Capítulo 09



A Fortaleza Interior
By Idamae


Negócio de leis: As personagens pertencem a J.K.Rowling. Estou apenas emprestando-as, por razões não-monetárias.

Esta história contém imagens que podem ser perturbadoras para alguns leitores, incluindo estupro, violência, assassinato, sexo, tortura e um grande número de outras coisas mórbidas. Se você não quer ler sobre tais coisas, aperte o botão Voltar, AGORA!!!

Capítulo 09

Severo estava sentado em um canto, examinando o aposento. Hermione parecia ter assumido um ar majestoso agora. “Por que não?” Agora ela era nobreza entre os Comensais, eles dois eram. Eles dividiam, então, o papel de serem o segundo lugar, depois de Voldemort. Agora estavam acima das especulações e dos interrogatórios desconfiados. Respondiam, então, somente ao próprio Lorde das Trevas.

Lúcio havia desaparecido com Draco, sob o pretexto de cuidar dos ferimentos de seu filho. Severo conhecia a família Malfoy há muito tempo e tinha certeza de que uma tentativa de vingança não tardaria a vir. Então, Severo estava sentado, vigiando a bela mulher que perambulava pelo salão, rindo e dançando. Os trouxas obrigatórios tinham chegado umas poucas horas antes e estavam sendo tratados como brinquedo, como de costume. Hermione os observava com um sorriso frio; mas não fez gesto algum para se juntar à diversão.

Severo, sabendo do ferimento que ela sofrera mais cedo naquela noite, notou que ela perdia o passo de vez em quando e dava a impressão de estar tonta. Ela disfarçava bem, e parecia que ninguém mais estava a par de sua condição debilitada. Severo tinha certeza de que a mágica dela havia sido enfraquecida também, como era geralmente o caso em ferimentos na cabeça. Assim que fossem capazes de sair, ele tinha que levá-la de volta ao castelo e trabalhar em sua cabeça. Por ora, tudo o que podia fazer era observar e ficar preparado.

Ele estava tão absorto em sua vigilância que não percebeu que Braden Sloane havia se aproximado do seu lado, até que o homem falou. “Severo, gostaria de trocar umas palavras com você, se não se importa.”

“O que posso fazer por você, Sloane?”, Snape murmurou, irritado, já sabendo a resposta.

O homem alto e robusto moveu-se para frente de Severo, bloqueando a sua visão de Hermione. “Gostaria de saber como você pôde permitir que o meu filho fosse expulso de Hogwarts. Nós deveríamos estar nos protegendo.”

Severo estava espumando. Ele não gostava de ser questionado por pessoas como alguém da família Sloane. Mesmo para os padrões dos Comensais da Morte, eles eram bastante indesejáveis. No lugar de provocar uma cena que poderia acabar causando mais distração, Severo lidou com o problema diretamente, esperando terminar rápido com a conversa.

“Seu filho tolo atacou um professor de Hogwarts. Ele foi visto não só pelo monitor da Sonserina, mas por vários Grifinórios também. O Sonserino veio até mim, claro, os Grifinórios foram correndo atrás do Diretor. Tenho certeza de que você está ciente de que Hermione e eu estamos exibindo a fachada de um romance tórrido, para nos concederem o tempo a sós de que precisamos para trabalhar. Como eu poderia defender o garoto que atacou sexualmente minha namorada? Não havia escolha; era ele, ou esta operação. Agora, a não ser que você queira levar essa discussão até o próprio Lorde das Trevas pra ver a opinião dele sobre qual teria sido a melhor decisão, sugiro que você vá andando.”

“Peço desculpas, eu não estava ciente de que ele foi estúpido o bastante pra fazer isso quando havia testemunhas. É claro que você tomou a decisão certa. Vou cuidar pessoalmente pra que ele seja adequadamente punido. Obrigado, Severo.”

Severo balançou a cabeça uma vez, esperando dispensar o homem. Não funcionou, e Braden continuou, “Ele me contou mesmo que, se não fosse por você, Hermione muito provavelmente teria conseguido matá-lo. Para uma sangue-ruim, ela é uma verdadeira peste.”

Agora Severo estava furioso. Ele avançou sobre o homem calvo, sua voz baixa fervilhando de raiva. “Sugiro que tome cuidado com o seu tom, Sloane. Hermione Granger é favorecida por Voldemort, assim como eu. Ela também é minha parceira e conquistou o meu respeito, o que é muito difícil de se obter. Se eu alguma vez o ouvir falar dela em tais termos novamente, irei direto ao Lorde das Trevas pessoalmente e pedirei a tua ajuda em um experimento de poções muito importante. Até mesmo um Mestre de Poções como eu pode cometer um erro; poções dão errado a todo momento.”

