A beira da loucura



Olha eu enchendo o saco de novo no início da fic.
¬¬
Vim pedir pra que vcs prestem muita atenção ao final do cap tb. Sei que não estará tão empolgante quanto a primeira parte, mas ele dará ganchos para mais coisas que irão acontecer nos próximos caps.
Como eu disse no cap anterior, este cap irá marcar uma virada na fic.
Tudo vai mudar: Pessoas, relações... Um novo personagem entrará na vida do casal para mexer com a relação... Ou seja. Tudo vai virar de ponta cabeça.
E não se esqueçam que estou seguindo a história dos livros.
Bjs.
Encontro vcs de novo no fim deste cap.
MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM

Capítulo7 – A Beira da Loucura.

Um Suspiro satisfeito na brancura macia da manhã de verão.

Jack sentia o corpo confortavelmente quente. Estava naquela fase em que se está acordando, mas não completamente desperta. Ela sentia o corpo exausto e levemente dolorido, mas havia prazer também na dor e exaustão. Algo inominável...

As pálpebras pesadas... Ela tivera um sonho estranho... Entretanto, tão absurdamente maravilhoso e delicioso.

Estava abraçada a algo... Algo que a que a embalava... Que a fazia subir e descer lentamente a cabeça e o braço que estavam aconchegados sobre esta.

Aquele perfume de amor no ar... Era como se tudo tivesse sido real.

Ela abriu os olhos lentamente.

Uma luz solar fraca, e uma brisa fina e levemente fria, lutavam contra as cortinas sobre uma janela tipo ‘guilhotina’ que havia sido esquecida aberta.

Jack finalmente abriu os olhos.

Mas não se assustou.

O corpo quente ao qual ela estava agarrada moveu-se para expirar o ar.

Ele ainda dormia.

Ela levantou o rosto para observar-lhe a face. Ele estava tranqüilo e relaxado.

Afinal não havia sido um sonho... Nem poderia... Com aquela dor que estava sentindo na cintura, onde os dedos dele haviam permanecido dolorosamente agarrados durante todo o tempo que estiveram...

Jack reprimiu o pensamento e afastou-se um tantinho. Observou com cuidado o homem agora aspirar profundamente e busca-la com um braço, apertando-a inconscientemente contra si.

Jack sorriu-se.

Observou o corpo pálido e magro sobre sua cama.

Ele era bonito e gracioso.

Não possuía musculatura acentuada. Era um homem magro normal. Algumas costelas expostas aflitivamente abaixo da pele fina e branca... Mas possuía o tronco triangular e harmonioso e... Mas o que seria aquilo – Ela pensou – Uma tatuagem de um crânio e uma cobra. Mas não era uma tatuagem normal. Ela movia-se... Devia ser uma tatuagem bruxa – ela pensou – Contudo era... Repugnante.

Jack não era uma moça careta. Na verdade ate possuía uma tatuagem de borboleta nas costas... Tinha amigos que pareciam gibis, de tão coloridos de tatuagens... Mas aquela tatuagem era agourenta. Como um mau presságio.

Snape moveu-se em sono juntando o braço da marca junto ao corpo. Jack ainda estava curiosa, mas desviou o olhar para a face de sobrancelhas e olhos (no momento fechados) negros, contrastando com pele branca e nariz adunco. Uma beleza hostil e intimidadora. – ela admitiu – Mas ainda sim belo.

Não demorou até que Snape despertou. Ele sentiu falta do calor que ela havia proporcionado a ele durante toda a noite.

- Bom dia – ela falou mansamente. Os lençóis seguros sobre os seios redondos.

Ele olhou-a com curiosidade. Sentiu o ar fugindo dos pulmões.

Ela estava mais bonita que nunca... Se é que isso seria possível.

Os olhos azuis estavam inchados pelo sono... Mas brilhantes como ele jamais havia visto. Os cabelos curtos e dourados revoltos com naturalidade... Os lábios rosados, porém levemente pálidos... Seria a moça descendente de Veela?

Nãooo... – Ele pensou divertindo-se com a barbaridade do pensamento. Jack possuía uma beleza humanizada e palpável. Não era uma Veela.

Outro pensamento perpassou-lhe a mente: era surreal, mas ele nunca dormira (no primeiro sentido da palavra) com uma mulher antes. Nunca tivera tempo para tanto. Sempre fazia ‘o que tinha que fazer’, retirava-se do corpo ‘feminino da vez’, e voltava para Hogwarts ou para própria casa.

Não que nunca tivesse querido dormir durante a noite toda com uma mulher... Mas nunca tivera a oportunidade. E ver uma pessoa que havia acabado de acordar (fora ele mesmo num espelho) era de certa forma tranqüilizante. Talvez por isso as pessoas casassem. Havia uma humanidade reconfortante e sem explicação em saber que a mulher com quem passara a noite também amanhecia com marcas de travesseiro no rosto.

E ela ainda o encarava.

Ele piscou despertando dos devaneios. A verdade é que aquilo não deveria ter acontecido.

- Desculpe senhorita... Isto que aconteceu aqui... Não podia ter acontecido... eu fui errado em deixar-me levar. - Ele falou sincero.

Snape já puxava um lençol e se enrolava pra retirar-se do quarto de Jack, quando esta tomou-lhe a mão e puxou-o novamente para o colchão macio.

- Fique. Eu quis você. E ainda quero. – Ela disse levantando-se rapidamente. Snape notou o desprendimento: Ela estava nua. Como veio ao mundo... ou quase... Na verdade ela ainda vestia a meia de rendinha preta (apesar de que uma das meias estivessem um pouco mais baixa na coxa branca do que a outra).

Ela agarrou um lençol e prendeu como um vestido tomara-que-caia e foi ao banheiro. Quando saiu, vestia um belo roupão azul.

