Um homem e um segredo



Capitulo dedicado à Flavinha que betou este cap pra mim!
Beijokas linda!

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Capítulo 3

Um homem e um segredo


Ele desaparatou. Não sabia por que pensara aquelas coisas. Não sabia por que cogitara, por breves minutos, procurá-la depois. “Síndrome de Estocolmo?” ¹. Não. Afastou aquele pensamento.

Andou até o castelo. O mais resoluto que conseguia com aqueles ferimentos. Curou o que pôde, até perceber os dentes. “Os malditos dentes que a maldita trouxa... Não”. Forçou mais a sua fúria contra a moça: “... que a vadiazinha trouxa arrancou!”. Ele não os recuperaria sem a ajuda de Pomfrey. Sem falar do nariz, é claro. E ainda havia aquela réstia de dor entre as pernas.

“Vaca trouxa!”. Estava raivoso. Temeu que a possibilidade, mesmo que remota, de colocar outro Snape no mundo, se esvaísse com o chute certeiro da “cadela” em sua virilha.

Severus sentou-se em uma das camas da enfermaria e tomou a poção que a medibruxa ofereceu-lhe para a recuperação dos dentes.

– Maldita trouxa – verbalizou, ao sentir os dentes doloridos crescerem novamente em sua boca, da mesma forma que acontece às crianças recém-nascidas. Pelo menos se livrara das marcas roxas e do furo quadradinho no tórax, feito pelo salto agulha da trouxa infernal.

Agora estava feliz por conseguir odiar o sua algoz: aquela monstrinha.

Suspirou ao ver o homem de vestes azuis observando-o na porta da enfermaria.

– Agora estão apelando para agressão ao modo trouxa? – perguntou Dumbledore. O bruxo ancião parecia preocupado.

Snape quis dizer que sim para diminuir a vergonha, mas achou que, se mentisse, o velho diretor desconfiaria. O velhote sempre conseguia ver sua alma sem precisar de legilimência. Além disso, não fazia sentido guardar segredo sobre a trouxa.

– Não – respondeu azedo – Foi uma trouxa amaldiçoada!

Dumbledore olhou-o divertido.

– Como? – o velho perguntou, depois de alguns segundos.

– Dumbledore, eu ouvi uma informação importante... Tinha apenas alguns minutos para resgatar um rapaz e trazê-lo para o nosso lado. Mas, infelizmente, não tive êxito – disse. Rápido e seco. Não estava com paciência para detalhes. Queria descansar. Mas, de repente, se lembrou de algo: Dumbledore sabia sobre o dom de Jack!Tinha que saber. Afinal nada, naquela maldita escola, escapava aos olhos do velho.

Snape sentiu sua raiva chispar contra o diretor, então atirou:

– O que me faz lembrar que o rapaz estudou em Hogwarts, e o senhor o deixou sair como um aborto! Diga velho! Por que fez isso? Como o senhor pôde?!

Dumbledore, desta vez, não estava entendendo nada. Olhou para Snape com pena, como se ele tivesse levado uma pancada muito forte na cabeça.

– Do que está falando, filho? – perguntou o velho receoso, aproximando-se da cama. Estava prestes a chamar Pompy para examinar o professor com mais rigor.

– Estou falando de Jack! Seu velho dissimulado! O garoto apresentava o dom da previsão desde pequeno, e o senhor deixou que os pais dele o tomassem como um aborto! – “Velhote safardana e manipulador esse Dumbledore”, pensou. Quantos segredos a mais ele não guardava apenas para si?

– Garoto? – Dumbledore perguntou, com os olhos cintilando e um sorriso divertido.

– Tá, é um homem agora. Mas quando o senhor o tirou do colégio, sob o pretexto dele ser um aborto, era apenas um garoto!

– Mas Jack não é um garoto.

Snape arqueou uma sobrancelha perigosamente. Um pensamento louco invadiu-lhe a cabeça: “Não... Shakira? Não é possível!”. Ficou consternado. Teve o rapaz tão perto. E agora...

– Você a viu? – perguntou Dumbledore sorrindo. – Foi ela que fez isso a você? Mérlin. Ela não perdeu o jeito!

– Não. Quem fez isso foi uma maldita trouxa – resmungou. – Mas acho que vi Jack. Ele mudou de nome junto com sua opção sexual – falou, com o nariz torcido.

Dumbledore arregalou os olhos azuis. Por um momento, Snape o achou muito parecido com uma aluna maluquete chamada Lovegood.

– Como? – Dumbledore perguntou confuso. – Desde quando Jackeline virou homem?

– JACKELINE???? – Snape pulou da cama alta de enfermaria. Não cogitara que Jack era uma abreviação de Jackeline.

– Ahm, sim... – Dumbledore respondeu vagamente, ainda atordoado com a revelação de que uma de suas protegidas havia se tornado homem. Já ouvira falar em algo sobre como os trouxas faziam isso... Mas era muito confuso, para ele, que alguém quisesse passar por um procedimento desse tipo. Pensou que, realmente, deveria ter ficado mais “de olho” na “menina”. Afinal, será que ser colocada em um mundo diferente do que vivera até os 12 anos foi tão traumático a ponto dela desejar ser homem?

