A casa de Hermione



Capítulo III – A casa de Hermione



Eram 18h30 minutos quando Harry e os Grangers chegaram a casa. A residência era muito bonita. Ladeada por uma simples cerca branca, a vivenda que residia no seu interior era azul-clara. Quando Mr. Granger abriu o portão da garagem para estacionar o carro, Harry pode ver o jardim da casa. Na parte da frente, duas árvores floridas ocupavam a maior parte do espaço. Na parte de trás, apesar de não conseguir ver muito bem, Harry reparou num jardim colorido com 2 baloiços e parte de uma piscina.



- Hermione, não queres mostrar ao Harry a nossa casa? - perguntou Mrs. Granger à filha, depois de todos terem saído do carro.



- Claro. Anda Harry. - chamou Hermione. Ela conduziu-o para dentro de casa, para o hall. - Aqui é o hall de entrada. À esquerda é a sala de jantar. Entra.



Assim que Harry entrou, vislumbrou uma sala com pouca claridade, devido aos espessos cortinados vermelhos que tapavam as janelas. No centro, uma mesa de 6 lugares branca já posta estava por baixo de um detalhado candeeiro de cristal. Um móvel de madeira clara requintada encontrava-se ao fundo da sala, ao lado de uma porta. O chão da sala era de madeira e um tapete vermelho sangue tapava parte dele.



- Uau. - deixou escapar, impressionado.



- É bonita, não é? Os meus pais decoraram-na assim pois dá um ar mais agradável. - informou-o Hermione - Aquela porta ali ao fundo dá para a cozinha. Agora anda, vou te mostrar a sala de estar.



Saíram por outra porta que dava para o corredor. Aí, Hermione indicou-lhe que à sua frente havia uma casa de banho, e um bocadinho mais à frente era o escritório dos pais. Andaram mais um pouco e entraram numa ampla divisão. A sala de estar dos Grangers era enorme; uma pequena varanda dava para o jardim. Do lado esquerdo da sala, uma televisão ficava à frente de três sofás de pele bege, por cima de uma linda carpete de arraiolos azul e branco. Do lado direito da sala encontravam-se quatro estantes, duas de cada lado de uma grande lareira com várias fotografias de Hermione com os pais, que fizeram com que Harry se lembrasse de que nunca tivera oportunidade de se lembrar dos poucos momentos que passara com os seus pais, pois era ainda demasiado novo quando faleceram Lily e James Potter.



- Harry, estás bem? – perguntou Hermione, pois Harry parecia ter entrado num transe profundo, a olhar para as fotos dela com os pais.



- Hã? Sim, estou bem. - respondeu Harry de olhos agora no chão. Fingiu estar interessado na madeira reluzente.



- A mim é que não me enganas. O que é que tens? – perguntou novamente Hermione teimosamente.



- Apenas me lembrei dos meus pais. – disse Harry desgostoso.



- Oh, desculpa. Não queria interferir nos teus sentimentos. - desculpou-se Hermione, com o sorriso a esmorecer da sua cara. – Vamos ver o resto da casa? – perguntou, para desanuviar o ambiente que se tornara tenso.



Saíram da sala e encaminharam-se para as escadas que ficavam ao fundo do corredor. Depois de subirem as escadas, Hermione abriu a porta do seu quarto e mostrou-o ao Harry. Era uma divisão muito iluminada e alegre. As paredes eram brancas e o chão era forrado com uma carpete cor-de-rosa. A cama de Hermione tinha uma colcha também cor-de-rosa a cobri-la. Uma cómoda com um espelho encontrava-se em frente à dita cama, com alguns produtos de maquilhagem. Ao lado da mesa-de-cabeceira da amiga, estava uma escrivaninha, mas sem sinais de livros. Harry reparou num pormenor assim que entrou: o quarto de Hermione estava cheio de peluches, das mais diversas formas e cores.



- Não sabia que gostavas tanto de peluches. – comentou Harry, admirado com a quantidade que havia. Conhecia Hermione há seis anos e desconhecia qualquer interesse que ela tivesse por peluches.



- Há muitas coisas sobre mim que ainda não conheces. – respondeu-lhe Hermione, misteriosamente.



- Sim, pode haver muitas coisas em ti que ainda não conheço, mas uma coisa sei: amas profundamente livros. Onde estão? – questionou Harry à amiga na brincadeira, pois não havia sinais de o mais pequeno livro no quarto de Hermione. Nem mesmo um guia turístico. Nem um livro de colorir. Era muito estranho para alguém que parece respirar páginas escritas não ter nenhum livro no quarto.