- Vou pegar algo para comermos. Você reclamou do meu cereal matinal, mas acho que gostou. – Disse ela saindo descalça pelo corredor.

Snape piscou incrédulo. Seu lado pratico disse-lhe para sair... Mas eram tão raras as vezes que podia sucumbir a vontade... Por que não? – Pensou.

Levantou e colocou a roupa de baixo rapidamente. Não lhe agradava ficar totalmente nu, se expondo... Logo após sentou-se na cama novamente aconchegando-se entre os travesseiros extremamente fofos de Jack.

Depois de alguns minutos a mulher apareceu na porta segurando uma bandeja.

Ela pediu para que ele segurasse a bandeja e foi até o closet. Entrou. Depois de alguns segundos ela saiu com uma pequena mesa para café na cama. Encaixou-a, e pegou a bandeja das mãos de Severus e depositou-a sobre a mesa, indo logo em seguida ajoelhar-se ao lado do homem.

Ele observou cuidadosamente o que lhe fora servido: Uma tigela com leite e cereal colorido, alguns sequilhos, um copo com suco, e alguns biscoitos de chocolate. Apenas coisas doces, ele observou.

Não gostava muito... Seu paladar sempre preferiu alimentos de sal.

- Você não está com fome? - Ela perguntou olhando-o com expectativa.

Ele não respondeu. Apenas levou uma colherada do cereal à boca. Estranhamente suas papilas dançaram e salivaram em antecipação.

De repente ele olhou para o prato com uma sobrancelha levantado. Por que ela não comia? – Pensou.

-E quanto a você? – ele perguntou desconfiado.

- Não se preocupe. Não tem nada com arsênico ou striquinina ai. – Ela respondeu divertida, pegando um biscoito e enfiando na boca, como se provasse à ele que era seguro.

Snape curvou os lábios um tantinho para cima. Então disse:

Como eu vou saber se apenas este que você comeu não está envenenado?

- Hahahahahah – Jack gargalhou gostosamente.

- Vamos, me dê – Ela falou gesticulando para a colher de cereal que Snape estava segurando prestes à colocar na boca.

Ele espantou-se. Mas o que dizer? Levou a colher cuidadosamente na direção dos lábios dela. Ela colocou uma mão abaixo da colher, amparando um possível vacilo que ele desse e que pudesse derrubar o leite nos lençóis.

Ela afastou os lábios e recebeu o alimento com um gemido de satisfação, logo após silenciou, deixando apenas um barulho crocante da mastigação quebrar o silêncio.

Quando terminou olhou para ele, piscou e disse:

- É seguro senhor.

Algo na forma que ela comeu fez com que Snape percebesse a fome que tinha. Ele provou. Aquilo estava mais delicioso do que ele se lembrava. Comeu tudo que lhe fora servido. Ao final tomou o suco de laranja.

Fez uma careta.

Havia comido tanta coisa doce, que o suco agora parecia amargo como se tivesse sido feito da casca e não da polpa da fruta.

Jack observava-o em expectativa, o que fez Snape tomar o suco olhando para ela de forma desconfiada.

- Bem. Acho que agora que você terminou eu posso lhe revelar.

Snape olhou-a curioso, e depositou o copo sobre a mesinha.

- O que senhorita.

Jack sorriu demoníaca e disse:

- O veneno estava no suco de laranja.

Snape ficou branco como cera. Pegou o copo rapidamente e observou o fundo com aflição. O instinto animalizado gritando as possibilidades...

Sem explicação, sua marca ardeu dolorosamente. Seria coincidência? – Ele pensou.

Quando voltou o rosto para Jack novamente, ela estava vermelha, e ao notar os olhos dele assustados e indignados para ela, Jack não conseguiu agüentar: Desatou uma gargalhada ruidosa:

- HaHaHaHaHaHa!!! – Ela ria de chorar.

Ele sentiu o monstro assassino mover-se dentro dele. A marca ardendo. A gargalhada da mulher ecoando em seus ouvidos. Estridente como... Como as risadas satisfeitas de Belatrix Lestrange.

O lado negro que sabia o que era matar alguém ativou-se instantaneamente em suas entranhas:

Snape empurrou a mesinha com estupidez, fazendo as louças sobre ela espatifarem-se ao lado da cama.

Em um segundo lances de “razão” brotaram em sua mente: Seus instintos levaram-no de encontro as pessoas com que conviviam metade do tempo: Lucius, Rabastan, Rodolfus, Theodore Nott... Belatrix (o exemplo mais emblemático da traição). E se tudo o tivesse passado de um golpe para testa-lo e ele tivesse caído? E se Lestrange já tivesse feito contato com Jack antes? E se a moça estivesse do lado das trevas? Ela seria a espiã perfeita para lhe dar com o espião perfeito.

Em segundos foi tomado pela insanidade de anos lidando com cobras:

Jack não tinha tido tempo nem mesmo de ficar surpresa com a hostilidade da mesa sendo destruída, quando Snape colocou-se de joelhos e agarrou-a pelo pescoço de forma brutal, derrubando-a e apertando-a contra os travesseiros.

Jack esperneou assustada. O medo gelando as mãos. Ela tentou agarrar e libertar-se dos dedos que a enforcavam. Os lábios moviam-se aflitos, arroxeando rapidamente. Mas para seu desespero as palavras que tentava gritar não saiam devido a pressão das mãos fortes de Snape.

Ela tentou em vão agarrar-lhe o rosto, mas ele levantou o dorso, colocando cada vez mais pressão sobre o pescoço de dela.

- Você e Lestrange... Sua pequena sujinha... Vocês tramaram! Mas você não vai sobreviver para se vangloriar! – Ele falou raivoso observando o rosto da moça já vermelho, inchando do o esforço de libertar-se das mãos dele.

Jack sentia cada vez mais o desespero.

