Acostumando-se a ‘surpresa’

Acostumando-se a ‘surpresa’



Capítulo – 10
Acostumando-se a ‘surpresa’.

Jack conhecera o pequeno professor Flintwink. Aprendera muitos feitiços... Magias com as quais ela nem sonhava. Era tanta coisa nova, que quase esquecera do pequeno detalhe:

ESTAVA GRÁVIDA!

Tinha que tentar resolver sua situação... Contaria à Dumbledore. Decidiu que mandaria um bilhete para o diretor. Dessa forma, por hora, não precisaria encarar o velho diretamente.

Digam o que quiser... Mas nunca é fácil dizer que está grávida sem nem ao menos ter um namorado fixo.

Mas o que escreveria??? Na verdade, a duvida era se diria ou não para o diretor a paternidade de sua criança.

Decidiu que sim. Mas pediria segredo. Afinal, se o pai da criança poderia ter segredos com o velho, por que ela não poderia?

Por fim, ela se decidiu: Foi a uma escrivaninha ao lado da cama de dosséis, pegou um pergaminho muito cumprido e escreveu uma pequena carta.

Caprichosamente, no rodapé do pergaminho, escreveu uma ultima frase solitária e lacrou-a. Depois disso dobrou o pergaminho e colocou-o dentro de um envelope, lacrando com cera este ultimo também.

Já era final de tarde, quando com um mapa dos andares da escola cedido por McGonagall, uma bússola, e um relógio (este era o equipamento básico para que ela não se perdesse pelo castelo), ela dirigiu-se ao corujal.

Após escolher uma dócil coruja de igreja, ela prendeu a carta no pé do animal e retirou-se... Sorte dela gostar de Bichinhos... Fosse sua amiga Shaquira, a pobre da coruja já teria ouvido muitos gritos e uivos de nojo e medo...

Ela sorriu ao lembrar da amiga... Havia passado apenas pouco mais de vinte e quatro horas que ela havia abandonado a América, e ela já sentia falta de Nova York...

Era tão estranho como o tempo pregava-lhe peças... O que parecia anos, na verdade ocorrera em questão de menos de dois meses... Parecia-lhe que ontem mesmo, quando de uma bela manhã do inicio de Junho, Dumbledore aparecera-lhe com um terno cereja, dizendo-lhe que tudo que pensava sobre o mundo, estava na verdade pela metade, e que ela deveria conhecer a metade que lhe faltava... – Jack suspirou ao lembrar da calça boca de Sino de Dumbledore. - Definitivamente, o velho não combinava com roupas trouxas.

Quanto tempo havia se passado? Anos em meses?

A sensação de ter vivido um século num segundo.

Agora o incidente com o professor Snape parecia-lhe tão distante...

Talvez toda aquela história de ‘tempo é relativo’, realmente fosse certa.

Voltou ao dormitório. Já era tarde... Iria esperar Dobby trazer o jantar e depois treinaria mais feitiços... Havia dormido durante o final da tarde, então sentia-se completamente sem sono.

Pegou o livro que Minerva lhe dera, e treinou os feitiços de arrumação. Depois repassou os feitiços que Flintwink lhe mostrara durante a tarde.

Decidiu que faria um programa para treinar por semana todos os feitiços que Quin e Severus haviam lhe passado também...

Severus...

Após as revisões, banhou-se... Mas o nome não saia de sua mente: Severus Snape... Sempre flutuando entre o incerto... Cada palavra que ele lhe falara... Ela era capaz de lembrar... A estranha vontade de sentar-se por cima de travesseiros, para simular o corpo quente dele, como naquela noite...

Céus... Ela sabia o que era aquilo... MALDIÇÃO! Estava apaixonada! Irremediavelmente apaixonada.

SJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJ

Dumbledore chegava de uma missão, já era quase hora do jantar, quando uma bela coruja pousou no parapeito da janela. Ele ouviu as bicadinhas impacientes no vitral.

Estava tão cansado...

Quando a paz poderia reinar novamente? – Era a pergunta que não lhe saia da cabeça... Talvez seu mal fosse amar as pessoas... A mão negra cada vez debilitando-o mais, e a aproximação do mal eminente não era reconfortante. Todos sofreriam tanto...

Abriu a janela. A coruja planou sobre a escrivaninha lotada de quinquilharias e pousou no encosto da grande cadeira de diretor.

Cuidadosamente ele tomou uma patinha da coruja e retirou a carta caprichosa.

Sorriu quando reconheceu a letra no envelope:

“””Para Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore”””

Jackeline havia decorado seu nome... Interessante... Geralmente as pessoas escreviam-lhe apenas com o primeiro e o último nome... Pobre moça... Devia estar se sentindo sozinha... Ou perdida no novo mundo que ele havia imposto à ela.

Mas qual o motivo daquela carta?

Afagou um pouquinho a coruja, em seguida puxou o assento, fazendo com que o animal se perturbasse e fosse embora pela mesma janela que havia entrado.

Ele tirou o selo de cera e leu:

“””Querido diretor Dumbledore”””

“””Muito aconteceu desde o dia em que o senhor foi a minha porta com um terno cor cereja para me informar que toda minha concepção de mundo era falha.”””

“””Em pouco menos de dois meses eu tive que aceitar que fazia parte de um novo mundo. Um mundo escondido, de magia, e segredos... “””

- Oh minha pequena... – Dumbledore disse tristemente olhando para sua fênix que estava empoleirada com a cabeça escondida em baixo de uma asa. – Realmente muita coisa em pouco tempo... Me pergunto até quando eu terei que submeter as pessoas à esse tipo de situação... – ele disse, mas Folkes apenas se acomodou um tantinho, ignorando as palavras perdidas de seu velho dono.

