Capítulo 6



Capítulo 6

Mais exames de rotina, estava começando a se cansar daquilo. Uma semana e meia em um hospital era demais para se agüentar e isso todos já sabiam, visto que ela não parava de repetir aquilo para Pablo e para Evelyn que ficavam ao seu lado o tempo todo a não ser quando decidia visitar Hermione, ou então quando fazia sala para um certo alguém, que Agata tivera que se acostumar a receber periodicamente como visita.

“Está tudo bem com você e com o bebê Agata... amanhã eu poderei te dar alta!” - o médico dissera sorridente.

“Que novidade, você me disse isso ontem sabia! Mas acontece que eu não sai hoje...”

“Agata não seja teimosa...” - dessa vez fora Pablo que dissera sorrindo. - “você sabia que os médicos precisavam do resultado de um exame para te deixar sair...”

“Sabia... mas acontece que faz uma semana que eu fechei os dois meses de gestação, e vocês me disseram que quando isso acontecesse eu iria sair daqui...”

“Desculpe Agata... mas não consegui fazer isso possível, queria que você saísse daqui com tudo certo e dentro das normas... ou você quer me fazer uma visitinha daqui uns dias? Eu não quero... só quero te ver daqui há pelo menos sete meses...”

“Tudo bem... sem mais reclamações... afinal amanhã vou voltar para a minha casa...” - ela dissera isso sorrindo e com a mão na barriga.

“Bem... vou deixar vocês agora... tenho muitos pacientes a minha espera.. A noite eu venho de ver novamente só para fazer as últimas verificações...”

“Ok... por enquanto obrigada Max!” - Pablo dissera com um sorriso mais animador, o que deixou o médico mais feliz.

Estavam mais uma vez sozinhos. Não que isso fosse ruim, mas Agata estava começando a desconfiar que seu marido estava uma pouco preocupado com aquela reaproximação repentina de Sirius e ela sabia exatamente o porquê de Pablo estar tão aflito.

“Tudo bem com você Pablo!”

“Por que a pergunta?” - Pablo andara até Agata e sentara-se na cadeira que agora estava disposta sempre ao lado da cama de Agata.

“Bem... é que você me olha de uma maneira estranha... principalmente quando eu estou conversando com Sirius...”

Pablo passou uma mão pelos cabelos tirando-os dos olhos, por apenas alguns segundos, pois logo suas mechas loiras voltaram ao lugar de antes. - “Eu não vou negar Agata... estou sim um pouco aflito com a chegada de Sirius... mas... eu procuro reafirmar para mim mesmo que nada vai acontecer... eu tenho você, minha esposa que eu amo, e tenho minha filha...”

Um silêncio se apoderara do local, até que uma batida na porta os tiraram daquele silêncio.

“Pode entrar...” - Agata dissera simplesmente.

A porta abrira-se degavar para logo depois mostrar a figura morena de Evelyn: - “Mãe... eu trouxe uma visita para você...”

“Quem!” - assim que Agata fizera a pergunta, Hermione aparecera como resposta.

“Oi, Sra. Stein!” - Hermione dissera sorridente.

“Querida... há quanto tempo...”

Hermione caminhara até onde Agata estava e a abraçara afeituosamente. - “Desculpe não ter aparecido antes... realmente eu não consegui.”

“Tudo bem querida... mas me diga, como você está!”

Pablo vendo que aquela conversa não lhe atrairia muito, resolvera deixa-las sozinhas e mais confortáveis para conversar. E também queria um tempo para colocar os pensamentos em ordem e ligar para alguns lugares... mas antes, ele queria mesmo era uma boa xícara de café.

Enquanto Pablo tomava seu café e pensava em diversas coisas ao mesmo tempo, Agata se divertia com as histórias que Hermione contava sobre Hogwarts, e ao mesmo tempo relembarava os velhos tempos.

“Ahh... bem que eu podia ter estudado lá...” - Evelyn dissera com um muxoxo, que arrancara risos das outras.

“Podia... mas lembre-se que foi VOCÊ que escolheu ir para a escola em que seu pai estudou...”

