CAPÍTULO X – Viajem e Apresent

CAPÍTULO X – Viajem e Apresent



CAPÍTULO X – Viajem e Apresentações


 


Hermione reclinou a cabeça no encosto do banco da carruagem e suspirou com prazer. Dormira pouco nas duas últimas noites e o dia anterior fora longo e estafante. Mesmo assim, conseguira cumprir com todas as suas tarefas, inclusive a de pedir desculpas à tia, pelas palavras duras que lhe dissera. O clima entre as duas continuava tenso, mas, ao menos, a mais velha não criara qualquer problema com relação à viagem..


Como já era esperado, Ardis tentou todas as estratégias que lhe ocorreram para convencer sir Harry a viajar na carruagem dos Moulton, junto dela e Joanna, mas ele recusara, com muita cortesia, alegando que preferia cavalgar.


Hermione, por sua vez, estava mais do que satisfeita com o arranjo feito. A carruagem dos Potter era muito mais espaçosa e luxuosa do que a da tia, além de melhor conservada. Como o dia estivesse quente, manteve as janelas abertas, o que lhe permitia conversar com Sir Harry, que cavalgava, ao lado da carruagem. E, quando o barulho os forçava a alguns minutos de silêncio, ela aproveitava para estudá-lo, sem que ele soubesse que estava sendo observado.


Apreciando a destreza com que ele dominava o cavalo, a postura ereta, os cabelos negros que refletiam a luz do sol e os traços másculos, não pôde deixar de se perguntar se havia algo de verdadeiro em tudo o que a tia lhe contara.


Quando pararam em uma hospedaria para dar descanso aos cavalos, quatro puros-sangues sensacionais, Hart e Crispin bombardearam sir Harry de perguntas sobre os animais.


Rindo, Harry sugeriu que os meninos conversassem diretamente com o cocheiro.


- Will! – chamou. – Temos dois candidatos a cocheiro, aqui! Por que você e Tommy não dão uma boa aula a eles?


- Agora mesmo, sir Potter. – o cocheiro respondeu de bom humor, fazendo um sinal para que o assistente, Tommy, se encarregasse dos cavalos. – O que acham de tomar o meu lugar, para saberem como é a vista lá de cima?– perguntou aos gêmeos.


- Está falando sério? – Crispin perguntou, incrédulo, enquanto Hart parecia emudecido pela surpresa.


- Também posso subir? – Olívia perguntou.


Will mostrou-se confuso, sem saber o que responder, mas Harry sorriu e disse:


- E claro que pode, srta. Olívia. Isto é, se sua irmã não fizer objeção..


Hermione sorriu e assentiu, satisfeita por ele não ter negado um prazer tão simples à menina.


- Olívia oscila entre querer usar penteados sofisticados, saias longas e namorar, e subir em árvores com os irmãos. – ela comentou divertida. – Obrigada por permitir que ela os acompanhe. Sei que muitos consideram impróprio a uma menina fazer uma coisa dessas, mas papai e eu sempre acreditamos que não é certo restringir as atividades de acordo com o sexo da criança. Papai dizia que o que restringe a mente e enfraquece a vontade.


- E evidente que seu pai aplicou tais princípios a você, também.


- Obrigada. Vou receber o comentário como um elogio.


- Mas foi um elogio.


Fitaram-se por um momento, sorrindo um para o outro.


- Olívia! – O grito histérico de tia Ardis sobressaltou-os. – Desça daí agora mesmo! Hermione, onde está com a cabeça permitido que ela se comporte como um moleque?


- Está tudo bem, tia Ardis. – Hermione respondeu, tranqüila, enquanto Olívia simplesmente ignorava a ordem da tia. – Sir Harry deu permissão aos três e o cocheiro está tomando conta deles.


- Mas Olívia... – Ardis aproximou-se, parecendo mais chocada a cada momento. – Já é lamentável que o lorde de Chesilworth esteja dando um verdadeiro espetáculo, mas uma menina...


- Lorde Chesilworth tem apenas doze anos. – Hermione lembrou-a. – Não se pode esperar que ele se comporte como um adulto, seja qual for o seu título.


- Uma jovem não pode se sentar no banco do cocheiro!