“””Acredito que tenha relutado um pouco, mas o senhor foi testemunha do quão rápido me adaptei.”””

Dumbledore sorriu à esta frase. Sem duvidas ela havia aceitado bem tamanha mudança.

“””Passei por situações inusitadas. Alguns dramas pessoais, mas no todo muita felicidade... “””

Com uma dor no coração, ele lembrou-se de seu professor... Pobre Jack... Pobre Snape...

“””Veja só: Estou nesta escola a pouco mais que um dia, e já me sinto parte dela. Devo-lhe muito por ter me mostrado a tudo isso novamente. Mas hoje de manhã, no que seria meu primeiro dia aqui, sofri um acidente, e recebi uma noticia formidável... Uma noticia com a qual já posso dizer que me habituei Talvez seja pela avalanche de novidades que ando vivendo todos os dias, que transformou algo tão grandioso em apenas mais uma novidade no meio de tantas em que tenho vivido.”””

Ao ler isso, Dumbledore sentou-se numa posição mais ereta na cadeira. Obviamente ele havia se enganado quanto ao conteúdo da carta. Aquilo não era algo que alguém que estivesse simplesmente se sentindo sozinha diria. Era algo mais sério.

“””Escrevo-lhe para agradecer a paciência e boa vontade. Creio que depois do que tenho para lhe revelar, o senhor não mais me permita viver neste maravilhoso castelo, transitando entre tantos jovens...”””

O velho pegou uma goma verde de limão, em um saquinho que estava em cima da mesa de forma automática, e aflitivamente colocou-se à mastigar e ler a carta novamente...

“””Peço que não hesite em fazer o que achar melhor depois desta noticia... Deixo-lhe livre para me permitir ficar, ou pedir que eu saia... “””

“””Bem senhor...”””

“””Estou grávida.”””

Dumbledore quase engasgou com a goma que estava mastigando. No poleiro, Folkes acordou e olhou para o velho com uma careta indignada.

GRÁVIDA??? Ele não havia imaginado... Era tão... Inusitado... Ela e... Tudo era tão... Como? Ele... Tão rapidamente... Ele que sempre fora tão observador não havia percebido... Mas continuou a ler a carta.

“””Sei que será um choque... Para mim foi durante os primeiros minutos... Mas agora, acho que nunca estive tão feliz...”””

Realmente um choque – ele pensou alcançando o pacotinho de balas novamente.

“””Tenho apenas mais uma revelação a fazer-lhe. Mas esta não é uma obrigação minha. Estou me dispondo a contar-lhe, apenas por consideração... É a revelação da paternidade da criança que carrego. Irei escrever o nome do pai no ultimo centímetro deste pergaminho, como percebe, ele está dobrado e lacrado com cera. Peço que não abra ou leia se acredita que não poderá guardar segredo. Sei que é um homem digno e respeitará minha decisão. “””

Dumbledore leu este parágrafo com uma ruga entre as sobrancelhas. Certamente ele não precisaria ler o final do pergaminho para saber quem era o pai... Mas a moça estava-lhe pedindo segredo...

“””Caso se proponha a dividir este segredo comigo, está livre para ler o nome do pai de meu filho.”””

Oh céus... Mais um segredo que ele teria que esconder... Ele entendia o porquê a moça não queria que o nome do pai fosse revelado... Afinal, quase ser assassinada pelo pai do próprio filho não é algo que se carregue com orgulho...

“””Com amor...”””

“””Jackeline Molder.”””

Dumbledore suspirou. Já que sabia de quem se tratava, não custava nada tirar a prova final...

Foi ao pé do pergaminho, tirou o selo de cera e leu:

...
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...
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...
...

”””O pai de meu filho é Severus Snape.”””

É... Agora tudo ganhava mais uma dimensão de problema... Entretanto... Talvez, finalmente seu professor pudesse desfrutar de alguma felicidade... E ele sabia que o Severus merecia a felicidade, mais do que qualquer outro homem que ele conhecia.

Na verdade, o professor precisava de amar e ser amado incondicionalmente. Amor a cima da vida, amor a cima da morte... E nada melhor que um filho para fazer isso por um pai digno... E ele não tinha duvidas: Severus Snape era um homem digno.

Mas antes disso ele teria que convencer Jack à contar a Snape sobre a criança, e para isso teria que aproxima-los novamente...

Então, decidido, ele rabiscou duas cartas bem pensadas. Mas apenas uma delas era para Jack.

Para o envelope da carta da moça, ele fez um pré-feitiço de transfiguração poderoso. Seria o primeiro a presentear a nova vida que estava por vir...

Assim, após alguns minutos, acordou Folkes e deu a instrução à ave:

- Logo pela manhã, leve estas cartas aos destinatários.

SJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJSJ

Uma barulhinho na janela, e Jackeline acordou numa bruma de sonhos molhados... Sentiu a pele do rosto queimar só de lembrar das fantasias que vivera durante a noite.

Ainda os arrepios deliciosos derivados do contato que tivera com Snape, que a havia levado de volta para o quarto quando ela saiu da enfermaria... Ela dormira pensando nele, sonhara com o professor, e agora acordava com ele na cabeça... E em outros lugares mais.

Como de costume, chutou as cobertas para os pés da cama, e sentou-se. Inevitavelmente as mãos tocaram a própria pele, e instintivamente correram para o baixo ventre. Estava em fogo...

