CAPÍTULO XII – Piquenique

CAPÍTULO XII – Piquenique



CAPÍTULO XII – Piquenique


 


- Não! – Hermione desvencilhou-se de Harry, assustada pela torrente de sensações que ele lhe despertava com tamanha facilidade. – Não serei mais uma de suas conquistas!


- Minhas conquistas! – ele repetiu confuso. – Do que você....


- Não!


Ela deu meia-volta e correu até a escada, descendo os degraus apressada. Sentiu-se grata por ele não ter tentado segui-la, pois não sabia se seria capaz de resistir, caso Harry tentasse beijá-la novamente. O problema era que seu auto controle parecia se pulverizar, quando estavam juntos.


Trancou-se no quarto, fechou as cortinas e ficou deitada na cama até a hora do chá, tentando colocar em ordem os sentimentos caóticos. O poder que Harry exercia sobre ela era absurdo. Isso a assustava, Hermione sempre fora senhora de si, em qualquer tipo de situação. Porém, cada vez que se via perto de Harry, parecia transformar-se em uma criatura indefesa, totalmente à mercê do desejo.


Por outro lado, seria justo reprimir aquela paixão que a queimava por dentro? Seria um erro tão grande ceder aos sentimentos que tinha por Harry? Os homens davam vazão aos desejos o tempo todo, sem que ninguém os desprezasse por isso. Tal atitude não lhes trazia mal algum, exceto por pobres crianças, como aquelas que viviam em Silverwood.


Disse a si mesma que não sabia se Harry estava mesmo interessado em seduzi-la e, então, abandoná-la.


Tal conclusão fora resultado das palavras de sua tia, que tinha grande interesse em manter Hermione longe de Harry. Mas... e quanto às crianças de Silverwood?


Tia Ardis estava certa. Só mesmo um libertino sem caráter poderia ter tantos filhos bastardos.


A verdade era que, por mais fácil que fosse acreditar que ele era um patife, Hermione não queira acreditar.


Seus sentimentos estavam impedindo que sua mente usasse a razão. Ora, não poderia sequer alimentar qualquer sentimento com relação a ele!


Foi um alívio descer para o chá e descobrir que Harry não estava presente. Na hora do jantar, porém, Hermione teve de se sentar ao lado dele. Harry manteve expressão sombria e pouco se dirigiu a ela. Embora houvesse conseguido a distância que tanto queria, Hermione ficou ainda mais infeliz.


Depois do jantar, Joanna flertou ostensivamente com Harry. Para Hermione, não foi fácil assistir à prima praticamente se atirando para ele. Pior que isso, era o fato de Harry não se mostrar tão contrariado por ter de suportar o assédio.


Assim que a avó de Harry se retirou, Hermione foi para o quarto. Trocou de roupa rapidamente e deitou-se, mas logo descobriu que cometera um erro, pois agitação provocada por seus sentimentos por Harry não a deixava dormir. Chegou a desejar não ter ido à Mansão Haverly.


O piquenique do dia seguinte impediu-os de trabalhar na biblioteca. Embora detestasse adiar a busca do mapa, Hermione sentiu alívio por não ter de passar o dia fechada com Harry.


O piquenique foi um grande evento. Até mesmo a velha lady Potter participou. Na carruagem, seguiram as damas mais velhas e a Srta. Yorke. Joanna, ao saber que Harry iria a cavalo, decidiu cavalgar também, embora isso significasse aceitar a companhia de Georgette, Olívia, Crispin e Hart. Como não estivesse disposta a, mais uma vez, observar a prima flertar com Harry, Hermione optou pela carruagem. Um veículo aberto seguiu-os, levando diversos criados e a comida.


Dirigiram-se a um lago grande e raso, conhecido como broad. Lady Potter explicou que os broads eram áreas de onde os habitantes da região retiravam carvão de turfa, em um passado distante. Tal prática deixava buracos enormes, que logo se enchiam de água. A curta viagem por alamedas floridas, teria sido agradável, não fosse por tia Ardis, que falou sem parar, durante todo o trajeto, enaltecendo os atributos da filha. A certa altura, Hermione concluiu que o flerte de Joanna com Harry teria sido um preço mais que razoável por uma cavalgada ao ar livre, longe da tagarelice de sua tia.


Ergueu os olhos e viu espelhados no rosto da Srta. Yorke os próprios sentimentos. Virou-se depressa, temendo cair na risada, ao mesmo tempo em que pensava que, talvez, Sarah Yorke pudesse se tornar uma boa amiga. Quando finalmente chegaram ao imenso carvalho, à sombra do qual se instalariam, as duas jovens saltaram da carruagem às pressas e afastaram-se rapidamente. Hermione sorriu com ar de conspiração e a Srta. Yorke retribuiu o sorriso.