“Que eu o que mãe... eu praticamente fui induzida a fazer isso ou ficava sem escola nenhuma... mas não vou reclamar agora... afinal faltam apenas dois anos para me formar...”

“Sorte sua Evelyn... eu estou arrancando meus cabelos, imagine só que este é meu último ano em Hogwarts e eu nem tive tempo de me preparar mais...”- Hermione dissera preocupada arrancando um sorriso maroto de Evelyn, o que deixou sua mãe olhando para ela pensativamente. ‘Meu Deus, essa menina tinha que puxar até o sorriso do Sirius? Pablo tem razão de ficar aflito, desse jeito Sirius será capaz de desconfiar de algo... preciso me afastar..’

“Mãe, Mãeee!”- Evelyn praticamente gritara quando Agata a olhara ainda pensativa.

“Hum...

“Ouviu o que a Mione falou?”

“Hã, o que!”

“Eu perguntei se você está feliz por ter um bebê...”

“Ahh querida... Mione ter um filho é a melhor época de uma mulher... seja em qualquer fase, em qualquer circunstância... eu sempre sonhei em ser mãe... nunca ficaria triste com um bebê... lembre-se disso quando você estiver pronta para ter um... um filho é uma bênção...”

Elas continuaram conversando sobre bebês até a hora do almoço quando Hermione dissera que já estava na hora de partir e saiu levando Evelyn consigo.

Agata ficara um tempo sozinha após ter almoçado, não que isso fosse ruim, ela até gostara da idéia de ficar um pouco só com seus pensamentos e com seu bebê.

Como não estava com vontade de dormir e não tinha nada para fazer ela resolveu levantar um pouco - Max não havia lhe proibido quanto a isso, afinal não tinha perigo nenhum, já estava até de alta! - e ir até a janela para ver a rua, o movimento e também o sol.

Sorriu ao ver novamente o brilho do sol refletindo em sua janela e as pessoas andando na rua com diversos rumos e direções... que bom que já poderia sair, não via a hora de poder fazer o mesmo... e se Deus quiser amanhã naquela hora poderia estar indo para sua casa finalmente...

Desde o dia em que Agata fora internada no St. Mungus sua rotina havia mudado drasticamente, sendo que uma parte do dia ficara reservada para visitá-la e a outra para esperar a próxima em que poderia vê-la. Resumindo sua vida estava entre ver e esperar Agata.

Não reclamava disso, muito pelo contrario, adorava poder visitá-la, ver a mulher que amava, porém, sentia-se um pouco triste por notar que Agata, normalmente não dava muita bola para ele. O que havia acontecido com todo aquele amor que ela jurara sentir por ele, aquela amizade que eles juravam pelas cartas? Torcia para que aqueles sentimentos ainda estivessem no mesmo lugar de sempre, ou seja, no coração de Agata e no seu.
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Andava felizmente pelo corredor do hospital, segurava uma caixa preta de encontro ao seu peito e sorria, o que arrancava suspiros de algumas mulheres que eventualmente passavam por ele. È... mesmo depois de tantos anos em Askaban, o almofadinhas continuava o mesmo de sempre: Irresistível!

Tudo bem que ele não tinha mais seus 16, 17 anos, sua juventude, mas agora com seus 35 anos ele tinha mais maturidade e mulher alguma resiste a esse fato... ‘ Sirius... você realmente não tem jeito!’ pensou com seu sorriso aumentando cada vez mais, até que duas pessoas muito conhecidas apareceram em sua frente, quase lhe atropelando...

“Calma aí... que pressa é essa meninas? E você Hermione não me reconhece mais!”- Sirius dissera segurando-a pelo braço.

“Sirius!”- Hermione falara sorridente pulando em seu pescoço em um abraço amigável. -“Ontem mesmo escrevi para o Harry pedindo notícia suas... e por um acaso você não é mais o fugitivo de Askaban!”

O homem sorrira divertido vendo a cara de espanto de Hermione e a de surpresa de Evelyn.

