Capítulo 19



A Fortaleza Interior
By Idamae


Negócio de leis: As personagens pertencem a J.K.Rowling. Estou apenas emprestando-as, por razões não-monetárias.

Esta história contém imagens que podem ser perturbadoras para alguns leitores, incluindo estupro, violência, assassinato, sexo, tortura e um grande número de outras coisas mórbidas. Se você não quer ler sobre tais coisas, aperte o botão Voltar, AGORA!!!

Capítulo 19

Era véspera de Natal e as ruas de Londres estavam silenciosas. Uma figura solitária, vestida estranhamente em uma longa veste negra, cambaleava pela noite. Os poucos trouxas que andavam por ali,se afastavam quando passavam perto dele. Tinha a aparência de um vagabundo, "de um fora- da -lei." A figura tropeçou, caiu, e ainda assim, foi ignorada. Por um longo momento, permaneceu imóvel. Lentamente, ele se mexeu, ficando de quatro, depois de joelhos, e logo após se ergueu ficando em pé. Moveu-se, seguindo pela rua na noite fria. Na quadra seguinte, parou e acenou a varinha em sua mão, resmungando incoerentemente. Com um grito desesperador, caiu sobre si.

Ninguém notou a segunda figura vestida de preto que apareceu, nem a terceira. Também ignoraram a luta que se seguiu. Pessoas tendem a olhar para outro lado, quando coisas como esta, acontecem. O fato é que os dois homens mais fortes levaram o terceiro para um beco escuro, desapercebidamente. Na tentativa de não envolverem ninguém, taparam suas orelhas aos gritos de "Deixem-me ir", que ecoava pela escuridão. Desde que ninguém viesse em sua ajuda, ninguém o veria desaparecer.

Severo tornou-se lentamente ciente de onde estava. Ele podia ouvir os sussurros próximos e se esforçou para levantar suas pálpebras. Finalmente, piscou diversas vezes para cancelar a nebulosidade de sua visão.

Memórias quebradas inundaram-no. Tinha procurado por ela, andando pelas ruas por vários dias. Lançando feitiços de localização de tempos em tempos, enquanto ele pôde andar. Ainda estaria procurando. Porém Potter e Dumbledore o tinham encontrado, e trazido de volta.

Severo esforçou-se para sentar-se na cama da enfermaria, para perceber rapidamente que se encontrava preso e sozinho. Com um rosnado indignado esforçou-se para romper as proteções, mas não afetou nenhuma. Caiu para trás outra vez, esgotado, desolado pela sua tristeza, e desejando apagar tudo que estava em torno dele. Uma mão delicada levantou sua cabeça e sentiu o toque macio de uma mulher em seu rosto. O frescor sensível do vidro estava em seus lábios e a voz macia disse-lhe "Beba." Severo obedeceu, mantendo seus olhos fechados. Enquanto vagava na escuridão, podia dizer para si mesmo, que era Hermione.

Na próxima vez que abriu seus olhos, ele podia ver e pensar claramente, e estava furioso. Alvo e Harry sentaram-se ao lado de sua cama, aguardando. Outra vez, lutou de encontro ao feitiço que o prendia, e novamente, o feitiço era mais resistente. Nenhum sarcasmo irônico agora, nenhuma maldade, Severo somente levantou uma sobrancelha e fixou-os com seus olhos negros. Somente uma pergunta simples, angustiada, saiu de seus lábios, "Porque?"

Alvo inclinou-se para frente para agarrar sua mão. Severo tentou puxá-la, mas o feitiço obrigatório não permitiu nem mesmo esse pequeno movimento. "Três dias, Severo, três dias você procurou. Três dias você não comeu, não dormiu. Você andou e recitou seu feitiço de localização até que você ficou assim tão espoliado que não podia nem mesmo executar esse simples feitiço. Ainda assim, você não se preocupou consigo mesmo. Nós tivemos que trazê-lo de volta. Se você continuasse, você morreria."

A fúria de Severo borbulhava sobre si, silvando profundamente no fogo quente que atormentava sua alma. "É minha escolha, minha vida, e eu preciso encontrá-la. Não é sua decisão, não é o seu coração que foi despedaçado para fora de si. Você não pode me manter aqui. Sem ela eu também posso morrer. Eu servi a minha finalidade, a você, ao Ministério, e a nosso mundo. Agora me libere e me deixe encontrar um fim para tudo isto."

