Capítulo 03




A Fortaleza Interior
By Idamae


Negócio de leis: As personagens pertencem a J.K.Rowling. Estou apenas emprestando-as, por razões não-monetárias.

Esta história contém imagens que podem ser perturbadoras para alguns leitores, incluindo estupro, violência, assassinato, sexo, tortura e um grande número de outras coisas mórbidas. Se você não quer ler sobre tais coisas, aperte o botão Voltar, AGORA!!!

Capítulo 03

Severo ainda estava sentado no chão quando Alvo entrou correndo na sala, com Minerva bem atrás. Ele ainda estava tentando compreender tudo o que tinha visto. Balançava a cabeça devagar, para um lado e para o outro. Ergueu olhos confusos para o bruxo mais velho. “Como pôde deixar isso acontecer, Alvo?”

Alvo falou, seus olhos nunca deixando os do Mestre de Poções. “Minerva, posso usar seus aposentos?”

“Claro.”

O Diretor esperou pelo som da porta se fechando antes de se mexer. Ele arrastou os pés devagar até uma cadeira próxima ao fogo e se sentou pesadamente. Olhou para baixo, para o chão, tentando compor seus pensamentos.

Severo nunca havia visto a idade escrita sobre o rosto do Diretor do modo como estava nessa noite. Ele se forçou a ficar de pé e sentou-se em frente a Alvo.

Finalmente, olhos azuis mais uma vez encontraram os seus olhos escuros, e Alvo começou, “Você precisa saber que eu não tinha idéia d’o que o Ministério estava planejando com a Hermione. Se tivesse qualquer indício, eu nunca teria permitido isso. Eu a teria mantido aqui, com ou sem o consentimento dela. Eu a teria mantido segura.”

Alvo examinou cuidadosamente o homem sombrio antes de perguntar, “Estou supondo que ela tenha lhe mostrado, ao menos em parte, o que fizeram com ela.”

Severo fechou os olhos, lutando contra as lágrimas que estavam ameaçando se derramarem. Ele apenas pôde acenar com a cabeça, concordando.

“Exatamente o que pensei. Ela as dividiu comigo também. A maneira pela qual o Ministério consegue racionalizar suas ações está além do alcance do meu entendimento. O fato da questão é que, como uma nascida trouxa, Hermione foi vista como um tanto quanto sacrificável. Muitos sangues-puros ainda mantêm os preconceitos que não são ditos. Nunca teriam mandado uma mulher sangue-puro pra dentro do covil da serpente.”

“Quanto à desculpa repugnante para o treinamento, não tenho explicação. Suponho que uma mente doentia pode influenciar muitas outras e a idéia de torturar, estuprar, espancar...” Aqui, a voz de Alvo falhou. Após um momento, ele continuou, “Simplesmente não tenho explicação para tal comportamento.”.

Severo correu suas mãos trêmulas pelo cabelo. “Por que ela permitiu que fizessem isso com ela? Poderia ter dito não.”

“Por que você não diz não, Severo?”

A isso, ele sorriu afetadamente. Remo costumava dizer-lhe que ele deveria parar de ser tão mártir. Por um longo tempo, não pôde entender de modo algum por que Severo sentia a necessidade de colocar sua mente, seu corpo, caramba, sua vida toda em risco. Levou um bom tempo, mas Remo por fim aceitou o fato de que Severo sentia necessidade de lutar dessa forma, de que isso era a sua contribuição para a guerra. Espionar era perigoso, mas era o lugar em que ele era mais eficiente, tinha o impacto maior. Um reconhecimento cobriu Severo, “Remo estava apaixonado por ela.”.

Um pequeno sorriso quebrou a expressão rígida do Diretor. “Isso ele estava. O Ministério, por recomendação de Harry, o chamou. Tendo sido o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas de Hermione pelos vários últimos anos, pensaram que ele poderia ajudar. Os métodos deles não estavam funcionando; ela não era capaz de controlar suas emoções o suficiente pra ser convincente no seu papel. Não acho que ele era plenamente informado do alcance dos exercícios de treinamento dela. Sei que Hermione não contava pra ele.”

Severo acenou com a cabeça, concordando. “Ele a teria tirado de lá se tivesse sabido a verdade.”