“Era fugitivo sim... mas como eu ajudei a capturar Pettigrew... eles... bem... só preciso de mais um julgamento e já estarei livre para viver minha vida em paz!”

“Quanto tempo faz isso? O Harry já sabe?”

“Bem...”- nesse momento Sirius coçara a cabeça um pouco envergonhado, acabara esquecendo de Harry por um tempo, nem mesmo respondera a última carta dele... -“Ele não sabe.. Esqueci completamente... mas prometo que mando a carta hoje!”

“Eu espero... será que você não imagina a aflição do seu afilhado!”

“O que!”- Evelyn dissera sem querer... -“ops... desculpe... mas... você é padrinho do Potter!”

“Sou... sei, sei... você deve estar pensado... que sorte que aquele menino tem de ter um padrinho como eu... mas é a vida... Lily e Tiago quiseram assim...”

“Chega Sirius...!”- Hermione dissera entre risos. -“Nós precisamos ir agora...”

“È mesmo... você vai ver minha mãe!”- Evelyn perguntara ainda sorrindente, seus olhos azuis - que Sirius notara com adimiração e com surpresa, já que Pablo e muito menos Agata possuem esses olhos extremamente azuis e sim negros como a noite - brilhantes olhando-o fixamente.

“Vou sim... quero mostrar umas coisas pra ela do nosso tempo de escola... vão descansadas, ela estará em boas, ou melhor, ótimas mãos!”

“Cuida para meu pai não escutar isso... ele te mata!”- ao dizer isso Evelyn e Hermione seguiram o caminho de antes deixando Sirius um pouco abobado e com a palavra ‘pai’ ecoando em sua mente por um tempo.

Ficou um tempo parado no meio do corredor, analisando todas as suas desconfiaças, fragmentos de algumas cenas passando muito rápido por sua mente. Desde a notícia do casamento de Agata com Pablo, da primeira gravidez de Agata, do nascimento prematuro de oito meses de Evelyn, dos detalhes que Agata lhe mandava por carta sobre o crescimento de Evelyn e por fim os olhos de Evelyn azuis e ofuscantes como os seus.

“Agata... por que!”- fechara os olhos por um momento para abri-los novamente depois com um novo brilho. Iria descobrir aquela verdade custe o que custar e naquele mesmo dia!

Andou decididamente por aquele corredor até chegar na porta que levava ao quarto em que Agata estava. Parou um tempo antes de entrar e então abriu-a de repente entrando sem perguntar se podia.

Agata, que ainda estava adimirando a luz do sol, virou-se para ver quem havia entrado sem bater.

“Sirius! Oi...”

“Oi Agata!”

“Pensei que você viria mais tarde...”

“E ira vir... mas resolvi vir antes e te mostrar umas coisas...”- ele dizia tudo tentando se manter calmo e sem se exaltar...

“Ok... mas antes você podia encostar um pouco a porta!”- a morena dissera indo sentar-se novamente em sua cama. Sirius em muita paciência caminhara até a porta e a empurrara com o mínimo de força, fazendo com que a porta ficasse a poucos centímetros de ser fechada. -“E então? O que você quer me mostrar...?”

Sirius caminhou até a cama e sentou-se ao lado de Agata, que resolvera não deitar. -“Bem... eu trouxe umas coisas do nosso tempo de Hogwarts e algumas das nossas cartas...”

Ele depositou a caixa preta em cima da cama e a abriu tirando alguns papéis de dentro dela e alguns objetos... Agata vendo tudo aquilo sorrira de felicidade... ele havia guardado tudo e isso a deixava emocionada. Passou o olhar pelos objetos e deparou-se com um par de sapatinhos de bebê rosa.

“Os sapatinhos da Eve... pensei que você não iria guardar...”

“E por que eu não guardaria? Isso é muito importante para mim... você não sabe o quanto. Lembro de tudo o que você me dizia nas cartas... Evelyn nasceu com 3 kg e 600 g e 50 cm... grande para uma prematura ne!”

“È... todos dizem isso... mas o que fazer se ela é meio apressada...”- Agata sorriu nervosa. A onde Sirius queria chegar com aquilo ela não sabia, só sabia que aquilo tudo era muito estranho.