Harry levantou-se de sua cadeira e sua raiva foi de encontro à Severo. "Você pensa que você é o único que se importa onde ela está? O único quem tem agora um vazio? O único que a ama?" O rosto de Harry era uma máscara vermelho brilhante e suas mãos tremiam quando agarrou com força o encosto da cama, furioso com o mestre em Poções. "Ela era minha amiga, parte da minha família. Eu traí sua confiança e eu a transformei no que é agora. Amaldiçôo-me por que fiz tudo isto. Estava em meu poder parar isso desde o começo. Eu falhei com ela, mas eu não a abandonarei agora."

Harry retornou à cadeira e deixou-se cair nela pesadamente. Removeu seus óculos e com sua mão livre, apertou os olhos. O silêncio pesou sobre neles. Finalmente, Harry soltou uma respiração profunda e recolocou os óculos. Olhou para Severo e falou com uma voz controlada, contudo determinada, "Ela retornará para você, e se você for tão estúpido para ajudar nisto de uma forma responsável, então farei tudo sozinho. Você pode me ajudar, trabalhar comigo, ou permanecer encarcerado a esta cama até que eu a traga. Porém eu não a trarei de volta para cá para encontrá-lo morto."

Severo indicou sua aceitação com um assentimento formal. "Solte-me."

Juntos, Harry e Alvo falaram as palavras. "Finite Incantatem."

Severo riu amargo, "Precisaram os dois para fazê-lo?" Sentou-se e balançou as pernas para o lado da cama. "Então, senhor Potter, qual o seu plano brilhante para trazê-la de volta?”

Alvo levantou-se rapidamente, seguido por Harry. Ambos os bruxos moveram-se rapidamente para a saída. Quando Severo tentou acompanhar, cambaleou, Alvo suspendeu sua mão para pará-lo. "Francamente, Severo, você está fedendo! Eu repito, você realmente fede. Vá se limpar e encontre-me lá em cima no Salão Principal para que coma algo. Nós conversaremos lá." Harry e Alvo seguiram até a porta, e rapidamente se foram.

Severo suspirou pesadamente e fez seu caminho até as masmorras. Quando entrou em seus aposentos, sua tristeza foi renovada. Cambaleou até o sofá e puxou o cobertor dela de cima do encosto. Enterrou seu rosto nele e inalou profundamente. Seu perfume o envolveu. As visões dela, envolta calorosamente no tecido macio pairaram diante de seus olhos. Severo afundou-se ao assoalho e chorou.

Algo frio e molhado tocou seu rosto. Surpreso, abriu seus olhos. Bichento estava no sofá, olhando-o suplicantemente. "M-iau, M-iau." A grande cabeça alaranjada mexendo-se de encontro a seu ombro. "M-iauuuuuu." Dois pés alaranjados vieram descansar no cobertor. Com as patas traseiras ainda no sofá e as patas dianteiras apoiadas de encontro ao peito de Severo, o gato começou a ronronar e acariciá-lo.

Severo permitiu um sorriso ao gato, "Você também sente falta dela? Nós veremos o que podemos fazer sobre isso." Severo empurrou o gato de volta ao sofá e colocou o cobertor sobre a almofada. Ainda ronronando, o gato subiu nele, girado três vezes em círculo e ondulando-se em cima dele.

No banheiro, Severo olhava o espelho e mal reconhecia o rosto que olhava fixamente de volta para ele. Tinha agora o começo de uma barba irregular em seu rosto e seu cabelo estava genuinamente delgado e gorduroso. Marcas escuras encheram os meios círculos sob cada um de seus olhos e suas bochechas dissiparam-se para dentro. No chuveiro ardentemente quente, Severo esfregou seu corpo até que pudesse ver uma ferida vermelha. A dor era bem-vinda, porque se sentia bem em punir seu corpo, quando sua alma fôra punida.

Uma hora mais tarde adentrou no Salão Principal, restaurado ironicamente a sua própria frieza. Com esta máscara no lugar, ele talvez pudesse ser visto completamente e ainda manter sua sanidade. A ondulação familiar de suas vestes atrás dele era confortável, lembrando-o do tempo que estava no controle de si mesmo e do seu coração. O tempo anterior a ela. A fachada era tudo que tinha que remoer agora.

Embora fosse hora do almoço, somente Alvo, Harry, e Severo estavam prontos para a refeição. "Onde estão todos?" Severo inquiriu enquanto tomava seu lugar. Um prato de carne de carne assada, purê de batatas, molho de carne e milho apareceu diante de cada bruxo.