A sua ameaça obviamente atingiu o alvo e, imediatamente, o homem estava se rastejando. “Eu não estava insinuando nada, Severo. Estou ciente de que ela conquistou o respeito de todos. Só queria agradecê-lo por salvar a vida de Marcus. Vou andando, agora.” Braden se deslocou pela multidão e desapareceu.

Severo retomou seu assento e revistou o salão, à procura de Hermione. Todo mundo estava perambulando e se espremendo pelo salão, tornando-a muito difícil de ser localizada, agora que ele a tinha perdido de vista. Ele se levantou e começou a traçar um amplo círculo ao redor do perímetro do aposento, seus olhos escuros se movendo, procurando.

Em um canto, ele deu de cara com um grupinho se revezando em sodomizar um trouxa macho. O homem, sangrando, olhou para Severo, implorando silenciosamente com olhos cheios de dor. Normalmente, Severo teria intervindo e exigido o homem para si. Ele o teria levado até algum lugar reservado sob o pretexto de usá-lo; então, teria acabado com o seu sofrimento de forma rápida e indolor. Não havia tempo para eutanásia agora. Ele tinha que encontrar Hermione, o seu estado enfraquecido o preocupava muito e ele temia pela vida dela. Severo continuou, abandonando o homem ao seu destino.

Durante a sua busca, os seus olhos recaíram sobre o Lorde das Trevas, ainda assistindo à celebração. Voldemort fez um gesto para ele, e Severo não teve escolha além de obedecer à convocação. Ele se aproximou do demônio e inclinou a cabeça em um sinal de submissão.

“Gostaria de falar com você em particular, Severo. Com você e com a Hermione. Tenho alguns detalhes que gostaria de revisar com vocês. Localize-a e me encontre lá embaixo no escritório.”

Mais uma vez, Severo inclinou a cabeça, “Naturalmente, Meu Lorde.” Ele recuou, retirando-se, e retomou sua busca. Traçou seu caminho pela multidão, mas sem resultado. Hermione não estava no salão de baile. Severo fez seu caminho até a porta, resistindo ao desejo de correr. Seu coração batia um ritmo tomado de pânico sob suas costelas e ele se esforçava em puxar o ar. Revistou os aposentos no segundo andar e, uma vez mais, voltou de mãos vazias.

Severo desceu correndo os degraus, de dois em dois, não se preocupando, a essa altura, com a sua conduta ou com o som dos seus pés correndo pela escada. Voldemort chegou à porta do escritório quando ele atingia o último degrau. O Lorde das Trevas dava a impressão de estar irritado pela demora, “Severo, estava esperando. Onde está Hermione?”.

“Meu Lorde, peço desculpas; mas não pareço ser capaz de encontrá-la. Se o senhor...” Um grito de mulher veio da biblioteca na outra extremidade da casa, apenas para ser interrompido abruptamente. Severo não emitiu nenhuma explicação adicional, mas saiu correndo pelo corredor.

Em frente à porta, ele parou e respirou fundo. Não podia se lançar precipitadamente ao aposento. Agir com pressa poderia provar-se ser fatal. Ele puxou sua varinha e, com um feitiço murmurado, a porta se tornou transparente do seu lado.

A cena no aposento quase o levou ao chão. Hermione estava sendo segurada por Draco Malfoy, Gregory Goyle, Braden Sloane e um Comensal que era estranho a ele. Engatinhando de cima dela estava Marcus Sloane. O garoto moveu-se para o lado e outro homem desconhecido tomou o seu lugar. Assistindo à cena estavam Lúcio Malfoy e vários outros de seus companheiros.

Hermione parecia estar inconsciente. Severo podia ver que havia sangue escorrendo do canto de sua boca e seu olho anteriormente machucado estava agora fechado de tão inchado. Eles obviamente a haviam espancado violentamente. Severo não podia nem ter certeza de que ela ainda estava viva.

Antes que ele pudesse formular um plano rápido, Voldemort apareceu ao lado dele e observou o aposento. “Idiotas.” Com isso, a porta se escancarou subitamente e o Lorde das Trevas invadiu o aposento. “Petrificus Totalus.” Dez homens jaziam imóveis no chão com o feitiço de Voldemort.