O barulhinho que a acordara fez-se presente novamente.

Puc, puc, puc...

Ela procurou... Olhando para janela, ela percebeu um belo pássaro vermelho, mas com penas amarelas e laranjas também.

Hipnotizada pelos olhos vítreos da ave, ela se aproximou-se e abriu a janela, deixando o pássaro e uma brisa da manhã entrarem.

Jackeline encarou a ave, e a ave a encarou.

- Deus do céu – Jack falou baixinho. E dirigindo-se à ave ela falou: – Eu acho que já vi algumas figuras em livros sobre mitologia muito parecidas com você sabia? Você por acaso é uma fênix?

A ave olhou-a profundamente, de uma forma que soou como a confirmação da pergunta da moça.

- Ohhh! DEUS! – Jack reclamou com uma mão sobre o peito.

Folkes patejou na janela de forma inquieta. Jack observou, e notou o envelope preso à pata da ave.

- AHHH sim! Muito obrigada! – Ela falou pegando o envelope e logo em seguida fazendo um cafuné no pescoço penoso da fênix.

Feliz, Folkes alçou vôo novamente.

Jack observou a letra miudinha:

“””Jackeline Ludmila Molder (ou Rich)”””

Virou-a e leu o remetente:

“”” Alvo Dumbledore”””

Uma carta de Alvo! Quando constatado ela quase colocou o coração pela boca com um soluço de susto. Ela não esperava uma resposta tão rápida!

“””Querida Jackeline”””

“””Realmente foi uma noticia muito impactante... Principalmente em vista da paternidade da criança...”””

Ao ler as primeiras linhas, Jack não pode deixar de sentir um rubor perpassar-lhe a face ao lembrar que a relação que havia gerado a nova vida tinha acontecido apenas poucos dias depois que ela conhecera Severus... E com certeza Dumbledore sabia disso. Mas ela empurrou toda a vergonha para o fundo da mente e continuou a leitura:

“””Escrevo-lhe para tranqüiliza-la: não a quero fora da escola de maneira nenhuma. Você necessita de nossa proteção (foi por isso que tirei-a de NY) e dessa forma continuara sob minha proteção. Alem disso, fico feliz por uma nova vida estar a caminho. Toda criança é uma bênção.”””

Jackeline respirou profundamente. Agora estava aliviada. Antes, estava mortificada com a idéia de ter que deixar a escola sem ter tido ao menos algum tempo para explorar os andares e conversar com alguns quadros e armaduras, professores e elfos...

Porém, ao pousar os olhos no parágrafo seguinte da pequena carta, ela descobriu que não seria tão fácil assim continuar na escola:

“””Entretanto, o pedido que a senhorita fez-me, trouxe a luz a duvida: Por que não contar ao pai?”””

Jack engoliu em seco...

“””Entendo que tenha sofrido com determinados acontecimentos, mas isso não é motivo para ocultar um segredo tão serio. Principalmente, pois este envolve uma vida inocente. Peço que reconsidere, pois um pai tem tento direito sobre o filho quanto uma mãe.”””

Homens... Não importa se tem 10 ou 100 anos. Sendo homem eles irão se proteger entre si. – Ela pensou levando os olhos ao penúltimo parágrafo.

“””Sinto-me em uma posição delicada, pois ontem mesmo mandei um recado ao professor Snape dizendo-lhe que gostaria que ele lhe ensinasse elementos básicos para preparar poções caseiras. Sinto dizer-lhe que não poderei desmarcar estas suas aulas com o professor. Sei que tentara argumentar, e desde já eu me reservo ao direito de não ser questionado a esse respeito.”””

Jack sentiu a raiva borbulhar. Ela sabia o que estava acontecendo. Era uma mulher vivida, e sabia muito bem quando estava sendo manipulada.

“””Quanto ao seu segredo, acredito que precisamos conversar a respeito. Esta semana encontro-me demasiado ocupado, mas assim que possível marcarei uma hora para nos encontrar-mos em meu escritório”””

Jackeline suspirou... Com certeza Dumbledore tentaria convence-la de contar a Snape a respeito do filho que ela esperava dele... No entanto, ela ainda tinha tempo para pensar no assunto...

“””Ps.: coloque o envelope desta carta no chão e bata nele levemente com a varinha.”””

- O que? – Jack falou para o quarto vazio de forma confusa. - Como assim ‘bata’ no envelope? – Mas antes que ela fizesse qualquer coisa, uma batida a porta despertou-a das divagações.

Rapidamente ela colocou o roupão branco perolado sobre a camisola de algodão e rendas, e foi abrir a porta com certa preocupação: Sua aula matutina com Minerva começava uma hora antes do café da manha dos alunos, portanto, as 7 da manhã... No entanto, no momento eram 6 horas... Será que a velha decidira aumentar o tempo de aula???

Tocou a fechadura com a varinha e disse: “Professores estão autorizados” (depois de Minerva viria o professor de aritimancia...), e voltou-se para o quarto novamente no intuito de examinar o envelope no qual a carta de Dumbledore havia chegado. De costas para a porta ela disse:

- Entre Professora.

Severus Snape tocou a maçaneta de forma incerta. Ele havia ouvido a voz de Jack articular “professora”, e não “professor”. Se ele não tivesse autorizado a entrar, a porta o expurgaria com um feitiço de repelir... Mas seu lado Sonserino disse-lhe para tentar...