Alvo refletiu sobre essa afirmação. “Hermione o amava, tanto quanto ela podia amar alguém nesse momento. Ela levou a sério o conselho dele; temo que um pouco demais. A Hermione que conhecemos se fecha completamente, se esconde. A criatura que toma o seu lugar é assustadora, de fato. Eu a vi somente um punhado de vezes. Não tenho certeza do que ela é capaz, apenas de que é extremamente poderosa e cheia de ódio por Voldemort e os Comensais. Ela vai trabalhar com você, Severo. É uma aliada muito poderosa. Ela culpa Voldemort e os seus seguidores totalmente pelas indignidades e pela dor que a nossa Hermione teve que sofrer. Ela quer vê-los mortos e fará qualquer coisa pra levar isso a cabo.”

“Alvo, eu temo por ela. O que vai acontecer com a nossa Hermione?”

“Por enquanto, ela está aqui a maior parte do tempo. A Comensal da Morte somente aparece quando ela se sente ameaçada ou está em perigo. Aqui em Hogwarts ela é a aluna, a jovem que nós conhecemos pelos últimos nove anos, mais ou menos. Quanto tempo isso pode continuar, eu não sei. Ela vai decidir ir pra sua sala de aula e nunca retornar? Pode ser. Temos que encontrar um jeito de acabar com isso, e logo.”

A mente de Severo estava oscilando novamente. “Por que a minha sala de aula, por que eu? Ela sempre me odiou e deixava esse fato muito claro. Devo admitir que, até esse ponto, eu não tinha exatamente um sentimento especial por ela também.”

Alvo sorriu com essa revelação. “Sim, mas ela sabia das suas atividades como espião desde o quarto ano dela. Ela sempre o respeitou, confiou em você. Via-o como uma pessoa que protegeria seus alunos, não importa qual o custo. Ela compreendia você, Severo. A Hermione Comensal da Morte parece ser construída segundo o seu exemplo: forte, poderosa, auto-confiante, temperamental, passional, e absolutamente miserável às vezes. Todos traços característicos que você transmite em abundância.”

“Severo, creio que todos nós vimos o bastante por essa noite. Quanto a mim, estou indo de volta aos meus aposentos pra um grogue quente e um descanso noturno. A propósito, o lado serpente da nossa Professora de Defesa Contra as Artes das Trevas solicitou aposentos nas masmorras. Reabri a suíte defronte à sua. Isso deve permitir que vocês dois trabalhem um pouco mais próximos. Dê uma examinada nela no caminho até os seus aposentos; imagino que o leão retornou, a essa altura.”

Os bruxos se levantaram e fizeram seu caminho até a porta. Alvo colocou uma mão consoladora no ombro de Severo. “Não se culpe, Severo.”

“Como posso não me culpar? Fui algum tipo de modelo doentio, distorcido, pra garota. Você realmente acha que, se eu nunca tivesse entrado na vida dela, ela teria concordado em deixar metade do mundo mágico se deitar com ela? Ela teria se deixado ser enfeitiçada e espancada sem meu exemplo pra seguir? Pelos deuses, Alvo, eu não tinha idéia de que alguém iria algum dia querer ser como eu.”

“Severo, você nunca foi qualquer coisa pra ela além de um exemplo de um homem bom. Ela o respeitava. Apesar dos seus erros, do seu passado, da sua conduta, ela respeitava você e o trabalho que você fazia. Você não pode se culpar pelas escolhas que ela fez, mais do que eu posso me culpar pela marca que você carrega. Eu o vejo no café da manhã, meu garoto querido.”

Vagarosamente, ele fez seu caminho até as masmorras. Passando pela Sala de Aula de Poções, pegou uma passagem pouco usada à esquerda. Quando se aproximava do final, pôde ouvir o som de música. Uma canção familiar vinha do vão ocupado pela porta que agora se encontrava em frente à sua. Ele tinha ouvido a canção muitas vezes, nos quartos de Remo. Nunca compreendeu a atração do seu amigo à banda trouxa. “Agora, Remo, agora eu finalmente compreendo.”

I'm so in love with you
(Estou tão apaixonada por você)

Whether it is right or it's wrong
(Se isso é certo ou é errado)

I'm too weak to be strong
(Estou muito fraca pra resistir)

I'm so in love with you
(Estou tão apaixonada por você)

Well you say you need something
(Bem, você diz que precisa de alguma coisa)

To help you when you're down, to take your fears away
(Pra ajudar você quando está pra baixo, pra levar seus medos embora)

Yeah you say you'd do anything
(Sim, você diz que faria qualquer coisa)

To keep your feet off the ground
(Pra manter seus pés longe do chão)

And help you on your way
(E ajudar você no seu caminho)

You're all I need
(Você é tudo de que preciso)

Yeah you are all that I need
(Sim, você é tudo de que preciso)