- Tenho idéias bastantes modernas, no que diz respeito a crianças. – sir Harry declarou, com um brilho divertido no olhar. – Creio que não devemos restringir a mente, seja de um menino, ou de uma menina. Ardis pareceu querer discutir, mas fez um esforço para se conter.


- Muito bem, sir Harry... Se é esse o seu desejo...


- Vamos entrar, senhoras? – ele sugeriu, já conduzindo-as para dentro. – Tenho certeza de que o dono da hospedaria vai lhes oferecer um salão privativo, além de refrescos.


- Será ótimo. Viajar é tão cansativo. – Joanna murmurou, enroscando o braço no de sir Harry e apoiando-se nele, como se houvesse percorrido aqueles quilômetros a pé.


- Podem ir. – Hermione falou. – Vou caminhar um pouco, antes de entrar.


- Excelente idéia. – Harry concordou. – Deixe-me acompanhar sua tia e sua prima até a hospedaria. Então, caminharei com a senhorita.


Hermione recebeu um olhar fulminante de Joanna, quando Harry desvencilhou-se do braço dela e, com gestos impessoais, levou as duas para dentro da hospedaria.


Enquanto esperava por ele, Hermione observou os irmãos e logo se convenceu de que os três encontravam-se em boas mãos, estando aos cuidados de Will.


Quando sir Harry se juntou a ela, saíram pela rua principal da pequena vila. Hermione sabia que a tia a repreenderia por caminhar na companhia de Harry, mas não estragaria o passeio por isso. O que Ardis lhe contara ainda a perturbava, mas ela tinha esperança de descobrir a verdade, embora soubesse que jamais teria coragem de perguntar diretamente a ele.


- Conte sobre sua casa. – pediu.


- A Mansão Haverly é muito antiga, construída com pedras cinza de Norfolk.


- Nunca estive em Norfolk.


- É um lugar bastante isolado. Há séculos, as pessoas vão para lá, quando querem fugir de alguma coisa. Os pântanos representavam uma grande barreira, no passado. Dizem que é por isso que existem tantas igrejas por lá. Os religiosos se mudavam para lá em busca de paz. E claro que, agora, com os pântanos drenados, a região é mais acessível, mas pouca gente passa por lá, uma vez que não há nada além, exceto o mar.


- Não quero nem pensar no que sua mãe vai dizer, ao receber um verdadeiro bando de visitantes.


- Mamãe já está acostumada com minhas excentricidades. Desde que não seja perturbada, é uma mulher muito tranqüila. Como temos uma excelente governanta, mamãe raramente é perturbada. Na verdade, a Sra. Weasley vai me dar um belo puxão de orelha, por tê-la avisado tão em cima da hora, mas mamãe não vai se abalar. Minha irmã, por outro lado, ficará feliz por ter companhia.


- Eu não sabia que tem uma irmã.


- Qualquer um pode ter irmãos. – Harry replicou com um sorriso zombeteiro. – Até mesmo criaturas rígidas e sem imaginação, como os Potter.


- Não foi isso o que eu quis dizer. Simplesmente... Não sei explicar por que, mas você parece ser filho único.


Ele deu de ombros.


- Na verdade, fui o único filho, até os quinze anos, quando ela nasceu. Mas, então, eu estava na escola e, por isso, não tivemos um relacionamento estreito, enquanto ela era pequena.


- Qual é o nome dela?


- Georgette. Vai gostar dela. É uma garota cheia de energia e curiosidade.


- Com certeza. – Hermione murmurou, desejando que Georgette gostasse dela também, embora não conseguisse encontrar uma razão lógica para tal desejo.


- Senhor! – um jovem gritou atrás deles, correndo para alcançá-los. – A senhora pediu que eu viesse encontrá-los. Disse que a senhorita deve ter cuidado com o sol e que é melhor voltar à hospedaria.


Hermione suspirou irritada. Sabia que a tia não estava preocupada com sua saúde, mas sim com o tempo que ela estava mantendo sir Harry longe de Joanna. Dirigiu um sorriso ao empregado da hospedaria.


- Diga a ela que já estamos a caminho.