Touché! – A porta se abriu. Ele a escancarou, deu um passo, mas não entrou totalmente. Mesmo não tendo sido repelido, não significava que ele estava autorizado a entrar. Ele observou:

Jack estava de costas para ele e de frente para uma grande janela. Vestia um roupão branco perolado, e por baixo, as rendas brancas de um camisola muito longa apareciam inevitáveis na barra do roupão. Pés delicados descalços... A Luz da manhã de outono deixava os cabelos dela com um dourado intenso e brilhante, como se fossem fios de ouro balançando ao vento.

Ele a viu abaixar e colocar um papel no chão. Ele observava-a com uma curiosidade instintiva...

Ela afastou-se um pouco, ainda de costas para ele, e tocou o papel no chão com a ponta da varinha.

Com um soluço de surpresa, ela afastou-se rapidamente. O envelope cresceu e inchou, e logo em seguida, o que fora um envelope no chão, agora era um grande e belo berço branco, com um delicado mosquiteiro de rendas. Pendurado sobre este, estava um belo móbile com diversas formas de estrelas e corações de cristais, que com a luz da manhã que entrava alegre pela janela, reluziam como prismas dando ao ambiente interno do berço, uma aparência delicada e multicolor.

Snape ofegou levemente. Ele não se surpreendia facilmente. Já havia visto muitas barbaridades no mundo... Sangue e escuridão que chocariam até o próprio demônio...

No entanto, estava bestificado com o que via... Era uma pintura renascentista... Com toda a luz e delicadeza de detalhamento... Jack, que agora estava debruçada sob as grades do berço e brincava com o belo móbile. Ela era a peça chave da composição: pernas roliças esticadas e equilibradas na ponta dos dedos dos pés, mãos tateando, rosto rosado, corpo sinuoso, vestes brancas rendadas e ondulantes...

Era um pedaço do céu que estava vendo?

O sentimento de arrebatamento desarmou-o...

Jack estava fascinada com a beleza e detalhes do presente que recebera. Era tudo tão lindo e delicado... Ela debruçou sobre as grades do berço e na ponta dos pés alcançou uma estrelinha de cristal do móbile. Olhou rapidamente para o interior do berço... Colchãozinho e almofadinhas gordas... Um pequeno travesseirinho... Ela ate podia imaginar seu bebe: Mãozinhas gordinhas tentando tocar as estrelinhas com que ela agora brincava, rostinho rosado e um chumaçinho de cabelos negros e finos sobre a cabecinha delicada.

Já estava apaixonada por seu bebe que nem ao menos havia crescido o suficiente para ser um volume em seu ventre.

Lembrou-se: Minerva.

Olhou para a porta: O homem vestido de negro dos pés a cabeça observava-a hipnotizado. O rosto pálido e macilento emoldurado pela cortina de cabelos oleosos não exprimia qualquer expressão negativa. Os olhos negros apenas sugavam a claridade do quarto... Como se estivesse se re-abastecendo de uma energia necessária.

Ela não estava assustada. Estava feliz. Ele parecia compartilhar com ela a felicidade do presente... O primeiro presente do bebe ‘deles’...

Jack sentiu o coração aquecer. Sem conseguir evitar ela sorriu e aproximou-se vagarosamente.

Ele estava sonhando? Sim... Só poderia estar sonhando. De nenhuma outra forma Jackeline estaria se aproximando dele com um sorriso tão grande nos lábios.

Ele deu mais um passo para dentro do quarto.

Jack? – Uma voz feminina despertou-o da imagem hipnoticamente cálida de Jack, e ele voltou-se para a porta rapidamente.

Ao ouvir a voz feminina chamando-a, Jack despregou os olhos do rosto de Severus e deu um passo para o lado para poder ver quem estava à porta.

Era Tonks.

- TONKS! – Jack disse alargando o sorriso.

A metamorfomaga aproximou-se do batente da porta, mas subitamente foi expurgada com uma onda forte de magia protetora.

- Merda! – Jack gritou olhando para a porta.

Snape observou-a: Ela estava horrorizada com as duas mãos pressionando a boca. Era estranho como ela podia oscilar da beleza celestial e logo em seguida se jogar das nuvens ao mostrar toda sua humanidade de carne e osso com uma simples palavra: “merda”... E era isso, ele sabia, que a transformava na ‘segunda’ mulher mais fascinante que ele já conhecera.

Ele colocou-se de lado e deixou que Jack fosse socorrer Tonks.

Mas que droga de bruxa azarada, desastrada e estraga prazeres!!! – ele pensou raivoso ao ver Tonks desacordada e encostada na parede de pedra.

Antes que Jack chegasse ao corpo mole e atordoado de Tonks, um belo homem negro, muito alto e forte jogou-se de joelhos ao lado da metamorfomaga e com uma varinha em punho, iniciou os socorros.

Snape estava paralisado ainda dentro do quarto de Jackeline, e sentiu os músculos rijos quando ‘do nada’, viu Quin Shacklebolt.

- Aiii... Me diga, alguém anotou a placa do trasgo que me atropelou? – Disse Nymphadora.

Quin Shacklebolt gargalhou sonoramente. Jack olhou para o bruxo negro com um ar ligeiramente assustado, mas – Snape notou – ela sorria.

Algo como uma farpa dolorida enterrada no coração moveu-se incomodamente em seu peito. Jack, ‘seu’ pedacinho do céu sorria para outro... E ele não podia fazer nada a respeito.

- Senhoria Rich – Ele chamou com a voz gélida.

Jack, que ate então estava preocupada com a amiga Tonks, levantou os olhos para Snape novamente... Mas aquele momento mágico que a pouco compartilhavam havia se esvaído. O professor estava novamente com a mascara de frieza e indiferença no rosto.

