Capítulo 17



Capítulo 17

- O que você falou? – Harry repetiu a pergunta, abismado. Ele sabia que devia ter algo errado. Que Sirius não iria ficar tão irritado com o seu namoro ou suas demonstrações de carinho com a filha da amada dele. Ou melhor, o moreno devia ficar feliz por seu afilhado finalmente ter encontrado alguém que ele gostasse e que lhe fizesse feliz. Uma felicidade que Harry nunca soube se existia ou não e que ele queria muito construir com a morena.

-Esquece o que eu falei.

-Não... eu não ligaria se você tivesse dito apenas que eu minto, afinal você está irritado e deve estar dizendo coisas sem sentindo.

-Isso mesmo... estou falando nada com nada.

-Mas tem uma coisa... – Harry começou caminhando em direção ao padrinho que se manteve ereto e confiante. - ... que você disse que não pareceu ser apenas um desabafo... Sirius... você não vai mais poder esconder isso de mim... agora que eu ouvi isso de você eu vou começar a notar as semelhanças e as diferenças. Eu vou descobrir sozinho, se você não me contar.

Sirius abaixou a cabeça por um tempo e então andou até sua cama sentando-se nela e pediu para que seu afilhado fizesse o mesmo.

Já fora difícil ter que contar sobre seu romance secreto com Ágata, agora seria mais difícil contar que daquele antigo romance havia nascido a Evelyn, sua filha que há poucos meses ele nem sabia que existia.

-Eu sei que você vai descobrir sozinho se eu não contar, afinal eu já aprendi a te conhecer e sei que quando você teima com uma coisa, sai de perto... tanto que eu sabia que não conseguiria esconder isso de você por mais tempo do que eu esperava. Aliás, isso não está se tornando mais um segredo, tanto que a Hermione fora uma das primeiras a descobrir...

-A Hermione sabia? E por que ela não disse nada?

-Porque ela sabe guardar o segredo... mas isso não importa agora... você quer ou não saber se é o meu genro?

Harry deixou escapar um pequeno sorriso, porém logo mudou novamente sua expressão esperando com que Sirius começasse logo o seu relato.

-Harry... para você poder entender tudo, eu vou ter que te contar desde o princípio... – Sirius parou por um momento e então depois de um breve suspiro ele recomeçou. - Ágata e eu iríamos nos casar assim que nos formássemos, mas por motivos que eu não quero lembrar e muito menos contar agora para você, ela acabou se casando com o Stein. A única coisa que eu posso te dizer é que ele era um bruxo de puro sangue e muito rico, não que eu não fosse da mesma forma, mas naquela época eu já havia sido apagado da linhagem Black, por isso eu já não era mais visto como um bom pretendente pelo Sr. Tessler, pai da Ágata.

Harry fez menção em falar alguma coisa, porém resolveu ficar calado e esperar até que o Sirius recomeçasse. Para o Harry, aquilo era mais do que nojento e traiçoeiro, pois tudo lhe indicava que o casamento da Ágata com o Pablo fora algo armado e planejado pelo pai da mulher.

-Eu tentei muito lutar para que aquele casamento não ocorresse, mas acho que o destino não queria isso, Harry. Ágata, apesar de ser maior de idade, não tinha muito controle sobre sua vida e ela tinha medo de magoar sua mãe, principalmente, pois Ágata sabia que os negócios da família não iam bem e que esses negócios proviam da família de Annette Tessler, mãe da Ágata, e é obvio que a Ágata não queria ver todo aquele império desmoronar...

-Foi um casamento apenas de aparências?

-Pelo menos era isso o que eu imaginava até receber a notícia, pouco tempo depois do casamento deles e do seu batizado, de que ela estava grávida. Harry, eu jurava que aquele filho era do Pablo e que ela havia me enganado dizendo que o amor dela era eterno e que aquele casamento não era apenas para salvar a empresa da família. Eu fui para Askaban com esse pensamento em mente e saí de Askaban com outro totalmente diferente. Nesse tempo que estive preso comecei a receber cartas de Ágata. As únicas notícias que eu tinha do mundo eram ditas por ela nessas cartas... e eu agradeço até hoje pelos Dementadores não terem interceptado a coruja dela.

-Mas ela nunca chegou a dizer que a Eve era sua filha nessas cartas? – Harry perguntou depois de algum tempo de silêncio incômodo.