Snape não pensava. Somente suas entranhas queimavam de ódio. Provavelmente iria morrer em questão de minutos, mas pelo menos levaria a “cobra” traiçoeira junto.

De repente um barulho forte no andar de baixo:

-CRAK!

Alguém havia aparatado.

Snape olhou para a porta, e em seguida para Jack e apertou mais ainda as mãos sob o pescoço dela.

- Algum amiguinho veio ver se você já havia cumprido o trabalho? – Ele perguntou entre os dentes, olhando diretamente nos olhos. Estava sem varinha. Não podia ver os últimos pensamentos daquela maldita.

Alguns momentos depois ela estava sucumbindo. Os olhos virando... Sem forças para lutar... Os olhos de Jack lacrimejavam suplicantes, e ela já sentia os movimentos mais lentos. Snape titubeou. Afrouxou os dedos. Estava surpreso consigo mesmo. Estava diminuindo o peso sobre o pescoço da moça. Voltando lentamente à razão. Aqueles olhos...

Aqueles olhos eram...

O raciocínio estava difícil... A dor da marca cedia lentamente... Ele afrouxou as mão. Agora só a segurava pelo pescoço, temendo que ela reagisse.

Jack sentiu-se mais livre, mas não era o suficiente. Ela tentava golfar o ar pros pulmões desesperadamente... Mas não conseguia. Precisava sentar... mas não tinha forças para tanto. Seu corpo reagiu com espasmos, mas ela não tentou levantar. Organicamente seu corpo negava-se a reagir, cada célula temendo inconscientemente que ele apertasse as mãos novamente.

Snape arfava como um bicho acuado. Ele forçava o raciocínio... Os olhos azuis haviam amolecido seu coração... Mas ele não compreendia... Estava com o cérebro dormente...

Antes que ele recobrasse totalmente os sentidos, Jack levantou molemente um dos braços em direção a um criado mudo e empurrou como pode o grande abajur para o chão, o que fez um estardalhaço de barulho de vidro quebrando. Severus viu que ela não mais lutava pela vida. Os olhos estavam se fechando...

Aqueles olhos eram...

Snape não viu o que aconteceu.

Em um minuto estava prestes a acabar com Jack, cego de ódio e de fúria, depois foi tomado pelo tormento da confusão mental...e no outro... sem avisos ele sentiu o próprio corpo ser agressivamente expurgado para longe do corpo mole de Jack diretamente para o chão com todas as cobertas e lençóis sobre si.

Havia sido arremessado para longe dela com um feitiço.

Delirante, ele ainda pensou que deveria se defender do comensal que chegara para ajuda-la, mas ao levanta-se viu apenas Dumbledore amparando Jack, que tossia forte como se fosse vomitar.

Ele ajustou as cobertas em volta do corpo e levantou-se andando tonto para Dumbledore. Mas ao tentar aproximar-se, pegou a varinha no criado mudo do lado da cama que havia dormido, mas foi desarmado com um feitiço e jogado contra a parede novamente.

O velho permanecia amparando Jackeline, que chorava descontrolada e tossia segurando a garganta com sofreguidão. O ancião e tinha o mesmo olhar intimidador e assassino que Snape presenciara quando encontrara o velho à 20 anos para lhe falar que decidira voltar-se para o lado da luz.

Ele ia se justificar, mas percebeu o quanto estava bem.

Não havia sido envenenado... Tudo fora uma brincadeira... Tudo fora uma brincadeira de Jackeline misturada à um chamado de Voldermot?

Não podia acreditar. Uma ilusão de sua doentia mania de perseguição?

Como fora estúpido.

Um maníaco que não sabia diferenciar uma brincadeira de algo sério.

Uma ânsia deixou-o tonto. Ele agarrou as cobertas no corpo como se sentisse frio, e caiu de joelhos incrédulo, desejando estar envenenado.

Mas não estava.

Levantou o rosto e observou Jack arfando, vermelha, tossindo seco...

De repente ele sentia algo parecido como uma faca invisível sendo cravada no peito e abrindo hastes afiadas depois de enterrada e torcendo-se. Mas aquela sensação não era ação de um veneno. Ele conhecia aquela dor lacerante no peito...

Pesar?

Ele não sabia o que fazer.

A primeira mulher com que havia passado uma noite inteira. Como aquilo havia acontecido? Como ele não se lembrou dos olhos apaixonantes? Como ele não se lembrou do calor do corpo dela? Como ele pode esquecer as lagrimas que ela havia liberado apenas por que ele havia arrancado uma página de um livro dado pelo pai desta? COMO ELE PODE ESQUECER DO ABRAÇO TERNO QUE ELA HAVIA LHE DADO DEPOIS DA PROFECIA AINDA NO DIA ANTERIOR! COMO ELE PODE! COMO ELE PODE!

COMO PUDE?

COMO PUDE??? – Eram as únicas palavras que Severus conseguia raciocinar.

Arrastou-se de joelhos até a beirada da cama. Dumbledore olhou-o levantando a varinha. Snape sabia o que o velho iria fazer, então ofereceu sem restrições a mente ao ancião. Não importava a bagunça que estava sua cabeça, entre lembranças da noite que passara junto com a moça, as aulas de magia, e o momento fatídico que havia acabado de acontecer. A única coisa que importava era o perdão... Justificar o injustificável...

Depois de alguns momentos a expressão de Dumbledore mudou-se da agressiva e bruta, para a penalizada e melancólica.

Snape tentou aproximar-se de Jack, que permanecia deitada contra o ombro de Dumbledore, chorando rouca e apalpando o pescoço marcado e vermelho, mas quando ela percebeu-o, emudeceu, deixando apenas mais lágrimas escorrerem fartas de olhos azuis aterrorizados.