- O diretor Dumbledore me pediu para vir comunica-la que a partir da segunda feira da semana que vem, durante todas as tardes depois do almoço a senhorita terá aulas de poções básicas. – Ele disse friamente.

- Oh... Sim. Eu irei comparecer... Onde serão as aulas? – Ela perguntou inocente.

- Em meu escritório, nas masmorras – ele falou saindo do quarto.

- Estarei lá. – Disse ainda ajoelhada com Quin ao lado de Tonks.

- Espero que esteja mesmo. Tenho trabalho de mais... Não gostaria de perder mais tempo do que o necessário com a senhorita.

Jack agora olhava-o com os lábios separados. Estava chocada com tamanha rudeza de comportamento.

- Não se preocupe, eu não o farei perder seu precioso tempo. – Ela respondeu com uma pitada de ironia.

Snape não gostava de ser enfrentado por ninguém, e para corroborar com seu sentimento de revanchismo, Shacklebolt tocou-a nos ombros, como se pedisse para que ela que tomasse cuidado com as palavras.

Snape sentiu o ódio correr acido nas veias ao olhar a mão de Quin pousada sobre o ombro de Jack... E as palavras pularam de seus lábios sem que ele se desse conta das grosserias:

- Assim espero. Não gostaria de ter que ficar plantado em meu escritório, esperando a senhorita dignar-se a deixar um par de braços ourores masculinos... Ou de qualquer outro para ir a minha aula.

Jackeline nem soube o que a havia atingido. Estava bestificada. Havia ouvido direito?

Tonks estava com os olhos arregalados, e Shacklebolt levantou-se rapidamente encarando o homem de vestes negras.

O auror não sabia o que fazer. Por que Snape havia ofendido Jack? Por que aquelas insinuações contra ele???

Snape apenas levantou uma sobrancelha debochada e saiu num farfalhar de capa pelo corredor.

Shacklebolt virou-se para as mulheres no chão com um ar questionador e indignado.

Jackeline estava com o rosto escondido entre as mãos, e pelos movimentos do ombro, parecia chorar. Tonks havia abraçado Jack e o olhava com os olhos arregalados.

- O que diabos aconteceu aqui? Snape esta ficando louco? – Ele perguntou amparando Tonks, e em seguida Jack.

- Oh céus... – Jack falou com a voz embargada.

- Cara... O que aconteceu aqui? Eu não entendi nada! – Disse Tonks.

- OH CÉUS!!! – Jack falou novamente em tom de desespero evidente.

- Fique calma – pediu Shacklebolt.

- É... Não fica assim não, o Snape e um otário... Você não viu o que ele falou do meu patrono novo no dia que nos chegamos em Hogsmade e eu fiquei para ajudar o Harry! Ele é um babaca! – Tonks falou abraçando Jack.

- Eu fiz uma bobagem! Eu fiz! Me perdoe Quin! – Jackeline falou desesperada.

Shacklebolt olhou para Jack com mais confusão ainda:

- Perdoar o que Jack? – Ele disse com uma ruga entre as sobrancelhas.

- Eu menti sobre algo... E envolvi você! OH CÉUSSSS! Me perdoe Quin!

Jack parecia tão desesperada que Quin nem quis saber o que deveria perdoar. Considerou que não poderia ser algo tão terrível assim... Afinal, a moça chegava a um mundo novo... Qualquer coisa poderia ser tomada com algo desesperador.

- Tudo bem, tudo bem! – Ele disse. – Não importa. Mas me explique... Talvez eu possa ajudar.

- Ah Quin! Você me ajudaria? – Ela falou levantando os olhos esperançosos para ele. Ela tinha o nariz muito vermelho, e as bochechas estavam marcadas com manchas rosadas devido ao choro.

- Bem, posso tentar. – Ela falou seriamente.

- Ei gente... Não e melhor entrar não? Esses quadros futriqueiros já estão se aglomerando. – Tonks avisou apontando para uma grande pintura de natureza morta, onde seis ou sete retratos de pessoas se aglomeravam e se empurravam derrubando as frutas da pintura para observar o que os três diziam.

- É. É melhor entrarmos Jack. – Disse Quin.

Jack andou ate a porta, e atrás dela Quin e Tonks.

- JACK! O QUE UM BERÇO FAZ EM SEU QUARTO??? – Tonks gritou.

Quin ofegou. Agora estava começando a compreender... Mas decidiu não ser precipitado.

- Quin Shacklebolt e Tonks estão autorizados a entrar. – Jack falou com a varinha apontada para a porta aberta.

Quando os três entraram ela encostou a porta e despejou a noticia para os amigos:

- Estou grávida.

- OHHHH MEU MERLIN! – Tonks gritou e abraçou-a.

Shacklebolt permaneceu parado. De alguma forma sabia o que estava por vir. Quando ele fora para Nova York para ensinar Jack, ele sabia que Snape já estivera com ela por um tempo curto. Depois de quebrada a barreira da timidez e de terem feito amizade, Jack contou-lhe sobre o incidente com Snape:

“Ele tentou me enforcar... Eu trouxe o café da manhã... e fiz uma brincadeira tola dizendo que o suco de laranja estava envenenado... ele ficou louco e quase me matou...” – Ela dissera a ele.

Shacklebolt nunca chegou a perguntar para ela por que ela havia levado café na cama para Severus Snape. Não era homem de se meter em fofocas. Mas nem precisava. Era obvio não? Jackeline e Severus haviam tido um romance, que por infelicidade do destino terminara ‘quase’ de forma trágica.