-Pior que tentou Harry... da maneira dela, mas tentou e eu, burro, só fui descobrir isso depois que vi a Evelyn pessoalmente lá no St. Mungus, quando a Ágata esteve internada. Harry, em todas as cartas, a Ágata me dizia como ia o crescimento da menina, em uma ela até me mandou um sapatinho de criança e em outra, uma foto dela de quando ela tinha uns quatro anos apenas. Depois disso ela apenas me escrevia... Só que eu, em vez de ficar contente de saber que ela sempre me amou, ficava com raiva por saber que ela amava tanto aquela menina e que aquela menina não era minha, mas era fruto de uma noite dela com o Pablo. Eu não conseguia entender como ela conseguia gostar daquela filha que eu jurava que havia sido feita apenas por obrigação, mas que na verdade, havia sido feita bem no dia do seu Batizado aqui em Hogsmeade mesmo. A Ágata tentou me manter sempre informado da minha filha, da mesma forma que ela deixava escapar algumas informações minhas para a Eve.

-Como ela fazia isso? Digo... a Evelyn lembraria disso se ficasse mais tempo com você, não lembraria?

-Acho que sim, por isso mesmo que eu tenho mantido distância dela, por enquanto... não sei se vou conseguir continuar com essa farsa. Eu já esperei tempo demais e me mantive longe o tempo suficiente para ela se acostumar com Hogwarts e para o Stein se acostumar que eu sou o pai da Eve. E sobre como ela contava de mim... eu não sei exatamente, apenas me lembro de um dia que ela deu um cachorro de pelúcia para a menina... e às vezes mostrava algumas fotos da nossa formatura e do seu batismo, fotos onde eu sempre estava junto dela.

-Por acaso a Ágata é minha madrinha? – Harry perguntou de repente, já que aquele pensamento lhe ocorrera por acaso.

-Lílian e Tiago queriam que ela fosse, porque achavam que dessa forma nos manteriam juntos, mas a Ágata não aceitou... não queria manter laço algum comigo... acho que ela estava com medo de não conseguir cumprir o que havia prometido ao seu pai e ao Pablo... mas quanto a sua madrinha Harry... creio que você não chegou a conhecê-la realmente... ela era um membro da ordem assim como seus pais e eu, mas ela acabou morrendo em um ataque antes mesmo de você completar cinco meses de idade... foi muito amiga da sua mãe... é apenas isso que eu sei sobre ela...

- E você lembra o nome dela? – Harry perguntou sentindo uma euforia surgir dentro de si. Ele sempre quis saber se havia tido uma madrinha... ele só não sabia se a melhor alternativa era perguntar ao Sirius.

- Marlene Mckinnon. Formou-se conosco. E ela foi minha namorada antes da Ágata. Na verdade não foi bem um namoro, mas foi algo que durou algum tempo, quando eu ainda não sabia o que realmente sentia por Ágata. Harry... a Marlene adorava sua mãe, eram ótimas amigas e eu tenho certeza que Marlene seria uma ótima madrinha... tanto que ela morreu lutando para salvar seus pais... pois naquela época seus pais já haviam feito o Feitiço Fidelis e Marlene havia sido cogitada para ser o fiel do segredo.

-Se tivesse sido ela, nada disso teria acontecido... – Harry olhou fixamente para seu padrinho e então sorriu fracamente. – Pelo menos ainda me restou você.

-E daqui por diante você vai ter que ser muito mais obediente e ter muito mais respeito para comigo, afinal, além de ser seu padrinho, sou seu tutor, quase um pai e agora sou seu sogro.

-E é o meu professor e Diretor da minha casa...

-Eu sou tudo o que você pediu a Merlin, não sou? – Sirius perguntou rindo da sua melhor forma marota enquanto Harry apenas correspondia ao seu sorriso.

Realmente, Harry tinha muito que agradecer ao seu padrinho, mas ele não diria isso a ele, não naquele momento, afinal ele não queria mais presenciar o ego inflado do Sirius crescer mais ainda...

-Desde que não morra... para mim já é uma vantagem...

-Deixa de ser mal agradecido. Eu não te dei uma linda namorada não? E falando nela... acho que eu vou ter uma conversinha em particular com a minha filhota.

-O que você vai dizer? – Harry perguntou um pouco preocupado.

-Eu não acabei de dizer que sou praticamente seu pai? Então... ela também tem que ter consciência de que eu não quero que você sofra...