“Bem apressada mesmo... apressada e um pouco diferente de vocês... não acha! Não sei por que eu ainda confio nos Sonserinos... Sempre que eu tento confiar em alguém que já foi da Soserina eu acabo me prejudicando, sabe que eu cheguei a pensar os motivos que levaram o chapéu a te colocar naquela casa e não na Grifinória, mas hoje quando eu vi a Evelym, fiquei reparando em uma coisa... aqueles olhos azuis dela, sabe? Muito bonito... queria ter os olhos daquela cor... ops... esqueci! Eu tenho exatamente aquela cor de olhos... muita coincidência ne! Para você pode ser... que é uma Sonserina e adora enganar os outros, mas para mim... pra mim que sou da Grifinória e preso a sinceridade...”

“Sirius... o que você está dizendo! Eu não estou te entendendo... Por que colocar a minha ex-casa no meio?”- Agata dissera seria e com a mão tremula agarrando a colcha sobre a cama.

“Você não sabe o que eu estou dizendo...? Desculpe.. Acho que preciso ser mais claro...”

“È... se bem que.. Se você não se importa.. Eu preferia ficar um pouco sozinha, não estou muito bem e...”

“Não! Você vai me ouvir até o final Agata... chega de se esconder, de fingir que eu não existo e que eu sou um burro, que não notaria essa grande semelhança entre Evelyn e eu! Eu não sou cego Agata!”

“Sirius, por favor... você deve estar entendendo mal... não é isso que você está pensando...”

Sirius riu ironicamente e então a seguarara pelos ombros aproximando seu rosto do dela: -“Eu estou entendendo tudo muito bem... estou entendendo que por quase 16 anos você escondeu a verdade de mim...”

“Me solta Sirius... me solta... você pode me machucar desse jeito...”

Sirius olhou-a fixamente por um momento e então a soltara suspirando cansadamente. -“Eu não quero te machucar... isso não é nem a última coisa que eu faria contra você... apesar de tudo eu te amo!”

Agata abaixara a cabeça seus olhos brilhantes pelas lágrimas que se formavam:-“ Eu não sei o que dizer... não foi minha intenção... eu não queria...”

“Então me diz... me diz por favor.. DIZ AGATA! Me diz que ela é minha...”

“SIM ! SIRIUS”- Agata dizia entre as lágrimas que agora desciam a toda velocidade pelo seu rosto assim com no de Sirius -“EVELYN É SUA FILHA! É FRUTO DA NOSSA ÚLTIMA NOITE DE AMOR!”

Um grito fora ouvido do outro lado da porta e um baque surdo logo em seguida. Sirius e Agata se olharam aflitos, ambos com os olhos ainda marejados e então sem pensar em nada Sirius abriu a porta apenas para se deparar com o corpo caído de Evelyn e o de Pablo a sua volta tentando lhe reanimar.

“Evelyn!”- Agata gritara assim que vira a filha inerte no chão. Ela olhara para Sirius que tinha a mesma expressão preocupada e que em seguida fizera um sinal positivo com a cabeça. -“Ai.. Não pode ser... ela não pode ter ouvido isso...”

“È óbvio que ela ouviu... por que você acha que ela gritou e caiu desmaida!”- Pablo dissera tentando ainda reanimar Evelyn.

Em alguns segundos Max viera correndo em direção a eles e sem perguntar pegara Evelyn no colo e olhara para Agata.

“Você! Direto para a cama, não quero que você levante-se de lá... Sirius fique com ela e não deixe ela sair... e você Pablo venha comigo...”- Max após dizer isso saíra em direção a um quarto vazio com Pablo em seus calcanhares.

Sirius pegara Agata pela mão e a levara de volta para a cama, fazendo-a deitar confortavelmente.

“O que será da minha filha Sirius!”

“Nossa filha...”- Sirius completou friamente. Não queria destratá-la, mas também não iria fingir que ela não fizera nada contra ele. Agata havia escondido algo muito importante dele e embora Sirius ainda a amasse, iria ficar difícil de perdoá-la.

