Soberba e ambição



Capítulo1 - Soberba e ambição.

A forma aterradora ouvia paciente seu servo mais útil concluir o relatório sabre a espionagem. O homem prostrado à sua frente era apenas um amontoado de carne recheada com ossos para ele. Nada de especial. Não era como ele, soberano em sua inteligência e sagacidade. Agora ele era um “deus”. Havia alcançado a imortalidade com a divisão de sua alma.

Para ele, o homem curvado à sua frente não passava de um meio para seu fim. Em breve ele não precisaria mais de ninguém. Ele os teria apenas para divertimento próprio. Em breve o mundo todo lhe pertenceria, e ele poderia “limpa-lo” da escória trouxa.

Afinal, segundo a concepção trouxa, não é isso que um “deus” faz? Impõe regras, e observando o espetáculo de longe, escolhendo aqueles que às cumprem para dar-lhes proteção e regalias, em detrimento daqueles que contrapõe-se às regras, proporcionando à estes uma eternidade de dores e sofrimentos sem fim? Sim. Ele já era um deus. Agora só restava-lhe a ultima ameaça: Harry Potter.

- Sim meu Lorde! Está tudo correndo como o planejado. Dumbledore é completamente confiante de minha fidelidade às causas dele. Será muito fácil ataca-lo na hora certa. – Falou Severo Snape com o nariz encostado no chão por estar curvado em submissão.

- Muito bem Severo. Está seguindo muito bem. Trabalhe e espere, que em breve terá recompensas com as quais nunca sequer conseguiu sonhar nesta sua mente diminuta. – Disse a forma humanóide.

- Meu Lorde, serei sempre grato, mesmo não conhecendo ainda as recompensas! O simples fato da promessa de dizimar todos os trouxas nojentos já é um júbilo para mim! – Disse Snape. Suas palavras saiam acompanhadas de muito ar adulando e afastando a poeira difusa do chão empoeirado de tal modo, que formava uma pequena clareira de limpeza no chão de taco em baixo de sua boca. Assim como o chão empoeirado, as palavras de Snape eram adulações necessárias que afastava a poeira da duvida do ‘Ser Repugnante’ que às ouvia.

- CRACK! – O som inconfundível de alguém aparatando encheu o ambiente circundado pela aura de mal e medo que a criatura emanava. Indiscutivelmente alguém havia aparatado às costas do Lorde das trevas. Com o barulho, Snape não pode evitar travar as unhas no assoalho devido ao susto. No entanto, o ‘pavoroso mestre’ apenas virara-se lentamente para observar seu segundo servo jogar-se ao chão de forma submissa.

- Meu mestre! Conseguimos encontrar o bruxo que o senhor queria! – respondeu o homem que havia aparatado, num misto de presunção misturado à face de terror pela presença abominável do ‘homem serpente’.

- Rodolphus Lestrange – disse a voz gélida de morte - Quanta indelicadeza apresentar-se à minha presença sem ser chamado por mim – Disse suavemente, e logo após, apontou a varinha para o comensal que havia acabado de chegar, desferindo contra este alguns segundos da maldição cruciatus.

Logo após alguns espasmos, Lestrange estava deitado em posição fetal gaguejando por clemência.

- Meu caro Rodolphus Lestrange. Espero que tenha novidades. – disse a voz letal.

- S-sim s-senhor. N-nos descobrimos o paradeiro d-do tal b-bruxo Jack. P-por isso vim até o senhor meu Lorde. P-para comunica-lo de nosso êxito. – Disse Lestrange com a voz temerosa.

Mais uma vez o bruxo abaixou a varinha. Mas desta vez como se esta fosse um chicote invisível, dando algumas chibatadas no homem que já rastejava tentando se afastar.

- IDIOTA! ÊXITO SERIA SE VOCÊS INCOMPETENTES JÁ O TIVESSEM TRAZIDO EM MÃOS! AQUI, PARA MIM! – Disse a criatura em um silvo alto e ameaçador como uma serpente prestes à dar o bote. – VÁ BUSCA-LO E TRAGA-O PARA MIM! E NUNCA MAIS SE ATREVA A CHEGAR EM MINHA PRESENÇA DESSA FORMA! – Concluiu ameaçador com uma nova chicotada desferida ao bruxo que agora rastejava-se para fora do cômodo.

