Perigos proeminentes e ameaças

Perigos proeminentes e ameaças



Capítulo VIII – Perigos proeminentes e Ameaças amargas




Harry olhou em redor, e apesar de não ter visto ninguém, colocou depressa o manto sobre ele e Hermione. Olhou para ela: a amiga tremia por todos os lados e o lábio inferior já tinha um corte dela tanto o morder e sangrava abundantemente.



- Harry… - chamou ela, muito baixinho, quase a desfalecer.



- O que foi? Estás bem? – perguntou Harry, alarmado.



- Estou, quer dizer, dentro dos possíveis. É que, sabes, a minha casa foi invadida por psicopatas assassinos!!! – ironizou Hermione, num tipo de sarcasmo histérico.



- Tens algum plano? – sussurrou Harry em resposta.



- Suponho que devem estar a guardar as saídas, por isso talvez seja melhor sairmos por uma janela. Aliás, é a única coisa que não dá muito nas vistas.



- Mas não pudemos sair pelas janelas aqui debaixo. Dá muito nas vistas, como já disseste. Portanto, temos de sair por uma janela … - pensou em voz alta Harry.



- As janelas do sótão! – exclamou Hermione. – Essas são boas! Aposto que ainda estão a revistar este andar.



- Bem, com o barulho que fizeste ao deixar cair os livros, duvido muito, mas pudemos tentar na mesma. – concordou Harry.



- Mas eu só caí porque tu estavas lá a fazer de poste. Não tive…



- Culpa nenhuma, já sei. – acabou Harry, cansado de discutir. – Mas afinal qual era o teu plano? Saltar da janela em queda livre e partir a cabeça?



- É claro que não. Tu não tens uma vassoura? – perguntou Hermione.



- Tenho, mas ficou em Hogwarts, por causa daquela bruxa, horripilante…



- E o Ron? Ele também tem uma, não tem? – perguntou novamente a amiga, cortando o discurso de Harry sobre Umbridge.



- Tem.



- Então, pegamos na vassoura dele e descemos. – concluiu Hermione.



- Pois, é um bom plano. Mas como é que chegamos lá acima? – questionou Harry, a espreitar por uma greta da porta. Ouviu um devorador da morte a dizer claramente:

“Só podem estar ali.”, apontando para o escritório.



- Eles vêm aí. Quando eles entrarem, nós saímos. – sussurrou Harry, puxando Hermione para longe do alcance da porta, quando ela se estava a abrir. Entraram cinco encapuçados no escritório e começaram a revistá-lo. Harry puxou novamente Hermione e saíram muito silenciosamente.

Começaram a subir as escadas para o primeiro andar, muito devagar para o manto não escorregar e denunciá-los. Após 5 minutos de uma atenta caminhada, chegaram finalmente às escadas que davam para o quarto temporário de Harry e Ron.



- Espera! – alertou Hermione, tirando a varinha do bolso das calças. Bateu com a varinha na cabeça de Harry, murmurou umas palavras e Harry, pela segunda vez na sua vida, sentiu a estranha sensação de ter algo frio a escorrer-lhe pelo o corpo todo. Hermione fez o mesmo encantamento a si própria e tirou o manto de cima dos dois.



- Encantamento de camuflagem. – explicou a amiga, ao mesmo tempo que dobrava cuidadosamente o manto e o entregava a Harry. – Como as escadas são muito estreitas, achei melhor.



Subiram as escadas e abriram o alçapão. Ao chegarem ao sótão, procuraram a vassoura de Ron.



- Bolas, onde é que ele pôs a vassoura? – perguntou Harry, a procurar por debaixo da cama pela terceira vez.



- És mesmo zarolho! – exclamou Hermione a tirar a vassoura do guarda-fatos. – Já não tinhas procurado aqui?



- Está bem, pronto… - disse Harry, ao ver Hermione ao seu lado com a vassoura na mão.



Começaram-se a ouvir passos, cada vez mais audíveis.



- Temos de sair daqui. – retorquiu Hermione, a puxar Harry pelo braço.



- Não vais fazer o encantamento à vassoura? É que deve ser um bocado estúpido ver uma vassoura a voar sozinha.



- Oh sim Harry, temos seis Devoradores da Morte a nossa procura para nos matarem e tu preocupas-te com a vassoura! Mas eu faço, não há problema.



Hermione fez pela terceira vez o feitiço e ficou a olhar para Harry.



- Vamos..? – perguntou Harry, a olhar para a amiga.



