Capítulo 27



A Fortaleza Interior
By Idamae


Negócio de leis: As personagens pertencem a J.K.Rowling. Estou apenas emprestando-as, por razões não-monetárias.

Esta história contém imagens que podem ser perturbadoras para alguns leitores, incluindo estupro, violência, assassinato, sexo, tortura e um grande número de outras coisas mórbidas. Se você não quer ler sobre tais coisas, aperte o botão Voltar, AGORA!!!

Capítulo 27


As semanas seguintes passaram de forma tão rápida que dificilmente Severo se lembraria delas. Riqueza estava crescendo rápido demais e provara ter um resistente par de pulmões. Toda noite ela começava , gritando e urrando por horas até Severo achar que ficaria louco. Nada que fizesse conseguia calar seus gritos. Balançando, caminhando, cantando e ainda assim ela continuava, até que ele pensasse que seu cérebro ia explodir.


 


Hermione continuava apenas sentada lá, não dando nenhuma indicação de que ouvia tudo o que estava acontecendo. Severo ficou frustrado com ela também. Cuidou muito bem de Hermione, como cuidou de Riqueza. Sua vida era um ciclo sem fim de banhar, alimentar, vestir e cuidar das mulheres que agora o dominavam.


 


Quatro dias após o nascimento de Riqueza, Gina executara os feitiços para parar o sangramento de Hermione e curá-la. Severo esperava que isto aliviasse seu imenso fardo, mas estava errado. Naquela tarde tinha-na conduzido ao banheiro, apenas para encontrá-la com a frente do seu vestido encharcada e seus seios duros como ferro. Mais uma vez Gina explicou que isto era normal e que seu engurgitamento melhoraria dentro de uma semana. Passou a semana seguinte enchendo seu sutiã com folhas de couve. Foi nisto que o grande mestre de poções tinha se reduzido?


 


Na sequência, a dureza seguia e Severo tinha apenas alguns escapes ocasionais para banhar-se. A primeira vez que o corpo de Hermione reagiu aos gritos do bebê, ele ficou entusiasmado. Ele tinha certeza que isto era um sinal de que ela estava voltando e passou o dia seguinte constantemente ao seu lado, com medo de perder o momento. Momento que nunca aconteceu e Papoula delicadamente lhe disse que era mais uma reação instintiva do que de sua consciência. Triste, ele concordou com a cabeça e deslizou, novamente, para seu próprio poço de depressão e solidão.


 


Seu orgulho ainda estava intacto, pelo menos na superfície. Recusou toda e qualquer a ajuda com sua família, tais como eram. Ele estava exausto, pelo pouco tempo que dormia. Riqueza não conhecia a noite, e gastava a maior parte do seu tempo comendo ou querendo o colo do pai. Estas eram suas melhores horas, apesar de seu cansaço. Deitado na cama com Hermione e Riqueza, ele podia imaginar que as coisas estavam normais e que Hermione apenas dormia. Riqueza agraciava-o com pequenos sorrisos e pela sombra da lareira ele observava o efeito dos pequeninos braços em movimentos descoordenados.


 


Severo sabia que estes sonhos acordados somente o sustentariam por muito pouco tempo. Estava perto do ponto de ruptura e enquanto ele  girava em direção a esse clímax mental seus únicos pensamentos se estendiam porque aquela que ele amava estava incapaz.


 


O auge chegou quando Riqueza completou três semanas de vida. Ela tinha começado seu espetáculo noturno, por volta das quatro horas. Ele abandonara a tentativa de acalmar a criança e sentou-se com olhos inexpressivos, olhando fixamente para a trouxinha no cobertor perto do seu coração. Houve uma silenciosa batida na porta, mais precisamente às 6 da manhã e quando Severo não respondeu, Alvo abriu a porta e adentrou o recinto. Com um olhar interessado para seu velho amigo, o diretor alcançou rapidamente o bebê e segurou-o em seus braços. Riqueza acalmou-se imediatamente e suspirou para o amável senhor.