Jack olhou-o com tristeza.

- O que? – Perguntou Tonks olhando de Jack para Quin – O que esta acontecendo???

- Por favor Quin – Jack falou quase suplicando.

- O QUE??? – Tonks perguntou novamente.

- Tonks... O pai do meu filho... É... É Severus... – Jack falou quase se desculpando.

- Oh meu Mérlin. – Falou Tonks embasbacada.

- Mas ele não sabe. – Jack explicou. – Eu menti para ele... – Ela falou olhando para os olhos castanhos de Quin. – Eu disse a ele que era de outra pessoa... – Agora os olhos dela quase suplicava para o auror.

- Por quê? – Tonks perguntou sem se dar conta da interação entre Jack e Quin.

- Porque ele tentou me matar Tonks. – Jack explicou.

O queixo de Tonks caiu.

Jack puxou a metamorfomaga para a cama e explicou-lhe o que havia acontecido na manhã em que Snape a havia tentado matar.

Obviamente Tonks ficou perplexa, mas surpreendeu Jack ao dizer:

- Mas Jack... Todo mundo sabe que Snape vive sobre forte pressão... E se a marca ardeu bem na hora que você disse a ele que havia envenenado o suco... Ele pode ter enlouquecido por alguns instantes... – Ela falou como se se desculpasse por estar tentando defender Severus. – Além disso, ele convive com ‘voce-sabe-quem’.

- Voldemort? – Jack falou despreocupada. Ela ouvira Muito Dumbledore falando sobre o bruxo das trevas.

- Não diga o nome dele! – Tonks falou histérica e aflita.

- Por quê? – Jack perguntou confusa com o rompante de Tonks.

Foi a vez de Shacklebolt falar:

- Jack. Esse bruxo das trevas é tão mal e perverso, que as pessoas tem ate medo de pronunciar o nome dele...

Jackeline não sabia que Voldemort era uma figura tão intimidadora para a maioria dos bruxos. Ela chegara a ver o homem de feições ofídicas em uma premonição... Mas não fazia idéia de que ele fosse tão temido ao ponto das pessoas terem ate medo de pronunciar seu nome. E se era tão temido, obviamente era muito terrível.

- Jack, ele é a personificação do mal... Nem humano ele é mais. Não me surpreende que Snape esteja ficando com um parafuso solto. Eu acho que já teria enlouquecido muito tempo antes se tivesse que conviver com tal monstro. – Disse Tonks. – E olha. Eu não estou defendendo Snape. Eu não gosto dele. Alias, a maioria das pessoas que conheço não gosta dele. A única pessoa que eu vejo conversando amigavelmente e que não tem reclamações dele e Dumbledore. – A metamorfomaga falou. – Nem sei como você foi capaz de se aproximar dele desse jeito... Er... Você entendeu...

Jack sentiu um redemoinho de sentimentos. Ninguém gostava de Snape? E todos temiam tanto Voldemort que nem ao menos conseguiam pronunciar o nome do bruxo? Em contrapartida Snape convivia com esse ‘demônio’...

- Jack – Shacklebolt chamou.

- Sim – ela disse despertando das divagações.

- Agora conte: Por que estava tão aflita? – Quin perguntou.

Jack sentiu o desconforto e a vergonha. Mas tinha que contar a Quin sobre sua mentira...

- Ai Quin... E-ele me pressionou... Você sabe. Não tem como eu me sentir confortável com alguém que quase foi meu algoz... Eu tive que mentir... Eu... Eu disse que você era o pai do meu filho.

- Aham... – Quin articulou e foi para um canto do quarto para se sentar em uma poltrona. Já esperava ouvir aquilo... Agora precisava pensar em como agir.

Tonks estava novamente com os olhos arregalados.

- Jack! Essa e uma mentira que tem as pernas bemmm curtas! – Disse Tonks. – Tipo... Quando esse bebe nascer vai ficar evidente que ele não e de Quin...

- Eu sei – Disse Jack. – Mas eu não tinha convivido com outro homem além de Quin e Dumbledore depois que Severus se foi... Acho que seria mais estranho se eu tivesse falado que o filho era de Alvo. – Disse Jackeline.

Ambas as mulheres caíram na gargalhada.

- Tem razão... – Disse Tonks entre roncadas de riso, e secando as lagrimas que saiam de tanto que ela gargalhava.

Shacklebolt apenas sorriu e balançou a cabeça negativamente. Tinha duas amigas malucas...

- Jack. Você tem que contar a verdade. – Disse Quin.

- Nãããããão!!! – Por favor Quin! Não! Me ajude! Eu não posso falar para ele! Não agora... Por favor – Jack suplicou.

- Oh Quin! Quebra essa ai... Poxa, o cara tentou matar ela... Num da pra ela ir querendo montar uma família né? – Tonks falou abraçando os ombros de Jack.

Os olhos suplicantes de Jack e Tonks estavam pregados em Quin.

Ele bufou. Levantou. Foi à janela. E de costas para elas ele disse:

- Ok .

Jack e Tonks gritaram uma viva. Ele aumentou o tom de voz e disse:

- Mas só por um tempo! Eu quero essa historia resolvida antes desse bebe nascer!

- Ohhh! Obrigado! OBRIGADOOO! – Disse Jack correndo para abraçar as costas de Quin. – Vai ser o suficiente! – Ela disse. – Não pretendo manter essa farsa por muito tempo. Vou pedir ajuda de Dumbledore para contar...