Harry sentou-se na vassoura, tal como tinha feito há três anos com Buckbeak. Quando estavam prestes a sair pela janela, Hedwig soltou um pio a chamá-los.



- As corujas! – disseram em coro.



Hermione saltou da vassoura e correu até à gaiola de Hedwig. Soltou-a e agarrou num pedaço de pergaminho que estava perdido por ali. Pegou numa pena de pavão que estava ao lado do tinteiro e escreveu a seguinte mensagem a Ron:



“ Foge! Devoradores da Morte! Não digas à Nicole! Avisa OF “



Hermione esperava que Ron compreende-se a sua pista sobre a Ordem da Fénix (OF). Atou rapidamente a mensagem à pata de Hedwig e disse-lhe com veemência:



- Leva a carta ao Ron e fica lá com ele.



Hedwig assentiu com a cabeça, mordiscou-lhe o dedo afectuosamente e saiu rápida pela janela. Hermione não perdeu tempo: libertou velozmente Pig e deu-lhe as mesmas indicações que dera a Hedwig.

Sentou-se novamente atrás de Harry e esperaram que a coruja saísse.



- Então e o Crookshanks? – inquiriu Harry.



- Ele desenrasca-se. Nem imaginas o trabalho que tenho a encontrá-lo quando descubro que fez alguma asneira.



Ainda não tinham começado a voar, quando o alçapão se abriu estrondosamente.

Harry arrancou sem sequer reparar que Hermione ia caindo da vassoura. Voaram até às nuvens, para terem mais segurança, e aí Harry abrandou um pouco. Hermione ainda estava um pouco atordoada da partida.



- Hum... Para onde é que vamos? – perguntou Harry.



- Era suposto saberes. Quem está a dirigir a vassoura não sou eu.



- E achas que tive tempo de consultar um mapa para definir uma rota? Devia de ser giro: o Lucius Malfoy entrava e nós convidávamo-lo para vir também. Só tinha o inconveniente dele NOS QUERER MATAR. – disse Harry, com muito sarcasmo.



- Então se calhar é melhor...



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- E onde é que é a tua escola? – perguntou Nicole.



- Bem... Hedwig?! – exclamou Ron surpreendido ao ver a coruja de Harry a entrar pelo café. A mulher que estava ao balcão arqueou as sobrancelhas.



- O que é isto? – perguntou Nicole.



Ron sentiu-se deveras embaraçado. Não tinha dito aos amigos para não o incomodarem?

Abriu a carta com relutância, ignorando a pergunta de Nicole. Passou os olhos rapidamente pelo sobrescrito e empalideceu.



- Tenho de me ir embora.



- Porquê? – perguntou Nicole desapontada.



Mas Ron já tinha saído.



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Ron encaminhava-se a largas passadas para a casa da amiga. Quando estava quase a chegar, viu Pig que voava até ao seu alcance. Tapou o bico da coruja com a mão, escondeu-se atrás de uma árvore e tentou identificar sinais suspeitos. Foi com angústia que viu seis Devoradores da Morte a saírem da casa que estava a vigiar.



- Raios! Conseguiram escapar. Têm a certeza que revistaram tudo? A nossa fonte deu-nos todas as certezas que eles estavam lá. – perguntou, o que parecia ser o chefe.



- Sim, Malfoy. – respondeu uma voz do meio do grupo.



- Da próxima vez eles não escapam! Temos de avisar o Senhor das Trevas.



E, dizendo isto, desmaterializaram-se. Ron, apesar de ter visto os Devoradores da Morte a desmaterializarem-se à sua frente, não ousou entrar em casa. Mas então como avisar a Ordem? Reuniu toda a coragem possível e lentamente entrou. Não parecia haver sinais de vida. Subiu rapidamente as escadas e quando estava quase a alcançar a entrada para o seu quarto temporário, notou que a porta do quarto de Hermione tinha rangido e de lá saía Crookshanks. Com alívio pegou no gato e transportou-o com ele para o andar de cima. E quando chegou ao andar de cima...



*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*



- ... irmos...



Hermione não chegou a acabar a frase, pois avistou uma coruja das quintas a vir na direcção dos dois. Reparou que trazia um papel amachucado, provavelmente atado à pressa. Harry também tinha notado, pois abrandou mais a velocidade da vassoura para conseguir desatar o bilhete. Hermione leu em voz alta o bilhete de Lupin:



“ Harry e Hermione:



O Ron já nos avisou. Voem até Manchester e esperem ao lado da árvore do beco da rua Stanley que fica à direita da praça principal e procurem pormenores...”




