Capítulo 15



A Fortaleza Interior
By Idamae


Negócio de leis: As personagens pertencem a J.K.Rowling. Estou apenas emprestando-as, por razões não-monetárias.

Esta história contém imagens que podem ser perturbadoras para alguns leitores, incluindo estupro, violência, assassinato, sexo, tortura e um grande número de outras coisas mórbidas. Se você não quer ler sobre tais coisas, aperte o botão Voltar, AGORA!!!

Capítulo 15

Várias semanas se passaram, um tempo que foi preenchido com planos, preparo de poção e noites ardentes. O fim de novembro se aproximava e o castelo estava apenas começando a se avivar com os cheiros de azevinho, pinho e especiaria.

Severo começou a perceber que a sua Hermione estava fazendo cada vez menos aparições. Mesmo na cama deles, havia umas poucas noites em que ele se via dormindo (somente dormindo) com a Comensal da Morte, a sua Hermione sem poder ser encontrada em lugar algum. Enquanto o dia vinte de dezembro se aproximava, Severo tinha a sensação desagradável de que a estava perdendo.

Junto com as mudanças de personalidade, vieram mudanças de apetite e falta de sono também. Quando pressionada por uma explicação, as duas formas apenas diziam que não estavam se sentindo bem, que estavam cansadas, ou que estavam estressadas com os pensamentos acerca de o que estava por vir. Severo não forçou o assunto, já que ele parecia estar sentindo muitas das mesmas coisas também.

A noite de vinte e oito de novembro rugiu com a ardência. Voldemort os estava chamando pela primeira vez desde o festim do Dia das Bruxas. Após uma rápida troca de roupas, eles aparataram aos pés do Lorde das Trevas.

Como de costume, Hermione imediatamente se levantou para se juntar ao demônio. "Meu Lorde, é um prazer. Senti falta da sua companhia e estava ficando mesmo preocupada pelo senhor não ter me chamado antes."

Voldemort sorriu o sorriso que era reservado somente para Hermione. "Ah, Hermione. Não tenha medo. Já que, em sua última aparição, você foi tratada com tamanho desrespeito, decidi deixar você ter um tempinho para se recuperar. Creio que você e o Severo tenham algumas informações para mim."

Ao som do seu nome, Severo se pôs de pé também, com o cuidado de ficar, respeitosamente, um passo ou dois atrás de Hermione. "Oh, sim, Meu Lorde. Fizemos grandes progressos no planejamento da batalha."

"Muito bem. Hermione, qual é a data que vocês decidiram?" Voldemort olhou mais uma vez para a mulher espremida em roupas pretas justas diante dele.

"Meu Lorde, o dia vinte de dezembro será o de maior redução na população do castelo. Essa noite seria o melhor momento para o ataque. Na noite anterior ao ataque, vou mandar uma coruja para o Malfoy com a lista do pessoal que permanecerá no castelo. Eles vão aparatar na hora do jantar e pegá-los todos de surpresa no Salão Principal."

Voldemort parecia satisfeito com a perspectiva até então, mas tinha uma pergunta. Era uma pergunta que eles, claro, haviam previsto, "E as proteções contra aparatar?".

Severo se dirigiu a ele, então, "Meu Lorde, creio que o senhor esteja ciente de que posso minar as proteções na minha sala de aula por curtos períodos de tempo. Tempo que me permite responder aos seus chamados. Trabalhei incansavelmente e aperfeiçoei um feitiço que permitirá que os seus servos apareçam na minha sala. A partir daí, eles podem prosseguir desimpedidos até o Salão Principal."

"Brilhante, Severo, brilhante mesmo." O Lorde das Trevas estava, por assim dizer, radiante à expectativa.

Ainda assim, Hermione expandiu a imagem belamente pintada em sua mente. "Uma vez que o castelo esteja seguro, Meu Lorde, o Lúcio pode voltar aqui e, juntos, nós quatro podemos fazer nossa aparição. Vou praticamente chorar de felicidade à visão daquele velho tolo jazendo em uma poça de sangue, Meu Lorde."