- Isso é porque eu os tenho numa mini-biblioteca , aqui ao lado do quarto. Anda vê-la. Quando entrei para Hogwarts, o meu pai cedeu-me uma divisão da casa para fazer lá o que quisesse, e eu resolvi transforma-la numa espécie de sala de estudo, onde faço os trabalhos das férias e consulto livros à vontade.



Harry ficou boquiaberto durante uns segundos. Hermione tinha uma mini biblioteca?

Após se reconstituir do espanto, seguiu Hermione para fora do quarto, até à sala referida. A amiga abriu a porta. Uma imensidão de estantes, a abarrotar de livros, cobriam todas as paredes da divisão, excepto a da varanda que dava claridade à sala. No centro da divisão haviam três poltronas azuis escuras que tinham um ar confortável e acolhedor. Até Harry, que não gostava tanto de livros como Hermione, ficou fascinado com o que viu. Todos os livros estavam ordenados pela ordem alfabética, e duas estantes eram dedicadas exclusivamente aos livros mágicos. Harry passou os olhos rapidamente pelas estantes dos livros bruxos e depressa descobriu um que, com certeza, era dos preferidos de Hermione: “ Hogwarts: Uma História “ . Tirou-o com cuidado (apesar de ser bem difícil; o livro pesava toneladas) e folheou-o avidamente. Hermione veio por trás e sussurrou-lhe ao ouvido:



- Pensava que achavas esse livro… como se diz… uma seca?



- Eu nunca o achei uma seca. – respondeu Harry, tentando parecer indignado. – Quer dizer, foi ele que nos forneceu a informação sobre o Nicolas Flamel e da Câmara dos Segredos, por isso nunca o achei seca nenhuma.



Hermione olhou para Harry com um olhar que fazia lembrar a professora McGonagall, um olhar autoritário, que sempre o intimidou. No entanto, a amiga ostentava uma expressão doce, alegre.



- Esta bem, pronto. Sim, achava-o uma seca.



- Pois! - exclamou Hermione triunfante – E agora, o que é que achas? É muito interessante não é?



Harry não lhe respondeu, limitou-se a acenar com a cabeça. Naquele momento, a mãe de Hermione entrou na mini-biblioteca.



- Acho que chegaram algumas corujas para vocês. Estão lá em baixo na sala de estar. – acrescentou, pois Hermione e Harry já se tinham precipitado para a saída da sala.



Depois de descerem as escadas à pressa, entraram na sala de estar e lá estavam elas: duas corujas, uma de aspecto oficial e outra a voar loucamente pela sala. Hermione foi à de aspecto oficial e Harry foi ao encontro de Pig.



- São as cartas de Hogwarts. Estão atrasadas, era suposto terem vindo em Julho. Toma a tua. – disse Hermione a Harry, entregando-lhe a carta dele. Harry desistiu de tentar desamarrar a carta da pata de Pig e abriu lentamente o seu envelope de Hogwarts. Certamente que estavam no seu interior os resultados dos NPF’s ( N.O.N’s) que tinham feito no ano passado. Hermione soltou um grito estridente:



- Olha!!!! Passei a tudo com Brilhante!!!! - disse a amiga, mostrando os resultados a Harry. Estava extremamente feliz.



- Parabéns! – felicitou-a Harry, dando-lhe um beijo na face. Hermione corou um pouco e sorriu mais. Harry retribuiu-lhe o sorriso.

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- E tu? - perguntou Hermione, ainda ligeiramente corada.




Harry finalmente leu o pedaço de pergaminho que indicava os seus resultados.



Transfiguração: Excede as expectativas

Defesa Contra a Magia Negra: Brilhante

Artes divinatórias: Fraco

Encantamentos: Excede as Expectativas

Herbologia: Aceitável

Poções: Brilhante

Cuidado com as Criaturas Mágicas: Excede as Expectativas

Astronomia: Fraco

História da Magia: Horrível



Das notas negativas já Harry estava à espera, por isso não estranhou muito, agora do Brilhante a Poções… Foi totalmente inesperado.



- Tive Brilhante a Poções… - declarou, incrédulo.



- Boa! Tens nota para ir para Auror? – perguntou Hermione, a espreitar as suas notas.



- Tenho! – respondeu Harry, muito contente. – E tu, que carreira é que escolheste?



- Eu, bem, eu escolhi ser… funcionária no Ministério da Magia, mais concretamente no Departamento de Regulação e Controlo das Criaturas Mágicas. – confessou Hermione, com o rosto a iluminar-se.