– E como é que nós vamos saber onde fica a árvore do beco da rua Stanley que fica à direita da praça principal? – interrompeu Harry, virando-se para trás.



- Deixa-me acabar. – resmungou Hermione, voltando à leitura



“... Se tiverem dificuldade em achá-la, podem sempre utilizar este mapa.



Remus Lupin “




E a carta, com um barulho surdo, transformou-se num mapa detalhado da zona de Birmingham e Manchester, com uma seta azul a apontar para o tal beco e uma seta verde a apontar para onde eles se encontravam, o que ainda era longe da cidade.



- Pelos meus cálculos, ainda temos de percorrer... 150 km – concluiu Hermione, preocupada. Definitivamente, vassoura não era o seu meio de transporte preferido. Harry notou a aflição na voz da amiga:



- Vá lá, voar não é assim tão mau. Olha, entretém-te com a vista.



Hermione olhou para baixo: além das nuvens, uma imensidão de telhados, carros e prédios estava debaixo de si. Sentiu-se a enjoar e ainda se agarrou mais à cintura do amigo.



- Hermione...



- Hum... Desculpa. – pediu Hermione, afrouxando o aperto à cintura de Harry. – Acho... que tenho... vertigens. – concluiu, de olhos fechados.



- Que horas são? – perguntou Harry, a fim de distrair a rapariga. Mas quando viu que Hermione nem conseguia abrir os olhos, puxou-lhe delicadamente pelo pulso (o que se revelou bem difícil; Hermione estava agarrada à cintura de Harry com todas as suas forças) e teve um choque ao verificar que eram já 13h00. E continuaram a voar.



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Ron entrou em Grimauld Place. Tinha conseguido avisar a Ordem graças a um espelho parecido ao que Sirius havia dado a Harry no ano anterior. Tinha-lhe sido entregue em segredo para alertar a Ordem caso houvessem situações idênticas àquela. Assim que a tinha avisado, Moddy e Tonks tinham ido buscá-lo com um botão de transporte.



- Ron, o que foi que exactamente aconteceu? – perguntou Tonks, após terem entrado. Encaminharam-se para uma sala onde estavam reunidos todos os membros da Ordem.



- Bom, eu estava num café com uma amiga e de repente a coruja do Harry entrou com esta mensagem. – Ron mostrou o sobrescrito a Dumbledore, que estava à sua frente. – Eu fui para casa da Hermione e, escondido, vi que cerca de seis Devoradores da Morte saiam de lá.



- Lembras-te do que eles disseram? – perguntou Dumbledore, a olhá-lo pelos seus óculos de meia-lua.



- Sim. Disseram que não tinham encontrado o Harry e a Hermione e que iam avisar o Quem-Nós-Sabemos. Depois desmaterializaram-se e eu entrei em casa. Assim que entrei no quarto vi que estava completamente virado do avesso e que a minha vassoura tinha desaparecido, por isso deduzi que eles fugiram na vassoura. Então achei o espelho e pus-me em contacto com vocês. Ah, sim, eles também falaram numa fonte qualquer que os tinha avisado que o Harry e a Hermione estavam em casa nessa altura. – terminou Ron, a olhar para todos.



- Fizeste bem em nos ter prevenido. Uma coruja já foi mandada aos dois e eles receberam-na, o que significa que estão bem. Agora vai ter com a tua irmã lá acima e escreve uma carta aos pais da Hermione a avisá-los que alguém irá buscá-los quando terminarem o trabalho e para não ficarem preocupados. É a segunda porta à direita. Aos restantes peço que se dirijam à cozinha, para uma reunião de emergência. – disse Dumbledore.



Ron subiu as escadas e abriu a porta. Foi dar com Ginny no seu quarto a roer as unhas de tanta ansiedade.



- E então? Eles estão bem? Quando é que eles vêm? O que é que lhes aconteceu? A mim não contaram nada, pois, porque a mim nunca me contam nada. É sempre a mesma... – começou Ginny.



- Calma. Deixa-me escrever uma carta aos pais da Hermione. Eu já te conto tudo.



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Hermione estava faminta, mas não queria parar de voar. Afinal não comia nada desde as nove e meia da manhã e já estava a voar há uma hora. Ocasionalmente falava com Harry, mas a maior parte do tempo fora feita em silêncio.



- Ainda falta muito? – perguntou, pelo que parecia a décima vez.