Voldemort estreitou os olhos levemente, parecendo um pouquinho agitado. As órbitas vermelhas pousaram sobre Lúcio Malfoy. "Malfoy, venha, curve-se diante dela." Lúcio hesitou por não mais do que um breve segundo, antes de vir se ajoelhar diante de Hermione. "E este aqui, Hermione? Você ainda consegue trabalhar com ele?"

Hermione cruzou seus braços enluvados diante de si. Por vários longos instantes, o único som que havia era o de seus saltos altos estalando na pedra enquanto ela andava em círculos ao redor do homem loiro, lentamente. Parando atrás dele, ela se ajoelhou e, com um puxão cruel nos cabelos dele, forçou sua cabeça para trás. A sua boca perto da orelha de Lúcio, ela respondeu em um ronronar, "Sim, Meu Lorde, eu consigo trabalhar com ele. Qualquer coisa pelo senhor, Meu Lorde. Qualquer coisa pelo bem da causa."

Malfoy foi repentinamente atingido por um joelho violento em suas costas e se viu com o rosto voltado para baixo, prostrado no chão. Hermione andou ao redor do homem, tomando o cuidado de cravar um salto afiado nas costas da mão do Malfoy ao caminhar para a frente para ficar ao lado de Voldemort.

"Não esperava nada menos do que isso de você, minha querida garota. Estou muito satisfeito e vocês dois serão recompensados quando isso acabar. Posso lhes garantir coisas que vão além dos seus sonhos mais extravagantes. Agora, vou chamar vocês todos de volta em duas semanas para as preparações finais. Meus servos, vocês podem esperar várias reuniões com Lúcio na semana final antes do ataque. Todos vocês terão as suas tarefas e ficarão preparados para tomar Hogwarts."

"Agora, pessoal, suas recompensas estão chegando enquanto conversamos. Divirtam-se, por favor. Isso não é mais do que uma amostra das coisas que estão por vir."

A batida de música preencheu o aposento, respondida pelo giro atordoante de centenas de luzes. Hermione se moveu para a frente e sorriu para Severo. Uma mão se ergueu entre eles, um cigarro surgindo entre os dedos dela. "Severo, você se importaria?" Ele escorregou sua varinha de sua manga e, quando seus olhos se fixaram nos dedos dela, ele viu. Enrolados em torno dos seus dedos estavam vários fios de cabelo loiro. Ele lhe deu um sorrisinho enquanto acendia o cigarro dela. "Muito bem, Granger." Com uma reverência feita inclinando-se pela cintura, ele se moveu para trás nas sombras, para manter uma vigilância cuidadosa.

Hermione não circulou pelo aposento, como havia sido o seu hábito anteriormente. Ela se moveu novamente para ficar ao lado de Voldemort. Ficou em pé orgulhosamente ao lado do Lorde das Trevas e observou as atividades acontecendo ao redor deles. Severo percebeu que eles falavam em voz baixa e, até mesmo, viu o Lorde das Trevas sorrir uma ou duas vezes de qualquer coisa que ela sussurrou em seu ouvido. Severo ficou impressionado com a facilidade com que ela tinha o demônio em suas mãos.

Após um tempo, Severo se moveu de volta para fora e fez seu caminho até ficar do outro lado de Hermione. "Meu Lorde, Hermione. Só queria ver se vocês decidiram de que prazeres vão compartilhar neste início de noite."

Voldemort se virou e examinou Severo cuidadosamente antes de falar para Hermione. "Minha cara, gostaria de ter uma palavrinha com Severo a sós, se você não se importa."

"De maneira alguma, Meu Lorde." Hermione se retirou e começou a socializar por todo o aposento.