I'm so in love with you
(Estou tão apaixonada por você)

I'm so in love with you
(Estou tão apaixonada por você)

Whether it is right or it's wrong
(Se isso é certo ou é errado)

I'm too weak to be strong
(Estou muito fraca pra resistir)

I'm so in love with you
(Estou tão apaixonada por você)

Ele pôs sua mente em ordem, ergueu a mão e bateu. O som da música enfraqueceu-se um pouquinho, mas não desapareceu. A porta abriu uma fresta, quando Hermione olhou atentamente para fora. Ela piscou os olhos, várias vezes. Então, a porta abriu-se de todo de repente e permitiu a entrada de Severo. Ela voltou para a cadeira próxima ao fogo e se embrulhou em um cobertor pesado. Severo não esperou por nenhuma ordem dela, apenas sentou-se à sua frente.

Os olhos dela estavam bem abertos enquanto fitava o fogo. Mas definitivamente eram os olhos dela. Eles não falaram enquanto a canção continuou a tocar.

When you see your reflection
(Quando você vê seu reflexo)

You say it isn't you
(Você diz que isso não é você)

Then you turn the other way
(Então você se vira para o outro lado)

And I'm watching you suffer
(E eu estou assistindo a você sofrer)

Yourself and your pain
(Você mesmo e sua dor)

Please don't fade away
(Por favor, não desapareça)


You're all I need
(Você é tudo de que preciso)

Yeah you are all that I need
(Sim, você é tudo de que preciso)


I'm so in love with you
(Estou tão apaixonada por você)

I'm so in love with you
(Estou tão apaixonada por você)

Whether it is right or it's wrong
(Se isso é certo ou é errado)

I'm too weak to be strong
(Estou muito fraca pra resistir)

I'm so in love with you
(Estou tão apaixonada por você)

A música desapareceu gradualmente e mudou para uma batida mais rápida.

Ela sorriu timidamente e finalmente foi capaz de encontrar sua voz. “Desculpe, eu realmente gosto dessa canção. É de uma banda chamada Texas.”

Ele pesou sua resposta cuidadosamente. ‘Não há razão para perturbá-la mais.’ “Sim, eu os conheço.” Ela olhou para ele, surpresa manifestada claramente no rosto dela. Surpresa e pânico.

Por um momento, Severo esperou que os olhos dela se tornassem frios e distantes. Não se tornaram, ela visivelmente desejava se acalmar. Seus olhos voltaram-se para a lareira.

Ela aspirou tremulamente e se compôs. “Sinto muito pelo que aconteceu hoje à noite. Eu esperava ter algum tempo pra falar com você, explicar as coisas pra você. Nunca pensei que você estaria lá esta noite, que me veria daquele jeito tão logo.”

Severo examinava as mãos dele, não querendo fazê-la se sentir embaraçosamente encurralada pelos seus olhos. “Não são necessárias desculpas de sua parte, Hermione.”

Mais uma vez, os olhos dela voaram para o rosto dele e novamente eles tinham um brilho de pânico. “Do que você acabou de me chamar?”, ela sibilou.

Severo rapidamente voltou atrás, “Desculpe, eu apenas supus que, com a natureza do nosso novo relacionamento profissional, poderíamos dispensar as formalidades. Posso continuar com Professora Granger, se você quiser.”. Ele nunca havia estado tão nervoso na presença de uma bruxa e não gostava de se sentir assim agora.

“Não, assim está bom.” Ela sorriu para ele. “É só que você nunca usou meu primeiro nome antes. É realmente um choque, vindo de você...... Severo.” Ela testou o seu nome na língua dela.

Ele relaxou um pouquinho com a familiaridade do seu nome. “Sou eu quem deveria se desculpar. Nunca deveria ter feito o que fiz lá em cima. Sinto muito. Não posso dizer mais nada e não tenho justificativas. Você tem minha palavra de que isso nunca vai acontecer de novo.”

Ela sorriu, distante, seus olhos se tornaram mais frios. “Desculpas não são necessárias, Snape. Você apenas ameaçou fazer o que qualquer Comensal da Morte assassino merece. Sua força é uma peculiaridade que admiro em você há tempos.” Os olhos chocados dele foram respondidos por um sorriso de desdém frio. “Nunca diga que isso não vai acontecer de novo. Você não pode ter certeza d’o que terá que fazer comigo, ou eu com você, antes que isso termine. Apenas se lembre, nada do que acontecer entre nós dois é pessoal. Tudo é justo no amor e na guerra.”