Harry balançou a cabeça não acreditando no que estava ouvindo... mas ele tinha que concordar com o seu padrinho, mas não quando ele falava que ela devia ter consciência daquilo, mas quando ele dizia que os dois deveriam conversar... afinal... tinha certeza de que Evelyn adorava muito aquele almofadinhas, mesmo sem saber que ele era seu pai.

-Tudo bem... mas vai com calma... eu agora preciso ir para a minha aula... – Harry falou e então após se despedir do padrinho, saiu rumo a sua aula, deixando Sirius mais aliviado. Sabia que sua filha estava em ótimas mãos...

Chegou na sala um pouco antes do sinal bater e de Snape surgir na sala para mais uma tediosa aula de poções.

Procurou um lugar mais afastado e longe dos olhares maçantes dos seus colegas Sonserinos. Colocou seu material sobre sua classe e então notou que Hermione acabava de entrar na sala e ia se sentar ao seu lado. O que lhe lembrou que ele queria conversar algumas coisinhas com sua querida amiga.

Rony chegou logo depois da jovem, um pouco antes de Snape fechar a porta das masmorras e dizer que ninguém mais entrava atrasado na sua aula. O ruivo procurou qualquer lugar e então sentou-se bem mais a frente de onde estavam sua noiva e Harry.

-Vocês brigaram? – Harry escreveu em um pedaço de pergaminho velho, passando por baixo da mesa para a jovem que pegou o mesmo ainda olhando fixamente para a nunca do professor que escrevia qualquer coisa no quadro.

-Não...

-E por que estão afastados?

-Harry... eu prometo que te conto isso depois da aula... eu não quero pegar uma detenção justamente agora...

-Tudo bem... mas vocês vai ter que me contar outra coisa... – Harry terminou de escrever e então entregou novamente a Hermione, antes que Snape se virasse para a turma e começasse seu monólogo soniferante.

Hermione franziu o cenho com aquele pedido e então rasgou o pergaminho e o colocou dentro de sua mochila. Perguntaria isso mais tarde ao Harry... naquele momento ela estava mais interessada em... pensar em como contaria seu segredo ao seu noivo que parecia bem submerso em seu mundo a três mesas à frente.

A aula transcorreu tediosa como sempre e quando esta acabou, Harry tratou logo de puxar Hermione para uma conversa quando ambos perceberam que Rony já não estava mais na sala.

-E depois você diz que não brigou com o Rony... ele nunca saiu antes da gente! – o moreno falou demonstrando seu excesso de preocupação.

Hermione, por sua vez, antes de responder, puxou Harry para fora das masmorras e começou a guiá-lo pelos corredores em direção à ala hospitalar.

-Isso já vai acabar... eu só preciso resolver mais uma coisinha antes...

-Tudo bem... eu só espero que depois vocês se acertem... é deprimente andar com um Rony mal-humorado.

-Que amigo você é... mas isso não importa agora... o que eu quero saber...

-Sei... – Harry a interrompeu e então olhou para os lados tentando descobrir se não havia mais ninguém atrás deles. – Eu não acho seguro falar aqui... só posso te adiantar que é sobre a Eve e o Sirius...

-Você já sabe? – Hermione arriscou diminuindo sua voz apenas para que o amigo pudesse a ouvir.

-Já... Sirius me contou... e eu quero saber mais sobre essa amnésia da Eve... eu quero ajudar ela e da mesma forma ajudar o Sirius...

-Como você vai fazer isso? O problema da Eve está longe do nosso alcance Harry... – Hermione continuou ainda com o tom de voz baixo.

-Eu sei, mas...

-O que vocês estão cochichando aí? – uma voz foi-se ouvida no começo daquele corredor, interrompendo os cochichos dos dois amigos.

-Rony... por que não nos esperou? – Harry perguntou tentando fingir que estava tudo bem.

-Porque eu esqueci algo no quarto... – o ruivo desculpou-se, mas nem Harry e muito menos Hermione conseguiram acreditar muito naquela estória. – Mas vocês ainda não me responderam sobre o que estavam falando...

-Era algo sobre o meu namoro com a Eve, eu queria saber o que uma mulher gosta de ganhar... quero dar algo para ela no Natal.

-Está um pouco longe, não acha? – Rony perguntou também não acreditando naquilo.

-Sim... agora chega... – Hermione falou interrompendo os dois amigos e indo na direção do seu noivo, o puxando na direção da ala-hospitalar.