O grupo que fora a cavalo desmontava. Ao perceber que Harry se dirigia para onde ela estava, Hermione virou-se para a Srta. Yorke e sugeriu uma caminhada à margem do lago.


Enquanto caminhavam, Sarah deu explicações sobre parte da vegetação local e sobre os pássaros.


- Está vendo aquelas borboletas? – apontou. - Este é um dos raros lugares onde são encontradas.


- Lindas! Você sempre viveu aqui? – Hermione perguntou.


- Não, mas gosto muito daqui. Meu pai foi um grande estudioso da natureza, e eu costumava acompanhá-lo em suas excursões. E uma das razões pelas quais gosto tanto de ensinar crianças. Elas se interessam pela natureza.


- Deve ser uma excelente professora.


- Foi muita gentileza de sir Harry contratar-me. Ele conhecia meu pai e não teve dificuldade em calcular a situação em que fiquei, quando papai morreu. Embora fosse um homem maravilhoso, o amor que tinha pela natureza o impedia de pensar em confortos materiais. Tentei escrever artigos para as revistas que publicavam os escritos de meu pai, mas eles se recusaram a aceitar trabalhos realizados por uma mulher.


Hermione fez uma careta.


- Compreendo perfeitamente o que está dizendo.


- Eu não sabia o que fazer. Minhas habilidades são deficientes no que as pessoas consideram essencial para ser governanta de meninas. Não sei pintar, cantar, nem tocar piano. Minha caligrafia é apenas razoável. Papai nunca me ensinou essas coisas, pois não as considerava importantes. Treinou-me muito bem em matemática e ciências, o que não é valorizado nos estudos das meninas. Só me restava procurar emprego como dama de companhia, mas até nisso eu estava encontrando dificuldades. Já começava a me desesperar, quando sir Harry me contratou. Ele diz que pensou em mim, por achar que eu seria perfeita para cuidar das crianças, mas sei que foi a sua gentileza e generosidade que o fizeram escrever para mim.


- Sim, ele sabe ser generoso.


Hermione tinha de admitir que Harry fora maravilhoso para com seus irmãos. E essa era apenas uma das coisas que faziam seu coração bater mais forte por ele.


Porém, ela não poderia esquecer-se de que Harry seduzia mulheres e, então, as abandonava, grávidas e solteiras.


- Que pássaros são aqueles? – indagou, a fim de mudar de assunto.


Sarah voltou a recitar seus conhecimentos sobre a fauna e a flora e as duas retomaram o caminho de volta até o velho carvalho, onde estavam os outros.


Os criados haviam espalhado cobertores no chão e colocado bancos para a mãe e a avó de Harry, além de Ardis. Georgette e Olívia conversavam sentadas no chão, longe das mais velhas. Os gêmeos jogavam bola com Harry e Joanna os observava.


Hermione e Sarah sentaram-se junto às outras mulheres, mas Sarah logo se levantou, a fim de apanhar um copo de limonada para a avó de Harry.


- Essa moça simplesmente não consegue descansar e se divertir. – Lílian comentou. – Eu disse a ela que uma criada traria a limonada.


- Não se preocupe, Lílian. Ela está fazendo o que quer. – lady Potter assegurou.


- Acontece que ela foi convidada para se divertir, não para trabalhar.


- A Srta. Yorke está se divertindo, Lílian. – a sogra insistiu. – Algumas pessoas simplesmente gostam de se ocupar.


Lady Lílian pareceu não notar a alfinetada de lady Potter.


- Uma história tão triste. – continuou. – O pai dela morreu muito pobre.


Ardis emitiu um suspiro sombrio.


- Nesse caso, ela nunca vai se casar. Moças sem beleza e sem fortuna...


- A Srta. Yorke não é feia. – lady Potter interrompeu-a, dando a Hermione a impressão de que não gostava de sua tia.


- Mas, também, não é uma beldade. Só uma beldade conquista um marido, se não tiver dinheiro.


- Muitos homens apaixonam-se por outros atributos, que não a beleza. – Lílian comentou.


- Não me refiro a amor, minha cara lady Lílian. Estou falando de casamento. A maioria dos homens não escolhe uma esposa por amor.


- Ela tem razão. – lady Potter opinou. – A geração mais jovem pensa demais em amor. Como se pudéssemos fazer nossas escolhas com toda liberdade! As alianças familiares sempre se basearam na posição social e, claro, na riqueza.


- Uma boa aliança familiar não significa, necessariamente, um bom casamento. – Hermione argumentou.


- Bom em que sentido? – lady Potter inquiriu, com um brilho no olhar.


Não havia nada que a velha senhora apreciasse mais do que uma boa discussão.


- No sentido de felicidade. – Hermione respondeu. - Meus pais foram muito felizes.


- E muito pobres. – Ardis completou.


- Qual teria sido a vantagem de terem se casado por dinheiro, se fossem infelizes pelo resto da vida?