O mau humor da tia ficou evidente no momento em que Hermione e Harry entraram no pequeno salão privativo, onde Ardis e Joanna bebericavam refrescos, enquanto Crispin, Hart e Olívia conversavam e riam, demonstrando excesso de energia.


- Sir Harry! – Hart cumprimentou entusiasmado. – Foi demais! Eles nos deixaram ajudar a alimentar e dar água aos cavalos e Will até me permitiu segurar o chicote!


- Verdade? Nesse caso, só posso concluir que ele gostou muito de você.


- Ele deu o chicote a cada um de nós. – Olívia explicou, lançando um olhar zombeteiro para o irmão.


- Will disse que poderemos nos revezar, durante a viagem, no banco do cocheiro, com ele. Se o senhor permitir, é claro. – Crispin falou.


- Will disse isso?


- Sim. – Olívia confirmou. – Disse que nossas perguntas são inteligentes e que nunca conheceu crianças como nós. Isso é bom, não é?


- Sem dúvida. – Harry respondeu com um sorriso. - Se Will fez o convite, não serei eu quem vai impedi-los.


- Quem vai primeiro? – Hart indagou.


Apanhado de surpresa pelo impasse, Harry olhou para Hermione, em busca de ajuda.


- Eu, claro. – Crispin declarou. – Afinal, sou o lorde Chesilworth.


- Ah! Acha que isso lhe dá o direito de fazer tudo em primeiro lugar?


- Sou a mais velha. – Olívia argumentou. – Além disso, se vocês fossem dois cavalheiros, cederiam seus lugares a uma dama.


- Dama! Você? – Hart zombou.


- Seu argumento não vale, se realmente quer fazer tudo o que os meninos fazem. – Hermione apontou. - Hart poderia dizer que deve ir primeiro, porque é o mais novo, ou porque, como não receberá título, nem terras, deveria ter certas compensações. Minha sugestão é que decidam no jogo do palitinho.


- Excelente sugestão. – Harry concordou grato pela idéia.


No final, Hart foi o primeiro, seguido por Olívia e Crispin, que assumiu um ar de nobreza, como se houvesse cedido o seu lugar aos irmãos.


Com as crianças se revezando junto ao cocheiro, sobrou espaço na carruagem e sir Harry aproveitou a oportunidade para amarrar seu cavalo na traseira e viajar junto de Hermione. Sem dúvida, Ardis e Joanna estavam furiosas, mas não havia nada que pudessem fazer, uma vez que viajavam em carruagens separadas.


Na verdade, Hermione e Harry não ficaram sozinhos nem por um segundo, uma vez que tinham sempre duas das crianças dentro da carruagem. Porém, podiam ao menos conversar sobre o que lhes agradasse, como a dificuldade de interpretar o mapa encontrado, a possível localização do segundo mapa e, claro, do tesouro.


Pararam para almoçar, já pelo meio da tarde, em Banbury. Hermione observou, divertindo-se um bocado, as manobras da tia e da prima para se sentarem ao lado de sir Harry, monopolizando a companhia dele e excluindo Hermione. Sentada do outro lado da mesa, ela viu os olhos de sir Harry tomarem-se sonolentos, enquanto Joanna falava sem parar, fazendo comentários infantis e contando histórias absolutamente desinteressantes.


Assim que terminaram de comer, ele se pôs de pé, sem esconder o alívio, e declarou que deveriam apressar-se, se quisessem chegar ao seu destino antes do anoitecer.


Infelizmente, tal objetivo não foi alcançado, uma vez que a carruagem dos Moulton teve uma de suas rodas quebradas. Depois de deixá-la em conserto, seguiram viagem, com Ardis e Joanna na carruagem dos Potter. Ocorreu a Hermione que a tia poderia ter sido perfeitamente capaz de providenciar o pequeno acidente, a fim de juntar-se a sir Harry. Porém, a alegria das duas durou pouco, pois, percebendo que a carruagem ficaria apinhada, cavalheiro que era, ele voltou a cavalgar.


- Covarde. – Hermione sussurrou, quando ele passou por ela, ao sair da carruagem.


Como resposta, recebeu um rápido sorriso de cumplicidade.