-Harry... falaremos sobre isso depois... agora eu preciso resolver aquele outro assunto.

Harry que não sabia o que era o outro assunto, balançou os ombros e resolveu seguir o seu caminho, ainda com os pensamentos direcionados para Evelyn e o fato que acabara de descobrir.

Enquanto o moreno seguia o seu caminho, Hermione andava, arrastando o seu noivo junto, sem dizer sequer uma só palavra, afinal, ela estava com medo de se trair pela sua voz que devia estar tremula.

Quando eles chegaram na frente da porta que levava à ala-hospitalar, Hermione parou soltando o ruivo que ajeitou suas vestes amassadas.

-Agora você pode falar comigo, Hermione? – Rony falou ríspido, porém não conseguiu ouvir a resposta da jovem, pois a porta logo fora aberta e a figura de Pablo Stein aparecera sorridente.

-Estava a sua espera.

-Espero não ter me atrasado...

-Não, querida. Por favor, entrem... – o loiro falou abrindo mais a porta para dar passagem ao casal.

Pablo fechou a porta logo atrás de si e então guiou o casal de noivos até sua própria sala.

Entraram nela e Pablo sentou-se atrás da sua mesa, fazendo sinal, logo em seguida, para Hermione e Rony sentarem-se a sua frente.

-Trouxe o que pedi? – o medico começou e então esperou até que Hermione retirava um envelope de dentro de suas vestes e o entregava ao loiro.

Rony olhou de relance para o médico que mantinha uma expressão séria em sua face, porém não assustadora e olhou para o envelope, que ele pode reconhecer como sendo o mesmo que sua noiva havia recebido naquela mesma manhã. E, finalmente, olhou para a jovem do seu lado que retribui o seu olhar, porém, continuava sem dizer absolutamente nada.

Pablo abriu com cuidado o envelope, desdobrou a carta dentro deste e leu o seu conteúdo sem fazer qualquer comentário, porém Hermione sabia o que ele devia estar pensando, sabia muito bem que ele só estava confirmando suas suspeitas com aquele exame.

-Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? – o ruivo perguntou, depois de ter se passado longos minutos de silêncio, pelo menos foi o que parecera para ele. Hermione continuou olhando para a mesa de Pablo, mais precisamente para uma urna com várias fichas, com certeza de alunos que haviam se internado naquela semana.

Pablo, por sua vez, largou o exame e sorriu de maneira simples para o ruivo que ficou ainda mais confuso.

-Vejo que a senhorita Granger não lhe contara absolutamente nada. Estou certo? – o homem perguntou desviando seu olhar para sua afilhada.

-Não, senhor. Queria ter certeza antes... e falar com o senhor primeiro... – Hermione começou, sentindo seu rosto esquentar e sua mão tremer um pouco.

-Pois bem... não quero ser eu a dizer o que está acontecendo ao seu noivo... por isso, vou ser bem curto no que eu acho disso aqui... Hermione... minhas suspeitas estavam mais do que certas quanto a isso... minha única surpresa foi saber que não é apenas um, mas dois... o que requer duplo cuidado, mas isso você sabe que eu vou fazer questão em te auxiliar e tenho certeza de que o senhor Weasley também. – nisso o loiro sorriu mais abertamente e entregou o exame ao ruivo que resolveu não olhar para o papel, pelo menos por enquanto.

-Fiquem a vontade... e depois que terminarem, eu gostaria de dar uma palavrinha com vocês...

-Como? – Hermione perguntou levantando-se assim que o seu padrinho fizera o mesmo.

-É melhor vocês ficarem sozinhos... – Pablo sorriu ternamente para a menina e então saiu da sala, fechando a porta logo atrás de si...

-E então... o que você tem a me dizer?

-Podem parar com isso! O que vocês pensam que estão fazendo? – o moreno segurou firme em sua varinha e então subiu no palanque, onde uma garota da Lufa-lufa lutava contra um garoto da Grifinória. – Isso não é o jogo de vamos ver quem inventa mais feitiços... – Sirius falou arrancando gargalhadas de alguns dos seus alunos, principalmente por parte do seu fan clube feminino.

-Desculpe, professor... – a jovem da Lufa-lufa, Dara, sentiu seu rosto ficar vermelho com a aproximação do professor do seu lado a ajudando a murmurar um feitiço de proteção.

