A decisão do Ministério



Cap. 17 - A decisão do Ministério.

Chegaram à sede da ordem por volta do meio dia e meio. Rony decidiu ficar na loja com Fred e Jorge, voltaria com os dois à noite. Hermione queria voltar logo, no mínimo pra ler um dos livros que comprara. Gina subiu pro quarto, onde passou a maior parte do tempo. Quando encontrou Hermione sozinha, Harry aproximou-se, embora a garota nem tivesse notado sua presença, pois estava absorta na leitura de “Animagia: Transfiguração Avançada”.
- Querendo virar animaga Mi?
- Talvez... Qual o problema nisso? – retrucou arisca, sem tirar os olhos do livro.
- Hei! Calma... fiz só uma pergunta – tentou acalma-la enquanto sentava-se próximo a namorada.
- Eu estou calma... – disse mais parecendo querer convencer-se disso.
- Então por que não conversa comigo? Você não fala nada desde quando saímos do Beco.
- Será que é porque eu estou lendo e conversar tira minha concentração? – ela levantou os olhos rapidamente em direção a Harry, como quem diz: “será que você não se toca”?
-quer saber? Você vai me ouvir agora... – ele puxou o livro das mãos de Mione deixando em um local fora de seu alcance.
- Me devolve isso Harry! – pediu.
- Você tá sendo meio infantil, não acha não? – sorriu ele, segurando o braço de Hermione para que ela não apanhasse o livro, mas não com muita força, não queria machuca-la.
- Posso saber com o que eu estou sendo infantil, Potter? – ela retribuiu o sorriso do moreno, porem com muito sarcasmo.
- Deixa eu ver... – refletiu um momento, tentando ignorar o “Potter”. Ela só o chamava assim quando estava realmente chateada - Você estava numa boa comigo no Beco, tava tudo normal. De repente, a Cho aparece e diz que quer falar comigo e você muda totalmente, evitando meu olhar e não fala comigo. Passa o caminho de volta com a cara emburrada e me ignora completamente. Com o que será ein Mione?
- E quem disse que é por causa disso? Pelo que eu saiba, o mundo não gira em torno de você.
- Então diz olhando pra mim que não é por isso – pediu ele. Ela estava mentindo, ele sabia quando ela mentia, sabia quando estava chateada... Ele sabia tudo que fosse relacionado a ela. Vendo que a garota não respondia nem esboçava reação, ele puxou o rosto dela para que pudesse olhar em seus olhos.
- Não foi por causa da Cho então? – perguntou. Hermione olhou bem no fundo daqueles olhos verdes, olhos estes que sempre a faziam derreter, que acabavam com todos os seus medos, que a impediam de mentir... – Tá, foi por isso sim, satisfeito? – rendeu-se enfim, enquanto um discreto sorriso brotava dos lábios de Harry – o que você queria também? Depois de tudo que aconteceu entre você e a Cho, você gostava dela desde o 3º ano, você queria que eu me sentisse como? Principalmente sabendo o que ela queria com você?
- Como você sabia? - perguntou surpreso
- Talvez porque eu vi o jeito que ela te olhava? – retrucou. Aquela resposta era bem familiar.
- Então você sabe o que ela veio falar comigo... creio que saiba o que eu respondi também?
- Não... – admitiu a garota
- Eu disse a ela que sentia muito, mas que o tinha que acontecer entre nós já tinha acontecido, que não daria certo. Mi, pelo amor de merlin, você não acha que eu trocaria você pela Cho, acha?
- Eh... – ela não sabia o que responder. Confiava em Harry e sabia que ele a amava, mas ainda se sentia um pouco insegura – Sinceramente, não sei – confessou.
- Ok... Acho então que vou te contar uma coisa que eu não mencionei ano passado pra você. Lembra da ultima briga que eu tive com a Cho? Depois que aquela amiga dela, a Marieta, dedurou a gente?
- A briga que você não me disse o motivo?
- Essa mesma. A gente brigou não por eu ter falado da amiga dela, mas sim porque eu defendi você.
- Como assim? – perguntou ela sem entender.
- Ela tinha falado que não tinha gostado da azaração que você fez, que sentia pena da Marieta e que tinha que ser alguma coisa vinda de você mesmo. Eu respondi que tinha achado a sua idéia brilhante e ela começou a falar que eu só te defendia e veio com aquele ciúme idiota. – Hermione sorriu. Como estava sendo idiota!
- Brigada, eu acho – riu ela antes de abraça-lo. Sentiu uma imensa vontade de beija-lo mas naquele momento não era possível, alguém podia ver. – Separou-se dele com certa dificuldade.
- Agora que tudo tá resolvido, será que o Sr. pode devolver meu livro?
- Claro. – ele o entregou nas mãos de Hermione. – Você realmente está pensando em se tornar animaga não é?
- Estou sim. Não falei com você nem com o Rony sobre isso antes porque queria ter certeza de ter encontrado o método certo. Mas acho que já estou quase lá. Ai vocês dois poderão se tornar animagos junto comigo! –