A discussão prosseguiu, cada vez mais animada.


Harry aproximou-se, com Joanna colada em seu braço. Os gêmeos vinham atrás, sujos e cansados.


- Sobre o que estão conversando? – Harry perguntou com um sorriso. – Ao que parece, trata-se de alguma questão muito interessante.


A avó sorriu para ele.


- A Srta. Granger estava nos dizendo quais são os seus pontos de vista sobre amor e casamento.


- Verdade? – Harry virou-se para Hermione. - Gostaria muito de ouvi-los.


Hermione sentiu as faces arderem.


- Acho que já esgotamos esse assunto. Além do mais, tenho certeza de que o senhor consideraria tal discussão tediosa.


- Muito pelo contrário. Sou todo ouvidos.


- Vou resumir para você. – Lílian ofereceu-se, surpreendendo a todos. - A Srta. Granger e eu acreditamos no amor e na capacidade de um homem amar uma mulher por algo que não seja beleza. Lady Potter e a Sra. Moulton discordam.


- Ora, devo agradecer à senhora e à Srta. Granger por acreditarem que nós, homens, somos capazes de pensar e sentir em um plano superior.


- Ora Sir Harry, – Joanna falou – não diga que não valoriza a beleza em uma mulher.


- É claro que valorizo a beleza, tanto em um objeto de arte, em uma música, ou em uma mulher. - Harry conduziu Joanna até um banco e foi sentar-se entre a mãe e a avó, deixando a moça muito irritada. – No entanto, acredito que a beleza de uma mulher vai muito além de um rosto perfeito. – acrescentou, olhando para Hermione.


- Isso é óbvio! – lady Potter exclamou. – A questão é: você se casaria por amor? Não importa se vai se apaixonar pela beleza, ou por uma mente afiada. Você se casaria, se moça não tivesse um tostão? Ou se não fosse possível traçar sua árvore genealógica?


- Não posso falar pelos outros homens, mas posso afirmar que eu não me casaria sem amor. Bem, creio que não devemos discutir um assunto tão sério. Afinal, estamos aqui para nos divertir.


Joanna concordou de pronto e pôs-se a contar uma história tola, que Hermione já ouvira diversas vezes.


Ignorando a prima, refletiu sobre as palavras de Harry.


Havia uma grande diferença entre não se casar sem amor e casar-se por amor. Ele, afinal, não respondera.


Se seria capaz de se casar com a mulher que amasse, mesmo que ela não tivesse dinheiro algum. Então, disse a si mesma que isso não importava, uma vez que não existia qualquer possibilidade de um envolvimento entre Harry e ela.


Depois de comerem, lady Potter voltou à carruagem para descansar. As crianças afastaram-se para brincar. Joanna pediu a Harry que a acompanhasse em um passeio.


Hermione observou-os afastarem-se, subitamente invejosa do vestido elegante da prima. Gostaria muito de possuir um traje que não fosse reformado, ou feito de tecido barato.


Afastou-se do grupo e embrenhou-se no bosque, caminhando até encontrar um riacho. Então, sentou-se sobre uma pedra. Lembrou-se de todas as razões pelas quais não deveria importar-se com o fato de Joanna estar flertando com Harry. Afinal, tudo o que Hermione precisava dele era ajuda para encontrar o dote espanhol.


Tentou se concentrar no tesouro e em como se sentiria ao encontrá-lo. Imaginou-se abrindo a caixa de metal e retirando de dentro dela o leopardo de ouro. Então, ergueria os olhos para Harry e...


- Sonhando acordada?


A voz de Harry invadiu seus devaneios e Hermione teve um sobressalto.


- O que está fazendo aqui?


- Procurando por você. – ele respondeu, sentando-se ao lado dela. – Desculpe se a assustei. Acho que estava muito distraída.


- Estava pensando no dote.


- Temos uma longa jornada pela frente. Não pensei que a busca na biblioteca fosse tão longa e trabalhosa.


- Sim, vamos demorar um bocado.


- Espero não termos muitos outros piqueniques como o de hoje, para nos atrapalhar.


Hermione forçou um sorriso.


- Estou surpresa por vê-lo aqui. Pensei que estivesse passeando com Joanna..


- Estava. Felizmente, ela se cansou. Aproveitei a oportunidade para abandoná-la, junto de minha mãe.


Uma risada escapou dos lábios de Hermione. Era fácil imaginar a fúria da prima, àquela altura. Sem dúvida, Joanna se “cansara” em algum ponto do caminho, onde ela e Harry estariam a sós.


Harry também sorriu.


- De fato, a srta. Moulton não ficou muito feliz. Como você pode ser parente dela?


- Ontem à noite, você não me pareceu exatamente desesperado para escapar dela.


Ele deu de ombros.


- Eu estava mal-humorado.