-Sem problemas... eu só acho que você está muito nervosa... – nisso o moreno sorriu simplesmente, fazendo a jovem corar mais ainda e alguns alunos na Lufa-lufa bufar – ... por isso, é melhor eu chamar outra pessoa no seu lugar...

-E por que não eu? – uma jovem morena e de olhos azuis levantou sua mão, enquanto olhava fixamente para o homem sobre o palco onde ele dava suas explicações.

-Porque... a senhorita Weasley ainda não demonstrou suas habilidades... – Sirius falou olhando para a ruiva que suspirou resignada. Tudo o que ela queria era levar um “Expelliarmus” na cara, já que ela não parecia estar muito concentrada na aula. – Vamos?

Gina empunhou sua varinha e então, com a ajuda de Sirius, subiu sobre o palco, olhando fixamente para o jovem grifinório a sua frente, Aaron Brunny. Seus olhos castanhos lhe olhavam com certa quantia de sedução, na verdade, pareceu a Gina, que Aaron era um dos alunos mais bonitos do seu ano, sendo que aqueles olhos castanhos atraiam a atenção de qualquer um, e a ruiva tinha que confessar que atraiam a ela também, principalmente todo o conjunto de olhos e cabelos castanhos, em um corpo bem estruturado de 1,78 centímetros de altura.

-Bom... quero que vocês façam um duelo sério, sem feitiços ridículos e sem gracinhas... – nisso Sirius olhou para Aaron, que apenas sorriu.

Evelyn, entretanto, olhava chateada para Sirius que a havia ignorado daquele duelo, na verdade aquilo só era mais um item para a sua lista de desencontros com o Sirius, afinal, este a estava evitando há muito tempo. Mas ela não deixaria que aquilo se prolongasse por mais tempo. Iria falar com o moreno depois daquela aula e então colocaria tudo em seu lugar. Ela sabia que tinha algo estranho com o professor e ela queria muito saber o que era, além de é claro, passar um tempo com o único que parecia lhe entender tão bem.

-Senhor Brunny... eu não quero atos de cavalheirismos na minha aula. – Sirius berrou um pouco raivoso tirando Evelyn de seus pensamentos e a concentrado no duelo que se seguia sobre o palco. Isso, se aquilo podia ser chamado de duelo, já que o garoto estava mais flertando do que duelando com a ruiva.

Eve sorriu maliciosamente. Ela tinha certeza de que aquilo chegaria bem rápido ao ouvido de um certo loiro, mas ela não queria nem ver qual seria a reação deste mesmo e por conseqüência, de Gina Weasley.

-Chega disso!! – Sirius resmungou novamente subindo sobre o palco e pedindo “educadamente” para os dois alunos descerem. – Francamente, eu esperava melhor de vocês. Mas por hoje a aula está encerrada, podem ir...

Gina desceu do palco e andou na direção da morena que apenas a observou bufar indignada.

-O que aquele idiota pensa que eu sou?

-Está falando do Sirius? – Evelyn perguntou franzindo o cenho.

-Claro que não. Agradeceria a ele por ter me tirado daquele tormento, mas vejo que ele está mais mal humorado do que todos juntos.

-Eu percebi... mas então você estava falando do..

-Daquele idiota do Aaron... pensa que é só dar a sua olhada fatal para a presa para conseguir o que quer...

-Mas eu acho melhor você não arranjar confusão, Gina. Sabemos muito bem que fofocas voam por aqui.

-Você está falando que...?

-Sim...- Evelyn concordou balançando a cabeça e olhando de relance para o garoto que mantinha o olhar na direção delas.

-O Draco não acreditaria nisso... – Gina abaixou a voz para que apenas a morena pudesse ouvir.

-Se vocês tivessem uma relação consistente, ele não deveria acreditar mesmo, mas...

-Eve... eu não posso ter uma relação consistente com o Draco, não agora...

-Mas ele já deu a prova dele, você precisa dar a sua... – Evelyn continuou, ainda com a voz baixa, e então percebeu que Gina parecia um pouco relutante com tudo aquilo que elas estavam conversando. – A não ser que não seja isso o que você quer...

-Eu quero... mas tenho medo... medo de não conseguir enfrentar as coisas... sei que a guerra acabou, mas Draco vêm de uma família tradicionalmente das trevas, quando que a minha foi riscada por ter seguido o lado do bem. Resumindo: Nossas famílias se odeiam.

-Mais uma justificativa para vocês continuarem juntos e eliminar essa coisa patética. A guerra acabou e, pelo o que eu sei, o pai de Draco está muito longe daqui e em Askaban... ele não pode te impedir...