Chegaram após o anoitecer em uma mansão, situada perto de Northampton. Era a casa de lorde e lady Philby, tios de Harry. Lady Philby era uma mulher tão esnobe e tediosa, que até mesmo Ardis encontrou dificuldade em disfarçar os bocejos. O lorde, por sua vez, era um tipo bonachão, que realizou a proeza de beliscar os traseiros das três jovens presentes. Foi um grande alívio para todos quando, encerrado o jantar, alegando cansaço da viagem, puderam retirar-se para seus quartos.


Sir Harry acompanhou Hermione até o quarto que ela dividiria com a irmã e, uma vez diante da porta, inclinou-se para beijar-lhe a mão, sussurrando com uma piscadela:


- Toda família tem suas ovelhas negras, não concorda? - Mesmo exausta, Hermione não pôde conter uma gargalhada.


 


A torre da Catedral Ely apontava para o céu, chamando a atenção dos passantes, mesmo a distância. Com a cabeça para fora da carruagem, Hermione emitiu um sonoro suspiro.


- Ah... É mais linda do que imaginei!


Virou-se para Harry com os olhos brilhando. Aquele era o terceiro dia de viagem, mas o cansaço se dissipara diante da beleza da catedral, reluzente ao sol da tarde.


- A melhor época do ano, para se ter uma vista perfeita, é o outono, ao pôr-do-sol. A torre ergue-se em meio à neblina e o sol poente parece tingi-la de dourado. Assim, é fácil compreender porque foi, centenas de anos atrás, um refugio para aqueles que eram caçados.


- Eely. – Crispin falou com pronúncia carregada, fazendo uma careta. Então; virou-se para Olívia e disse: - Cuidado, Livvy, ou as enguias virão pegá-la!


- Agora, isso seria impossível. – sir Harry corrigiu-o com um sorriso. – Mas você está certo, a palavra “Ely” vem de “eel”, que significa enguia. Originalmente, Ely era uma ilha, em meio ao pântano. As enguias eram o principal alimento da população local.


- Podemos entrar? – Olívia perguntou.


- Dizem que a catedral é linda, por dentro. – Hermione comentou.


- E é. Prometo trazê-los, um dia desses, pois a Mansão Haverly não fica longe daqui. Hoje, creio que seja melhor seguirmos viagem.


- Sim, tem razão. – Hermione concordou.


Crispin também assentiu em concordância. O entusiasmo pela viagem diminuíra sensivelmente ao longo daqueles três dias, até mesmo para os incansáveis gêmeos.


Depois de atravessarem a pequena vila que circundava a catedral, Hermione continuou olhando pela janela, deleitando-se com a paisagem.


- Tudo é muito diferente, aqui. Os terrenos são tão planos. O que é aquela saliência, que parece acompanhar a estrada por muitos quilômetros?


- E um rio.


- Um rio?


- Sim, as margens dos rios são mais altas que os terrenos ao seu redor. Quando os pântanos foram drenados, no século dezessete, foi preciso elevar as margens dos rios, para evitar que transbordassem.


- Por que os pântanos foram drenados? – Crispin perguntou, decepcionado. – Eu gostaria tanto de vê-los.


- Você verá. Ainda existe um pântano em nossas terras. O Potter daqueles tempos, pai de sir Edric, que foi noivo de Margaret, não aprovava a idéia da drenagem. Quando o conde Bedford trouxe Vermuyden, um especialista holandês, para drená-las, meu antepassado manteve-se firme. Quando ele morreu, o filho dele, que foi o noivo abandonado, contratou outro holandês para drenar nossas terras. No entanto, em respeito à memória do pai, deixou intacta uma pequena parte do pântano. Iremos até lá, enquanto estiverem hospedados na Mansão Haverly.


- Não compreendo por que queriam livrar-se do pântano. – Crispin persistiu.


- Dinheiro, meu caro. Como sua irmã poderá lhe contar com detalhes, os Potter sempre tiveram verdadeira paixão por dinheiro. A terra obtida pela drenagem dos pântanos é preta e rica para o plantio. No lugar de muitos acres de pântanos improdutivos, agora temos muitos acres de lavoura, bastante lucrativos.


- Gostaria de ter visto a terra como era antes.