 


Isto foi à gota d’agua para Severo. Tinha passado horas tentando acalmar sua filha, em vão. No entanto, Alvo segurou-a no colo e imediatamente a transformou num pequenino anjo de luz. Em sua mente conturbada, as únicas opções que tinha tornaram-se claras. Num tom de voz grave Severo fez suas intenções conhecidas, “Alvo, eu não posso mais fazer isto.”


 


Alvo sentou-se rígido na cadeira e olhou cautelosamente para o bruxo mais jovem. “Isto o quê?”



Severo pôs-se de pé num ataque impetuoso ao redor do quarto, alimentando sua agitação. “Isto. Eu não posso fazer isto.” Gesticulou descontroladamente com uma mão para a porta do quarto, e para o bebê agora cochilando. “Pai, babá. Eu não sirvo para isto. Eu achei que podia lidar com isso, e realmente o fiz. Agora, eu não acho mesmo que quero. Eu agradeceria se você pudesse fazer alguma sondagem sobre uma família para Riqueza; uma família normal, com uma mãe e um pai e uma casa. Eu estou contatando o St. Mungos amanhã para providenciar a transferência de Hermione para lá. Eu estou farto disso, tudo isso.” Um movimento da varinha em seu braço e as fraldas voaram da mesa. “Cheio de fraldas, mamadeiras, seios vazando, uma mulher que sequer me reconhece. Eu passei a minha vida toda sozinho, e sozinho vou terminá-la.”


 


Alvo estava claramente chocado pela explosão de Severo. Severo podia ver suas pupilas girando atrás dos olhos azuis do grande bruxo. “Severo, você está exausto. Por favor, tire algum tempo para pensar sobre o assunto. Esta é sua vida, suas vidas. Você não pode tomar esta decisão em um explosivo segundo. Saia daqui um pouco. Eu ficarei com Riqueza e Hermione. Desça até Hogsmeade. Jante, alugue um quarto e tenha uma boa noite de sono. Amanhã nós conversaremos novamente. Eu me recuso a falar mais com você sobre isto até que você esteja descansado e tenha tido um tempo sozinho para pensar.”


 


“Eu tenho tido muito tempo sozinho para pensar,” Severo suspirou. “Mas eu aceitarei a sua oferta de ir embora. Eu preciso me afastar delas.”


 


Severo voltou para o quarto, à porta voando de volta para suas dobradiças com uma batida. Quando emergiu poucos minutos depois, estava em sua rigidez de vestes negras e sem mais uma palavra para o diretor foi embora em um turbilhão de preto.


 


Aparatou diretamente na Travessa do Tranco e foi em linha reta até a primeira taberna miserável. Ele estava no meio do seu quinto uísque quando Harry apareceu ao seu lado. Levantou o lábio com uma careta para o bruxo. “Então, Alvo me enviou uma babá. Ele está com medo de que eu não volte?”


 


A mão de Harry estava agitando enquanto fazia sinal ao barman. Após ter bebido de uma vez seu primeiro uísque, virou-se para o mestre das poções. “O que é que você está pensando, Severo. Você vai simplesmente abandoná-las? Como você poderá viver consigo mesmo?”


 


Severus puxou a gola de Harry até sua altura. “Eu vivi anos demais comigo mesmo até permitir que vocês me destruissem. Você vai me desculpar, mas eu tenho um encontro com uma prostitua Veela cujos talentos são lendários.” Severo tropeçou um pouco quando fêz seu caminho até a rua. O álcool atrasava suas reações e logo ele encontrou-se jogado de encontro a um muro de pedra com uma varinha enfiada em sua garganta. Severo jogou sua cabeça para trás e riu debochado, “Oh, pelo amor de Merlin, Potter. Você é tão assassino quanto eu sou cotado para a convivência social.”


 


Harry encarou-o com repugnância. “Elas são boas demais para você.”


 


O sorrriso mudou para um sorriso mortal, “Você é surpreendente. Você diz isso a todos do seu próprio mundinho? Cinquenta pontos para a Grifinória pela cortesia do Menino-Que-Sobreviveu.” Com um violento empurrão, Harry encontrou-se jogado ao chão, enquanto olhava fixamente para um redemoinho negro.