- Ah! Então sempre vais para a frente com a B.A.B.E.? – perguntou Harry à amiga.




- Sim, vou. Estive a pesquisar na biblioteca e descobri montes de coisas sobre esse departamento. Espero bem conseguir alguma coisa no que diz respeito ao bem-estar das criaturas mágicas com os feiticeiros. E o que é que diz na carta do Ron? – perguntou Hermione, mudando bruscamente de assunto.



- Não sei, ainda não a abri. – respondeu Harry, tentando novamente tirar o sobrescrito da pequena pata de Pig. Ron escrevera-lhes o seguinte:



“ Caros Harry e Hermione,



Como estão? Isto por aqui está muito chato, não vejo a hora de ir ter com vocês. Já receberam as corujas de Hogwarts? Eu já. Tive Horrível a Artes divinatórias, História da Magia e Astronomia. A Encantamentos e a Defesa Contra a Magia Negra tive Excede as Expectativas. Às restantes disciplinas tive Aceitável.

Sabem uma coisa? O Percy ainda não nos pediu desculpa! E está provado que o Quem-Nós-Sabemos voltou! É mesmo orgulhoso (apesar de eu achar que isso já não é orgulho; é mais estupidez e burrice)! Mas mesmo que ele e os pais fizessem as pazes, acho que nunca o ia perdoar. O que ele nos fez foi inaceitável.

A Ginny manda beijinhos aos dois.


P.S. Algum de vocês foi nomeado Prefeito novamente? Eu já não.

( Ufa! Já não aguentava outro ano como aquele! )



Abraços,



Ron W.




Depois de Harry ler a carta em voz alta para ele e Hermione, a amiga “voou” para a carta de Hogwarts, com certeza à procura do distintivo de Prefeito. Harry também continuou a ler a sua carta, notando que estava muito mais espessa do que o habitual. Como sempre, o pergaminho que lhe informava sobre a data de partida para Hogwarts e sobre os objectos necessários durante o ano lectivo estava lá, embora na lista dos objectos houvesse um novo item: o manto de cerimónia. Provavelmente iria haver outro baile, pensou Harry. Não ficou feliz: a sua experiência com bailes era muito traumatizante.

Mais uma folha encontrava-se dentro do seu sobrescrito. Abriu-a :



“ Caro Mr. Potter,



Como já deve ser do seu conhecimento, este ano o senhor vai realizar, se desejar, o exame que o permitirá materializar-se e desmaterializar-se. Obviamente que o exame não será fácil e será realizado no final do ano lectivo. Será necessária a sua assinatura e a do seu encarregado de educação. É favor entregar este pergaminho directamente ao seu chefe de equipa no primeiro dia de aulas devidamente preenchido.



Cordialmente,



Minerva McGonagall , subdirectora “




- Então, vais fazer o exame de materialização? – perguntou Hermione, depois de ver que Harry já tinha acabado de ler a folha.



- Eu gostava, mas o meu encarregado de educação está a duas horas de distância, e calculo que não me queira ver nem pintado de ouro com um diamante na testa. – respondeu amargamente Harry.



- Atenção! Está a duas horas de distância se formos de CARRO! Pudemos utilizar um botão de transporte. – disse Hermione com simplicidade.



- E desde quando é que há um botão de transporte que vá parar a Privet Drive? – perguntou Harry à amiga, quase ironicamente.




- Desde sempre. Se lesses o livro “Os meios de transporte mais inabaláveis da História” , verias a localização exacta dos Botões de Transporte em Inglaterra. Amanhã pudemos ir ao de Birmingham, que fica ao pé do palácio, e vamos direitos a Privet Drive. – explicou Hermione a Harry. – Agora será que pudemos continuar a visita guiada? – completou, saindo da sala, à espera do amigo.



- Sim, deixa-me só ver o que é isto. – disse Harry, retirando da sua carta uma coisa escarlate. Ficou a olhar para a palma da sua mão durante quase um minuto, com cara de parvo, até que Hermione entrou novamente na sala, impaciente.



- Então, não vens? – perguntou a Harry – O que é que tens? Que cara é essa? – nesse momento olhou para a palma da mão de Harry. – Não acredito! Foste nomeado Prefeito!!!!



- Pois fui. – concordou Harry, ainda assombrado com tal notícia.



- Com a agitação do Botão de Transporte também me esqueci de ver se também tinha sido nomeada. Espera aí. – disse Hermione, procurando o distintivo. – Olha, também tenho!!! Vamos ser os dois Prefeitos de Gryffindor!!!