"Saíram para visitar suas famílias e amigos e continuar à celebração. Papoula permaneceu até que nós pudéssemos trazê-lo de volta. Uma vez que você estava estável e descansando, ela partiu com sua filha. Será lá seu jantar de Natal." Alvo voltou-se para seu prato, terminando sua explanação.

Severo assentiu momentaneamente e começou a comer. Descobriu-se faminto e comeu silenciosamente e rápido enquanto Harry lhe contava sobre os últimos dias, incluindo a limpeza da sala de aula dos Poções, identificação dos corpos, e a celebração da vitória. Severo ouvia suas palavras e guardava-as no fundo da memória. Sua mente estava retrocedendo, vendo Hermione em toda parte. Viu quando ela se sentou durante sua seleção de Casa, podia ver o sorriso orgulhoso dela quando o chapéu anunciou "Grifinória!"

Grifinória, ele sentou e prestou atenção a ela naquela mesa por sete anos, cercada pelos amigos que eventualmente a destruiriam. Se ele soubesse antes, o que sabia agora, ele daria um jeito naqueles meninos, de uma forma ou de outra. De algum modo ele a teria protegido. Mas ela sentou naquela mesa por sete anos, e os deixou conduzirem para o lugar de trevas onde ela estava agora.

Essa mesa. Sua mente viajou na noite no salão, onde ela sugeriu um uso interessante para a capa de invisibilidade. O que não daria para fazer amor com ela agora nesta mesma mesa, com ou sem capa. Não importa quem visse, ele apenas a queria de volta. Queria senti-la ao lado dele no jantar, sentir sua mão descansar em sua perna. Ver seu sorriso no meio da equipe de funcionários provocando-o.

"Severo? Severo, você está ouvindo?" A voz de Harry quebrou o seu pensamento. "Hermione te deu alguma pista para onde iria?"

Severo empurrou seu prato para longe e endureceu de encontro à dor vindoura. "Eu já verifiquei os lugares dos quais ela me falou, e aqueles que compartilhamos em sonhos. Entretanto era você que viajava com ela, então pode ter uma idéia melhor que eu."

Harry riu, "Bem, eu já verifiquei com seus pais e eles não ouviram falar dela. Não pode viver em uma biblioteca, e não entrou em contato com nenhum de seus amigos. Já que nenhum dos nossos feitiços de localização estão funcionando, ela está tentando nos impedir. Não quer de modo algum, ser encontrada."

"Dedução brilhante," Severo comentou seco.

Harry ignorou-o e continuou. "O lugar mais lógico para ela ir seria o mundo trouxa. Eu emiti corujas para todos os escritórios do Ministério em torno do mundo, pedindo ajuda. Eles contatarão os bruxos e bruxas que vivem no meio dos trouxas para pedir que fiquem de olho nela. Ela não tocou em seu cofre no Gringotes, assim eles também foram alertados. Com exceção disto, não há muito que nós possamos fazer. Se de algum modo houver alguma notícia, você e eu poderemos aparatar imediatamente para alcançá-la. Alguém terá que vê-la em algum lugar."

Alvo tinha-se mantido silencioso durante toda conversa de Harry. "Muito bom, Harry. Nós devemos continuar monitorando sua posição lançando o feitiço periodicamente durante todo o dia. Se seus poderes se enfraquecerem por alguma razão, se for atingida por uma azaração ou for ferida; poderá ser forçada a deixar cair as proteções."

Severo zombou disto, "Não é exatamente a coisa a se esperar, não é? Entretanto, se nós conseguirmos encontrá-la e a trouxermos de volta, o que acontecerá? Nós não podemos mantê-la aqui se ela quiser sair. Acreditem em mim, este é o último lugar onde ela quer estar." A voz de Severo começou a fraquejar levemente, "Isso tudo será muito doloroso de sarar."

Alvo pensou por um momento, então respondeu, "Dando-lhe instabilidade mental, eu acredito que o Ministério permitirá que eu a mantenha aqui quando encontrá-la. Certamente não é uma solução em longo prazo, mas, talvez nós possamos recomeçar de algum modo. Eu me recuso a acreditar que nós a perdemos Severo."

"Eu também" Harry afirmou.

O rosto de Severo mostrou seu ceticismo. "Muito bem, eu sairei outra vez de manhã e recomeçarei minha busca."