– Velho! Como é essa tal Jackeline? – Snape perguntou desesperado. Agora, pensando bem, era estranho como aquela trouxa boxeadora conseguia desviar de tantos obliviates, além de responder-lhe questões antes mesmo que ele as fizesse.

– Bom... Há muito que não a vejo. Achei que ela havia se enquadrado muito bem ao mundo trouxa... Estava melhor lá do que entre nós... O caso dela não foi como o de Harry... Ela encontrou uma ótima família trouxa... Muito carinhosa. Mas, bem... Por alguns anos, eu fiquei de olho nela. Desde adolescente tinha a mania de mudar a aparência por métodos trouxas. Acho que ela seria uma grande amiga para Tonks... – disse Dumbledore, divagando sobre inutilidades e fazendo Snape se empertigar. – Ela cortava muito o cabelo, às vezes o pintava... Até mesmo a cor dos olhos, mudava, com um negócio que os trouxas chamam de lente... Mas, como eu disse, há muito que não a vejo. Mas... Bem... Que coisa... Se tornar um homem... Era tão bonitinha... Pelo menos até os 17 anos, quando a vi pela última vez. – concluiu sonhador, porém com um vinco de preocupação na testa.

– Alvo... Esquece isso. Acho que a confundi com a pessoa errada. Agora tenho certeza que foi ela mesma que me quebrou – “A maldita trouxa é uma bruxa, afinal”, pensou. – Acho que ela corre perigo.

Dumbledore pausou. Observou Snape. Estranhou a preocupação do homem. Então voltou a falar:

– Tenho que trazê-la de volta, então. Ela não tem muito talento para a magia, portanto não é um risco para os trouxas, e o dom de prever, nas mãos dela, é inofensivo. Eu nunca detectei o seu uso para fins errados, como em jogos de azar ou coisas do tipo... Ela usa-o para ajudar as pessoas... Bem, às vezes de forma comercial... Mas nada que faça mal a alguém... Além disso, ela tem medo de ser transformada numa aberração no mundo trouxa, por isso não mostra o poder para os outros... Mas, se for influenciada pelas pessoas erradas, pode se tornar uma ameaça palpável... Severus, eu a trarei de volta. E você a treinará em magia para mim.

– Alvo, você me assusta. Lestrange revelou-me que Voldemort iria me incumbir dessa tarefa. Começo a achar que vocês dois pensam de forma muito parecida para meu gosto... – Snape considerou com estranheza – Mas não entendo o porquê de manter a moça longe de nosso mundo sob o pretexto dela ser um aborto.

– Bom. Os pais dela me pediram segredo antes de morrerem.

– Os pais dela eram uns vermes! Recusaram-na apenas por acharem que ela era um aborto.

– Como você ainda é ingênuo, meu filho... – o velho disse com piedade. – Você realmente acha que esse tipo de poder passaria despercebido pelos pais dela? Acha que eles não notavam o seu dom quando, por exemplo, ela espalmava a mãozinha para segurar um objeto, antes mesmo que a mãe o derrubasse no chão, ou, então, quando ela punha-se a falar sobre o que o pai iria dizer ou fazer, antes mesmo que ele pensasse sobre o ato? Acha mesmo que os Rich não notaram?

Snape considerou... Sentiu-se tolo. Justo ele, sempre tão lógico.

– Meu filho, você, mais que qualquer um, deveria saber que não se deve acreditar em tudo que se ouve.

Snape observou Dumbledore pausar e olhá-lo de forma dolorida, como se lembrasse de algo antigo e muito triste.

– Há muitos anos, os Rich me procuraram. Eles temiam por sua filha. Não queriam que ela fosse usada por Voldemort. Eles sabiam que o seu dom era muito raro e que seria muito apreciado por Tom nas batalhas. A menina enxerga o futuro. Você bem sabe que isso não é o mesmo que legilimência. Ela prevê tudo que será verbalizado ou realizado. Como um feitiço agressivo gritado por um inimigo, ou a energia luminosa produzida por ele, e o lugar que irá atingir – Dumbledore disse cansado, mas continuou:

– Certa vez, em uma avaliação mais minuciosa, detectei uma fineza em seu dom. Ela sozinha, num esforço pessoal, conseguia avançar horas no tempo em suas previsões. O que é mais perigoso, principalmente nas mãos erradas. Assim, depois de também notarem tal característica, os Rich procuraram-me a fim de que eu participasse de uma farsa. Eles acreditavam que não conseguiriam segurar o segredo de sua filha por muito mais tempo. Por isso escolheram uma missão suicida para capturar gigantes hostis. Mas, antes de partir, o senhor Rich espalhou aos quatro ventos que a própria esposa queria ver a filha morta, por não suportar mais a vergonha de ser mãe de um “aborto” – neste momento, os olhos do ancião cintilaram ao ver o rosto desarmado de Snape, mas, mesmo assim, continuou:

– Inventou também que a garota o desagradava, mas, como não tinha coragem de tirar a vida da própria filha, obliviou-a e deixou-a num orfanato. E, realmente, foi isso que ele fez – Dumbledore fez uma pausa dramática. – Entregou-a. Mas não por não amá-la. E sim por não suportar a idéia de que sua pequena seria usada como objeto para fins escusos, que ele e a esposa erroneamente escolheram comungar no passado. Desta forma, a grande ironia desenhou-se. A menina sangue-puro, que possuía um dos dons mais especiais dos bruxos, estava escondida no mundo trouxa, e vivendo como uma. Entre pessoas que eles, os pais, tanto perseguiram e subjugaram até então. Aos poucos, o objetivo do plano se cumpriu. As pessoas se esqueceram dela. Passei a ser o único a lembrar de sua existência... Bom, fui incumbido de protegê-la. De estar sempre em alerta. Somente eu conhecia este segredo. Mas é obvio que segredos não podem ser escondidos para sempre. E agora, de alguma forma, ele, ou melhor, ela, veio à tona.