Quando ela estava fora do alcance de escuta, Voldemort começou a falar, "Hermione esteve me informando mais detalhadamente sobre o relacionamento profissional que vocês dois desenvolveram. Ela não tem nada além dos maiores elogios a você. Estou muito satisfeito. Sob o risco de soar romântico, ouso dizer que ela possa estar um pouquinho encantada por você. Agora, tem havido relacionamentos entre os meus servos por muitos anos até hoje. Ah, está na nossa natureza, não está? Os prazeres carnais que posso providenciar nas minhas celebrações de pouco adiantam no escuro da noite. E ela é bonita. Se eu não estivesse além desse ponto na minha existência, creio que a teria reivindicado para mim mesmo.".

Severo não podia acreditar no que estava ouvindo. Voldemort continuou, "Mas, do jeito que as coisas são, só quero que saiba que você tem o meu consentimento. Mais do que isso, sinto que qualquer criança nascida de tal união seria verdadeiramente um bem não apenas para vocês dois, mas para mim também. Uma bruxa ou um bruxo de muito poder, de fato. Isto dito, se você quiser reclamar a sua bruxa e se retirar com ela para a noite, sinta-se à vontade para fazê-lo".

Severo foi pego um pouco sem palavras. Ele conseguiu dizer um rápido, "Sim, Meu Lorde, obrigado, Meu Lorde.", antes de se retirar para encontrar Hermione. Colocando um braço ao redor da cintura dela, guiou-a em direção à porta. "Não sei ao certo o que você disse pra ele, mas, a menos que eu esteja enganado, recebemos uma ordem de ‘crescei-vos e multiplicai-vos’ de Voldemort."

Hermione pisou no freio e se voltou para ele. Severo pôde ver que o rosto dela havia empalidecido. "O que você quer dizer com isso? O que ele te disse?"

"Acalme-se, Granger. Não é lugar nem hora pra discutirmos. Especialmente já que ele pensa que somos amantes. Com base nisso, nos foi dada uma suspensão das atividades noturnas. Agora, aja como a minha bruxa obediente e vamos sair daqui desse inferno." Severo a agarrou gentilmente pelos ombros e a virou. Com um tapa brincalhão na sua traseira, ela foi impelida para fora da porta.

Hermione olhou para trás por cima do ombro e sibilou, "Você não fez isso.". Severo riu e, juntos, eles desapareceram. Apareceram do lado de fora dos portões do castelo. No momento, Hermione estava furiosa. "O QUE ele disse pra você?"

Severo ficou atordoado com a intensidade da raiva dela, "Eu te disse pra se acalmar. Voldemort enfiou na cabeça que você e eu somos perfeitos um para o outro. Ele também acha que, se eu engravidasse você, a criança seria uma ferramenta poderosa pra ele usar. Agora, nós dois sabemos que isso não vai acontecer. Deixe que ele viva no seu mundinho de fantasia, ele vai chegar ao fim bem depressa."

Eles subiram o caminho em silêncio. No momento em que eles alcançavam as portas, Hermione havia deslizado sua mão na dele. "Severo?"

O sentimento familiar de alívio mais uma vez. "Hummm?"

"Nunca mais bata na minha bunda de novo."

"Ah, minha cara, isso é uma coisa que não posso garantir. Você tem mesmo uma tendência a me irritar um pouquinho.", ele provocou. "Posso prometer uma coisa."

"O quê, Professor?"

Ele se inclinou, seus lábios roçando o pescoço dela. "Da próxima vez, minha querida, você vai gostar."

Hermione empurrou gentilmente o rosto dele. "Promessas, promessas."

Mais tarde naquela noite, Severo acordou na cama deles, nu e sozinho. "Hermione.", ele chamou. Silêncio foi a única resposta. Apanhando um conjunto de vestes, deslizou-as por sobre a sua pele nua. Fez uma busca completa pelas masmorras antes de se mover para o restante do castelo. Encontrou-a no topo da Torre da Serpente, embrulhada firmemente tanto por um conjunto de vestes quanto pelo cobertor dela.