Ele apelou para o poder que sabia que sua voz podia comandar. Baixou a voz; falou baixo com ela, de modo a acalmá-la. “Hermione, sei que essa não é você. Você não precisa estar sempre na defensiva. Não comigo. Nós trabalhamos juntos agora. Eu vou mantê-la segura, Hermione. Juro que o farei.”

Os olhos dela clarearam, depois se encheram de lágrimas, enquanto encontravam os olhos escuros dele. Ela falou, balbuciando, “Você sempre o fez, Severo.”.

As bochechas dela coraram levemente e ela desviou o olhar. “Suponho que nós deveríamos fazer um plano de jogo, mas eu sinceramente não estou exatamente em condições de fazer isso esta noite. Não tenho dormido muito bem. Quando durmo, os sonhos... Posso vê-lo de novo. Posso ouvir... Isso não é importante.” Ela riu ligeiramente. “Tornei-me realmente competente em misturar Sono Sem Sonhos no escuro. Você ficaria verdadeiramente surpreso.”

Ele respondeu o sorriso dela, “Nada do que você fizer novamente vai me surpreender. Não depois de hoje à noite.”.

“Não, não suponho que vá.”

A tensão no lugar estava quebrada; ambos riam enquanto ele se levantava para sair. “Permaneça enrolada, você parece muito confortável pra ser perturbada. Consigo encontrar a saída. Estou bem do outro lado do corredor, caso você precise de qualquer coisa. Vou assegurar que as proteções a reconheçam e a deixem entrar. Conversamos mais amanhã, Hermione.”

Ele fez seu caminho até a porta. Não confiava em si mesmo para virar-se de frente, para vê-la enrolada como uma criança assustada diante do fogo. “Boa noite, Hermione”, disse suavemente.

“Boa noite, Severo.”

Ele fechou a porta para os aposentos dela atrás de si e, quase imediatamente, o som da música aumentou novamente. Ele tropeçou contra a parede de pedra e se encostou lá, escutando a letra perseguidora que o cercava.

Are you ready maybe are you willing to run
(Você está pronto? Talvez esteja disposto a correr?)

Are you ready to let yourself drown
(Você está pronto pra se deixar afogar?)

Are you holding your breath
(Você está prendendo a respiração?)

Are you ready or not
(Você está pronto ou não?)

Are you ready maybe do you long to confess
(Você está pronto? Talvez você queira muito se confessar?)

Do you feel that you're already numb
(Você sente que já está entorpecido?)

Are you sure of yourself
(Você está confiante?)

Would you lie if you're not
(Você mentiria se não estivesse?)

You tire me out don't want to let that happen
(Você me cansa, não quero deixar isso acontecer )

A secret scream so loud why did you let that happen
(Um grito secreto tão alto, por que você deixou isso acontecer?)


So put your arms around me
(Então coloque seus braços em torno de mim)

You let me believe that you were someone else
(Você me deixou acreditar que era outra pessoa)

Cause only time can take you
(Porque somente o tempo pode levá-lo)

So let me believe that I am someone else
(Então deixe-me acreditar que sou outra pessoa)


Maybe are you ready to break
(Talvez você esteja pronto para quebrar?)

Do you think that I push you too far
(Você acha que eu o pressiono demais?)

Would you open yourself
(Você se abriria?)

Are you reckless or not
(Você é temerário ou não?)


You tire me out don't want to let that happen
(Você me cansa, não quero deixar isso acontecer)

A secret scream so loud why did you let that happen
(Um grito secreto tão alto, por que você deixou isso acontecer?)


So put your arms around me
(Então coloque seus braços em torno de mim)

You let me believe that you were someone else
(Você me deixou acreditar que era outra pessoa)

Cause only time can take you
(Porque somente o tempo pode levá-lo)

So let me believe that I am someone else
(Então deixe-me acreditar que sou outra pessoa)

Ele encontrou seu caminho cruzando até sua porta. Com um comando sussurrado, ela se abriu de todo de repente. Sem realmente pensar, ele reajustou as proteções para que a reconhecessem. Brevemente, perguntou a si mesmo se elas reconheceriam a Hermione Comensal da Morte também. Acomodou-se em uma cadeira próxima à lareira. A visão dela preencheu sua mente. Com um gesto desanimado de sua varinha, o fogo troou com vida. Ele precisava de calor confortante esta noite.

Duas pessoas passaram a noite nas masmorras, insones e fitando o fogo. Ambas estavam com medo de fechar os olhos, com medo das visões que assombrariam seus sonhos.

***

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