“Ok... mas nós ainda precisamos conversar sobre isso... precisamos falar com Pablo também... não sei se vai adiantar, pois eu prometi a ele que não te contaria nada e que Evelyn seria filha dele...”

“Mas agora você vai ter que quebrar essa promessa... eu quero assumir diante de todos que Evelyn é minha filha... eu não vou abrir mão dos meus direitos...”

“Tudo bem... eu te entendo... mas agora o mais importante é saber com ela está. Como a min... nossa filha está...”

Sirius sorriu amarelo. Não queria forçá-la a isso, mas por enquanto não se importaria de ter que fingir, estava preocupado... isso mesmo, estava pela primeira vez expressando seu sentimento de pai, talvez um pouco imaturo mas era o que estava sentindo naquele momento.

“Agata... sei o quanto você deve estar preocupada com Eve... mas agora você precisa se preocupar com o bebê que está dentro de você...tenta descansar um pouco... logo eles virão dizer o que aconteceu...”

Agata sem dizer nada resolvera fazer o que lhe fora pedido e Sirius saiu do quarto sem incomodá-la. Não sabia para onde haviam levado sua filha, por isso teria que esperar ali mesmo. Seria uma longa e cansativa espera...
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Max olhava a jovem deitada na cama com muita cautela. Aparentemente não havia nada de errado. Nenhum ferimento grave com a queda, apenas um corte na cabeça que não faria danos algum. Sua única dúvida era em relação a batida forte que Evelyn sofrera na queda, podia ter causado alguma hemorragia ou alguma fratura. E era por isso que estavam tirando alguns raio-x e fazendo outros tipos de exames para descobrirem se havia qualquer probleminha.

Pablo esperava ao lado de fora do quarto. Estava ansioso e de vez em quando fragmentos da conversa de Sirius e Agata surgiam em sua mente. O que ele faria quando Evelyn acordasse! Ela desmaiara por causa do que ouvira. Seria extremamente complicado e difícil contar tudo aquilo para sua filha... esperava que pudesse continuar chamando-a assim.

Parecia que tudo estava dando errado. Será que sua sorte o abandonara? Esperava que tudo estivesse bem com Evelyn...

Seus pensamentos foram cortados quando Max aparecera na porta com a cara mais fechada do que nunca. Ele precisava fazer aquela cara sempre? Tudo bem que os médicos tinham que ser impassíveis, Pablo sabia disso, mas os dois se conheciam há tanto tempo e Max podia muito bem tratá-lo como sempre o tratou... mas tudo bem... outra hora falaria sobre isso... o que importava era a saúde de Evelyn.

“E aí... o que mostraram os exames?”- Pablo perguntou curioso e apreensivo.

“Nada de grave... tudo está em ordem... você não precisa se preocupar.”- Max sorrira de leve ao ver o contentamento no rosto de Pablo.

“Ahh... e ela já acordou!”

“Esse que é o problema... eu não sei porque ela não acorda... já era para ela ter acordado...”

“Como não! Eu posso entrar para vê-la!”

“Ainda não...”- Max dissera mas não fora ouvido, pois Pablo passara por ele e entrara no quarto muito preocupado, olhando o ferimento na cabeça de Eve e a observando por um tempo.

“Ela pode estar desmaida pelo impacto que sofreu... tem certeza de que não tem nada nesse exame!”- Pablo perguntou seriamente, arrancando os exames da mão do médico.

“Não tem... Pablo, eu sou médico há mais de 30 anos, não me enganaria com um simples exame!”

“Sempre se há uma primeira vez Sr. Kuhn.”- Pablo disse ainda olhando o exame.

“Espera aí... não é por que você está preocupado com sua filha, que você pode ficar me tratando desse jeito... eu salvei a vida da Agata e do bebê e seria capaz de salvar Evelyn se fosse preciso... mas como você mesmo disse ela está assim por causa do impacto...”

Pablo fechara os olhos tentando afastar a revolta e então largara o exame sob a mesa ao lado da cama. Ele se dirigira até o mais velho e então o abraçou fortemente.