“Severo, examine-a. Eu tomarei conta deles.”

Severo precipitou-se até o corpo dela e examinou o seu pulso. Estava fraco, mas seu coração ainda estava batendo. Seu peito mal se erguia, mas se erguia regularmente. Ele murmurou palavras de cura para ela e começou a estabilizar a sua condição. Após vários minutos, seus olhos se abriram, tremulando. Ela lhe deu um sorrisinho e se esforçou para falar, “Onde você estava quinze minutos atrás, Snape?”.

Ele respondeu o sorriso e replicou suavemente, “Procurando você, Granger. Quieta agora, sua boba, enquanto eu tento pôr você de pé.”. Ele continuou a trabalhar e ficou aliviado ao ver o peito dela se erguer, puxando o ar novamente em um volume normal. “Você consegue ficar de pé?”

Ela acenou com a cabeça, concordando, e, com um braço atrás de suas costas, se sentou. Hermione se balançou contra ele, obviamente dominada pela tontura. Severo moveu sua varinha de novo sobre a cabeça dela e falou mais palavras. Os olhos dela pararam de rodar. “Obrigada. Mas não me deixe, não acho que tenho qualquer capacidade mágica agora.”

“Não vou a lugar algum, Granger. Agora de pé, se apóie em mim.”

“Só me ponha de pé, Snape, eu me viro a partir daí. Aqueles imbecis não vão me ver cair, isso eu lhe garanto.”

Severo carregou a maior parte do peso dela sobre si enquanto ela se punha de pé. Uma vez firme, ele a soltou. Ela conseguiu erguer o queixo e andar até o lado oposto do aposento. O Lorde das Trevas tinha deslocado os agressores dela para um canto e desfeito o feitiço. Agora, eles jaziam de cara no chão.

Hermione não disse uma palavra a Voldemort, apenas caminhou direto para além dele e até onde Lúcio Malfoy se encontrava. De onde tirou a força, Severo não tinha idéia; mas ela deu um chute brutal ao lado da cabeça do homem loiro. A força do golpe o fez se virar de lado e, antes que pudesse se mexer para se proteger, ela deu um chute ainda mais forte à sua virilha. Com um último ataque contra a sua região central, ela pareceu satisfeita, e moveu-se para trás para ficar ao lado de Voldemort. Severo ficou satisfeito em notar que um fio de sangue agora escorria da boca de Malfoy.

Voldemort foi o primeiro a falar, “Seus imbecis. O que estavam pensando? Ela é a arma mais forte que possuo agora e vocês decidem atacá-la? E se a tivessem matado? O plano todo teria sido destruído. Olhem pra vocês, foram necessários nove de vocês pra subjugá-la. Ela vale noventa de vocês. Hermione, o destino deles está em suas mãos agora. Se eles vivem ou morrem, a decisão é sua. Lance o Avada Kedavra se quiser, eles não têm importância pra mim.”.

Severo sabia qual seria a escolha dela, mas também sabia que ela não estava em condições de executá-la. Ela caminhou devagar pela fileira de homens, examinando-os com um enojado sorriso de desdém. Finalmente, pareceu ter tomado a sua decisão e colocou-se mais uma vez ao lado do demônio.

“Eu lhes concedo suas vidas por enquanto. A batalha chegará em breve e as vidas deles podem ser necessárias. Reservo o direito de tirar suas vidas num momento posterior de minha escolha. Se isso for aceitável ao Meu Lorde, claro.”

Voldemort sorriu, satisfeito com a escolha dela de colocar a batalha dele acima dos seus próprios desejos. Hermione tinha, mais uma vez, provado ser seu mais fiel serviçal. “Muito bem, as vidas deles são suas para reivindicá-las mais tarde. Severo, creio que ela tenha tido o bastante por esta noite. Leve-a de volta ao castelo e providencie pra que ela seja tratada e se recupere novamente.”

Voldemort ergueu sua varinha até a garganta e chamou à festa lá em cima por mais Comensais para se juntarem a ele. “Não acabei com vocês, cavalheiros, no entanto.”

Hermione riu exuberantemente a isso e girou sobre os seus saltos. “Divirta-se, Meu Lorde.” Severo a seguiu até o vão da porta. Eles deram passagem enquanto doze ou mais seguidores ocupavam o aposento. Hermione se virou mais uma vez às palavras, “Crucio.”, e sorriu ao ver as figuras no chão gritando e se contorcendo em agonia.