Snape retraiu-se. Aquilo doeu-lhe tanto que ele não consegui nem classificar... Não se sentia daquela forma desde que recebera a noticia de que Lílian havia morrido para salvar seu pequeno filho. Agora ele é que se sentia estrangulado, sem conseguir respirar, como se algo travasse-lhe a garganta.

Era um miserável. Um estúpido imbecil. Não valia mais que estrume de dragão.

- Jackeline – ele tentou...

Mas a única resposta da moça foi tremer e aconchegar-se mais em Dumbledore.

- Não – disse Dumbledore. – Saia Severus. Saia daqui. Volte para Hogwarts.

Ele não queria obedecer. Queria ficar! Queria explicar!

- Saia! – disse o velho.

Aquilo era uma ordem, Snape percebeu. Mas as pernas não respondiam.

- Jack eu... – Ele tentou uma ultima vez, buscando os olhos dela com esperança de poder explicar seu rompante inexplicável.

Mas ela apenas soltou-se de Dumbledore tremendo violentamente, e foi para o chão, como se querendo afastar-se o máximo o possível dele. Temendo-o.

Quando a observou encolhidinha atrás da cama, abraçando os joelhos sobe o roupão. Acuada, Snape sentiu uma vontade doentia de enfiar os dedos no peito, como facas e abrir-se para arrancar o coração.

Agora ela sabia quem era Severus Snape. Ela agora finalmente o temeria.

- Vá – disse o ancião.

Snape engatinhou miseravelmente para o lugar onde sua varinha havia caído, pegou-a e levantou-se em seguida, tremulo segurando uma coberta para proteger-se da quase nudez. Agarrou a calça ao pé da cama, e saiu de costas para a porta. Olhando para Dumbledore que agachara-se de frente a Jack, que estava sentada em um canto do outro lado da cama.

O velho ainda voltou o rosto para ele e falou:

- Severus. Eu falarei com ela. Agora vá. Ela esta com muito medo. A sensação de quase morte não é das mais agradáveis. Vá. Eu verei o que posso fazer... – Disse voltando-se para Jackeline novamente.

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Snape só conseguiu parar de andar de costas quando já estava na escada. Vestiu a calça negra. Suas roupas ainda estavam naquele quarto. Mas obedeceu à Dumbledore: Desaparatou diretamente para os portões de Hogwarts.

Estava sem camisa... Mas não pensou no quanto aquilo era inapropriado. Ele ainda pensou no chamado de Voldemort que havia sentido... Mas decidiu ignorar... Não se importou com as explicações que deveria dar depois ao Lord Negro. Ele apenas diminuiu as proteções, recolocando-as logo em seguida, e correu para o castelo. Queria enterrar-se em sua masmorra. Ficar lá para sempre. Estava sentindo medo.

Medo de si próprio.

Ganhou a porta principal do castelo e saiu em disparada paras as profundezas deste. Tinha o semblante horrorizado. Ignorou os olhares chocados dos retratos e mergulhou na escuridão de seus aposentos.

Trancou-se. Não queria ver ninguém. Não queria ser. Não queria viver... Afinal, por que continuava a lutar?

A guerra o deixara demente...

Sentou-se na beirada da cama buscando o ar...

Tocou o peito, no mesmo lugar onde o calor apaixonante das mãos de Jack ainda podiam ser sentidos como reflexo da noite anterior.

Pungentes e terríveis pensamentos atingiram-no: E se Dumbledore não tivesse chego a tempo? E se ela tivesse...

não.
Não
NÃO!!!!

- MÉRDA! - CHOQUE, HORROR!

Negava, negava, negava... Mas sua cabeça levava-o aos olhos azuis suplicantes, aos lábios roxos pela pressão do estrangulamento...

Angústia!!! Raiva!!! Terror!!! Tristeza!!! Desespero!!! Tormento!!! Impotência!!! Fraqueza!!! Amargura!!! Frustração!!! Pesar!!! Dor!!! Todos os sentimentos ruins que existem de uma vez só!!! ESMAGANDO-O, inundando-o com algo frio por dentro. Dolorido...

Havia agido como um monstro. Era um ser horrendo, hediondo, desprezível!

SEMPRE FORA!

Puxou o ar com dificuldade.

Não sabia mais quem era.

Deixou-se consumir pela dor e desespero. Que importava?

Aquele dia Snape não saiu das masmorras... Na verdade, ele havia saído dias depois, apenas para voltar velha casa na Rua da Fiação à pedido de Dumbledore.

Ele tinha uma missão: deveria aceitar um voto com Narcisa. Ele já sabia do que se tratava. Soubera pelo Lord das trevas da missão de Draco. Era algo conveniente, visto que envolveria o pedido que o velho havia lhe feito logo no final do ano letivo... Mesmo que ainda sentisse o coração revolto, ele aceitaria. Talvez fosse o final de seu tormento. Sua alma já havia se partido e se perdido para sempre. O que custava o ultimo sacrifício... Sim. Mataria o melhor amigo, ou morreria. Qualquer que fosse o desfecho de sua sina, já não tinha havia esperança. Ele já se sentia morto... Não se perde nada quando nada se tem. Ele sabia que não havia mais tempo para ele.

Ele não entendia por que ainda se iludia... Um deslize de sua juventude o marcara a fogo para sempre com o estigma da infelicidade.
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Dumbledore ficara.

Aquele dia ele permanecera inteiro ao lado da mulher. Havia curado-a dos vergões no pescoço. Dado à ela uma poção para a garganta dolorida que ele mesmo preparara na cozinha americana da casa de Jackeline... Infelizmente não podia curar-lhe o coração também.

Os sinais de um romance...

Roupas de seus jovens por todo o quarto...

Seu menino... – pensou o velho - Aquele que o procurara em busca da salvação de seu coração (sim, pois quando mostrou-se desesperado por alguém que não si próprio, estava na verdade clamando pela própria alma), infelizmente não estava enganado: Encontrava-se realmente envenenado...