- Vamos, pois vamos!!! – disse Harry, que agora deixara de estar admirado. Um grande sorriso brotava dos seus lábios.



- Próxima paragem: quarto de hóspedes. – disse Hermione, imitando os guias turísticos.



Subiram os dois novamente as escadas, sempre a falar e a rir. Quando chegaram ao segundo andar, Hermione guiou Harry para outras escadas que supostamente iriam dar ao sótão. Abriu o alçapão que dava acesso ao quarto e entrou, com Harry atrás. Era uma divisão da casa de aspecto calmo. As paredes e o chão eram de um tom de azul claro. Duas camas encontravam-se abaixo da janela que dava para a parte da frente da casa. Também havia mais uma janela, do lado oposto da outra, com um roupeiro trabalhado ao lado. No quarto também estava localizado um cadeirão com uma pequena televisão. As malas de Harry mais a gaiola de Hedwig já lá estavam, a um canto do quarto “azul”.



- É bonito, não é? É aqui que vais ficar. Escolhe uma cama e guarda a tua roupa no roupeiro. Quando o Ron chegar, também vai ficar aqui. – disse Hermione, sentando-se numa das camas miraculosamente bem arranjadas.



Harry foi à janela que dava para a parte de trás da casa. As suas suspeitas foram confirmadas: Hermione tinha mesmo uma piscina. E uma grande piscina, diga-se de passagem.



- Gosto muito deste quarto, tem um aspecto muito… calmo. É muito diferente do de Privet Drive. – disse Harry à amiga, ainda a olhar pela janela.



- Estás a observar o jardim? Anda vê-lo, é muito mais bonito à vista real. Também costumo fazer lá os trabalhos de casa, nos baloiços. Ou, de vez em quando, vou à piscina. É muito agradável. – disse Hermione, notando que Harry estava a olhar pela janela.



Desceram, então, novamente os dois andares, indo dar ao rés-do-chão, onde a mãe de Hermione procurava Crookshanks (Bichento).



- Onde raio se meteu o gato? – resmungava – Onde vão?



- Vou mostrar o jardim ao Harry. Quando servirem o jantar, chamem-nos. – respondeu Hermione, andando para uma porta que ficava à frente da entrada para a casa. Abriu-a e teve acesso imediato para o jardim.



Harry nunca tinha visto tantas flores juntas. Rosas, malmequeres, jarros, papoilas, tulipas, etc. O conjunto de tonalidades que cada uma delas fazia era impressionante. E Hermione tinha razão: era um excelente lugar para estudar.



- Como já deves ter reparado, este é o jardim. É ali que costumo sentar-me. – indicou Hermione, apontando para um banco para duas pessoas branco. – E ali são os baloiços.



Andaram os dois para o par de baloiços, sentando-se cada um num deles, de costas para a vivenda.



- Então, o que é que achas-te da casa? – perguntou ansiosamente Hermione.



- Gosto muito. Tens muita sorte. – responde melancolicamente Harry.



- Em quê? Em ser amiga da pessoa, muito provavelmente, mais famosa do mundo bruxo que acidentalmente está neste momento hospedada na minha casa ou em ter a casa de sonho de qualquer pessoa? – perguntou divertidamente Hermione.



- E convencida não és, não? Estava a falar de tudo: dos teus amigos, da tua família, da tua casa, de tudo. – diz Harry, já mais alegre. – Mas conta-me mais sobre as tuas férias em Portugal.



- Sabes que foi uma princesa portuguesa que trouxe para Inglaterra o costume de beber chá? Casou com o rei D. João IV e era totalmente o contrário das mulheres inglesas, que na sua maioria são loiras. Era baixinha e morena e acho que as roupas que estavam na moda naquele tempo não lhe ficavam bem, por isso era considerada feia. Gostei muito de Portugal! Tens que lá ir! É um sítio mesmo tranquilo.



- E sobre Voldemort? Achas que há possibilidade de atacar os portugueses, ou de usar Portugal para um ponto de encontro com os Devoradores da Morte? – perguntou-lhe Harry.



- De acordo com o que eu li na biblioteca bruxa portuguesa, Voldemort não liga assim muito a esse país. Como é um país pequeno, passa despercebido.



O silêncio reinou. O sol estava a pôr-se lá longe, no horizonte. O céu estava a ficar alaranjado. Harry achou aquela cena… romântica? Olhou para a amiga: ela olhava fixamente para ele, nem pestanejava. Foi um momento mágico… enquanto durou, pois Mr. Granger interrompeu o contacto visual de ambos, chamando-os para jantar.







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