“Me desculpe... eu... eu...não sei o que fazer... me desculpe pelo que disse, estou preocupado com minha filha e acho que isso me impede de tratar bem aqueles que eu gosto.”

Max sorrira entre o abraço do mais novo e o abraçara também tentando não chorar. Há quanto tempo esperava aquela demonstração de carinho e agora que a ouvia sentia vontade de chorar, de dizer tudo o que estava intalado em sua garganta,mas... a emoção era forte que ele precisava apenas daquele abraço de filho.

“Pablo... que saudade eu tenho do tempo em que você me tratava como seu pai...”

Pablo se afastara de Max com um sorriso simples no rosto. É... ele também sentia saudades daquele tempo... se bem que fora o tempo em que mais tivera que lutar contra tudo e todos... tivera que vencer a dor de ter perdido os pais pelas mãos de Voldemort e a dor por sentir-se culpado por isso... mas o que mais lhe dera força para vencer isso fora Max... seu pai do coração, seu amigo e acima de tudo, seu grande exemplo. Agora que estava na frente dele novamente pudera notar o quanto rude fora com ele em abandoná-lo para voltar a Alemanha e nem sequer procurá-lo depois.

Aquela não era hora para pensar naquilo, mas... queria de todas as formas reparar o seu erro.

“Eu também tenho saudades... quero que voltemos a agir daquela forma... sei que errei muito, mas queria que você me perdoasse e que salvasse minha filha...”

“Salvarei sim... pela sua felicidade faço qualquer coisa meu filho...”

Um silêncio se apoderara do local enquanto eles esperavam algum sinal de Evelyn, mas nada acontecia... quando estavam perdendo as esperanças de que ela acordasse sozinha e estavam prontos a executar diversas maneiras para acordá-la, Evelyn abriu os olhos lentamente e os olhara como se tivesse conhecendo-os pela primeira vez.

“Evelyn querida... que bom que você acordou, estávamos preocupados com você querida...”

Evelyn permaneceu calada olhando para Pablo com seus olhos azuis brilhantes o avaliando de cima a baixo.

“O que foi... não quer falar comigo!” - Pablo perguntou com medo de que ela o estivesse evitando por ter escondido a verdade.

“Eu... eu sei que te conheço de algum lugar, mas... eu não sei de onde!” - Ela dissera confusa, colocando a mão no curativo na cabeça tentando se lembrar onde o conseguira.

“Como assim...!” - Desta vez fora Max que perguntara, vendo que Pablo estava pasmo demais para fazer tal coisa.

“Eu já disse... estou tentando lembrar de onde conheço os senhores, mas não consigo... na verdade eu...” - ela parou um pouco examinando a cama de hospital, o quarto, a mesa ao lado de sua cama e por último o exame sobre este. Pegou o exame e o analisou como Pablo fizera antes, mas desta vez analisando melhor os dados da paciente que, no caso, era ela. - “Por acaso eu me chamo Evelyn Tessler Stein!”

“O que!” - Pablo dissera quase em um grito agarrando Evelyn pelos ombros e a balançando para frente e para trás. - “Como você não sabe quem é! Você é Evelyn sim, minha filha!”

Max tirara Pablo de perto da morena e o levara para fora do quarto fechando a porta deste logo em seguida.

“O que você pensa que está fazendo! Esqueceu do que aprendeu comigo, foi! Se acalma e pensa!” - Max segurava Pablo pelos ombros tentando evitar a passagem dele para o quarto. Quando este se acalmou Max o soltara e se afastara um pouco.

“Max... o que está acontecendo... me diz que o que eu estou pensando é mentira, por favor!”

“Não... é a mais pura verdade... eu não sei como foi acontecer, na verdade sei sim... fora aquela batida na cabeça... Pablo, a Evelyn está com Amnésia!”

“Não é possível... não pode ser...” - ele dissera colocando a mão na cabeça e fechando os olhos com força, querendo afastar aquele pensamento de si.