Envenenado pelo mau humano: não confiava, não se entregava.

Nos primeiros dias da saída de Snape, ele tomou para si a tarefa de educar Jackeline magicamente, mas logo depois designou o auror Quim Shacklebolt para passar os dias com Jack, pois ainda tinha muita coisa para fazer antes de sua hora chegar.

O ancião continuava indo visitá-la, mas apenas nos períodos da manhã. Precisava ensinar à ela Oclumencia. Estava satisfeito e impressionado com o progresso da moça... E ela parecia feliz ao lado de Shacklebolt. Muitas vezes ele chegara para visitá-la e encontrara-a gargalhando com o rapaz, que adorava contar sobre todas as trapalhadas de Tonks. Esta que sem saber já ganhara Jack de fã. Mas em determinados momentos, ainda notava-a com semblante de tristeza, dor e medo.

Ele tinha muitos afazeres, mas sabia que deveria aproximar Jack de Snape novamente, principalmente por que assim como Jack havia previsto, Narcisa procurara Snape para fazer o voto perpétuo. Apesar de ter feito exatamente como Dumbledore lhe pedira, aceitado o voto (indo contra a premonição de Jack, onde Severus negava-se à aceitar), algo dizia ao ancião que o professor só acolheu a tarefa para não conseguir cumpri-la no final. Se isso fosse verdade, de qualquer forma a profecia seria real, e ele não poderia deixar que isso acontecesse.

De alguma forma Dumbledore deveria mostrar a Jack como era seu mestre de poções: um homem sofrido, que não sabia confiar. Mas para tanto, deveria mostra também o porque ele tornara-se um homem amargo. Decidiu então por contar aos poucos a história da primeira guerra bruxa. A moça parecia cada vez mais assustada... Mas era necessário que assim fosse.

Ela permanecia amedrontada. Aquele mundo de barbárie não era para ela. Tentava com todas as forças entender o que havia acontecido em seu quarto naquela fatídica manhã Junho. Imaginando onde havia errado...

¨Um mês a afastava do incidente¨... Mas ela ainda não encontrava explicação plausível para si mesma. Mas o pior de tudo era não conseguir esquecer da noite que havia passado com o homem que a tentara matar. A forma como os olhos negros incandescentes a miravam... O prazer, a satisfação... O aconchego que ele proporcionara. A forma como ele a defendera no bar... Tudo corroborava para que ela tivesse o homem tatuado em sua alma.

O bruxo ancião contara a ela como era a vida de um comensal, sempre exposto à tortura, à provação... Mas ainda sim... Era surreal que alguém realmente imaginasse-a como uma pessoa ruim, mancomunada com mal.

Dumbledore explicou-lhe sobre as maldições imperdoáveis. Sobre como alguém podia ser enfeitiçado para fazer algo que não deseja... Mas mesmo assim aquilo não justificava... Não seria motivo para o assassinato. Se o caso fosse feitiço, ai sim a pessoa mereceria a chance de viver, pois não seria culpada...

De qualquer forma ela não conseguia perdoar Severus. Mesmo sabendo de tudo que ele sofrera...

Afinal, se ele estava nessa situação a culpa era inteiramente dele. Ao que lhe parecia, no início da idade adulta, o homem tivera muitos ideais, que no mundo trouxa, seriam considerados racistas, (coisa que Jack abominava com todas as forças) que o fizera alistar-se para as fileiras de comensais. Ela passava muito tempo pensando sobre isso. Imaginava o que havia feito com que ele desistisse da vida de comensal e se voltasse para a luz. Na verdade ela chegara a perguntar a Dumbledore sobre isso... Mas o Velho apenas evadiu, falando que se ela quisesse saber teria que descobrir com o próprio Severus Snape. Mas nem em sonho que ela voltaria a falar com aquele homem mau. Ele poderia morrer com o segredo então.

Mas tempo passou. Já estavam à menos de dois dias do fim das férias de verão. Quase dois meses sem noticias de seu primeiro tutor.

Dumbledore informou a Jack que Shacklebolt não poderia mais acompanha-la, e que provavelmente seria necessário que a moça mudasse para o castelo, onde teria todos os professores para ensina-la todo tipo de bruxaria.

Jack relutava. Disse que sentiria falta de Quim, que tinha muitos amigos em Nova York... Mas na verdade não queria correr o risco de encontrar-se com seu primeiro professor de magia. Então Dumbledore decidiu que teria que ser mais incisivo.

- Você vai Jack... É para sua segurança.

- Senhor... Mas e se eu me mudar novamente? – Jack tentou aflita. Havia aprendido a respeitar Dumbledore, mas a perspectiva de mudar de país à deixava tonta.

- Jackeline – Dumbledore falou em tom de aviso. – Nos bruxos temos meios inimagináveis de encontrar pessoas que desejamos encontrar. E bruxos das trevas possuem meios muito eficazes. Se a senhorita não for, estará colocando em risco seus amigos trouxas, assim como a si mesma.

Jackeline estremeceu. Pensava pela milésima vez do dia em Snape. Se seu tutor era um comensal que se voltara para o lado do bem, ela não queria nem imaginar como agiam aqueles que permaneciam fiéis às trevas.

- Senhor... Tudo bem, eu concordo – Jack falou a contra gosto. – Mas preciso de mais tempo. Eu teria que vender minhas casas e apartamentos... Teria falar com o administrador dos negócios que minha família me deixou e...

- Senhorita Rich – Dumbledore chamou – Seus bens podem continuar da forma que sempre foram: Sendo cuidados por seu administrador. Ele é um homem honesto, eu sei. Alias – Dumbledore falou como se lembrasse do que havia almoçado – A senhorita nem mesmo precisará dispor destes recursos em sua estadia na Europa... Seus pais biológicos deixaram um cofre em Gringots para você.