Snape não sabia o que dizer. Aquela garotinha era, sem dúvida, um dos grandes segredos de Dumbledore. E quem diria que aquela moça esquisitinha e... Grávida – por alguma razão tinha que ficar se lembrando deste fato – era tão importante. À primeira vista, ela parecia tão... Normal. Então se lembrou de outro fato importante que ainda não havia relatado ao diretor:

– E tem mais, Alvo. Na ocasião da tentativa em capturá-la, os comensais levaram o namorado dela no lugar. Ele ainda deve estar sendo torturado, provavelmente, para contar qualquer informação a respeito de Jack.

Dumbledore, que, até então, parecia vagar pelo mundo incerto das divagações, despertou: – Um trouxa foi capturado?

– Sim – Snape respondeu friamente. Não gostou daquele trouxa. Ele maltratara a boxeadora grávida... Tudo bem que ela era uma “punch machine”, mas não deixava de ser uma mulher grávida.

– Você tem que ajudá-lo, Severus! – disse Dumbledore. – Eu vou atrás de Jack. Sei como achá-la. E você tentará livrar esse rapaz trouxa. Vamos. Pegaremos uma chave de portal em meu escritório para fora de Hogwarts. Assim será mais rápido.

Snape observou Dumbledore. Seria uma missão difícil livrar o trouxa. Principalmente porque teria que se explicar ao Lorde das Trevas. Mas, como sempre, ele perdeu-se no azul dos olhos de Dumbledore. Um sorriso de esgar formou-se em seu rosto. Uma idéia. Ele tinha uma idéia de como ludibriar Voldemort. Snape era muito bom em mentir, inventar e sair pela tangente. Chegava a ser um prazer conseguir enganar o maior bruxo das trevas vivo...

Severus caminhava a passos largos agora, seguindo Dumbledore, que tinha uma agilidade muito grande para um bruxo ancião.

– Dumbledore. Ela está grávida – disse reticente, enquanto caminhavam/quase corriam para o escritório circular de Alvo. Ele achou que aquela era uma boa informação para reconhecê-la. – E está com os cabelos e olhos castanhos. Deve estar no apartamento ainda. O senhor sabe onde é?

– Sim, filho – Dumbledore estranhou a informação sobre a gravidez, mas nada falou. – Sei onde ela mora. É o mesmo lugar desde que foi adotada.

Depois de tocarem num castiçal, os dois bruxos apareceram num beco escuro de Londres. Cada um caminhou para seu destino.

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Snape aparatou numa ante-sala da mansão dos Riddle. De lá, podia ouvir os gritos de dor e suplica. Provavelmente o interrogatório do homem que Snape – assim como Lestrange – julgara como bruxo no lugar de Jackeline prosseguia.

– Entre Snape – a voz aterradora se fez ouvir.

Snape sabia que as proteções da mansão reconheciam os comensais autorizados a aparatar. No entanto desconhecia como o Lorde sabia exatamente qual, de seus comensais, havia desaparatado no casarão. Ele sempre sentia um arrepio na espinha ao ouvir a voz de seu mestre autorizá-lo a entrar, assim que chegava.

– Severus... Espero que seja importante o que tem a dizer.

Snape havia pensado na explicação. Infelizmente teria que expor Lestrange.

– Meu Lorde – disse Snape, prostrando-se quase que automaticamente. – Ao final de nossa reunião passada, o companheiro Lestrange elucidou-me sua missão... Quando retornei ao castelo, fui ao velho estúpido prestar contas e ele estava discutindo justamente sobre esse suposto aborto. Assim, descobri que não se tratava de um rapaz, como Lestrange havia cogitado, e sim de uma moça chamada Jackeline. O velho parvo mantinha contato com ela.

Voldemort aproximou-se. A barra das vestes do monstro parecia fumegar. Snape sentiu a forma curvar-se frente a ele. Com um susto, percebeu dois dedos gélidos agarrar-lhe com força brutal o queixo, forçando-o a olhar diretamente para o par de olhos vermelhos de fendas. O Lorde das Trevas vasculhou sua mente.

Ele bloqueou grande parte da conversa com Dumbledore na enfermaria e também sua incursão à Nova York. Cedeu apenas algumas revelações de seu verdadeiro mestre: que Jack era uma moça que vivia como trouxa e que estava indo encontrá-la pessoalmente.

Com o coração acelerado, ele sentiu o monstro soltar-lhe o queixo, satisfeito com o que tinha visto, sem questionar a sua estadia numa enfermaria, para o alívio de Snape.