 


Várias horas mais tarde Severo estava olhando fixamente para um teto escuro, sozinho outra vez. As habilidades da Veela eram extraordinárias, mas apesar de seus melhores esforços, o corpo de Severo não foi nada receptivo. “Uísque demais,” tinha murmurado enquanto lançava-lhe  moedas de ouro suficientes para pagar pela noite. À sua ordem, ela tinha saído do quarto, deixando-o dormir. O sono não veio fácil, apesar da quantidade de álcool que ingerira. Cada vez que fechava seus olhos, ele poderia vê-la, senti-la, cheirá-la. O uísque não tinha sido o problema, a mulher tinha. Não era Hermione. Ninguém seria nunca Hermione. Mesmo com Polissuco, o cheiro ainda seria diferente.


 


Ele não sabia quanto tempo tinha ficado acordado, e também não sabia quando estava dormindo. Os sonhos eram os mesmos à noite, acordado ou dormindo. Sonhava com sua Hermione e das noites passadas em seus braços. A luz brutal do dia chamejou através da janela, arrancando-o do seu descanso. Seus sonhos não tinham mudado nada. Sua mente estava exausta.


 


Severo diria adeus à sua vida hoje. Amanhã, estaria sozinho.


 


Seu coração estava partido quando começou a caminhada até o castelo. Estava certo, que próximo o bastante, alguém poderia ouvir a sua própria vida estilhaçando-se distante, dentro dele. Apesar dos protestos dos fragmentos de humanidade que saíam de um canto de seu cérebro, sua determinação era forte. Tinha perdido Hermione, e Riqueza estaria em melhor situação em uma família que poderia criá-la e treiná-la corretamente.


 


Severo parou no gramado tempo suficiente para prestar atenção a Harry e Gina, andando de mãos dadas em volta do lago. Sorriu dos jovens amantes, ressentindo-se por ambos de algo que nunca teria.


 


Alvo encontrou-o na porta, junto com Minerva “Uma palavra com você em meu escritório, por favor, Severo.” Severo arrastou-se com seus colegas para o escritório do diretor. Estava tão absorto em sua contemplação da batalha que vinha que sequer reconheceu a voz de Papoula o cumprimentando quando passaram em frente à enfermaria.


 


Uma vez no escritório de Alvo tomou uma das cadeiras à frente da mesa do diretor. Alvo olhou-o seriamente por muito tempo antes de perguntar, “Você já repensou sua decisão?”


 


Severo estava pronto, tinha todas as respostas na ponta da língua. “Eu repensei, sim. Mas minha decisão ainda é a mesma. Eu transferirei Hermione para o St. Mungus e ainda espero encontrar uma família apropriada para Riqueza. Você pode concretizar….” Sua voz parou repentinamente quando seu cérebro retrocedeu mostrando Harry e Ginny nos jardins, Minerva e Alvo aqui, e Papoula no salão externo da enfermaria. “Onde está Riqueza?” Rugiu pondo-se de pé.


 


Alvo permaneceu inalterado respondendo na mesma voz. “Sua filha está nas masmoras.”


 


Severo ouviu o inconfundível “clik” da porta do escritório sendo trancada. Minerva falou suavemente, um pequeno sorriso formando-se em sua boca, “Accio, Pó de Flú.” O pequeno recipiente voou de cima da lareira para suas mãos.


 


Severus estava furioso, “Você não pode simplemente deixá-la lá embaixo, Alvo. Que diabos você está pensando? Você ficou gagá de repente, seu velho idiota? Ela é apenas um bebê. Você não pode deixá-la sozinha.” Já não se importava com o respeito pelo diretor ou com o fato de ele estava disposto a abandonar sua filha apenas um minuto atrás. Correu até à porta, mas mesmo com seus melhores feitiços ela permaneceu lacrada. “Deuses, abra a maldita porta, Alvo.”


 


Ainda assim, o diretor estava calmo. “Não até que você se acalme e sente-se. Sua filha está muito bem.”


 


Severo olhou de Alvo para Minerva, que apontou para o assento ao lado dela. Cuidadosamente, ele cumpriu. Com um aceno da mão de Alvo, uma esfera de cristal apareceu na mesa. “Olhe,” era a simples ordem do diretor.


