem que se desse conta do que fazia, Hermione moveu os quadris, no ritmo imposto pela mão de Harry entre suas pernas.


A reação inesperada dela quase pôs fim ao tênue controle que Harry mantinha sobre seus impulsos. Por um momento, ele ficou imóvel, respirando fundo, lutando contra o desejo que ameaçava sufocá-lo. Então, virou Hermione de frente para si e voltou a beijá-la com ardor ainda maior.


Ela retribuiu o beijo com igual paixão, deslizando as mãos pelo corpo dele. Tomada por uma ousadia surpreendente, explorou cada centímetro do peito e do abdome de Harry, descendo lentamente até tocá-lo com intimidade.


Os músculos de Harry ficaram tensos e ele emitiu um gemido quase animal. Depois de deleitar-se com as carícias dela por alguns instantes, tomou-a nos braços e foi acomodá-la em um dos longos bancos estofados, que acompanhavam a cerca do terraço.


Por um momento, fitou-a nos olhos, hesitante.


- Tem certeza de que é isto o que você quer? – perguntou.


Como resposta, Hermione abriu os braços para recebê-lo. Com um sorriso satisfeito, Harry deitou-se e posicionou-se sobre ela. Sem nunca deixar de beijá-la, penetrou-a lentamente, a princípio, até vencer a barreira imposta pela virgindade.


Hermione sentiu uma pontada de dor, um certo desconforto, mas que só durou alguns segundos. No momento em que sentiu Harry dentro de si, descobriu que as sensações de que havia desfrutado até aquele momento eram apenas uma amostra do verdadeiro prazer.


Ele logo passou a se mover mais e mais depressa, fazendo com que o desejo dela a impedisse de pensar, permitindo-lhe apenas sentir. Pouco a pouco, a tempestade de sensações foi atingindo seu pico e Hermione soltou um grito de prazer, ao mesmo tempo em que seu corpo sacudia, como se abatido por ondas poderosas e incontroláveis. No mesmo instante, Harry também emitiu um som rouco e sufocado, estremecendo.


Lentamente, o mundo voltou a existir. Harry rolou para o lado, deitando-se de costas e aconchegando Hermione em seus braços.


Nunca antes ela sentira tamanha paz. Estar nos braços de Harry era como estar em casa, o seu verdadeiro lugar no mundo.


 


Hermione despertou com a luz do sol atingindo-lhe o rosto. Com um gemido sonolento, virou-se e afundou a cabeça no travesseiro, mas não conseguiu voltar a dormir. Então, espreguiçou e continuou deitada, lembrando-se dos acontecimentos da noite anterior.


Não haviam ficado por muito tempo no terraço. Harry fora o primeiro a recuperar-se do agradável estado de sonolência em que haviam mergulhado, dizendo que deveriam voltar logo para dentro. A última coisa que desejava era que alguém desse pela falta de Hermione e saísse para procurá-la. Hermione, porém, sentia-se feliz demais para se preocupar com a própria reputação. Mesmo assim, concordou com Harry e vestiu-se apressada, antes de voltar com ele pelas alamedas do jardim. Entrou sozinha, por uma porta lateral e subiu pela escada dos fundos, indo direto para seu quarto. Felizmente, não encontrou ninguém pelo caminho e, poucos minutos depois, dormia profundamente. Portanto, aquela era a primeira vez que realmente refletia sobre o que acontecera..


Seus lábios curvaram-se em um sorriso. Amava Harry. Tal certeza a atingira quando se encaminhavam para o terraço. Naquele momento, Hermione sabia exatamente o que estava fazendo e estava consciente das possíveis conseqüências. Caso tivesse alguma dúvida sobre seus sentimentos por Harry, teria hesitado. Porém, seu coração apresentara a mesma certeza manifestada por seu corpo.


Hermione sabia que casamento não seria o resultado daquela noite de amor. Em uma coisa, sua tia tinha razão: homens como Harry não se casavam com mulheres sem fortuna. Mas isso não fazia a menor diferença. A única coisa que importava era saber que amava Harry e poder desfrutar daquele sentimento tão sublime.


Era uma mulher perdida, agora. Se alguém descobrisse o que acontecera na noite anterior, sua reputação estaria arruinada. Certamente, àquela altura, uma mulher virtuosa estaria se consumindo em remorso e arrependimento, o que Hermione simplesmente não conseguia sentir. Ao contrário, descobriu-se invadida por uma felicidade que jamais conhecera antes.