– Quer dizer que Jack na verdade é uma moça. Uma moça chamada Jackeline? – disse Voldemort num sibilar perigoso, voltando-se vagarosamente para Lestrange e para o trouxa, torturado horas a fio somente porque o Lorde das Trevas se negava a invadir a mente de um trouxa.

Lestrange mexeu-se incomodamente e encostou-se em uma parede.

– Crucio! – Voldemort sibilou o ataque ao bruxo acuado.

– INCOMPETENTE! COMO VOCÊ NÃO DESCOBRIU QUE SE TRATAVA DE UMA MULHER????? – Voldemort vociferou um chiado, como uma serpente prestes a dar o bote.

Lestrange permaneceu calado. Sabia que qualquer coisa que dissesse no momento iria apenas atiçar o ódio de seu Mestre.

Snape ficou quieto. Apenas observava o Lorde descarregar a fúria no outro. Quando finalmente baixou a varinha, Voldemort dirigiu-se a Snape:

– Eu quero essa moça. Traga-a!

Snape sabia que seria arriscado argumentar, mas tentou:

– S-senhor. Meu Lord. O velho demonstrou interesse em me colocar como o mentor da mulher, agora que ela não pode mais se esconder no mundo trouxa. E-eu pensei, já que Lestrange contou-me que o senhor também me incumbiria desta missão de treiná-la para o senhor e enganar Dumbledore, bem debaixo das barbas dele... A-assim, eu teria minha posição de espião preservada. E teríamos a mulher sendo treinada para juntar-se às forças das trevas na hora certa...

Voldemort observou. A idéia era perfeita. Novamente, mergulhou na mente de seu servo. Achou o momento em que ele havia pensado no plano para, supostamente, “treinar” a moça para servir o lado das trevas. Viu, mais uma vez, o diretor falando que iria pessoalmente resgatar a moça. Mas não detectou que Severus havia bolado essa desculpa justamente para fugir de seu interrogatório intacto.

– Muito bem – Voldemort sussurrou ameaçadoramente. Seus olhos brilharam satisfeitos. Teria a bruxa chamada Jack ao seu lado e, de quebra, faria tudo bem debaixo das barbas de Dumbledore. Seu orgulho e prepotência quase podiam fazê-lo flutuar. Enganar aquele velho senil era sempre um prazer descomunal.

– Severus... Mais uma vez, você se mostra digno de ser meu servo – o Lorde falou com satisfação.

– S-senhor... Eu... Eu... – vacilou propositalmente.

– Sim? – Voldemort estimulou, sem deixar de lado sua desconfiança. Sabia que seu servo faria-lhe um pedido.

– S-senhor... Há muito sou sozinho. Gostaria de ter uma... uma... – desta vez o vacilo não foi proposital. Era parte do plano, mas não sabia como pedir... Molhou os lábios, em sinal de nervosismo contido.

Voldemort mergulhou em seus olhos. Um sorriso, que não se estendia aos olhos, esboçou-se na boca sem lábios.

– Ela será minha serva, tenho certeza. Mas é uma puro-sangue. Não posso cedê-la a você como faria com uma vadiazinha sangue-ruim. Terá que ter o consentimento dela também. Mas, de minha parte, você tem a aprovação. Principalmente porque sei que, se você conseguir, ela estará, automaticamente, do nosso lado.

Severus, com os punhos fechados, pressionou o chão com força. A sugestão do Lorde, de que as nascidas trouxas poderiam ser dadas como prêmio e as de puro-sangue não, o fez ferver por dentro. Sua mente virou um caleidoscópio de cenas antigas. A imagem de uma moça de olhos verdes e cabelos avermelhados colocando-se na frente de um bebê se destacou desse mosaico caótico de lembranças.

– S-senhor. Este trouxa. E-eu gostaria de levá-lo para ganhar a confiança de Jackeline – Snape disse agora com resolução.

Voldemort moveu-se para lado do trouxa. Com um simples erguer de varinha, o rapaz louro virou de cabeça para baixo, pendurado no ar. Ele berrava descontrolado.

– Este... Lixo? – o Lorde disse, elevando o rapaz até um buraco do teto, ao levantar mais a sua varinha.

O medo rastejou em seu peito. Voldemort jogaria o rapaz, de cabeça, no chão, bem na sua frente. Sempre fora avesso à matança sangrenta, mesmo em seus tempos de fiel comensal, independente do desagrado que sentia pela vítima.

– S-senhor. Ela mantém contato com Dumbledore... Ele me contou, antes de sair, que iria atrás da mulher, pois o namorado dela havia sido pego em seu lugar... Por engano – ele inventou no auge do desespero – Terei muito trabalho em convencê-la de que trouxas são a escória. Eu ia utilizar-me do trouxa para fazer isso de forma mais rápida. Estava pensando em usar Imperius nele para fazê-lo maltratá-la. Ela iria sentir ódio dele. Este rapaz, segundo Dumbledore, já a tratava mal normalmente, mas, com minha “ajuda”, poderia ultrapassar os limites... Creio que, depois que ele fizer isso, sob meu comando, ela não hesitará em matá-lo assim que souber usar Avada Kedavra.