Snape sabia o que tanto havia irritado o mestre: O fato de Rodolphus ter chego no meio de uma reunião particular, provavelmente aliado ao fato de ter revelado sem querer que estava em missão à outra pessoa que não Voldemort.

Voldemort mandava seus servos para missões distintas, e dificilmente um sabia da missão que o outro deveria cumprir. Era uma forma de Voldemort manter o controle sobre as ações de seus servos. E esconder segredos de outros. Snape sentiu uma curiosidade corroendo-o. Por que o lorde se irritara tanto? O monstro afinal não confiava em ninguém. Mas porque tentar esconder essa missão? A simples procura de um bruxo?

Snape era espião infiltrado da ‘Ordem’. Deveria descobrir tudo que pudesse para tentar impedir o avanço das forças das trevas.

Ele levantou levemente a cabeça para que o monstro o notasse. Foi o suficiente.

- Já pode ir Severo. – disse a voz num sibilar desconfiado.

Snape rapidamente retirou-se da presença sinistra de costas para a porta, e com a postura curvada de submissão, sem retirar os olhos dos pés da besta.

Ao alcançar o outro cômodo viu que Rodolphus ainda estava lá. Não era fácil se recuperar depois da maldição crucius. O homem loiro jazia sentado em um canto respirando profundamente e abraçado ao próprio corpo.

Severus sabia que tipo de expurgo Rodolphus Lestrange era. Casado com a mais fielmente cega comensal, Bela Lestrange, Rodolphus divertia-se lançando a maldições imperdoáveis em qualquer trouxa desprevenido.

Porém, ao contrario de sua esposa, Severus sabia que ainda havia humanidade e sanidade no antigo companheiro de escola. Muitas vezes Rodolphus, junto a outros Sonserinos de sua época, tomara seu partido nas brigas contra os grifinórios que se auto-intitulavam “os marotos”. Então, ele pegou um pequeno frasco de poção que sempre carregava consigo e estendeu ao homem. Era um relaxante muscular, que faria com que as dores cessassem. Severus sempre andava com aquela poção, pois sabia que estava sempre em risco iminente da ira do monstro temperamental.

Rodolphus não levantou os olhos para Snape. Ele viu a mão estendendo-lhe o frasco e apenas pegou e bebeu. Estava prostrado, e como um legitimo integrante da sonserina, ele era orgulhoso, e provavelmente estava sentindo mais aquela situação vexatória de fragilidade do que os efeitos da própria maldição que havia recebido.

Severus virou-se de costas para o bruxo, dando-lhe espaço para que recuperasse a posição altiva. Ouviu o farfalhar de vestes e virou-se. Lestrange já estava de pé.

- Não sei o porque daquela reação – disse Lestrange friamente.

- Obviamente o nosso Lorde não gostou de você ter revelado sem querer informações à mim. – disse Snape alheio.

- Não entendo o porquê. Ele disse-me que quem treinaria o rapaz seria você. – Disse Rodolphus altivo.

Severus virou levemente o rosto. Certamente se Lestrange visse o rosto do homem sinistro, ele teria percebido a sombra de gana e interesse que perpassou pelos olhos de Snape.

Severus se manteve calado. Sabia por experiência que Rodolphus não pararia de falar por ali. E satisfeito ele ouviu o outro bruxo continuar a revelar sua ‘missão secreta’.

- Eu estou atrás de um bruxo que escapou da educação formal de Hogwarts.

Severus apenas esboçou uma feição de falso desinteresse e ouviu o colega continuar:

- Você deve se lembrar dos Rich? Família de sangue puro milenar – disse o Louro soberbo. – Eles estavam ao nosso lado na primeira guerra.

- Sim... – Disse Snape. Ele se lembrava dos Rich. O casal de bruxos dinamarqueses entrara para o lado das trevas por abominarem trouxas e mestiços.