Antes que Harry pudesse responder, Gui entrou na sala:
- Harry, preciso falar com você. – disse um pouco apreensivo – E você também Mione – acrescentou. Gui aproximou-se e sentou numa poltrona próxima. – Bem, são duas coisas: primeiro, o testamento do Sirius foi lido hoje. Você é o dono de toda a herança dele. Essa casa, umas 2 propriedades pertencentes à família Black e uma quantia considerável de dinheiro em Gringotes.
Harry apenas concordou com a cabeça. Esperava tratar de qualquer assunto com Gui, menos Sirius. Na verdade, a herança nem lhe importava, só servia pra lembrar que Sirius se foi. – E o outra coisa? Você disse que eram duas... – perguntou tentando mudar de assunto.
- Eh... – Gui não sabia como começar, não tinha a mínima idéia de como seria a reação do garoto. – O ministério decidiu reabrir o inquérito que julgava o caso do Sirius. Com as novas provas que surgiram, ou melhor, com o Rabicho vivo eles decidiram marcar uma nova audiência pra definir se Sirius era o culpado ou não. Vocês dois e Rony serão chamados pra depor.
- QUE? – perguntou ele se levantando. – Pra que isso agora? Deviam ter inocentado ele no dia que Pedro Pettigrew reapareceu! Nós dissemos a eles! Ele está morto! De que adianta isso? Não vai trazer ele de volta!
- Eu sei Harry... mas foi uma decisão do ministério, em reconhecimento ao que Sirius fez no departamento. Com a aparição de Você-sabe-quem por lá, eles tiveram que acreditar em tudo que você e Dumbledore vinham dizendo, incluindo a inocência de Sirius. Reabriram o caso embora já se saiba que a decisão é inocenta-lo. Pedro Pettigrew foi visto há alguns meses por um auror, sustentando a história verdadeira. Vocês três e o Lupin deverão depor sobre o ocorrido na casa dos gritos no próximo dia 20. Eu sinto muito Harry, mas é necessário.
Ele não respondeu, apenas saiu da sala como um furacão. As lágrimas de raiva escorriam por seu rosto. – Porque isso logo agora? – Já não bastava ele ser obrigado a estar num lugar em que todos os cantos lembram o padrinho, ele teria agora que recordar de tudo que acontecera naquele dia? Lembrou-se de Sirius o convidando pra morar com ele logo que fosse inocentado e sentiu-se com mais raiva ainda. Subiu as escadas e acabou parando no quarto daquele que considerava como um pai, intocado desde sua morte. Viu num porta retrato uma foto dele com seus pais e ao lado, uma outra foto, esta com ele, tirada no Natal do ano que passara. Ficou olhando aquela foto, as lágrimas escorrendo por seu rosto e acabou adormecendo sem perceber.