– Você a quer mesmo – Voldemort disse, regozijando-se com a idéia de ter a moça como sua fiel seguidora. Não importava as formas escusas. E o desespero carnal e inconseqüente de seu servo a traria mais rápido. Ele a teria ao seu lado. Para alertá-lo de feitiços hostis. Para colocá-lo sempre a um passo à frente de seu possível oponente.

– Muito bem – ele disse, baixando o rapaz delicadamente ao chão. – Não entendo esse tipo de necessidade, mas você terá meu apoio. Afinal... Isto apenas prova que você está quilômetros abaixo de mim, meu caro... Você ainda tem desejo carnal típico dos “símios”.

Snape sentiu o peito arder de vergonha. Não estava desesperado assim... Só inventou essa história para salvar o maldito trouxa e a bruxa boxeadora...

– Pode ir... E trate de fazer bom uso deste trouxa... Faça-a ser capaz de matar esse ser abjeto... – disse o réptil, com os olhos vermelhos de fenda faiscando.

– Imperius! – Snape ordenou o feitiço sobre o trouxa. – Saia da sala rastejando! Você não é digno de andar na presença do Lorde das Trevas – ele observou o rapaz rastejando para fora e saiu curvado, ainda voltado para Voldemort.

Assim que chegou à outra sala, ele ordenou ao rapaz que ficasse em pé e aparatou com ele para Hogsmade.
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A um oceano de distancia, Dumbledore tocava a campainha de um apartamento luxuoso em Nova York.

– Olá, senhorita Jackeline.

Ela o observou através da fresta da porta permitida pela correntinha prateada. Ficou estática. Sem palavras. O homem estranho – que parecia um Papai-Noel da Namíbia, de tão magro e raquítico, com a aparência tão frágil – causava uma sensação estranha a ela. Ele a fazia lembrar de algo... Algo que escapava... Algo que parecia ter acontecido, mas que não aconteceu... Algo que sequer sabia o que era... Algo que não tinha na memória.

Ele aproximou-se da fresta, ficando com o longo rosto barbado sorridente emoldurado pelo batente e a porta. Ela viu o terno antiquado e as calças boca-de-sino cor cereja. Se não estivesse com tanto medo, teria caído na gargalhada.

Não sabia como, mas tinha consciência de que ele não era uma pessoa má. Ele transpirava bondade. Era mesmo como um Papai Noel. Prestou a atenção no homem. Ficou-se encabulada ao perceber os olhos dele vidrados em sua barriga.

Ela sentiu medo de repente.Não por causa da estranha fixação do homem em seu abdome, mas sim em decorrência do que havia por trás dos olhos azul-turquesa. Um presságio... Algo, naqueles olhos, lhe dizia que sua vida não seria mais a mesma. Que ele estava lá para ajudá-la, mas que, dali por diante, nada mais seria como antes.

Engoliu em seco e perguntou:

– Quem é o senhor? O que deseja? E como o porteiro deixou-o passar? – ela ficou branca ao “ver” a resposta antes mesmo que o velho a pronunciasse.

Ele sorriu.

– Você não perdeu o jeito Jack. Eu sou Alvo Dumbledore. Diretor da escola de magia e bruxaria da Inglaterra, Hogwarts. E desejo levá-la de volta ao seu mundo. E desacordei o porteiro para poder entrar sem ser anunciado. – finalizou, abaixando o rosto para olhar sobre os oclinhos meia-lua.

– Bruxaria??? Magia????? O senhor é louco? – perguntou pasmada.

– Alorromora.

Jack observou desesperada a porta encostando-se levemente e... Magia... Simplesmente magia... A correntinha deslizou sozinha como se uma mão invisível a estivesse manuseando. Num susto, ela afastou-se e tropeçou, caindo sentada no chão, quando a porta se abriu. Dumbledore entrou e encostou-a para, ai sim, perguntar:

– Posso entrar?

– Já tá dentro, né? – disse pasmada e assustada. Sentia uma terrível dor nos “quartos”, como diria sua finada avó. O desespero apoderou-se dela. Instintivamente levou a mão direita ao bolso detrás da calça. Achou o que queria e encaixou-o nos dedos sem retirar a mão do bolso...

– Não se atreva – Dumbledore disse sorrindo, ao notar a movimentação das mãos da mulher.

– Não se atreva o quê???? – perguntou desesperada. Ele sabia! Ele era como ela? Nem sequer havia lhe mostrado, e ele já sabia. Era óbvio que sabia!!!!

– Não. Eu não posso ver o futuro, se é isso que você está pensando. Embora eu possa ler a sua mente. Mas garanto que não o fiz. Este seu hábito é antigo e peculiar demais para que eu o ignorasse. Aliás, um velho e péssimo habito que você resguarda de seus tempos de escola – disse, com um cintilar divertido nos olhos. – Você derrubou muitos garotos com esse soco inglês. Não sei por que seu pai lhe deu isso... Afinal... Este objeto é trouxa e rudimentar...

Ela retirou o soco inglês do bolso detrás da calça e colocou-o sobre a mesinha de centro da sala. Observou o objeto com cuidado. Não sabia desde quando o possuía. Parecia que aquilo estava com ela desde sempre. O que era uma insanidade, visto que era um objeto proibido, até mesmo para adultos. Ela suspirou, observando as pedras verdes do objeto prateado. Olhou para Dumbledore. Sabia que não seria atacada... Sentia estranhamente que o velho magrelo poderia machucá-la de alguma forma, se quisesse, mas que não o faria. Estava confusa... Mas ele parecia conhecê-la.