- Ótimo. – Ele falou virando-se e dando um abraço sem jeito em Jack. A moça era muito expansiva para o gosto dele.

- Ei! – Disse Tonks – Eu também quero um abraço amigo! – E abraçou as costas de Jack.

Quin amparou ambas.

- Beeem... Daqui a pouco temos que ir Jack... – disse Quin.

- Ahhh, mas por que? – Jack perguntou e olhou no relógio. Já estavam perto do meio dia.

- Nossa, por que Minerva não veio? – Ela disse.

- Ah droga. – Tonks falou – Eu e Quin a encontramos quando estávamos vindo... Dissemos a ela que estávamos vindo te fazer uma visita, e ela decidiu ceder o horário dela também para que a gente pudesse conversar... – Tonks explicou.

- Ah... Bom... Foi ate bom... Eu me sinto um pouco mais leve... – Jack falou.

- Bem... Eu tenho um ministro pra proteger... – Quin falou.

- Ministro?

- Sim... Eu trabalho na proteção do ministro trouxa contra você-sabe-quem. – Quin explicou. – Deixei outro auror no meu lugar... Mas meu tempo já esta se esgotando... Só passei aqui pra visitar você e a Tonks...

- É... E eu tenho que voltar a vigiar a vila e os entornos do castelo... Andam acontecendo coisas estranhas...

- Não podem almoçar comigo? – Jack perguntou tristemente.

- Hum... Acho que não teria problemas em comer um ensopado feito pelos elfos antes de voltar pra residência oficial. – Quin falou sorrindo.

- Cara, eu tou morrendo de fome. Acho que poderia comer um ate um dragão. – Tonks disse apertando a barriga. – e Rosmerta que me desculpe... Mas ela não anda a ‘mesma’... Esta cozinhando mal...Eca... Vou te contar.

- Então malfeito feito! Esperem um pouco, vou me trocar. Nem ficaria bem passar o dia todo de camisola e roupão... – Jack falou rindo.

Em seguida ela voltou do banheiro trocada com roupas bruxas. As vestes vermelhas que tanto haviam causado discórdia entre ela e Snape durante a visita a costureira Madame Malkin... Oh céus, ate quando sua mente iria leva-la a Snape? –Jack pensou indo para a lareira e jogando um pósinho nas cinzas. Ela abaixou e enfiou a cabeça nas chamas verde esmeralda e chamou pela cozinha de Hogwarts.

Depois de um tempo conversando, o almoço foi servido aos três jovens por Dobby.

Tempo depois Quin, Tonks e Jack caminhavam juntos pelo castelo em direção as portas principais de Hogwarts.

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Merda.

Havia agido como um idiota não é? Agora ela teria certeza de que ele era um monstro. – Ele pensava saindo do salão principal. Havia acabado de almoçar.

A historia se repetia?

Novamente ele mesmo empurrava ‘sua’ mulher para os braços de outro...

Não que a amasse.

Não. Definitivamente não a amava...

Em seu coração só havia espaço para uma. Alem disso, Jack era espalhafatosa de mais para ele... Oscilava muito entre a delicadeza e o pitoresco.

Nunca teria alguém para substituir a mulher que sempre amou... A mulher que um dia perdeu...

Estava acompanhado apenas pelo barulho dos próprios sapatos ecoando no corredor vazio...

Desceu as escadas.

Aproveitaria o final do horário de almoço para colher algumas ervas na floresta proibida.

Risos.

Ele conhecia muito bem a quem pertencia aquela gargalhada espalhafatosa. Instintivamente ele buscou abrigo atrás de uma grande coluna no saguão.

- AHHH FALA SERIO!!! Ela fez isso? – Jack falava com a voz aguda.

Como pode? Se comportava como uma adolescente! Nem parecia uma mulher beirando os trinta anos! – Snape pensou sentindo algo morno no peito.

- Fez sim – Respondeu uma voz masculina comedida. – Tonks torceu os pés e jogou um copo inteiro de café no ex-ministro da magia... Não que ele não merecesse que jogassem coisas nele... Mas Tonks mudou a cor do cabelo pra vermelho tomate automaticamente, e o rosto dela ficou tão vermelho quanto o cabelo.

Era Quin Shacklebolt. O auror. Jack conversava com tanta alegria e naturalidade... Será que Quin já sabia que teria um filho?

Provavelmente – Snape concluiu desgostoso. Era obvio que estavam juntos... – Ele pensou arriscado uma olhada de detrás da coluna para o pequeno grupo que se aproximava.

- Ei Tonks, eu nunca vi você mudar de aparência... Muda algo pra eu ver? – Jack pediu.

Quin olhou de soslaio para Tonks, que enfiou as mãos nos bolsos e disse tristemente:

- Eu... Eu não ando conseguindo me metamorfosear...

- Por que? – Jack perguntou surpresa.

- Er... Não sei Jack... Eu... Bem... Ando um pouco pra baixo saca? – Tonks respondeu.

- Huh... Saquei. Homem na jogada. – Jack falou tranquilamente.

Snape percebeu Quin se afastando das mulheres... Era uma conversa feminina de mais para qualquer homem...

- Olha, me promete que vai vim aqui mais vezes? Ai a gente pode conversar sobre isso com mais calma. – Disse Jack.

- Ok – Tonks respondeu dando uma piscadela.

- Ah bem... Esses homens não prestam... Nenhum deles – Jack falou aproximando-se de Shacklebolt.

- Eu não fiz nada de errado... – Shacklebolt falou evasivo.