Levantou-se e tocou a sineta, chamando a criada. Tomou banho e vestiu-se sem pressa. Quando desceu para tomar o desjejum, os pratos e travessas haviam sido retirados há muito tempo. Assim, ela se contentou com uma xícara de chá e algumas torradas, servidas por um criado. Ele também a informou de que Harry saíra cedo, dizendo que, provavelmente, só voltaria para o jantar.


O dia perdeu parte do brilho, depois que Hermione recebeu tal notícia. Sentiu-se grata por ter dormido até tão tarde. Passou o resto do dia arrumando as malas para a viagem a Londres e, depois, passou algumas horas na sala de estudos, ouvindo apenas parte do que as crianças diziam, pois sua mente vagava pelas lembranças adoráveis da noite anterior.


Só voltou a ver Harry na hora do jantar. Assim que Hermione apareceu, os olhos dele fixaram-se nos dela, exibindo um brilho que somente os dois poderiam compreender. Trocaram apenas umas poucas palavras em particular, participando da conversa geral, tanto durante a refeição, quanto depois, na sala de estar. Porém, Hermione notou que, toda vez que olhava para Harry, ele a observava com uma expressão que ela nunca vira antes em seu rosto.


Perguntou-se o que aconteceria mais tarde, se ele se arriscaria a visitá-la, em seu quarto. Para isso, Harry teria de percorrer o corredor inteiro, passando pelos quartos da mãe, da avó e das duas Moulton. Seria perigoso, claro, mas ela não pôde deixar de desejar ardentemente que ele ousasse correr tal risco.


Assim, preparou-se para dormir com cuidado muito maior que o habitual. Tomou um banho longo e perfumado, escovou os cabelos até que eles brilhassem, e deixou-os soltos, em vez de prendê-los na costumeira trança. Como todas as suas camisolas fossem muito simples, de algodão branco, sem rendas ou babados, acabou escolhendo uma combinação que, geralmente, usava por baixo do vestido. Era simples, também, mas sem mangas e bastante decotada, escondia menos de seu corpo do que as camisolas de mangas compridas, fechadas até o pescoço.


Hermione deitou-se, apagou o lampião e esperou pelo som dos passos de Harry. O que não aconteceu e, depois de uma longa espera, ela adormeceu.


Acordou com a sensação de que o colchão macio movia-se sob o peso de seu corpo. Antes que despertasse completamente, sentiu a mão firme deslizar por sua cintura. Então, Harry sussurrou ao seu ouvido:


- Sou eu. Não grite.


- Harry!


Hermione virou-se para ele com um sorriso.


- Desculpe-me por tê-la acordado. Quis ter certeza de que todos dormiam. Vovó tem ouvidos excelentes, quando lhe interessa...


- Estou contente por você ter vindo.


- Está? – Ele se inclinou para beijá-la de leve nos lábios. – Fiquei em dúvida se deveria, mas lembrei-me de que você não foi exatamente hostil, durante o jantar.


Ela riu.


- De fato, não fui.


Pensou em perguntar como fora o trabalho que ele fizera durante o dia, ou sobre a iminente viagem a Londres, mas deu-se conta de que não tinha vontade de conversar sobre isso, ou sobre qualquer outra coisa.


- Precisamos conversar. – Harry declarou, afagando-lhe os cabelos. – Lamento ter passado o dia todo com Simpson, mas creio que amanhã será o mesmo. E, depois, quando estivermos a caminho de Londres, sua tia e sua prima estarão conosco o tempo todo. Portanto, temos de conversar agora.


Os olhos dele passaram a seguir a ponta dos dedos que passeavam pelo decote de Hermione. Harry pareceu ter perdido a seqüência do que estava dizendo, mas ela não se importou. Definitivamente, não tinha o menor desejo de conversar. Algo lhe dizia que ele queria estabelecer parâmetros para aquele relacionamento e era isso, justamente, que ela não queria ouvir.


- Teremos tempo de sobra para conversar. – Hermione murmurou, deslizando a mão pelos ombros dele.


- O quê? Ah, sim, conversaremos mais tarde.


Harry beijou-a e, a partir daquele momento, falaram muito pouco.