- Para dizer a verdade, Crispin, eu também – Harry confessou com uma pontada de nostalgia. – Lembro-me com saudade dos tempos que passei no pântano Blackley.


- O que são todos aqueles moinhos? – Olívia perguntou. – Por que há tantos deles?


- Eram usados para bombear a água dos pântanos. E claro que não são mais usados, uma vez que, hoje, existem máquinas a vapor para realizar esse trabalho. No século dezessete, existiam muitos mais, drenando a terra continuamente, a fim de impedir que a água retornasse.


- É fascinante. – Hermione comentou. – É como se estivéssemos em outro país.


- Muitos dizem que uma região pantanosa é um mundo à parte.


Pouco mais de duas horas depois, deixaram a estrada e seguiram pela alameda que levava à Mansão Haverly. Hermione não parava de suspirar diante da beleza da vegetação, cuidada com esmero. Harry sorriu, satisfeito pela reação dela.


Mais adiante, a alameda terminava bem em frente a uma magnífica casa de pedras cinzentas, parcialmente cobertas por hera. Ao mesmo tempo em que sentiu prazer ao admirar a beleza da propriedade, Hermione lamentou o final da viagem. Haviam sido três dias cansativos, mas, também, maravilhosos. Ela passara a maior parte do tempo na companhia de sir Harry e longe da tia e da prima.


Vários criados postaram-se diante da entrada, esperando que a carruagem parasse. Então, abriram a porta do veículo e baixaram os degraus. Um homem de idade aproximou-se, com seus cabelos brancos e porte digno.


- Bom dia, sir Harry. Seja bem-vindo. – declarou, curvando-se.


- Bom dia, Shivers. Gostaria de apresentar-lhe meus convidados: Srta. Hermione Granger, Srta. Olívia, lorde Chesilworth e master Hart, ali, sentado com o cocheiro. Não pense que está enxergando em dobro. O lorde e master Hart são gêmeos.


- Evidente, senhor. - o mordomo reconheceu, voltando a curvar-se.


A segunda carruagem chegou e sir Harry tratou de apresentar a Sra. Moulton e Joanna. Naquele momento, algo azul atravessou a porta com a velocidade de um raio.


- Harry! – a menina gritou, atirando-se nos braços dele.


- Georgette! – Harry abraçou-a e deu-lhe um beijo no rosto. – Você nunca vai aprender a se comportar como uma dama? Meus convidados vão pensar que é um moleque!


Georgette virou-se para o grupo reunido, com um sorriso contagiante. Era bonita, parecida com o irmão, com cabelos escuros e cacheados e os mesmos olhos verdes.


- Estou muito feliz em vê-los! – declarou. – Faz muito tempo que Harry não traz ninguém para nos visitar e a vida é muito desinteressante, aqui. – Fez uma pausa, parecendo ligeiramente embaraçada. – Perdoem-me. Acho que me expressei mal. Eu ficaria feliz em vê-los, mesmo que a vida aqui fosse agitada. Mas, como não é, confesso que me sinto duas vezes feliz!


Antes que Harry pudesse apresentar a irmã, uma mulher mais velha apareceu na porta, sorrindo, os braços estendidos.


- Harry, meu querido!


- Mamãe. – Ele também sorriu e beijou-a. – Você está linda, como sempre.


- Você é um amor! Agora, apresente-me a todos.


- Sim, Harry, por favor. – Joanna pediu, aproximando-se para enlaçar o braço dele de maneira possessiva. – Estou ansiosa para conhecer a sua família.


Harry fitou-a surpreso. Naquele momento, outra mulher apareceu. Tinha vinte e poucos anos e, embora não fosse feia, vestia o mais simples dos trajes.


- Sarah! – lady Potter chamou-a. – Venha ver Harry. Ele acabou de chegar com os convidados.


- Sim, eu vi... É por isso que... Bem, não quero atrapalhar...


- Bobagem. – lady Potter assegurou-a. – Você nunca atrapalha. Afinal, já é praticamente da família. Não é, Harry?


A jovem corou, mas não escondeu o prazer provocado pelas palavras da mãe de Harry.


- A Srta. Yorke estava nos fazendo uma visita, quando vocês chegaram. – lady Potter explicou. – Ela cuida de Silverwood e é uma grande amiga da família.