- Ludmila Rich teve um filho alguns anos antes da primeira ascensão do Lorde das trevas. Esse filho foi mandado à Hogwarts como todos os bruxos. Infelizmente, o garoto não desenvolveu habilidade mágica. Bom... Não que os pais e o ministério pudessem detectar – Disse Rodolphus com escárnio. – Os pais pensaram que o garoto era um aborto. E como você sabe, essa aberração é tão detestável quanto uma criança trouxa normal. Talvez até mais, pois não teve competência de desenvolver o don que o sangue puro lhe proveria. – disse Rodolphus pensativo - No segundo ano em Hogwarts, o pequeno não conseguia nem ao menos levantar uma pena com um simples feitiço Wingardiu Leviossa. Para os Rich, principalmente para Ludmila, aquela aberração merecia ser afogada na banheira. Mas Ricardo Rich se compadeceu-se da criança, e decidiu lançar-lhe um feitiço de memória e abandona-lo em um orfanato trouxa antes que a mãe matasse o filho com uma imperdoável. Dizem que Dumbledore protestou contra essa decisão, mas os pais não queriam mais o filho.

Severus lembrou do casal, os pais desnaturados deveriam ter uns trinta e cinco anos quando Severus ingressou para o lado das trevas. E lembrou que os pais não costumavam falar sobre a criança. Sentiu-se enojado com a historia que Lestrange contara.

- Acho que quando entramos para comensais o garoto deveria já estar no segundo ano da escola. Ou seja, agora ele deve estar na faixa dos vinte e nove ou trinta anos. Bom, acredito que com 29. – Concluiu Lestrange.

- E por que ir atrás do filho dos Rich depois de tantos anos? – Perguntou Severus com um falso desinteresse.

- Bem, como eu disse: Ele escapou da educação formal. Quer dizer que é sim um bruxo, um bruxo sangue-puro!

‘- Tantos bruxos sangue puro a serem recrutados... Por que justamente esse? – Perguntou Severus agora sentindo as entranhas se consumirem de ansiedade. Certamente algo de muito importante havia nesse rapaz ao ponto de levar Voldemort convocar comensais de seu primeiro escalão para encontrar e instruir o moço.

- Uma fonte segura que estudou no passado com Jack revelou antes de ser morto, que ele possuía sim uma característica muito peculiar, que obviamente passou desapercebido por aquele velhote idiota do Dumbledore. – Disse Rodolphus com desinteresse e observou Snape fazendo um pequeno suspense.

- E o que seria essa característica? – Perguntou Snape com uma sobrancelha levantada.

- Ele tinha o don de prever o futuro próximo. Coisa de minutos entende? Ele sabia sempre quais eram as próximas jogadas em jogos de xadrez bruxo, falava frases que os amigos iam dizer à seguir, previa onde um balaço atacaria antes deste atingir seu alvo. Essa fonte também disse que Jack foi um ótimo jogador de quadribol, e só não entrou para o time devido à idade. – O comensal bufou em desagrado – Mas Lucius contou-me que para aquele Potter nojento as regras de não poder jogar logo no primeiro ano foram mudadas.

Severus segurou o ímpeto de virar os olhos para traz e bufar, com o ultimo comentário de Rodolphus. E então puxou:

- Quem lhes cedeu essas informações e porque? – Snape perguntou agora sem esconder a curiosidade.

Rodolphus sorriu por ter despertado finalmente a curiosidade do mestre de poções.

- Um imbecil que se negou à juntar-se ao Lorde. Ele era do ano de Jack. Foi útil... Você precisava vê-lo implorar e suplicar ao Lorde durante uma pequena cessão de cruciatus. Acho que a única razão para que o lorde tivesse clemência e o matasse logo foi a revelação de que Jack Rich possuía esses poderes interessantes que não foram detectados pelo ministério. Não quis se alistar, era um Lufa-Lufa idiota, mas deu todas as informações do ano de sua turma em Hogwarts. – Disse o bruxo fazendo pouco caso.