Com uma mão gentil na cintura dela, Severo a guiou para fora da porta e a trancou atrás de si. Assim que o aposento estava fechado, ele a levantou nos braços e aparatou para o portão do castelo. Não perdeu tempo, falando com ela enquanto se apressava pelo caminho. “Estamos quase em casa, Granger, só se segure.”

Ele podia sentir o corpo dela enquanto ela começava a tremer incontrolavelmente e percebeu que ela estava tendo uma convulsão. Ele não teve escolha, a não ser parar e deitá-la sobre o chão frio. Murmurou um feitiço aquecedor enquanto retirava o cinto e o forçava entre os dentes dela.

Severo sabia que o ferimento na cabeça dela era grave e necessitava de melhor tratamento do que ele podia fornecer. Ele se sentou desamparadamente enquanto ela tremia, segurando sua mão e falando com ela em sua voz baixa e reconfortante, tentando chamar a mulher no interior. Dizendo a ela que ele estava ali e que ele a ajudaria nisso. Finalmente o ataque passou, embora ela tenha permanecido inconsciente.

Ele a tomou nos braços mais uma vez e andou depressa em direção às portas da frente do castelo. Diante dele, elas se abriram de todo e o Diretor e Papoula estavam esperando. “Vi sua chegada.”, Alvo disse simplesmente. Severo se moveu rapidamente pelas escadas e pelas masmorras até o aposento deles. No seu quarto, ele a deitou sobre a cama e deu uns passos para trás enquanto a medibruxa abria sua bolsa e começava a avaliar a condição de Hermione.

Como Mestre de Poções, ele possuía um vasto conhecimento de trabalho sobre as artes de cura, e a ajudou enquanto ela trabalhava. Não havia tempo para explicações; Papoula o conduzia e ele obedecia. Várias vezes, Hermione começou a escapar. Juntos, ele e a medibruxa uniam os seus poderes e usavam alguns dos feitiços mais poderosos para a puxar de volta. Muitas horas se passaram antes que Papoula estivesse satisfeita com o resultado do trabalho deles.

“Severo, ela está estável agora. Tudo o que é necessário é um descanso de alguns dias e ela deve ficar bem. Tenho trabalho a fazer quanto às suas outras lesões. Seria melhor se você esperasse lá fora.” Severo começou a deixar o quarto e foi parado ao vão da porta pela voz de Papoula. “Severo, tenho que perguntar. Como vocês dois estão envolvidos... Você faz o Adversus Conceptio pra ela?”

Severo parou e agarrou o batente da porta por apoio. Ele não se virou, escondendo as emoções que sabia estarem estampadas em seu rosto. “Não, ela usa os feitiços.” Não lhe deu maiores esclarecimentos, apenas se retirou do quarto para se juntar a Alvo.

Os dois bruxos se sentaram em ambos os lados da lareira. Alvo falou calmamente, “O que aconteceu esta noite, Severo?”.

Suas emoções estavam em farrapos. Severo sabia que Alvo o vira em muitas situações vulneráveis através dos anos. Não viu necessidade de deter as lágrimas, de sossegar suas mãos trêmulas, enquanto começava a reviver a noite verbalmente para o Diretor. Ele fitava o fogo, vendo a figura ensangüentada dela novamente na chama dançante, enquanto descrevia o estado em que a encontrara. Não pôde disfarçar o orgulho em sua voz enquanto contava a Alvo a maneira pela qual ela ficara de pé por pura vontade própria e lançara seu próprio ataque físico ao Malfoy. Severo pressionava as palmas das mãos contra a testa, lutando com as visões, enquanto repassava a convulsão de novo.

Alvo ficou em silêncio por vários minutos, dando ao seu Mestre de Poções tempo para se acalmar. Ele finalmente falou, “Sinto tanto, Severo. Sinto tanto por vocês dois, que vocês tenham que passar por isso. Não posso dizer nada mais que isso, e isso não é o bastante. O momento em que isso vai acabar está se aproximando, essas são as únicas palavras de conforto que posso lhes oferecer. Isso, e vocês dois vão ver isso terminado. Algum dia, com o tempo, ela vai ficar inteira de novo, e vocês poderão ambos seguirem suas vidas.”.