– V-você conheceu meu pai? – ela era só perguntas. Durante toda a vida procurou saber sobre seus pais biológicos. Tornara-se detetive particular para descobrir o paradeiro deles, mas falhara. Quando chegou ao seu antigo lar de adoção, na Inglaterra, perdera as pistas de seu passado. Jack nem sequer lembrava-se de sua vida antes dos 13... Recordava-se de sua estadia, de alguns meses, neste abrigo para menores abandonados. De se sentir sozinha e triste nele. Só isso. Mais de nada antes dos seus pais adotivos a resgatarem... O que era realmente esquisito. Ela “viu” a resposta da questão que ela havia feito e, também, a reclamação, antes mesmo que Dumbledore a verbalizasse:

– Pare com isso, Jack – retumbou em tom de aviso para que ela parasse de forçar as pequenas previsões – Você pode acabar indo mais longe do que eu gostaria que fosse – disse enigmático. – E sim. Eu conheci seu pai. Mas tudo ao seu tempo. Não falarei sobre ele agora. Para você, basta saber que seus pais biológicos a amavam acima das próprias vidas. E é por isso que você foi apartada de nosso mundo. Eles erraram uma vez, e esse erro colocou em risco sua vida. E quando eles tiveram que optar, eles optaram por você.

Dumbledore suspirou em resplandecente tristeza e continuou:

– Eu prometi a eles protegê-la. Nunca pensei que você fosse descoberta. Sempre achei que estaria protegida aqui, entre os trouxas. E que sua existência seria mais um, dos muitos segredos, que morreria comigo. Mas o destino, mais uma vez, aprontou uma das suas. E uma informação crucial sobre você caiu nos ouvidos da pessoa errada. Agora, você terá que ser re-inserida em nosso mundo.

– Você tá delirando, vovô! – Agora estava confusa e irritada. Ela levantou-se finalmente do chão. Aquela história toda era enigmática demais, insana demais... Porém, algo em seu coração balançava. E mesmo sabendo que aquilo era uma loucura irracional... Intimamente, ela sentia que tudo fazia sentido para sua alma.

– Você terá um mentor. Ele lhe explicara tudo sobre seu mundo. Eu sei que você sabe que é diferente. Que possui... Dons especiais. E esses dons estão sendo cobiçados pela pessoa errada. Portanto você terá que ser protegida.

– Como eu vou saber qual lado é o certo? – perguntou apertando os lábios.

– Você já sabe qual é o lado certo. Mas se quiser ter certeza, busque em seu coração. Não precisa confiar em mim. Você sabe o que implicaria o mau uso de seus dons. Eu estou pedindo para que você os resguarde. Mas o outro lado exigirá que você os use... Agora me responda. Para qual lado deseja seguir?

Ela já sabia a resposta antes mesmo da pergunta. Sabia que o velho era confiável. Mas agora... Tinha absoluta certeza.

– Não vou a lugar nenhum com você! – ela disse zangada, sem responder a questão de Dumbledore.

– Muito bem, por hora, não precisa me acompanhar. Mas sabe que, para seu próprio bem, nalgum momento terá que partir deste mundo e voltar para o seu antigo. E, para seu bem, sei que não posso obrigá-la. E nem vou. Mas tentarei dissuadi-la – ele falava extremamente preocupado. – Você precisa, pelo menos, sair desta casa. Se você não concordar, eu terei que ficar aqui te vigiando.

– O quê??? E se eu não deixar você ficar? – Jack disse indignada.

– Eu disse que não lhe forçaria a me acompanhar. Mas não disse que iria embora se você se negasse a se proteger... – ele disse sorrindo.

Jack torceu o nariz. Era desagradável, mas poderia se mudar. Tinha outra casa, num bairro menos prestigiado, fora da ilha. Mas, ainda sim, era uma boa casa. E quem quer que fosse que a estivesse perseguindo, não iria desconfiar (Deus, ela nem sabia quem a perseguia! Nem ao menos se ‘estava’ realmente sendo perseguida e já concordara em mudar-se!). Ela comprara aquela casa há um ano apenas, e sem o conhecimento de ninguém, nem mesmo de seus pais... Seus pais adotivos...

Subitamente uma vontade de chorar esmagou-a. Ela havia segurado as lágrimas bravamente, até mesmo durante o enterro. Mas a simples presença de Dumbledore era libertadora. E, mais uma vez, instintivamente, ela sentiu que podia derramar seu pranto. Ele a confortaria e a protegeria.

Coçou os olhos. As lágrimas começaram a rolar. Junto com elas, suas lentes de contato castanhas caíram também, revelando olhos de uma tonalidade azul-piscina muito claros. Quase brancos, pois refletiam a blusinha alva que vestia. As pupilas negras se destacavam felinamente.

Dumbledore aproximou-se incerto. Na verdade não esperava que a moça começasse a chorar. Sentiu-se confuso. Tocou-a no ombro. E assustou-se com o abraço inesperado em seu tronco.

Puxou-lhe o queixo fraternalmente e pediu:

– Deixe-me ver.