Hermione não o ouviu se aproximar. Ela estava parada de pé, mirando a Floresta Proibida. Seu cabelo estava solto e cachos eram soprados freneticamente pelo vento frio. Atrás dela, encontrava-se um cenário de um milhão de estrelas minúsculas. Severo se apoiou contra o vão da porta, apenas absorvendo a visão dela. Quando, finalmente, a viu estremecer, ele caminhou até ela e a envolveu em seus braços. Suas palavras foram sussurradas somente para ela, mas o vento as ouviu também.

Ela não vem quando o Meio-dia está sobre as rosas -
Muito luminoso é o Dia.
Ela não vem para a Alma até que esta repouse
Do trabalho e da alegria.
Mas quando a Noite está sobre as colinas, e as grandes Vozes
Vêm rolando do Mar,
À luz das estrelas e à luz das velas e à luz dos sonhos
Ela vem me encontrar.


Ele a sentiu suspirar, então, ela se virou para encará-lo. Ele capturou uma mecha de cabelo que flutuava e meteu-a gentilmente atrás da orelha dela antes de a puxar firmemente contra ele. Encaixou a cabeça dela sob o seu queixo e fitou a noite. "O que traz você aqui pra cima no meio da noite?"

Ela se aconchegou no abraço dele, os braços presos entre os seus corpos. "Estava só pensando."

"Você se importaria em me esclarecer?"

"Estava só pensando em como ele é perspicaz. Ele calcula tudo. Mesmo assim, nós ainda chegamos até esse ponto e continuamos vivos. Como é que ele consegue perceber tudo, menos a maior coisa?"

Severo refletiu sobre a questão por um momento antes de responder. "Acho que tem a ver com a arrogância dele. Ele só não consegue se permitir ver que alguém possa, na verdade, passar a perna nele."

Ela se mexeu para olhar para cima na direção dele, "Suponho que isso faz sentido. Agora, o que traz você aqui pra cima no meio da noite?".

"Perdi uma coisa; uma coisa bem importante. Estava só tentando encontrá-la novamente."

Hermione se ergueu nas pontas dos pés e moveu a sua boca para bem perto da dele. "E você a encontrou?", ela sussurrou em uma voz rouca.

Ele contemplou os lábios dela por um momento, olhando fixamente para eles. Bem antes de tomá-los, ele lhe deu a sua resposta, "Acredito que sim.". Ao toque da boca dele, ela tremeu levemente, fazendo-o lembrar-se da temperatura. Ele parou para passar o rosto pela bochecha dela, "Você terminou de pensar?".

"Nunca, eu nunca vou parar de pensar. Mas estou com frio. Vamos pra cama."

Duas horas mais tarde, Severo era quem estava pensando. À luz do fogo que morria, ele contemplava a mulher dormindo ao seu lado. Ela tinha um braço em torno da cintura dele e suas pernas sedosas provocavam a aspereza das dele próprias.

Uma criança. Uma criança nascida do seu amor por ela. Algum dia seria o futuro tão gentil a ponto de lhe conceder esse presente? Talvez isso fosse possível, algum dia. Só parecia que havia muitos talvez. Talvez, se eles derrotassem Voldemort. Talvez, se ele conseguisse convencê-la a ficar. Talvez, se ele conseguisse unificar a alma dela novamente. Talvez, se ela o amasse...

Esse era o maior talvez. O mais difícil de penetrar. Era também o que lhe dava a maior esperança. Tarde da noite, ele pôde se permitir ter esperanças pelo amor dela.




N/T: Mais uma vez, a Ida nos presenteia com um poema muito bonito (de um escritor chamado Herbert Trench, que viveu dos meados do século XIX até o início do século XX), ofereço-lhes a versão original do texto (que se chama "She comes not" - "Ela não vem"):

She comes not when Noon is on the roses -
Too bright is Day.
She comes not to the Soul till it reposes
From work and play.
But when Night is on the hills, and the great Voices
Roll in from Sea,
By starlight and candle-light and dreamlight
She comes to me.


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