- Não, Hermione. Só mais um bocadinho. – respondeu Harry exasperado. Hermione fez-lhe a mesma pergunta uns cinco minutos atrás. E dez minutos atrás outra vez.



- Harry…



- Não Hermione, só mais um bocadinho. – repetiu Harry.



- Não é isso, é que... eu queria... pedir-te desculpas... por causa daquilo...



Harry virou-se quase completamente para trás, surpreendido. Hermione estava-lhe a pedir desculpas? O mundo devia estar a acabar! Hermione NUNCA dava o “braço a torcer”.



- Sinceramente, Hermione, com Devoradores da Morte atrás de nós para nos matarem, e após cerca de duas horas a voar numa vassoura, achas que estou com paciência para continuar chateado contigo? – replicou Harry em resposta.



Hermione não disse nada. Encostou suavemente a cabeça às costas de Harry, provocando o ruborizar do rapaz.



- Ainda bem que não estás. – disse a amiga, ainda encostada a Harry, não se apercebendo da estranheza do amigo. – Fiquei mesmo preocupada quando te doeu a cicatriz. Sempre escreves-te ao Dumbledore?



- Não...



Hermione desencostou-se e quase que tirou as mãos da cintura de Harry para as por na sua, tal foi a incredulidade ao ouvir as palavras dele. Mas lembrou-se que estava a 500 metros do chão, e não convinha nada cair.



- Mas tu devias ter dito alguma coisa ao Dumbledore!!! Disseste a quem, já agora?



- Hum... Só ao Ron. E como é que tu sabes? – perguntou Harry, arrependido de não ter mentido e curioso por saber de onde é que Hermione tinha sabido da sua estranha dor.



- Quem é que achas que disse ao Ron para ir ver como é que tu estavas? A Nicole? – replicou Hermione, com um ar de espertalhona no rosto.



- Tu? – perguntou Harry, na dúvida.



- Claro que fui eu! Ainda duvidas? Mas, sabes, aquela Nicole deixou-me desconfiada. – disse a rapariga.



- Porquê? Ela até era bastante simpática e... bonita.



Sem dar por isso, Hermione tinha ficado muito vermelha e lançou um olhar cortante e frio a Harry, antes de começar a falar rapidamente:



- E o que é que interessa se ela era bonita ou não? É só mais uma convencida! Atirou-se praticamente ao Ron e pouco faltava para se atirar a ti também. És tão ingénuo!



- E tu importas-te? – questionou Harry. Sem darem conta, tinham começado a sobrevoar aquilo que parecia ser Manchester, mas estavam demasiado ocupados a discutir sobre Nicole.



- É claro que si... não! Mas é uma questão de lógica, não achas? Dói-te a cicatriz e, por mera coincidência, – explica Hermione com muita ironia – na altura em que uma estranha entra pela casa sem ser convidada e desata a contar-nos a sua vida esplendorosa e maravilhosa! É claro que ela não tem nada a ver com o caso. Sobretudo porque ela era a única que sabia que estávamos sozinhos a determinadas horas, pois andava sempre lá metida. Ah! Sem contar com o pormenor de que o Ron está completamente embeiçado por ela e conta-lhe tudo. Agora, será que foi ela? Não!!!! E tu ainda por cima só te preocupas se ela é bonita ou não? Francamente, Harry!



Hermione acabou o discurso (muito extenso), já sem fôlego. Suspirou em tom audível. Harry achou melhor ficar calado. A amiga era perigosa quando estava furiosa. Era melhor não arriscar.



- Então, quando é que chegamos? – perguntou Hermione após cerca de dez minutos.



- Hum… Acho que, enquanto... discursavas ,... passámos a cidade.



Hermione olhou para trás e viu um emaranhado de casas, edifícios e transportes. A cidade. Manchester.



- E agora? – perguntou, completamente aterrada.



- Bem, agora temos de dar a volta.



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Ron já estava a ficar preocupado com o desaparecimento dos amigos. Ainda não lhe tinham dito nada, a não ser que deveriam ter chegado à meia hora. Ginny também estava numa pilha de nervos. Já não tinha unhas de tanto as roer.



- Achas que eles estão bem? – perguntou Ginny, a andar de um lado para o outro, no minúsculo quarto em que estavam.



- É claro que estão bem, Ginny, mas que raio de pergunta! – responde Molly, ao entrar no quarto. No entanto estava muito nervosa, pois entornou metade do chá que estava a servir aos filhos pelo tabuleiro florido.







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