-Sei que não... eu só queria saber de que lado o Draco está...

-Do seu, é claro.

-Não... – Gina desviou o olhar e então percebeu que estavam praticamente sozinhas na sala, até mesmo Aaron havia saído, restando apenas o Sirius que organizava a sala. – Eu sei que ele está do meu lado... eu quero saber se ele está do lado das trevas ou não!

Evelyn a olhou confusa. Se a guerra havia acabado, por que aquele medo? Os comensais que porventura pudessem ter sobrevivido, eles não podiam seguir sem o mestre, Draco não poderia querer seguir o exemplo do pai, querer vingar o pai, poderia?

-Meninas... a aula já acabou há um bom tempo... não seria melhor vocês irem? – Sirius as interrompeu e andou até a direção delas.

-Claro professor... – Gina respondeu e então com uma última olhada em Evelyn, saiu da sala.

Evelyn suspirou resignada. Queria continuar aquela conversa com Gina, queria entender algumas coisas também, mas o mais certo a fazer naquele momento, era falar com Sirius.

-E então? – Sirius perguntou sorrindo.

-Eu que digo. Será que você pode me explicar o porquê desse mal humor e o porquê de não ter me deixado participar do duelo?

-Primeiro: meu mal humor é passageiro e vai acabar quando a gente for tomar uma cerveja amanteigada em Hogsmeade. – Evelyn sorriu com aquele pedido repentino, porém não conseguiu dizer nada, já que Sirius prosseguiu com seus esclarecimentos. – E segundo... eu não coloquei você naquele duelo porque era o Aaron, e você sabe a fama de galanteador que ele tem não sabe?

-Sei... mas o que tem isso?

-Muita coisa. Não estou a fim de apanhar do meu afilhado por ter colocado a namorada dele para duelar com um metido a Don Juan.

Evelyn sorriu, porém não pode evitar o vermelho em seu rosto que acabava de surgir.

-Aliás... isso é outra coisa que eu vou querer saber.

-Como se o Harry não tivesse te contado.

-Eu preciso ouvir mais que uma versão sabe?

-Para que ouvir mais que uma versão... que eu sei só há uma.

-Você quer minha permissão para namorar o Harry, ou não quer?

-Quê?

-Então terá que me convencer disso. – Sirius falou fingindo seriedade e então arrastou a morena para fora da sala de aula. – Lá em Hogsmeade.

-Sirius... – Evelyn falou em sinal de protesto sem deixar de rir e se sentir satisfeita por saber que Sirius não havia a esquecido.

Continuavam no mesmo silêncio desde que o médico havia saído da sala há poucos minutos.

Rony esperava ansiosamente para ouvir o que sua noiva tinha a lhe dizer e ele sentia que não era algo muito agradável de ouvir, afinal aquele assunto havia a mantido longe dele física e psicologicamente por um bom tempo.

-Você vai me contar...

-Vou sim, se você ficar calado eu vou. – Hermione respondeu e então deixou escapar um suspiro audível por seus lábios. Não havia mais como escapar e também não seria tão ruim assim. Os dois haviam cometido aquela besteira e ela não iria seguir sozinha com aquilo. Tudo bem que Ronald Weasley não era alguém muito capacitado para ajudá-la, mas ele era seu noivo e... pai das crianças, não?

-Pois então...

-Rony porque você não olha o que tem em suas mãos? – Hermione falou referindo-se ao exame nas mãos do jovem ruivo que continuava fechado da mesma forma como Pablo havia o entregado.

-Não sei se vai adiantar alguma coisa, mas... – o ruivo deu de ombros e então abriu o envelope. Seus olhos estavam concentrados na carta, enquanto que sua noiva analisava cada gesto do rapaz.

Os olhos do Grifinório percorreram com atenção todo o exame. Ele lia as palavras complicadas e exatas com uma expressão séria no rosto. Hermione não sabia precisar se era pelo resultado do exame ou se era pelas palavras complicadas que os médicos utilizavam... talvez era pelos dois.

-Você... – o jovem engoliu em seco e então voltou seus olhos para Hermione. – Isso só pode ser uma brincadeira de muito mau gosto!

-Ah claro... eu brincaria com algo tão sério como isso. Talvez você não me conhece tanto quanto deveria Rony... – Hermione falou um pouco decepcionada pela reação do noivo. Ela sabia que não seria uma reação boa, que ele fosse vibrar com a notícia, até porque nem mesmo ela havia se acostumado com a idéia de ser mãe, mas...