 


Hermione estava sozinha, quando acordou. Não havia esperado o contrário. Ao adormecer nos braços de Harry, sabia que ele logo voltaria ao quarto dele. Sentia-se grata por ele demonstrar tamanha preocupação com a sua reputação, mas ficou imaginando como seria bom acordar junto dele todas as manhãs. Imediatamente, repreendeu-se por se deixar levar por aquele tipo de fantasia. Isso jamais aconteceria e ela tinha de se acostumar à idéia.


Mais uma vez, não tinha muito o que fazer, com Harry longe de casa. No final da manhã, sua bagagem já estava pronta e a maior parte das malas da tia e da prima também já fora organizada. Joanna parecia muito satisfeita e Hermione suspeitou que o motivo da alegria excessiva era o fato de Harry não estar passando o dia todo com Hermione, como fizera desde que haviam chegado ali. Chegava a ser divertido pensar em como a prima estava enganada com relação aos sentimentos de Harry. Ainda assim, o sorriso petulante de Joanna a irritava..


Logo após o almoço, uma das criadas bateu na porta do quarto de Hermione e entregou-lhe um bilhete.


Hermione abriu-o e, ao ler a mensagem, sorriu. Era de Harry. Ele dizia que já estava terminando o trabalho que fora fazer com Simpson e pedia que ela fosse encontrá-lo às duas horas, no velho mosteiro.


Sem perder tempo, Hermione vestiu o traje de montaria e correu para o estábulo. Depois de convencer o cavalariço de que não precisava de companhia, pois estava costumada a cavalgar sozinha, partiu, ansiosa, para seu destino.


Acabou chegando cedo demais e pão ficou surpresa ao constatar que Harry ainda não estava lá. Como o mosteiro fosse um dos lugares mais agradáveis, entre os que ela visitara ali, Hermione não se importou. Desmontou, amarrou o cavalo a uma árvore e pôs-se a caminhar, espiando o que restava de vários aposentos do mosteiro..


Ouviu um ruído e virou-se, certa de que Harry havia chegado. Porém, não havia nada além de ruínas. Assim, continuou seguindo pelo que já fora um corredor. Quando passava por uma outra abertura, ouviu outro ruído. Desta vez, não teve tempo de virar-se, pois algo atingiu-a na cabeça, derrubando-a no chão. Primeiro, foi a dor lancinante. Então, veio a escuridão.


Hermione recobrou a consciência lentamente. Sua cabeça latejava e ela sentiu-se nauseada. Abriu os olhos, descobrindo imediatamente que aquele fora um grande erro. Voltou a fechá-los e esperou que o mundo parasse de girar. Então, ficou ali, deitada, tentando ordenar os pensamentos.


Estava estendida sobre algo duro, um assoalho de madeira, talvez. O odor de poeira fez suas narinas arderem. Era abafado ali e o silêncio era total. Devagar, sua mente clareou, e ela se lembrou de que estava no mosteiro, caminhando pelo corredor, quando algo a atingiu. Sentira o rosto contra o chão e uma dor terrível na cabeça.


A lembrança fez a cabeça latejar novamente, mas não apagou a sua confusão. Onde estava? O que a atingira? A primeira idéia que lhe ocorreu foi de que uma pedra havia se soltado das paredes em ruínas e caído sobre ela. Porém, mesmo atordoada como estava, não demorou a concluir que tal teoria não fazia sentido. Se fosse assim, ainda estaria no mosteiro, não em um lugar fechado e escuro.


Com cuidado, ergueu a cabeça e foi se levantando, até encontrar-se sentada. Esperou que a náusea se dissipasse e, então, olhou em volta.


Não fazia idéia de que lugar era aquele. Tratava-se de uma construção redonda, muita alta. As paredes eram de tijolos e havia quatro janelas pequenas no alto. Uma escada de madeira, sem a maior parte dos degraus, subia até o teto, onde havia um buraco quadrado. No centro da construção uma espécie de pilar subia, até atravessar o teto. Em tomo do pilar, no chão, havia um tipo de máquina, com engrenagens. Tudo parecia muito velho, em desuso há muito tempo. Uma espessa camada de poeira cobria tudo.