"Não, você deve permanecer aqui no castelo. O que você espera fazer, Severo? Vagar pela terra chamando o nome dela? Pense homem. Pense sobre isto. Eu preciso de você aqui. Os estudantes estarão de volta em uma semana."

"Eu não dou a mínima para seus estudantes, Alvo. Deuses, eu não dou a mínima para nada. Eu não me importo com nada que não seja encontrá-la. Ela não me quer. Eu apenas não sei o que fazer. Eu sinto que tenho que fazer algo. Eu estou perdido." Severo juntou suas mãos agitando seus cabelos, de tempo em tempo e outra vez, até que parecia expor sua loucura. "Eu estou perdido e não sei o que fazer."

Talvez se fosse algum outro homem em tal tortura, Harry oferecesse uma mão para tranqüilizá-lo. Em vez disso, falou com a voz macia, mas firme, "Você fica aqui, ensina suas turmas e espera. Este é o lugar para onde ela virá, por escolha ou forçada, este é lugar onde tudo terminará. Você, Severo, é o único que pode curá-la, disso eu estou certo. Você permanece aqui e espera por ela." Harry levantou-se e saiu do salão sem mais nenhuma palavra.

Os olhos escuros de Severo se encontraram com os azuis. O sentimento de completo abandono foi colocado de lado quando ele percebeu que, embora Hermione tivesse partido, ele não estava sozinho. Pelo tempo que ele podia recordar, Alvo Dumbledore era a única pessoa que Severo permitia vê-lo em tal estado. De certo modo, esse acontecimento era um conforto. Não estava sozinho; tinha um amigo. Severo relaxou ligeiramente e permitiu que as lágrimas que tinha segurado descessem pelo seu rosto. Não houve nem tempo de se desvencilhar quando o homem que via como seu mentor, seu amigo, e até mesmo como seu pai puxou Severo para mais perto. E como uma criança, nos braços de seu pai, Severo chorou.

Alvo ficou calado enquanto Severo livrava-se de sua dor. Não somente a dor de ter perdido Hermione, mas a dor de anos. A matança, a violação, a tortura, tudo finalmente terminara neste momento vulnerável. O desonra, a culpa e a agonia de Severo, colocados em manchas molhadas na frente das vestes de Alvo. Quando sua dor esgotou, Severo livrou-se do bruxo mais velho que o confortava em seus braços e começou a falar, questionando. "Para onde eu vou daqui? Sem ela, eu não tenho nada, sou nada. Ela é a única que sempre me compreenderá verdadeiramente e aceita meu passado como passado. Acredite quando eu falo isto, Alvo, sem ela eu não tenho nenhuma vida. Minha batalha acabou, e sozinho, não há nada o que olhar para frente."

Alvo sorriu carinhosamente, "Caro menino, o amor é o elo mais forte. É esse elo que a trará de volta, de uma forma ou de outra. Ela voltará. Você tem que ser paciente com o amor e acreditar na sua força. A vida e o amor sempre encontram uma maneira, mesmo quando se deparam com o mais intransponível dos obstáculos. Agora, vá dormir um pouco. Você precisa estar descansado e preparado para quando ela voltar, não importa se for amanhã, na semana seguinte, ou daqui a alguns meses. Você precisa estar preparado para lutar; lutar por ela. Sua batalha não acabou, Severo."

Finalmente, naquelas palavras as coisas clarearam para Severo. Por anos tinha sido um instrumento de guerra. Lutar... aquilo podia fazer. Com um suspiro, levantou-se. Não olhou em volta; murmurou apenas "Obrigado" e saiu lentamente do salão com sua postura ereta e a cabeça erguida. Era a caminhada do mestre em Poções, a caminhada de um guerreiro.

Em seus aposentos, Severo encontrou, mais uma vez o gato enorme, miando. Andou até a lareira e pediu o jantar para Bichento. O gato deslizou de seu jeito em torno dos pés de Severo quando ele colocou o prato no chão. Severo foi ao banheiro e vestiu as calças do pijama e um blusão. Quando voltou, Bichento estava sentado na cama esperando. O gato pareceu criar coragem ao examinar o conforto renovado no semblante de Severo. Não havia mais um olhar arrogante no gato, ou farejadas de aversão. O gato sentiu que a vida de sua dona estava ligada com a deste homem e pareceu depositar sua confiança inteira nele. Severo dormiu aquela noite com uma enorme bola alaranjada de pêlos acariciando seu corpo.

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