-Você está grávida Hermione... sabe o que isso significa? Você vai ficar viúva antes mesmo de se casar. Meus pais vão me matar!!! – o ruivo falou com a voz esganiçada e os olhos arregalados pelo pavor que havia se instalado nele.

Não era possível que aquilo estava acontecendo... claro que eles tinham planos de ter filhos, até porque estavam noivos e em breve se casariam, mas... um filho na fase em que se encontravam era praticamente uma tragédia. Não que filho fosse algo ruim, mas para eles se tornaria...

-Se você conversar com eles...

-Não tem conversa Hermione... Nos formamos em poucos meses e como é que a gente vai viver? Eu não tenho trabalho, não tenho um lugar para morar, ainda mais com um filho!

-Mas já estava decidido que casaríamos... a não ser que você tenha me pedido em casamento apenas para me levar para a cama! – Hermione falou um pouco contrariada levantando-se de onde estava.

Rony franziu o cenho sentindo-se um pouco culpado pelo que dissera, embora soubesse que era tudo a mais pura verdade.

-Você sabe que não. Mas seria muito mais fácil se não tivéssemos filhos...

-Você está com medo, Rony, você não está pensando se vai ser fácil ou não... – a jovem falou virando-se de costas para o noivo que continuava sentado com os exames de Hermione em suas mãos.

-Sim, estou com medo porque eu mal sei cuidar de mim, como vou cuidar de uma criança?

-Duas, Rony, duas crianças... – a jovem calou-se de repente. Não era para ele saber daquela maneira, era para ser uma surpresa quando ele estivesse mais acostumado com a idéia...

-O que mais você está me escondendo Hermione? – Rony falou jogando os exames sobre a mesa do consultório enquanto olhava friamente para a grifinória.

-Não estou escondendo. Ia contar quando você parasse com seu ataque! Mas estou vendo que vai demorar você aceitar...

-Não é questão de aceitar ou não... eu nunca te pediria para tirar, eu nunca diria que não assumiria... Hermione, somos novos demais para sermos pais!

-Mas agora já é tarde... não podemos continuas nos lamentando ou apenas dizendo que somos novos, não podemos mais! Rony... – Hermione andou em direção ao rapaz receosa. Não sabia se ele estava aberto para possíveis carinhos, se ele estava possesso com ela, apenas sabia que eles tinham que estar juntos para enfrentar tudo o que viria. - ... eu confio em você, eu amo você.

O garoto deu um meio sorriso para sua noiva enquanto a puxava para um abraço forte. – Desculpe. Eu estou assustado, eu estou com medo sim, ainda mais agora que sei que são gêmeos. – o ruivo sussurrava enquanto percorria suas mãos pelas costas da jovem que fechou os olhos querendo que tudo aquilo fosse um pesadelo da qual ela logo acordaria.

-Tudo bem, só não podemos nos desesperar...

-Vejo que vocês já estão numa boa... – a voz de Pablo fez com que eles pulassem assustados e se afastassem.

-Ah, sim. – Rony falou sentindo seu rosto envermelhar um pouco, afinal ele havia dado alguns gritos e nem tinha lembrado de lançar algum feitiço para abafar todo aquele barulho.

- Não se preocupem... eu não ouvi nada, lancei um feitiço na sala, afinal ainda temos alguns pacientes na ala hospitalar. – o médico falou sorrindo um pouco e então voltou ao seu lugar habitual percebendo que o jovem casal fazia o mesmo. – Bom, agora que já está tudo em seu devido lugar, podemos começar a planejar e a falar um pouco sobre os cuidados que a senhorita deve ter com esses pequenos aí.

Hermione sorriu passando uma mão sobre seu ventre instintivamente. Talvez não seria tão mal ser mãe.

-Mas antes vocês devem comunicar seus pais, porque você vai precisar de permissões especiais Hermione, como sair para fazer exames já que eu não tenho todo equipamento necessário aqui, ou até mesmo para faltar as aulas quando você não se sentir bem, afinal a gravidez de gêmeos requer mais cuidado do que uma normal.

Hermione lançou um olhar ao noivo que logo entendeu o recado. Eles tinham que replanejar as férias de inverno deles, e o primeiro compromisso seria ir para a Toca.

Continua...

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