No chão, havia uma marca, que começava onde Hermione se encontrava e se estendia até uma pequena porta de madeira. Ela calculou que fora por ali que alguém a arrastara para dentro daquele lugar. Porém, não havia sinal da presença de qualquer outra pessoa ali.


Hermione perdeu de vez a esperança de que havia sofrido um acidente. Era evidente que alguém a atacara, propositadamente, e a escondera naquele lugar estranho.


Levantou-se devagar, esperando até que a tontura e a dor cedessem. Então foi até a porta. Não que tivesse esperança de encontrá-la destrancada, mas tinha de tentar.


Como esperava, a porta não se moveu nem um milímetro, mesmo quando ela apoiou todo o peso de seu corpo contra ela. Com um suspiro, voltou a sentar-se no chão, apoiando as costas na porta. Onde estava, afinal? Aquele lugar lhe parecia tão estranho, que era como se ela houvesse sido transportada para um outro mundo.


Ficou ali sentada por um longo tempo, até que, de repente, deu-se conta de onde estava. Aquele só poderia ser um dos tantos moinhos que ela vira, espalhados pela propriedade. Tal constatação não era nada animadora, uma vez que confirmava suas suspeitas de que fora escondida em um lugar onde as pessoas nunca iam. Perguntou-se se alguém pensaria em procurá-la ali. Decidiu que o melhor a fazer seria pensar em um meio de escapar, em vez de esperar que alguém desse por sua falta e saísse à sua procura.


Levantou-se e voltou a examinar a porta, mas logo deu-se conta de que estava firmemente fechada por fora. Também não encontrou nenhuma dobradiça que pudesse tentar desmontar. Concluindo que seria impossível escapar, começou a esmurrar a madeira resistente e gritar por socorro, mas não obteve qualquer resposta.


Parou de bater e gritar e começou a andar pelo lugar, considerando as possibilidades e tentando ignorar o estômago, que começava a roncar de fome. Percebendo que a luz que entrava pelas janelas diminuíra, calculou que já passara da hora do chá. Teria de agir depressa, se não quisesse passar a noite ali. As janelas eram altas demais e, depois de examinar a escada apodrecida, decidiu que tentar subir por ela estava completamente fora de questão.


Pôs-se a fazer um inventário dos objetos dentro do moinho. Não eram muitos. Encontrou uma vassoura, que poderia ser útil, caso a pessoa que a atacara decidisse voltar. Havia também uma corda e ela logo tentou pensar em uma maneira de usá-la para chegar às janelas. Infelizmente, não havia nas paredes nada que ela pudesse usar como apoio. Restavam apenas uma cadeira quebrada, alguns parafusos e um pedaço de metal, que parecia ser uma peça que se soltara das engrenagens. Depois de muito refletir, Hermione decidiu que a cadeira e o pedaço de metal serviriam melhor como armas, do que a vassoura.


Levou os achados para perto da porta e bateu na madeira com cada um deles, na esperança de que alguém a ouvisse. Depois de vários minutos de esforço vão, desistiu. Pensou em atirar algo por uma das janelas. Se alguém estivesse por perto, certamente notaria. O que não era provável, especialmente, com a noite se aproximando. Bem, ao menos, teria algo para fazer, em vez de ficar sentada, aumentando ainda mais a sua aflição. Era possível que, no dia seguinte, alguém visse o objeto caído junto ao moinho e decidisse investigar.


Apanhou uma perna da cadeira quebrada e atirou-a contra uma das janelas. Nas primeiras, duas tentativas, o pedaço de madeira atingiu a parede. Na terceira, bateu na janela; mas sem força para quebrá-la. Foram necessárias mais quatro tentativas, antes que a perna da cadeira atingisse o centro do vidro, atravessando-o.


Hermione soltou vitorioso e pulou e bateu palmas. Alguns minutos depois, novamente desanimada, voltou a sentar-se ao lado da porta. Conseguira realizar o feito, mas o que ganhara com isso?


O estômago voltou a roncar, lembrando-a de que não comia há muitas horas. O moinho tornava-se mais escuro a cada minuto e sombras assustadoras começavam a se formar. A idéia de passar a noite ali não era nem um pouco atraente.