Severus ficou surpreso de que esses poderes tivessem passado desapercebido de Dumbledore. Sabia que no ministério a burrice da burocracia impediria que esse don fosse detectado, mas Dumbledore? Por que afinal Dumbledore não havia percebido um talento como esse?

- E agora você irá atrás desse tal ahhh... Jack? – Vacilou Snape para denotar falta de interesse.

- Sim. Esse imbecil nunca tentou descobrir o porquê de seus dons. Conviveu à vida toda com eles no mundo trouxa sem se questionar. Eu nunca teria me adaptado fora do mundo bruxo. Certamente eu iria atrás das razões de meus dons. Sinceramente eu não entendo o porquê um estúpido como esse, que se adaptou com tanto êxito ao mundo desses trouxas nojentos, poderia ser trazido ao nosso convívio. – Completou Rodolphus com cara de desagrado.

Snape olhou para homem loiro disfarçando sua incredulidade com tamanha ingenuidade. Obviamente a soberba cegava os olhos de Rodolphus, fazendo-o um tolo. Snape sabia muito bem para que Voldemort queria Jack. Em uma batalha o moço poderia prever os próximos movimentos dos adversários, dando à Voldemort um par de olhos colados no futuro, capazes de indicar quando desviar de uma maldição ou mesmo quando e onde lançar uma, para que o oponente não tenha chance de escapatória. Seria o suficiente para guiar Voldemort em uma batalha decisiva. Mas ignorou todo que pensara e concordou com Rodolphus:

- Realmente, uma escória dessas não deveria ser misturada conosco. Mas... Como vocês o encontraram?

- Bem... descobrimos o orfanato trouxa. Lá havia uma pequena ficha, com informações muito parcas de que uma criança havia sido abandonada no mesmo dia que o Rich havia deixado Jack, nessa ficha continha a idade da criança: 12 anos, ou seja, o perfil encaixando maravilhosamente bem, mas com informações incompletas. Em contra partida, havia o endereço dos pais adotivos. Um casal americano de Nova York. Fomos atrás desse casal hoje. E qual não foi minha surpresa ao saber que o casal havia morrido à apenas dois dias em um acidente com uma daquelas porcarias chamadas “carro”. Eu perguntei ao porteiro trouxa se ele conhecia Jack, e ele disse-me sobre a tragédia, e que Jack aquela hora devia estar assistindo ao enterro dos trouxas. Montamos campana com capas de invisibilidade na frente da porta do apartamento, e eu vi quando um rapaz, de uns trinta anos, loiro de olhos claro assim como o senhor e a senhora Rich, todo vertido de preto, provavelmente por causa do funeral dos pais, entrando com chave no apartamento. – disse Lestrange com cara de vitória. – Então eu voltei para cá para avisar ao mestre, e ele me recebeu com uma cruciatus. – Finalizou Rodolphus com o nariz torcido em desagrado.

- Entendo. – Disse Snape simplesmente. Agora ele sabia que era imperativo que ele chegasse à esse rapaz antes de Rodolphus e dos outros comensais que ele certamente convocaria. – Rodolphus, de onde mesmo esse rapaz é?...

Ele mora em um apartamento ‘Avenida 15’ em Nova York.

- Deve ser uma espelunca – Jogou Severus.

- Na verdade não. Os trouxas eram bem abastados. Ele mora no prédio Village... Mas conheço alguns bruxos no TallPark, que é o melhor prédio residencial da avenida 15. – Disse Lestrange esnobe.

Severus deu um sorriso interior lembrando de uma frase de Dumbledore à respeito de Voldemort e seus seguidores: “A soberba, apesar de andar sempre junto da ambição, é a pior inimiga desta ultima”. E então, Snape disse simplesmente:

- Rodolphus, aquele velhaco nojento estranhará minha demora. Espero que tenha êxito em sua missão.

Dito isso, Snape desaparatou, para aparatar logo em seguida em uma das avenidas mais famosas de Nova York. A avenida 15.

SsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSs

Procurou o tal prédio, bateu na portaria.

Um homem trouxa, que aparentava ter a idade de Severus o recebeu.

- O que deseja? – perguntou o porteiro cumprindo seu trabalho.