- Como? – Jack perguntou surpresa. Ela se lembrava do banco bruxo quando fora comprar material e vestes no beco diagonal com... Ohh merda... novamente ele! Ela não conseguia parar de pensar em Snape? O homem tentara matar! Isso não seria o suficiente para que ela pelo menos tentasse esquecer o ‘ex-comensal’?

- Ah sim. A senhorita possui um cofre no banco bruxo. – falou o velho com os olhos cintilando para as reações confusas de Jackeline. – E uma bela mansão na Inglaterra também. – Ele concluiu.

- Como eu nunca soube? – Perguntou Jack voltando à realidade.

- Para não despertar suspeitas sobre você, o cofre e os bens de sua família foram lacrados por seus pais. Eles seriam abertos novamente se caso você voltasse a interagir no mundo bruxo. Como é o caso atual. Ou quando algum descendente seu despertasse poderes, e fosse chamado para estudar em Hogwarts.

- Mas e se eu não tivesse descendentes bruxos? – Jack perguntou com um vinco entre as sobrancelhas.

- Ah... Você teria querida. Um filho, um neto, ou bisneto... Até mesmo tataraneto. Afinal você é uma bruxa. Sua habilidade pode ser transmitida. Em algum momento você teria um descendente bruxo. – O velho falou divertido. A moça havia feito uma careta ao ouvi-lo falar sobre filhos.

Então não havia mais desculpas ou procrastinação. Ela teria que ir.

Vendo a moça vencida nos argumentos, Dumbledore levantou-se sorrindo levemente e acrescentou:

- Quim Shacklebolt irá aparata-la até a estação Kings Cross em Londres. De lá ele irá para o ministério, e a senhorita seguirá para Hogwarts pela estação 9 e ½.

Jack titubeou, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa Dumbledore completou:

- Não se preocupe. Ele irá deixa-la com Tonks.

- TONKS! – Jack sentia-se animada agora. Ouvira falar tanto sobre Tonks... Sentia que poderiam ser grandes amigas. – Será que ela vai gostar de mim? – Jack perguntou sorrindo. – Eu me sinto tão atrapalhada quanto ela... E Quim me falou das habilidades dela... Nossa... Mudar o visual quando tiver vontade... Isso seria o máximo!

Dumbledore observou a felicidade de Jack com um pouco de pena. Jack não se lembrava, mas fora amiga de Tonks antes de Hogwarts. A diferença de idade de Jack para Tonks eram de apenas três anos. A mansão dos Rich era perto da casa dos pais de Tonks, e bruxos pequenos tem a incrível habilidade de se reconhecerem entre si. Apesar de os pais de Tonks serem considerados ‘traidores do sangue’, Jackeline havia se aproximado da família de Tonks sem o conhecimento dos Rich, e feito amizade com a pequena Nymphadora.

Era triste que Jack não pudesse ter acesso à essas lembranças antigas... Mas pelo menos, ao encontrar Tonks, ela saberia como fora um pedacinho precioso de sua infância antes de Hogwarts. – Pensou Dumbledore.

Nymphadora ficara empolgada quando soube que voltaria à ver a amiga de infância. Daquele jeito destrambelhado, a metamorfomaga contara alguns detalhes de brincadeiras que faziam juntas...

Segundo Tonks, ela não se lembrava de quando vira Jackeline pela primeira vez, pois era apenas um bebê de três anos. Mas segundo ela, a mãe Andrômeda Tonks havia lhe contado que Jackeline soltara-se da babá (ela nunca vira a mãe ou o pai de Jack, apenas a empregada ficava nestes momentos externos com a pequena Jack) durante uma caminhada matinal, e correra para a família Tonks, que caminhava numa praça empurrando a pequena Nymphadora em um carrinho.

Seria no mínimo interessante ver o re-encontro das amigas de infância. Talvez, ver Jack novamente, despertasse Tonks da tristeza... – Dumbledore cogitou ao lembrar da agora constante infelicidade estampada no rosto em forma de coração da metamorfomaga.

Mas ele não poderia... Tinha muitos afazeres. Seu tempo estava esgotando. Aquele seria mais um ano corrido. No entanto, agora que havia convencido Jack à mudar-se para o castelo, sentia-se mais tranqüilo.

Dumbledore orientou a moça à preparar-se para a partida, e despediu-se deixando-a sobre os cuidados de Shacklebolt.
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O dia da mudança chegou. Quim Shacklebolt, seu novo valoroso amigo aparatou-a até um canto escondido da estação Kings Cross.

Jack sentia-se estranha... Odiava aparatar e desaparatar... Mas aquela aparatação que havia acabado de fazer com Quim deixara-a mais tonta do que das outras vezes... E com uma variação terrível: Enjôos. Sentia que poderia vomitar até mesmo o próprio estomago de tamanho o ímpeto que sentia.

- Esta bem? - Quim perguntou preocupado à moça verde em sua frente.

Jack abanou uma mão fazendo não. Se dissesse uma palavra vomitaria ali mesmo. Ela correu com todas as forças para umas plaquetas de desenhos conhecidos. Foi diretamente ao banheiro da estação e sucumbiu.

Talvez fosse nervosismo também... Sua cabeça levou-a ao professor que a havia apresentado à magia... E novamente ela não suportou deixou-se levar pela sensação repugnante do enjôo e derramou-se sobe o sanitário. Agora chorava.

IDIOTA. Chorava!

Por que chorar?

Mas não conseguiu ignorar as lembranças: Snape palpitando em suas roupas durante a visita ao Beco Diagonal... Snape mostrando-lhe feitiços maravilhosos, Snape ajudando-a a se recuperar de um acesso de premonições, Snape no bar brigando por ela, Snape beijando-a, Snape tomando-a... SNAPE, SNAPE, SNAPE!!!