Levantou-se, apanhou a cadeira quebrada e bateu com ela contra as engrenagens do moinho diversas vezes, até conseguir que outra perna se soltasse. Aquela, pensou, seria a sua melhor arma. Então, voltou para o seu lugar, junto da porta, empunhando a perna da cadeira em uma das mãos e a chapa metálica na outra. Não conseguiu pensar em mais nada que pudesse fazer para sair dali, ou para se proteger. Ao menos, estava bem armada, para o caso de receber uma visita noturna.


Não havia razão para a pessoa que a atacara voltar ali. Por outro lado, também não havia razão para quem quer que fosse atacá-la. Quem ganharia alguma coisa com isso? Hermione não podia imaginar que alguém a detestasse a ponto de fazer uma barbaridade como aquela. A única pessoa que lhe ocorreu foi Joanna, que ficava cada dia mais furiosa pelo tempo que Harry passava na companhia de Hermione. Joanna, porém, era preguiçosa demais para levar a cabo um plano tão elaborado. E, além disso, como poderia, miúda e delicada como era, ter conseguido arrastar Hermione, inconsciente, do mosteiro até o moinho?


Não. Essa idéia era absurda.


O motivo só poderia estar relacionado com o tesouro, Hermione concluiu. Provavelmente, a pessoa que invadira o sótão de Chesi1worth e a biblioteca da Mansão Haverly fora a mesma que a atacara. Ainda assim, era difícil compreender por que alguém a seqüestraria e trancaria ali. Ela e Harry ainda não haviam encontrado o segundo mapa. E se tal pessoa queria roubar o mapa encontrado em Chesilworth, por que atraí-la até o mosteiro e atingi-la na cabeça? Teria sido muito mais fácil roubar o mapa de seu quarto.


O único resultado possível de trancá-la ali, seria adiar a viagem a Londres. Mas, que lucro isso traria a alguém? Talvez o ladrão tivesse a chance de encontrar o livro, em Londres. Ao mesmo tempo, como saberia pelo que procurar? Ela e Harry haviam se inteirado de que livro procuravam havia poucos dias e só comentaram o acontecido com os familiares mais próximos. Nada daquilo fazia o menor sentido.


Só faria sentido se... Sua mente esquivou-se ao pensamento. Hermione olhou em volta. A escuridão, agora, era total. Ouviu um rangido e sobressaltou-se. Disse a si mesma que era tolice assustar-se com ruídos. Não havia mais ninguém ali, disso tinha certeza. O moinho era velho e seria normal ouvir estalos e rangidos, mas não havia motivo para se assustar.


Infelizmente, os pensamentos corajosos pouco fizeram para tranqüilizá-la. Afinal, havia, realmente, algo a temer, mesmo que não estivesse ali dentro, com ela. Alguém a arrastara para lá e ela não fazia idéia de quando, ou como, conseguiria escapar. Se conseguisse.


Teria tal pessoa planejado deixá-la ali para morrer de fome?


Não. A sede a mataria antes. Já fazia algum tempo que sentia a boca e a garganta secas, o que se exacerbava por causa da poeira. Hermione forçou-se a ignorar a fome, a sede e os ruídos estranhos que atravessavam a escuridão. Era como ignorar um elefante, bem à sua frente.


Voltou a pensar em quem fizera aquilo e por quê. Talvez Harry estivesse certo quanto a David Miller. Era mesmo suspeito o fato de ele ter aparecido, justamente quando ela procurava pelo mapa. O fato de ele parecer honesto e confiável não significava nada. Um vilão frio e calculista não encontraria dificuldade em fingir ser um anjo. David poderia ter lido os diários e, por não fazer idéia de como chegar aos mapas, vendera-os em Londres, na esperança de que o comprador o levasse ao tesouro.


Ainda assim, Hermione não pôde evitar que a mesma pergunta a atormentasse: que lucro David Miller teria, ao trancá-la em um velho moinho? Não fazia sentido. A única pessoa que se beneficiaria... Hermione parou, mas, então, forçou-se a levar o pensamento até fim, pois tinha de enfrentá-lo. A única pessoa que se beneficiaria de seu desaparecimento, ou de sua morte, era Harry Potter.


 


 


 


Agradecimento especial:


 


Lúh. C. P.: um pouquinho de suspense é sempre bom, desde que não mate os leitores de enfarte. Hahahaha. Como você previu o capitulo começou sensacional, mas infelizmente as coisas ficaram sérias no final. Beijos e até o próximo.


 


 


 

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