“Pablo... você não pode agir assim, você não pode despejar tudo sobre ela como se fosse água... ela tem que descobrir tudo sozinha. Nem eu, nem a Agata e nem você podemos dizer tudo de uma vez só... e o mais importante... não podemos forçá-la a pensar, a lembrar. Ela tem que lembrar sozinha!”

“Amnésia... Evelyn com amnésia...” - Pablo repetira isso para si tentando digerir a informação.-“Ela... será que ela lembra de alguma coisa!”

“Talvez... teremos que ver o tipo de amnésia que ela tem... mas é claro que faremos isso sem muitas perguntas, sem aborrece-la. Se você se acalmar nós podemos entrar agora e ver como ela está.”

“Tudo bem... eu não sou totalmente maluco...” - Max consentira e então entrara no quarto novamente.

Evelyn estava sentada na cama e ainda observava o exame. Parecia se esforçar, mas pela sua cara de tristeza e decepção Pablo pudera ver que ela não conseguia.

“Tudo bem com você!”

Evelyn balançara a cabeça positivamente e se afastara um pouco quando Pablo sentou-se do seu lado.

“Ok... eu sei que fui estúpido com você... prometo ser mais delicado agora...” - Pablo sorrira e então Evelyn também sorrira largando o exame sobre a mesa e permanecendo em silêncio durante todo o tempo.

“Você não quer nos contar sobre o que lembra! Se quiser não precisa... mas...” - Max perguntara calmamente olhando fixamente nos olhos da morena.

No começo ambos pensaram que ela não iria responder, mas depois de uma longa espera, que na verdade não fora muita, apenas pareceu pela apreensão deles, Evelyn respondera com muita cautela e pausadamente.

“Não lembro de muita coisa... não sei quase nada sobre mim... é como se tivessem apagado uma parte da minha vida e deixado apenas fragmentos confusos dela. Lembro de rostos, mas não dos nomes e quem são para mim, lembro dos rostos de vocês, principalmente o seu...” - nesse momento ela sorrira para Pablo, mas por pouco tempo, pois logo o sorriso se apagara e ela o olhara tristemente. -“ mas não lembro quem você é... o que você é meu... me desculpe!”

“Não precisa querida... você vai lembrar com o tempo, não se preocupe com isso...” - Pablo respondera tentando disfarçar a tristeza com um sorriso.

Uma batida na porta fora ouvida deixando o quarto em silêncio até descobrirem quem era. Max abrira a porta e Sirius entrara imediatamente pela porta procurando com os olhos por Evelyn. Ao olhá-la acordada e aparentemente bem ele sorrira abertamente, o que fizera Evelyn sorrir do mesmo jeito, e para surpresa de todos Evelyn descera da cama e andara até Sirius o abraçando delicadamente encostando a cabeça sobre seu peito. Sirius um pouco sem jeito e com um sorriso abobado no rosto também a abraçara.

Ficaram daquele jeito por um tempo longo, pois Evelyn não queria solta-lo, assim como Sirius queria matar a vontade de usar seu carinho de pai.

Pablo os olhava sem expressão, totalmente confuso por dentro. Como Evelyn era capaz de lembrar, sentir qualquer coisa por aquele homem, sendo que se conheceram há pouco tempo e não tiveram muito convívio...?

Seu coração estava apertado, não sabia o que fazer, sentia que estava perdendo sua filha aos poucos, ou talvez, já a estivesse perdido totalmente.

Andou até a janela querendo desviar seus olhos daquela cena, não aguentaria olhá-los nem por mais um segundo sequer.

Max, por outro lado, olhava os dois abraçados com curiosidade. Ainda não sabia o real motivo do desmaio daquela jovem, mas vendo as semelhanças entre eles como o cabelo negro e os olhos azuis extremamente brilhantes pudera notar o que aquele homem estava sentindo e talvez, o que aquela menina estivesse sentindo também...

Para surpresa de Max, Evelyn se afastara de Sirius um pouco e pegara uma de suas mãos colocando entre as suas.

“Eu me lembro de você... muito mais nítido, mas também não sei qual a nossa relação, só sei que você deve ser muito especial para mim...”