A boca de Severo se escancarou. Ele se esforçava para encontrar as palavras para a fúria que estava se movendo dentro dele. Pôs-se de pé num salto, seus olhos se fixando no relógio sobre o consolo da lareira. “Tempo?” Ele bradou, “Você fala de tempo?”. O relógio estava nas mãos dele, e então foi arremessado pelo aposento para se despedaçar contra a porta do seu escritório. “Não existe tempo pra nenhum de nós dois e você sabe disso. Nunca existiu, não desde que nós dois nos tornamos escravos do Ministério. Não fale de tempo pra mim. Não há futuro, não mesmo. Só o passado, essa é a única coisa pela qual vamos ser assombrados pelo resto das nossas vidas.”

Papoula falou suavemente do vão da porta, tendo observado a explosão dele. Suavemente, ela falou, puxando-o para longe de seu ataque de fúria para se concentrar na mulher sobre sua cama. “Severo, ela está acordada e chamando por você. Os machucados dela foram curados; ela vai ficar tão boa quanto nova fisicamente. Suponho que ela vá estar recuperada por volta de segunda, quando as aulas recomeçarem.”

Severo fechou os olhos e silenciosamente agradeceu a quaisquer deuses que estivessem olhando por ela. Alvo e Papoula se moveram em direção à porta. Antes que entrasse no quarto deles, ele se virou e chamou a medibruxa, “Papoula?”.

“Sim, Severo.”

“Quando ela chamou por mim, ela... Ela chamou por Severo ou ela me chamou de Snape?”

A medibruxa ficou obviamente confusa com a pergunta dele, o que o informou de que ela não estava ciente de tudo o que estava acontecendo. “Ora, ela o chamou de Severo, é claro.”

Ele sorriu levemente a isso. “Obrigado, Papoula.”

Severo entrou no quarto fracamente iluminado e se sentou ao lado da figura pequena dela sobre a cama. Ao movimento, seus olhos se abriram e ela sorriu. “Severo, eu sinto tanto.” Lágrimas começaram a fazer seu caminho descendo pelas suas bochechas. Ele ergueu dedos gentis para enxugá-las.

“Você não tem motivo pra isso, meu bem. Falhei com você esta noite. Não devia ter permitido que você saísse da minha vista. Devia ter tirado você de lá quando Draco a atacou pela primeira vez. Devia...”

Ela ergueu uma mão fraca até a boca dele. “Não é culpa sua. Ela não lhe contou que os poderes dela estavam fracos. Você não pode se culpar.”

Ele ergueu sua própria mão para apertar a dela contra seus lábios, delicadamente pressionando um beijo às pontas dos seus dedos antes de abaixá-la. “Então você também não pode. Descanse agora, nós conversamos mais pela manhã.” Ele se inclinou para a frente e depositou um beijinho na testa dela, e se levantou para ir até o banheiro. Lavou-se e se trocou, colocando um par de calças de pijama e uma camiseta preta.

Ele voltou ao quarto e acendeu um fogo na lareira fria antes de apagar as luzes. Tinha pensado que ela estava dormindo, mas, ao som de um soluço abafado, ele se moveu até a cama de novo. Ela estava deitada de lado, seu corpo sacudindo-se em lágrimas silenciosas. Mais uma vez, ele moveu sua mão para enxugá-las da bochecha dela. Dessa vez, foi à mão dela que pegou a dele. Ela a arrastou para, desesperadamente, apertá-la contra seu coração. “Fique.”, foi tudo o que ela sussurrou.

Severo puxou os lençóis com sua mão livre e escorregou para a cama atrás dela. Ela lançou rapidamente o seu corpo para trás, para mais perto dele, extraindo conforto dele. Ele aconchegou a cabeça dela sob o seu queixo, e desejou que ela encontrasse alguma paz. Aos poucos, os soluços enfraqueceram, e a respiração dela tornou-se calma.

Um verso quase esquecido passou pela mente dele. Ele sussurrou no cabelo dela, como se tentando forçar o sentimento para dentro da sua mente adormecida.

“More o sono em teus olhos, a paz em teu peito!”

Ela se moveu levemente contra ele, e murmurou em resposta, ainda semi-adormecida.

“Fosse eu o sono e a paz, pra dormir desse jeito.”

Ele sorriu contra ela. Com um suspiro contente, os olhos dele se fecharam. Juntos, eles encontraram a sua própria paz na noite.

***

N/T:
Os versos citados pertencem à cena dois do segundo ato da peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare. A tradução não está lá essas coisas, pois foi feita por mim, que não entendo muito de poesia, na tradução fiz o que pude pra “enganar” vocês. Bom, seguem os versos originais:
Sleep dwell upon thy eyes, peace in thy breast!
Would I were sleep and peace, so sweet to rest!

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