- Eu soube da morte dos pais de Jack, e vim fazer lhe uma visita. – Mentiu Snape calmamente.

- Ahhh. Uma perda lamentável... Mas espere um minuto que eu vou avisar que o senhor esta aqui. – Disse o homem pegando o interfone – Como é mesmo seu nome?

Snape percebeu que o aparelho iria denunciar sua chegada, então ele lançou um feitiço para quebrar o objeto por dentro. E disse ao porteiro:

- Meu nome é Philip – Mentiu descaradamente. Não podia deixar rastros.

O porteiro apertou varias vezes o gancho. Severus já estava impaciente. Em breve Lestrange chegaria aparatando direto na porta do apartamento, já que este sabia com exatidão onde aparatar...

Dando ao porteiro seu olhar mais ameaçador, ele conseguiu finalmente saber o numero do apartamento e entrar.

Encontrou o elevador do prédio, e logo subiu ao destino. Ele temia que Rodolphus fosse mais rápido, mas teria que arriscar. Já na porta do apartamento, ele ouviu uma serie de gritos exaltados. Um homem e uma mulher brigavam dentro do apartamento que ele deveria invadir para resgatar Jack antes que Rodolphus o pegasse.

(- Você é um canalha nojento! Eu não quero mais você! Desgraçado! Transando com uma vagabunda aqui!!!) – Disse uma voz feminina.

“Trouxas” – Severus pensou revirando os olhos enquanto jogava em si mesmo um feitiço para ficar invisível que Dumbledore passara anos ensinando-o. Enquanto isso pensava em uma forma de entrar.

Obviamente haviam trouxas no apartamento, e pelo que ele estava entendendo, Jack deveria ter acabado de ser pego em um ato de traição.

Ouviu-se pancadas e vidros estilhaçados. E gritos agonizantes de uma outra voz feminina.

(- SAIAAAA!!!!) – Severus ouviu gritar a provável mulher traída, na mesma voz feminina estridente, que ele havia escutado assim que parara na frente do apartamento. Logo em seguida uma moça muito bonita abriu a porta com violência aparentando cara de pavor. Ela trancou a porta atrás de si. A aparência estava desolada. Tinha um hematoma no braço e uma marca vermelha na forma de uma mão com cinco pequenos dedos, atestando que havia tomado um tapa na cara daqueles bem dados, e o cabelo completamente desgrenhado.

(- Fique calma...) – Severus ouviu pedir a voz masculina dentro do apartamento. Provavelmente Jack acalmando sua ‘amasiada’. Afinal, tinha quase certeza que o rapaz não era casado, pois ainda estaria morando com os pais trouxas se estes não tivessem morrido.

(- CALMA O K@#@¬¬0) – Rugiu a voz feminina da traída. E mais utensílios de vidro se espatifando no chão.

Ele não podia ficar esperando a briga terminar. Apertou a varinha no punho e testou a maçaneta, com sorte o moço iria estar prestando tanta atenção nos gritos da mulher que não iria ter tempo de prever que Severus o atacaria. O problema seria ter que levar a mulher escandalosa junto, já que teria que pegar o moço na frente dela.

Porém, assim que seu primeiro dedo tencionou tocar a fechadura para abri-la, as vozes subitamente cessaram.

Severus estranhou a sintonia do final súbito da briga com seu tencionamento em abrir a porta. Mas não havia mais tempo, em poucos minutos Rodolphus apareceria, e ai sim seria um desastre.

Ele abriu a porta.

- Quem está ai? - perguntou o moço louro ao ver a porta se entreabrindo.

Severus afastou-se e viu o moço escancarando a porta para ver se havia alguém do lado de fora. Ele tinha que admitir que o poder do rapaz era bom.

- Ta vendo! – Disse o moço que só poderia ser Jack para uma trouxa de cabelos e olhos castanhos opacos. – Você me deixa louco!

- Quer saber? Eu estou cansado! Eu fiz minha escolha! – Disse ele olhado para o lado em que Severus estava postado.