Como não queria discutir o que acontecera na véspera, na biblioteca, Hermione desviou os olhos para o riacho.


- O que foi que eu fiz? – Harry perguntou. – Que ofensa cometi? Quando viajamos para cá... Bem, era completamente diferente. O que aconteceu, então? Está zangada por causa da sua prima? Deve saber que eu não...


- Não é Joanna. Eu... Bem, precisamos nos concentrar na busca do mapa. Isso é o que importa.


- Não é só o que importa em nossas vidas.


- Talvez não, mas arruinar a minha vida não faz parte dos meus planos.


- Arruinar... Hermione, do que está falando, afinal?


- Você deveria saber.


- Eu jamais faria qualquer coisa para magoá-la! Ainda desconfia de mim? Acha que vou roubar o tesouro de você? Juro que isso nunca sequer passou pela minha cabeça. Eu...


- Não é nada disso! – Agitada, Hermione levantou-se. – Por favor, vamos voltar.


Harry pôs-se de pé, segurando-a pelo braço.


- Não enquanto você não me disser o que está errado.


- Nada está errado!


- Acha que sou idiota? De repente, você age como se me odiasse, mas diz que nada está errado?


- Não odeio você.


- Então, por que está me evitando?


- Não estou!


- Certo. – Harry declarou com ironia. – O erro foi meu. Você não está fugindo, não me odeia, nada está errado.


Hermione suspirou, irritada.


- Está bem. Se quer saber, não fez nada contra mim. Acontece que... Ora, como foi capaz de instalar aquela casa tão perto daqui?


Harry demorou um momento para perguntar:


- Do que você está falando?


- De Silverwood.


- Está me tratando assim por causa do lugar onde instalei os meninos?


- Exatamente. Já é lamentável que todos saibam sobre eles, que saibam que você... Mas insultar sua mãe e sua avó dessa maneira!


Para surpresa de Hermione, Harry mostrou-se profundamente decepcionado.


- É por isso que tem me evitado, que tomou aquela atitude na biblioteca, ontem? Porque dei um lar àquelas crianças?


- Não. Acho decente de sua parte sustentá-las e educá-las.


- Obrigado. Seu entusiasmo é contagiante.


- Não pode esperar que eu o elogie por cumprir o seu dever! Não havia outra maneira? Colocá-los bem aqui, debaixo do nariz da sua mãe... Ela deve se sentir péssima!


- Nem todas as mulheres são como você. Acredite ou não, mamãe orgulha-se de mim. Tenho certeza disso!


Hermione sentiu-se magoada pelo desprezo na voz dele, pela maneira como a tratava, como se ela estivesse errada.


- Nunca me ocorreu que você, justamente você, fosse fazer objeções quanto a Silverwood. Existem pessoas que acreditam que crianças como aquelas deveriam viver escondidas, mas nunca imaginei que você pensasse assim. Vejo que me enganei.


- E claro que se enganou! Se pensou que eu aprovaria o fato de você haver colocado todos os seus filhos ilegítimos para viver tão perto da sua família, se pensou que eu não me importaria por você ter uma porção de... de...


Harry fitou-a, boquiaberto, finalmente compreendendo o que se passava.


- Bastardos? Era o que ia dizer?


- Não exatamente, mas a idéia é essa. Concordo que muitos homens ignoram suas responsabilidades, mas não vejo como um ato de nobreza o que você fez. Acho, simplesmente, uma questão de decência.


- Está dizendo que sou decente por sustentá-los, mas um patife por instalá-los perto de minha casa.


- Acho uma falta de respeito para com sua mãe e sua avó. O que o torna um patife é o fato de trazê-los ao mundo.


- Compreendo. Por favor, diga-me como descobriu tudo isso?


- Todos sabem. Tia Ardis me contou.


- E você acreditou..


- É óbvio, não? Você não faz o menor esforço para esconder!


- Realmente, não sinto vergonha de Silverwood. - Sentindo a ameaça das lágrimas, Hermione virou-se e tomou o caminho de volta. Após um longo momento, Harry seguiu-a à distância. Hermione continuou caminhando, rígida, e lutando contra as lágrimas. Havia acalentado a esperança de ouvir uma explicação para Silverwood, mas ele não dissera uma palavra para negar os rumores. Nem sequer se mostrara embaraçado.


Quando se aproximavam da saída do bosque, um grito ecoou no ar.


 


 


 


Agradecimentos especiais:


 


Lúh. C. P.: infelizmente não rolou o beijo dessa vez, mas logo eles voltam a ocorrer. A mãe do Harry realmente gostou da Mione assim como a avo dele. Realmente é uma espécie de orfanato para crianças, mas isso vai ser explicado melhor no próximo capitulo. Abraços.


 


natylindinha: obrigado por comentar e fico feliz por saber que gosta das minhas fics. Abraços.


 


 


 

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