 


As névoas girando dentro da esfera dissiparam-se e ele viu a fralda de Riqueza sendo trocada por Gina Weasley, as fraldas espalhadas por ele. Gina deve ter ido imediatamente para as masmorras ao vê-lo chegar. Severo olhou para o diretor, a vergonha estampada na cara pela sua explosão. “Sinto muito, Alvo. Eu devia ter confiado mais em você.”


 


Alvo balançou a cabeça para ele, “Eu disse olhe, e espero que me escute. Não sou tão velho para colocá-lo sob a Imperius e forçá-lo.”


 


Então Severo olhou. Gina estava brincando com os dedos dos pés de Riqueza, divertia-lhe mordendo um, então o outro. Não podia ouvir suas palavras, mas as caretas abobalhadas que fazia indicavam a conversa divertida entre Gina e o sorridente bebê. Riqueza chutava com seus pés e acenava os braços para ela quando Gina jogava-se no chão. Severo observou-as, sorrindo apesar de tudo. Quando o rosto da menina contorceu-se choramingando ela murmurou, “ela está com fome,” a ninguém em particular.


 


Gina pegou o bebê e carregou-a pela porta do quarto. O sorriso de Severo fora substituído pela confusão. Gina abriu a porta e caminhou até a cama, onde estava Hermione. Como era usual, seus olhos estavam fechados. Gina sentou-se na beira da cama. Com o movimento, os olhos de Hermione abriram-se. Ainda, isto não era nada incomun. Então seus olhos focalizaram e ela olhou para Gina e sorriu. Os braços de Hermione estenderam-se para apanhar Riqueza. Severo prestou atenção, seu queixo caiu quando um seio foi livre e com alguma ajuda de Gina, sua filha estabeleceu-se junto a ele para uma refeição. A visão desapareceu quando o som da fechadura sendo liberada ecoou através do escritório.


 


A voz trêmula de Severo quebrou o silêncio, “Isto é real?”


 


Minerva colocou uma mão sobre Severo. “Isto é tão real quanto você o quer que seja.”


 


Severo sacudiu a cabeça para a frente e para trás, ainda reproduzindo a cena através de sua cabeça. Finalmente, agarrando-se a verdade, estava de pé correndo para fora da porta antes que o diretor pudesse dizer “gota de limão.” Severo subiu no degrau elevando-se em seu caminho. Girou a cabeça e pediu desculpa, “Eu não sei como você fez isso. Mas obrigado.”


 


Correu aos seus aposentos, seus pés ágeis desenvolvendo a mesma leveza do seu coração. Uma vez na sala de visitas parou para recuperar o fôlego. Gina abriu a porta do quarto e olhou-o, assustada ao vê-lo ali parado, arfando. Deu-lhe um olhar sabido, sorriu, e saiu do quarto.


 


Severo olhou para cima e emitiu uma oração silenciosa a quem pudesse ouvir antes de girar a maçaneta. Hermione estava olhando para baixo, para o bebê sugando seu seio. Ela estava tão absorta olhando sua filha que não se deu conta de que ele estava lá até a tentativa dele de sua mão chegar para afagar seus cabelos. Os olhos dela se encontraram com os seus e apesar das lágrimas que desciam pelas suas bochechas, ela sorriu para ele.


 


Severo abriu sua boca, mas não saiu nenhuma palavra. Seus olhos jorraram mais lágrimas. Hermione inclinou-se, compreendendo-o apesar de sua perda da fala. Puxou-o para sentar-se ao lado delas e recostou-se em seu abraço. Juntos, sentaram e prestaram atenção a sua filha mamar.

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Comentários (1)

  • Lexi Malfoy

    É a segunda vez que leio essa ficeu realmente a amo!!Com certeza é um das minha favoritas!!Parabéns e me desculpe por não ter comentado antesGostaria de saber se esse é o final ou terá continuação!!!a fic é simplismente perfeita e novamente parabéns!!!ass. Lexi M;D          

    2012-06-29
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