Snape sentiu um arrepio, e viu o moço indo à direção dele. Severus estava abobalhado de mais. Será que o louro sabia até onde ele estava. E quando o rapaz se aproximou, Severo afastou surpreso para o lado bem em tempo de desviar do rapaz que dirigiu-se para uma prateleira e passou por ele pegando um molho de chaves.

- Eu escolhi meu caminho! E agora não tem mais volta. Você nunca mais me verá sua estúpida! – Disse o Rapaz indo para a porta.

Snape observou. Tudo que o moço dizia encaixava. Ele parecia mesmo ter o don de prever o futuro. Mas seria isso mesmo que ele estava entendendo? O rapaz havia passado por ele com o molho de chaves e agora parara à porta observando a moça.

Snape rangeu os dentes. Obviamente que o moço havia feito sua escolha. E pela forma que tratara sua mulher, ele não era uma boa pessoa. A moça observava atônita. Severo percebeu nela uma gravidez em estagio avançado. Ela arregalou os olhos e gritou:

- Não!

E foi ao encontro do homem que à estava abandonando.

- CRAK! CRAK! CRAK! – Três estrondos de aparatações ao corredor chamou à atenção de Severus e dos outros integrantes na sala. A mulher afastou para traz assustada com o barulho, enquanto Jack estacou na porta como se esperasse alguém. A escolha de Jack era clara: ele ameaçara a moça de ir embora para sempre, e esperara os bruxos regidos pelo lorde das trevas aparatarem para leva-lo.

Severus decidiu que o levaria, nem que arrastado para Hogwarts, e lá Dumbledore poderia convence-lo à ficar do lado da luz. Saiu de seu estado de hipnose com a cena e dirigiu-se à ele. Infelizmente, a porta abriu-se.

Severus olhou a mulher. Ela morreria, e seu bebê também se ele não à tirasse dali. Para Jack infelizmente não havia mais chance. Severus tinha tencionado em levá-lo à força, mas antes que pudesse agir, os comensais já entravam na sala. Dessa forma ele apenas agarrou a moça por traz, tapou-lhe a boca e arrastou-a para um ponto escuro da sala onde os comensais, que não a haviam percebido, não a enxergariam.

A trouxa chacoalhou-se surpresa e amedrontada, mas Severus abaixou o tom de voz e disse:

- Fique calma! E não faça barulho ou irá morrer! – Certamente Severus não notou que sua frase denotou uma terrível ameaça à mulher. A voz do bruxo soara ameaçadora, e assim a trouxa aquietou-se, e ambos observaram a cena se descortinar:

Lestrange havia aparecido na porta e instantaneamente conjurado um petrificus totalus em Jack, imobilizando-o.

A ação foi rápida. Em poucos segundos Snape e a trouxa viram mais dois comensais grandalhões agarrarem cada um em um braço de Jack e aparatarem à três para bem longe dali. Rodolphus ainda olhou no vácuo onde estivera Jack e os outros dois comensais antes de sumirem no ar. Andou pelo apartamento em direção à porta. Encostou-a e observou a sala. Snape estava sem ar. Se Rodolphus Lestrange se aproximasse, ele veria a moça estarrecida com a situação. É certo que ele estava protegido pela invisibilidade, mas não poderia deixar que a trouxa grávida fosse assassinada.

Para seu alivio, Rodolphus sorriu para o nada, aparentemente satisfeito com a captura, e desaparatou deixando-o finalmente sozinho.

Snape tencionou soltar a boca da moça, que agora chorava desesperada, mas sem ruídos devido a mão invisível que amordaçava sua boca.

Com repudio, Severus sentiu sua mão que tapava a boca da trouxa toda molhada. Por cima, ele sentia que estava coberta da secreção e lágrimas que escorria do nariz e dos olhos da moça devido ao choro desesperado, e por baixo, na palma, a saliva da mulher escorria devido à posição que ele a havia amordaçado com os dedos.

- Escute! – Ele disse num sussurro ameaçador. Instantaneamente ela parou de se espernear para tentar se soltar.

- Eu quero que você fique calma, e não grite.– Falou ele autoritário. – Se eu soltar sua boca você fica quieta? – Ele sentiu a mulher tentar menear com a cabeça para frente e para traz.