Jackeline sabia o que o velho faria. Meneou afirmativamente com a cabeça e deixou que os olhos azuis dele, cobertos pelos oclinhos meia-lua, mergulhassem nos dela.

Dumbledore viu em vultos a vida em família que a moça tivera com os pais trouxas. Da alegria em ganhar a primeira bicicleta; do êxtase ao colocar uma pipa japonesa no ar, em meio a uma manhã ensolarada no Central-Park, junto com o pai; as amizades na escola trouxa; toda a felicidade da mãe trouxa arrumando-a para o baile de formatura... Até a desesperança, a tristeza, o frio e a dor de ver os pais morrendo, quebrados no hospital; o velório em uma soturna igreja católica com vitrais coloridos aterradores e o enterro dos dois no dia seguinte.

Viu, nos olhos dela, toda a dor que só pode ser sentida pela perda das pessoas que se ama verdadeiramente.

– Eu não sabia – ele disse tristemente.

– Uma fatalidade. Não é culpa de ninguém... Nem ao menos tenho como sentir raiva de alguém. Ele dormiu ao volante... Nada demais. Uma morte tola. Duraram apenas uma semana no hospital depois do acidente. Não tinha mais volta...

Dumbledore puxou a cabeça da moça para o ombro e afagou-a. Realmente, uma morte tola. Ele havia se esquecido que poderia ser dessa forma. Sem heroísmo e sem pompa. Dormiu e morreu. Simples assim. Havia simplesmente se esquecido que existiam fatalidades.

Jackeline olhou o rosto bondoso de Dumbledore...

- Sim... Uma estupidez não é? Sabe, foi ai que eu descobri que ‘quando somos confrontados com uma infelicidade repentina, percebemos que as circunstâncias dentro das quais o fato impensável aconteceu não tem nada de excepcional: o límpido céu azul de onde o avião caiu; o dia normal que terminou com o carro batido e pegando fogo no acostamento... No meio da vida, estamos na morte.’²

– Por favor, Jackeline. Proteja-se. Ainda existem pessoas que se preocupam com você. - disse Dumbledore tristemente

– Sou órfã duas vezes, não é mesmo? Meus pais biológicos também estão mortos, não é?

– Sim – ele disse com simplicidade. – Mas a morte não é o fim.

– Eu sei – ela respondeu chorosa.

– Vá para sua outra casa. Eu mandarei seu mentor e...

– Não acha que estou velha demais para ter um mentor ??? Já tenho quase trinta anos! – ela disse, quase indignada, afastando o rosto do ombro do bruxo ancião.

Dumbledore riu.

– Não. Não acho que você está velha demais, não. Mas é melhor que não entremos no mérito da idade. Não revelo a minha nem que me atirem uma imperdoável! – ele disse divertido, esquecendo-se que a mulher nem sequer sabia o que era uma imperdoável.

Jackeline não sabia de onde saíra tanta intimidade com o velho. Era como se ele fosse seu avô desde sempre.

– Só vou pegar uma mala com roupas... A casa é mobiliada... – ela disse secando, com as costas da mão, as réstias de lágrimas escorridas pelo pescoço.

Dumbledore a esperou. E, em menos de meia hora, eles estavam à beira da calçada. Ele tentava fracassadamente chamar um táxi, mas os trouxas não conheciam o famoso mago Dumbledore, e ignoravam-no sistematicamente. Até que Jack tocou-o no ombro, como que se pedisse para tentar. Colocou-se no meio da rua e, assoviando alto com dois dedos na boca, parou um táxi na marra.

Ela abriu a porta, jogou a bagagem e esperou que ele entrasse. Assim que Dumbledore entrou atrás, ela abriu a porta da frente e se jogou dizendo o endereço e as ruas que o taxista deveria tomar. Ele divertiu-se em imaginar Snape tendo que conviver com o temperamento da moça... Na verdade... Seria muito interessante... Principalmente quando este olhasse novamente para o ventre da moça que estava... Ele recuou o pensamento e sorriu para si mesmo. Olhou para frente com um cintilar nos olhos que apenas o taxista, temeroso e curioso, viu pelo retrovisor.

Quando saltaram do táxi, Dumbledore guardou o endereço e acompanhou-a.

A casa era aconchegante. Havia uma lareira. Ele iria providenciar a ligação via Flú para o castelo. Fez proteções para que só Jack, ele e Snape fossem reconhecidos. Depois de inúmeras barreiras contra aparatação, ele viu-se satisfeito.

– Onde seu mentor dormirá? – Dumbledore perguntou naturalmente, como se conversasse sobre o tempo.

– O quê???? Você não me disse que eu teria que abrigar esse tal mentor!!! – retrucou indignada, já sabendo que era uma batalha perdida.

– Ele precisará ficar por perto para protegê-la e ensiná-la – Dumbledore falou sorrindo. – Vamos, não será tão ruim assim. Pagaremos pela estadia dele.

– A questão não é pagar! A questão é que meu espaço está sendo inadvertidamente invadido! – reclamou.

– Ora, vamos. Entenda Jack. Além disso, ele poderá te explicar muito sobre a vida em nosso mundo.

– Que mundo é esse afinal? – ela perguntou azeda.

– Está vendo por que você precisa dele? – Dumbledore disse sorrindo.