- Deus do céu... Você é um caso raro Quin! – Tonks falou divertida.

- Nããã... Ele só não teve tempo pra pisar na bola – Jack falou dando um abraço em Quin.

Snape não soube o que o fez sair de traz da coluna, pegando o grupo animado de surpresa.

Tonks pulou para traz e quase derrubou Quin. Jack deu um gritinho histérico e colocou uma mão sob o peito. Quin apenas segurou Tonks e olhou para Snape.

- Boa tarde professor – Os olhos castanhos miravam os olhos negros.

- Não tão boa Shacklebolt. – Snape falou num quase sussurro.

Jack estava embasbacada com a aparição. O coração acelerado, ela respirava profundamente para tentar se acalmar.

- Sabe, eu fico me perguntando o que nosso novo ministro diria se soubesse que seu bom auror, incumbido da missão de ajudar a uma peça chave de um esquema, se envolvesse de forma inapropriada com o alvo da missão...

- Não diria nada. Eu nunca me comportei de forma inapropriada em nenhuma missão ministerial. – Quin disse estreitando os olhos.

- Não. Claro que não. Nunca com missões ‘ministeriais’. Ainda bem que Dumbledore e muito mais complacente. Não? – Snape falou aproximando-se de Jack e cravando os olhos no ventre da moça.

- Me diga você: Dumbledore é complacente com quem se envolve inapropriadamente com as missões que recebe Snape? – Quin perguntou, e suas palavras estavam afiadas. Eram alfinetes contra o rosto de Snape.

Severus sentiu o rosto endurecer e o sangue fugir da face e ir borbulhar no peito. A Mulher maldita havia contado para o auror sobre o que viveram juntos? Certamente os dois haviam rido bastante dele...

Severus estava branco, as mandíbulas travadas. Era como um animal provocado, e estava prestes a atacar. Tocou a varinha dentro do bolso. Sentiu a segurança ao tatear o cabo trabalhado. Shacklebolt nem saberia o que o iria atingir... Aquele maldito iria pagar.

Jack pulou pra frente antes que ele sequer tirasse a varinha do bolso.

- NÃO! – Ela vociferou.

Quin não entendeu.

Tonks assustou-se e pulou para o lado.

Snape engoliu em seco.

Jack arfava.

Ela havia visto Quin cair com um corte profundo no rosto, e logo em seguida se levantar para o revide. Ela parou a premonição que forçava e voltou à mente para o presente para impedir o duelo.

- Você, seu grande imbecil! Você não fará nada com ele! – Jack disse raivosa - Para isso vai ter que me atacar primeiro! – completou chacoalhando um dedo para Snape.

- Esta ficando louca? – Severus disse soltando a varinha e dissimulando.

- Você sabe muito bem o que iria fazer se eu não impedisse. – ela revidou – E o único louco aqui e você! Você não sabe quando perdeu?

Snape molhou os lábios e estreitou os olhos. Obviamente que ela amava aquele canalha que havia se aproveitado da fragilidade emocional dela. E estava certa: Ele havia perdido. Não tinha mais nada o que fazer. Não restava nada alem da ironia...

Ele levantou uma sobrancelha sardônica e disse:

- Você se superestima senhorita Rich. – E saiu num farfalhar de capa.

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- Será que alguém pode me explicar o que aconteceu aqui? – Tonks falou olhando para Jack.

Quin esboçava a mesma expressão perplexa de Tonks.

Jack, por algum motivo, achou que não deveria contar o que vira em sua premonição. Ela não sabia o porquê se preocupava, mas decidiu que se falasse algo poderia dificultar a vida de Severus. Então calou.

Aquele dia, os amigos se despediram quietamente... E para piorar, a partir da próxima semana, ela ainda teria aulas todas as tardes com Snape. Não sabia se suportaria. E Dumbledore já deixara claro em sua carta, que não aceitaria argumentos dela para se livrar das aulas...

Era um beco sem saída.
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Snape caminhou a passos largos para sua masmorra. Era ultrajante! O que estava acontecendo com ele?

Por pouco ele não cometeu um erro!

Se tivesse atacado aquele auror descarado, ele acabaria pagando por seus atos na ‘Ordem da Fenix’. Com certeza Dumbledore iria puni-lo de alguma forma... – Snape pensou rangendo os dentes.

Provável que o velho pedisse a ele para cuidar de outro fardo... Talvez o obrigasse a ser padrinho do filho de Jack com aquele auror! – ele considerou rindo amargamente com a própria ironia. - Como se já não lhe bastasse o cabeça oca do garoto Potter.

Ele não teria matado... Ele não era mais assim (não mais)... Porém estivera muito inclinado a arrancar um olho ou dois da cara do auror...

Oh inferno supremo! E ainda teria que encarar Jack durante todas as tardes a partir da próxima semana! – lembrou indo para seus aposentos.

Mas o que fazer... Sua vida era assim.
A natureza devia estar fazendo-o pagar pelos pecados de todos seus ancestrais.

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Nham... Pois eh. Mais um cap. beeem longo!
^_~
Ei povo, comentar não faz cair os dedos.
Estou sem internet, então tou tendo mais tempo pra continuar a historia...(pelo menos algo de bom ne?)
Tou escrevendo bastante... But please: Comentem mais!
Beijos para a Renata Tonks, que disse que ta gostando da fic, pra Erikatixa que ta comentando na FeB direto (alias, leiam a fic dela! Tah muito bonitinha!), pra Julia (que faz as minhas capas) e para todo mundo que ta comentando!
Bjokas linnndaaasss
Xau.

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