- Eu vou lá! – dizia a Sra. Weasley.
- Não! – disse Hermione rapidamente. – Conheço o Harry, é melhor deixar ele sozinho por um momento. Ele vai ficar bem sra. Weasley, daqui a pouco vou falar com ele.
- Acho melhor eu ir... – começou a sra. Weasley, mas Gina interviu:
- Mamãe, Hermione conhece Harry melhor do que ninguém, ela vai saber conversar com ele. É melhor deixar isso com ela. – a Sra. Weasley concordou silenciosamente, deixando as garotas na cozinha.
- Como você acha que vai ser? – perguntou a ruiva preocupada.
- Digamos que quase impossível. – suspirou Hermione, cansada. – Mas eu vou ter que falar com ele, a sra. Weasley infelizmente só iria piorar as coisas. Isso mexeu muito com ele, reabriu as feridas que ele mal tinha terminado de fechar. Se eu bem conheço o Harry, prepare-se pra ouvir alguns gritos mais tarde – riu ela, irônica. “É rir pra não chorar mesmo”, pensou.
- Se precisar, eu vou com você – ofereceu Gina.
- Brigada Gina, mas acho melhor não. Se com uma pessoa ele já discute o suficiente, imagina duas.

Passadas umas 2 horas, Hermione bateu na porta do quarto de Sirius, mas não obteve resposta. Tentou mais algumas vezes e nada. Então lentamente abriu a porta e encontrou Harry dormindo, com uma foto dele e de Sirius nas mãos. Fechou a porta com cuidado e sentou-se do seu lado, acariciando os cabelos negros e rebeldes do namorado. Passou alguns minutos assim e com cuidado, tirou a foto das mãos dele e colocou no lugar. Harry abriu os olhos vagarosamente, e passou algum tempo observando o quarto antes de se virar para Hermione e dizer:
- Tinha esperança de que tudo era um pesadelo. Mas vendo onde eu estou, vejo que é real. – Ela se deitou ao lado dele, mas de forma que pudesse olha-lo. Acariciou seu rosto e disse:
- Infelizmente é real. Mas quero que você saiba que estou aqui com você, e sempre estarei - completou séria. – ele a puxou para perto de si e a abraçou. – Eu sei disso. É só que... este tempo todo venho tentando esquecer o que aconteceu e agora por uma decisão idiota do ministério, terei que rever tudo na minha mente mais uma vez. – confessou o garoto – não sei se eu vou agüentar Mi.
- Vai sim... Você tem uma força extraordinária Harry, mesmo quando acredita que não a possui. Foi umas das coisas que fez com que eu me apaixonasse por você, sua capacidade de superar os obstáculos que aparecem. Por mais que pareça errado, ou inapropriado para o momento, pense nesse julgamento como uma forma de honrar o nome do Sirius... Encontre na lembrança do Sirius a força que você vai precisar.
- É, pensar por esse lado até que vai... Mas a única coisa que me vem à cabeça é quando o Sirius me convidou pra morar com ele, quando acreditávamos que ele ia ser inocentado. Fico pensando se eu tivesse morado com ele realmente. Eu não teria que passar o verão naquela casa em que todos me odeiam, estaria perto das pessoas que eu gosto... – ele recomeçou a chorar naquele momento. – Juro que se não fosse você comigo agora eu não sei o que faria da minha vida, aliás, eu acho que nem existiria vida. Todas as pessoas que estão comigo morrem. Primeiro meus pais, depois Cedrico e agora Sirius. Tenho medo que aconteça algo com os outros, com a Gina, com o Rony, mas principalmente com você. – desabafou o dono daqueles olhos verdes, agora sem brilho e sem vida.
- Harry! Nada vai acontecer comigo, eu te prometo. Eu SEMPRE vou estar à seu lado, sempre. – Ela fez com que Harry deitasse em seu colo, onde permaneceram assim o resto da tarde, até que ouviram a Sra Weasley chamá-los pro jantar.

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