ESQUEÇA SUA BURRA! ELE NÃO TE MERECE! NUNCA DARIA CERTO! – Jack se auto flagelava com emoções dolorosas. Batia com o final da mão e inicio do punho, ferozmente contra a testa... Até que uma mão gentil tocou-lhe no ombro.

- Jack? – Perguntou uma voz feminina.

Jack apenas gemeu algo incoerente. Nem se dando conta do absurdo de ser conhecida em um país que ela não se lembrava de ter morado algum dia.

Um barulho no toalheiro de papel e em seguida o da torneira, e Jack sentiu a massa de papel úmido em sua testa.

Uma mão a amparou, e ela se levantou trôpega. Foi para pia e lavou a boca seguidas vezes.

- Está melhor? – Perguntou a voz feminina.

- S-sim. Obrigada – Disse Jack. Ela firmou o pensamento. Virou-se vagarosa. Não conhecia aquela moça. Quem seria?

- Sou Nymphadora Tonks... Mas se você me chamar pelo primeiro nome eu te azaro.

Jackeline firmou o olhar na moça. Não era isso que esperava... Quin havia dito... Quer dizer... A moça parecia apagada, com os cabelos castanhos acinzentados e... Bem, simplesmente não parecia a mesma moça alegre e viva de quem Shacklebolt tanto falara...

- Sou Jackeline.

- Eu conheço você – Disse Tonks com um sorriso fraco... Jack notou que era um sorriso parecido com o seu próprio sorriso... Triste e desiludido.

- Me conhece? – Perguntou Jack curiosa.

- Sim. Nós nos conhecemos quando pequenas... Obviamente você não me reconhece... Sua mente foi magicamente modificada... Mas sabe de uma coisa? Minha mãe me disse que quando você correu para eles e olhou para dentro do carrinho em que eu estava, você ficou maravilhada, e provavelmente eu também por que meu cabelo mudou do amarelo louro para o rosa chiclete instantaneamente... E eu sempre uso o rosa quanto estou feliz – Disse Tonks olhando em expectativa para Jack.

Jackeline não sabia o que dizer. Estava maravilhada. Não se lembrava de nada antes do orfanato. Não se lembrava nada do início da infância...

- O que mais? – Jack perguntou interessada, sentindo uma centelha de felicidade brotando no peito.

Aparentemente Tonks sentiu o mesmo, por que no momento seguinte estava sorrindo de dentes abertos.

Jack não se sentia exatamente feliz (e como ela pode notar, Tonks também não estava totalmente feliz). Mas saber que conhecera Tonks ainda pequenina a animava. Seu coração palpitava junto com o de Tonks. Realmente estava confortável conversando com a metamorfomaga. Era como se a conhecesse desde sempre. E ela sentia que Tonks acompanhava-a neste sentimento.

Tonks guiou-a de volta a estação. Lá elas se despediram de Shacklebolt, que prometeu à Jack que eventualmente a visitaria em Hogwarts, dizendo-lhe que ela fora uma ótima aluna.

Jack agradeceu, e acompanhou Nymphadora para a barreira entre a plataforma nove e dez empurrando o imenso carrinho de bagagens que provavelmente Quin havia trazido em quanto ela e Tonks estavam no banheiro.

Jack relutou, mas acabou por concordar em correr de mãos dadas à Tonks para a aparentemente sólida parede de pedra. Porém, fechou os olhos. Se batesse poderia se fingir-se de cega...

Mas não foi o que aconteceu. No momento seguinte ambas estavam na plataforma nove e meia, junto com centenas de alunos que voltavam das férias de verão para a escola.

Jack não conhecia nada, nem ninguém. Estava maravilhada, mas percebeu rapidamente que Tonks parecia a procura de alguém.

De repente Tonks estacou. Havia encontrado quem procurava.

Jack olhou com atenção para o pequeno grupo: Uma mocinha de cabelos volumosos, um rapaz de cabelos ruivos flamejantes, e um outro de cabelos negros e espetados que usava óculos de armação redonda.

- Quem são eles? – Jack perguntou.

- São Harry, Ron, e Hermione. – Tonks respondeu. – E estão bem – ela disse mais para si mesma do que para Jack.

O famoso trio. – Jack pensou. O garoto de cabelos negros batia com aquele que havia visto em sua premonição, e com a descrição paternal de Dumbledore. Realmente era um belo garoto. Os olhos verdes e vivos que transpareciam bondade e abnegação. Mas a postura... A postura estava tensa. Como de alguém muito ‘desconfiado’...

- Vamos para nossa cabine – disse Tonks. – Não sei se estou autorizada a apresenta-la para os garotos – Tonks finalizou.

Jack sentiu-se um tantinho ultrajada. Como assim ela não poderia conhecer o rapaz e seus amigos? Que ela poderia fazer de mal à eles?

Mas Tonks fora tão educada, que ela resolveu não questionar as atitudes da metamorfomaga, e acompanhou a moça para o interior do trem.

Mais tarde, depois de experimentar alguns doces bruxos, e de conversar bastante com Tonks sobre a infância das duas, ela perguntou:

- Por que ficou procurando os garotos na estação?

- Ah... Eu devo vigia-los na viagem. É uma missão complementar à de te levar para Hogwarts.

- Entendo – Disse Jack.

A conversa correu mole... Depois de um tempo ambas silenciaram. Tonks não dormiu. Mas Jack não pode suportar. As pálpebras lhe pesavam... Era algo que não podia segurar. Então adormeceu embalada pelo balanço do trem.

- Jack... Jack... – Tonks chamou.

Jackeline acordou levemente incomodada pela posição que havia dormido.

- Já estamos chegando – disse lhe Tonks.

Jackeline sentiu uma aflição de contentamento e expectativa, que foi impossível resistir ao ímpeto de prever o que estava por vir. Forçou a mente e viu...