Então ele soltou o braço que segurava a mulher à cima da barriga. Ele primeiro iria se tornar visível antes de solta-la. Apertou a mão na boca da mulher com força no intuito de prende-la pela cabeça, para evitar que ela tentasse escapar. Pegou a varinha e realizou o anti-feitiço para tornar-se visível, porém sem soltar a boca da mulher.

Severus não percebeu que no ato de apertar mais o braço que segurava o rosto da mulher, sua mão escorregara para cima tapando o nariz da trouxa. Nestes breves segundos entre pressionar mais a boca da trouxa, soltar a mão que à segurava pouco à baixo dos seios, e fazer o feitiço para voltar à ser visível, ela esperneou amedrontada, por ter a respiração cortada. Parou ereta, flexionou um joelho para cima, e com toda a força que pode, ela cravou o salto fino da bota que usava em um dos pés de Severus.

-ARGHHHHH! - Severus sentiu uma dor lacerante no pé direito. Num instinto, ele largou-a totalmente.

Em ‘Slow Motion’, Severus Snape viu a moça de olhos e cabelos castanhos apagados, desafiar o barrigão de sua clara condição de grávida, levantar uma perna num ângulo de noventa graus:

- UGTHHHH! Ele gemeu. Ela o havia atingido certeiramente no “você-sabe-oque”.

Ele não conseguiu fazer nada alem de soltar o ar com sofreguidão, encolher-se e apertar o colo numa tentativa vã de proteger e apaziguar a dor que era milhares vezes pior que uma cruciatus.

Ele não tinha ar para soltar os desaforos que sua cabeça gritavam para a trouxa vagabundinha que havia lhe acertado.

Ele apenas articulava palavrões, mas de seus lábios som nenhum saia. Ele tentou então, irracionalmente, aproximar-se da mulher com uma mão segura em “você-sabe-onde” e uma outra estendida para tentar agarrar a moça e torcer-lhe o pescoço!

Ela afastou-se com repudio e pavor, e novamente aquela perna direita da moça desafiava o barrigão e se levantara e o atingira no meio do peito. Severus foi para traz com o golpe e bateu na parede. A mão vazia finalmente raciocinou em pegar a varinha. Ele pensou em lançar algum feitiço ofensivo no intuito de para-la... Mas logo sua racionalidade levara a melhor. Ele via a barriga da mulher e só conseguia pensar que um feitiço incorreto poderia matar o bebê que ela carregava, e ele já tinha mortes de mais em suas mãos, não precisava de mais uma.

Tenteou para os lados. Estava decidindo um feitiço que à bloquearia, sem prejudicar a criança que ela carregava. Estupefaze-la não era uma opção.

“Claro” – Pensou.

- Petrificus totalus! - disse ele apontando para a garota. Estranhamente ela desviou-se, e virou a cabeça para ver o feitiço bater em um vazo e derrubá-lo no chão.

Severus ainda estava sôfrego com os golpes que levara. Nunca imaginara, depois de tantos anos, voltar à apanhar ao bom e velho modo trouxa.

Então ele à viu se aproximar. Estava lívida, e olhava cautelosa para a varinha que ele carregava. Ela havia percebido que o objeto podia feri-la quando viu o vaso cair e quebrar. Severus olhou-a de forma curiosa. Ela enfiou uma mão no bolso de traz da calça jeans extremamente apertada abaixo da barriga. A moça também era um tanto quanto gordota. Deveria estar uns cinco ou sei quilos acima do peso devido à gravidez. – ele considerou.

Ela tinha o rosto contraído uma expressão... divertida?

Então para seu desespero, ele à viu com um objeto prateado que estava buscando nos bolsos. Ela encaixou o objeto na mão direita.

– Por Mérlin... Não... – Ele disse em uma quase súplica agarrado ainda às partes baixas. Mas tudo foi muito rápido. E antes do primeiro soco ele só conseguiu pensar em que tipo de mulher seria aquela que andava com um ‘soco inglês’ no bolso de traz da calça.

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