– Espere... – parecia incerta. Dumbledore viu, na face rosada e nos olhos felinos, a insegurança. Ele esperou a pergunta pacientemente. Ela engoliu em seco, enquanto afastava os cabelos castanhos apagados do rosto, então perguntou:

– Há alguma chance do senhor ser apenas um produto da minha imaginação doentia, ou, então, do senhor ser um maluco que está conseguindo me ludibriar por eu estar fraca emocionalmente???? – ela falseou. – P-por que... Essa história de outro mundo... Não parece muito provável... Quer dizer... Como esse outro mundo poderia existir sem ninguém... Ahm... Normal... Saber da existência dele?

Dumbledore curvou os lábios em um sorriso divertido e respondeu enigmático:

– "Aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”.

Jackeline calou. Conhecia aquela frase. Seu pai adotivo sempre a pronunciava, após ser questionado de como fazia o velho truque da moeda tirada da orelha.

– Nietzche – ela disse.

– Sim. Tenho conhecimento de pensadores trouxas. Eles, realmente, podem ser bem precisos com suas divagações a respeito do mundo. Lembre-se Jack, você só tem que sentir. O coração é mais verdadeiro que os olhos... Senão, por que você teria aceitado tão fácil o que eu falei?

Ela parou momentaneamente. Sorriu irônica. E disse:

– "Responda ao louco de acordo com sua loucura”.

Dumbledore espantou-se com a resposta. Mas apenas disse:

– Platão.

– Muito bem – ela respondeu.

Dumbledore a encarou solene. Decidiu não retrucar. Não por hora. Mas Snape a faria entender. Então disse:

– Bom, eu tenho que ir. Dentro de uma hora, ou duas, seu mentor estará aqui –disse, caminhando para a porta.

– Ele está aqui em Nova York? – ela perguntou acompanhando-o, com naturalidade, para porta da frente.

– Não, está na Inglaterra.

Dumbledore não esperou outro questionamento. Estava com pressa. A questão, de como o mentor chegaria tão rapidamente aos Estados Unidos, seria respondida a seguir, quando este aparatasse no quintal dos fundos.

Dumbledore se foi. Virou uma esquina e, longe dos olhos de trouxas curiosos e da própria Jack, desaparatou.

Jackeline ainda ficou olhando para esquina onde o bruxo ancião virara. Lembrou-se que era um beco sem saída. Então caminhou para lá. Ao chegar, não viu nem sombra do homem. Sentia-se... Assustada... Bestificada... Surpresa... Feliz... Louca, mais do que nunca. Não sabia o que pensar. “Como será que ele ‘sumiu’?”

Engoliu em seco e decidiu voltar para casa.

“Estaria ficando louca?”. Foi o seu último pensamento, antes de se deixar adormecer numa confortável poltrona cor de caramelo.

sSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSsSs

Notas:
¹- Síndrome de Estocolmo: Quando o seqüestrado (a vitima) cria um vinculo afetivo e irracional com o seqüestrador (o agressor)
²- O Ano do Pensamento Mágico - Joan Didion

N/A

Bom, essa fic sou eu. E assim como tem muita referencia de filme, anime, manga, gibi, de musicas, de outros livros, vcs irão perceber também uma outra paixão minha aflorando: muitas frases célebres.
Sim. Isso faz parte de mim também. Sou uma aforista (coleciono pensamentos e frases que me dizem algo)... Então sempre que tiver uma frase célebre perdida no meio do texto eu colocarei de quem é nas notas(excerto quando a frase já estiver com referencia, como as frases que o Dumby e a Jack trocam neste cap).
Ahhh... que mais?
Ah sim:
Genteeee! Valeu pelas Reviews. Bom, seria de mais pedir mais? É que eu fico insegura...
Bom. Estou particularmente feliz com este cap. eu parei a minha fic “ao mestre com carinho para escreve-lo, portanto dêem valor!!!!
Nham, e a Jack é violenta mesmo...
hehehehehe
Vcs viram? Até ao Dumby ela ameaçou socar!
XD
Que coisa! Hihihihihi!
Mas ela tem um bom coração...
Ah sim... e amei escrever com o Dumby um pouco... Antes de mata-lo. Sim, ele vai morrer... Estou seguindo o início de “Enigma do Príncipe”, que culmina invariavelmente na morte do Dumby. ‘chorando desconsolada’ y___y. Mas galera, a fic não terá muitas ligações com os fatos do livro. Eventualmente eles serão citados, mas estarei contando a história da Jack com o Snape... E a Jack, talvez, não será nem vista pelo triu ternura da grifinoria. Ela é um segredo. Advirto também que ela não entrará na guerra. É que a fic nem sequer vai até a guerra. Terminará com o final do sexto livro.
Talvez tenhamos uma segunda temporada dela, isto é, se a JK não matar o Snape no sétimo livro ‘chorando amargurada’ Rezemos para que ela não faça essa sacanagem com a gente!.
Ah, e o titulo do cap? Um homem e um segredo? Sim, foi inspirado no filme 11 homens e um segredo... ¬¬’ Essa fic vai ter muita referencia de filmes. ‘suspirando’Ai, ai...





Próximo cap.: Snape, já como mentor de Jackeline, encontra-a e... Hum? Cadê a barriga?



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