°FAST° - Tonks sentando-se novamente, o trem parando na estação....

De repente as visões de Jack mudaram de rumo do que ocorria com as amigas fariam a seguir, para um rapaz de olhos verdes e cabelos negros espetados:

°FAST° - A mente de Jack estava em uma cabine diferente daquela que dividia com Tonks. Alguns garotos saiam, e uma menina de ar auto-suficiente estendeu a mão para um rapaz louro (que Jack conhecia de uma premonição onde o havia visto ensangüentado num banheiro). O louro recusou-se e disse à menina: "Vá você. Eu quero checar uma coisa." Jack sentiu sua atenção presa no bagageiro. O Rapaz louro agora mexia em uma mala. Jack não via nada, mas sabia havia alguém ali naquele bagageiro. De repente a voz do louro se fez ouvida: "Petrificus Totalus!". Uma barulho de baque, como se algo muito pesado tivesse caído no chão. Jack olhou à tempo de ver o rapaz ‘Harry Potter’ se revelando. Estava numa posição esquisita... Parecia...Duro, como se os músculos tivessem virado pedra... Assim como ela nas vezes que Snape a havia petrificado. Antes que Jack pudesse se assustar, ela ouviu a voz do rapaz louro novamente: "Eu pensei, que eu tinha ouvido o estômago do Goyle roncar... – O rapaz parecia radiante - E pensei ver um relampejo branco no ar depois de Zabini voltar... – Jack estava assustada, mas ficou chocada quando selvagemente o louro pisou no rosto do rapaz moreno, deixando no ar um barulho agourento de osso se quebrando e disse: "Você não ouviu nada que possa me comprometer, Potter. Mas enquanto eu tiver você aqui...” – Jack gritou desesperada quando viu o sangue jorrar do nariz do rapaz moreno. "Isso é por meu pai” - louro disse – “Agora, vamos ver..." – Jack Viu o rapaz louro tirando uma capa de baixo do corpo do menino moreno, e jogando sobre este. "Eu não acho que vão te encontrar antes de chegarem em Londres," disse o louro rapidamente. "Vejo você por aí, Potter ... ou não." E assim o louro saiu da cabine.

Jack sentiu algo segurando seu rosto. Uma mão gelada. Ouviu uma voz distante...

- Jackeline! Jack! – Tonks à chamava.

Jack levantou.

- Cara... o que aconteceu? – Tonks perguntou. – Você estava com os olhos vidrados. Eu te chamava e você não ouvia... De repente você começou a gritar... E o trem já parou... Temos que descer. – Tonks parecia realmente preocupada.

- Tonks! Algo está para acontecer. Provavelmente acontecerá agora em quanto nos estamos conversando! O rapaz! O menino Harry Potter! Um garoto... Um louro... De olhos cinzas e frios... Eles... Ele estava escondido... O louro vai descobri-lo.. Ele esta invisível... Será petrificado... Cairá, o louro o machucará, e o esconderá em baixo de uma capa que deixa invisível!!! Você tem que fazer algo! – Jack falava desesperada. Temia que estivesse sendo tomada como maluca. Mas no momento seguinte Tonks estava em pé com ar preocupado.

- Jack. Não poderei te acompanhar. Vou verificar os vagões. Vá para a escola. Eu cuidarei disso. – Ela disse apressada. Mas parou a porta e falou:

- Jack. Estarei em Hogsmad. Eu e mais alguns aurores estamos reforçado a proteção da escola este ano. Será que posso te visitar nas minha horas vagas?

- CLARO! – Disse Jack com entusiasmo. – E Tonks... Não conte ao menino... Não conte que soube que ele estava lá por minha causa. – Jack não sabia por que, mas achou que quanto menos as pessoas soubessem sobre ela, melhor.

- Fique tranqüila – Disse Tonks saindo no corredor, agora quase sem estudantes.

Jack lembrou-se que não sabia nem ao menos o que deveria fazer ao sair... Mas no momento seguinte Tonks já se dirigia à inspeção do trem, à procura de qualquer coisa fora do normal no intuito de detectar Harry Potter.

Jack engoliu em seco e saiu, dando graças à Deus Quim a havia ensinado o feitiço ‘locomotor malão’.
MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM

^^
Mais um cap... Mais um nome de filme.
Este filme “A beira da Loucura” conta a história de um jovem que tentou se suicidar, mas sobreviveu... O nome me veio a cabeça, por causa da primeira parte deste capítulo, por que o rapaz do filme pensa algumas coisas que eu acho que o Sev vai pensar a partir de agora. E também por que o nome eh pertinente não? Só estando quase louco, dividido no limiar entre bem e mau, perdido sem saber em quem confiar, ou seja, “louco”. Pra fazer o que o Sev fez com a Jack. (mesmo que ele tenha titubeado no final.)
Ah sim... Na premonição que a Jack teve com o Harry e o Draco, as falas do Draco foram mantidas (a partir da tradução do livro inglês), e mantive fiel a forma como as coisas aconteceram no vagão: A Pansy esperando o Malfoy pegar na mão dela, o Draco pisando no rosto do Harry... ETC.

Bom Eh isso.
Espero mesmo que vcs estejam gostando.
Eu não estou recebendo comentários... Estou insegura... Notem o quanto demorou para sair esse cap...
Espero que vocês comentem mais, por que eu vejo que o numero de acessos à fic tem aumentado muito, mas o povo permanece quieto. Mudos. E isso eh inquietante.
Infelizmente eu estou fraquejando, e este cap foi arrastado por semanas. Devo dizer que não estou nem com força pra escrever o próximo...
Portanto, quem vem aqui no menu da fic toda semana, vai se decepcionar com a possível (quase inevitável) demora pra postar o cap 8.

Anyway...
Tchau.
Fiquem com deus.

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