Hermione perguntou-se o que seria Silverwood e do que a jovem cuidava.


A pergunta foi imediatamente respondida por Georgette:


- Sim, ela cuida das crianças de Harry, o que não é fácil!


Harry sorriu e, desvencilhando-se de Joanna, tomou a mão da Srta. Yorke.


- Bom dia, Srta. Yorke. Como vão as crianças?


- Bem, sir Harry, mas sentindo a sua falta.


- Tratarei de visitá-los amanhã, pela manhã. Agora, deixe-me fazer as apresentações.


Enquanto ouvia esse breve diálogo, Hermione permaneceu imóvel, atordoada. Seu coração parecia pesar uma tonelada e seu estômago ameaçava criar-lhe problemas.


Não conseguia raciocinar, pois em sua mente ecoavam as palavras de Georgette: “as crianças de Harry”.


Era verdade! Sir Harry era tão promíscuo, que mantinha uma casa repleta de filhos ilegítimos, perto dali.


Hermione não acreditara no que a tia lhe contara, pois a história lhe parecera absurda demais. Virou-se para tia Ardis, que balançou a cabeça com ar de reprovação.


Harry prosseguia com as apresentações e Hermione esforçou-se para sorrir e cumprimentar a todos. A mãe dele cumprimentou-a com tranqüilidade, levando-a a perguntar-se como ela podia falar de Silverwood com tamanha naturalidade. Na opinião de Hermione, acomodar uma porção de filhos ilegítimos, praticamente diante da porta da própria mãe, era lamentável. Era difícil compreender como a mulher aceitava tal situação com aquela aparente calma inabalável.


Lady Potter sugeriu que todos entrassem, mas a Srta. Yorke recusou.


- Tenho certeza de que vocês têm muito o que conversar. Voltarei outro dia. – Dirigiu um sorriso aos convidados. – Espero que vocês visitem Silverwood, enquanto estiverem aqui.


Tia Ardis ficou boquiaberta, mas Hermione conseguiu murmurar:


- Sim, claro. Obrigada.


Assim que a Srta. Yorke se afastou, lady Potter insistiu:


- Vamos entrar, onde teremos mais conforto. Tenho certeza de que estão exaustos da viagem.


- Eu não. – Joanna declarou, com um de seus sorrisos tolos. – Sir Harry fez com que a viagem se tornasse fácil e agradável. – Virou-se para a irmã de Harry. – Para ser sincera, estou ansiosa para ter uma longa conversa com Georgette. Posso chamá-la de Georgette? Harry falou tanto de você, que sinto como se nos conhecêssemos há muito tempo. – Passou o braço pelo da menina e, praticamente, arrastou-a na direção da porta. – Não tenho a menor dúvida de que seremos grandes amigas.


Georgette mostrou-se um pouco confusa, mas acompanhou Joanna e todos as seguiram. Tia Ardis segurou Hermione pelo braço, esperando que os demais entrassem.


- Eu não lhe disse? – sussurrou ao ouvido da sobrinha.


- Sim, titia, a senhora disse.


- Espero que tenha levado minhas palavras a sério.


- Sim. – Hermione garantiu, tentando ignorar a náusea que a invadira. – Não se preocupe. Não há nada entre sir Harry e eu. E nunca haverá.


 


 


 


Agradecimentos especiais:


 


Nanny Black: é um bom chute esse do primo da Mione estar trabalhando para a tia dela, mas eu garanto que ele realmente é um primo e que não sabe nada a respeito das invasões, assim como a tia dela não sabe nada sobre o tesouro. Ah, pode me adicionar no msn sim, agora fiquei curioso sobre o que você quer me mostrar, vou cobrar hein?


Quando a fic Cavaleiro de Dragão ela realmente está terminada, mas tem a continuação que é Harry Potter – Eldest: Link: http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=33080


Ah, desculpe por demorar um pouco para responder, mas só tive acesso aos comentários ontem a noite. Espero que goste da continuação. Beijos.


 


kassia bell: não posso dizer quem é o invasor, mas posso garantir que não é o primo da Mione e que o ladrão não está a mando da tia dela, é um mistério que somente será solucionado no fim da fic. Beijos.


 

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