“Querida... você é especial para mim também... não pensei que fosse reagir dessa maneira depois do que você ouviu, mas que história é essa de “lembrar” e “não sei qual a nossa relação’?”

“Sirius...” - Pablo virara-se e o olhara friamente. - “sem perguntas no momento...” - ao dizer isso ele andara até o moreno e o pegara pelo braço que Evelyn estava segurando e então o arrastara para fora do quarto não ouvindo os seu protestos e não vendo as lágrimas se formando nos olho de Evelyn.

A porta fora fechada em um estrondo, o que fizera Max ficar com raiva e se perguntando se estavam ou não em um hospital.

Olhou para Evelyn, parada no mesmo lugar, os olhos fixos na porta recém fechada e seu rosto marcado pelas lágrimas que rolavam.

Ele andou até a jovem e postou-se em sua frente atraíndo o seu olhar.

“Como você se sente!”

“Não sei. Estou confusa... eu sinto que conheço vocês, sinto lá dentro do meu coração... mas meu cérebro simplesmente não os conhece... aquele homem, Sirius, eu sinto que gosto muito dele mas... eu não sei quem é e isso dói muito! Eu quero muito saber quem são vocês...”

Max sorriu bondosamente. Por que aquilo tinha que acontecer com aquela menina tão pura e inocente! Ela não havia feito nada de mal para sofrer um baque tão forte assim da vida...

“Vou te levar para ver uma pessoa... talvez você se sinta melhor com ela, mais a vontade...”

A jovem balançou a cabeça afirmativamente e deixou ser guiada para fora do quarto.

Quando saíram, Max notou que a conversa entre Sirius e Pablo havia terminado e ambos estavam um de cada lado querendo evitar contato, e agora mantinham o olhar fixo em Evelyn.

“Onde vocês vão!” - Pablo perguntou franzindo o cenho.

“Eu vou levá-la para ver a Agata...”

A expressão de Evelyn continuara a mesma, sem nenhuma diferença após ouvir o nome de Agata.

Sem esperar muito, Max conduzira novamente Evelyn pela mão no decorrer daquele corredor. Como o quarto de Agata ficava naquele mesmo andar, eles não demoraram muito para chegar até ele.

Pararam na frente da porta e então Max a abrira dando passagem primeiramente a Eve e depois para os outros dois que os acompanhava ainda com as caras fechadas.

O local estava silencioso e um pouco escuro devido a falta de luz solar que naquele momento já estava se pondo no horizonte.

Evelyn caminhou até a cama e observou o rosto lívido de Agata que dormia. Passou a mão pelos seus cabelos que agora estavam amarrados devido ao curativo que recebera na cabeça embora não se lembre se estava assim antes ou não e passou a mão pelos cabelos de Agata sentindo a mesma maciez.

“Ela é linda e se parece comigo... tem o mesmo cabelo, só não sei quanto aos olhos... queria saber quem ela é...” - ela olhou em volta, pelo quarto, parando um momento em cada rosto que a observava. E então deteve seu olhar novamente na mulher deitada naquela cama.

Algum tempo se passou até que Agata, aos poucos, abrira seus olhos e notara a figura de Evelyn em sua frente.

“Eve...” - Agata sussurrara com um sorriso - “como você está!” - disse olhando o curativo em sua cabeça, era pequeno, mas para uma mãe aquele corte se tornava grande e grave.

“Estou bem... é apenas um corte... só não sei onde o consegui...”

Agata franziu o cenho olhando de Pablo a Sirius e deste para Max que balançou a cabeça negativamente e balbuciara um “sem perguntas”.

Olhou novamente a jovem em sua frente sem dizer nada por um tempo. Com um pouco de esforço e ajuda de Evelyn, Agata sentara-se na cama.

“Por que você está aqui!” - Evelyn perguntou assim que a mulher se ajeitara confortavelmente na cama.

“Eu...” - ela olhou novamente para Max pedindo ajuda, este simplesmente fizera sinal para ela prosseguir. - “bem.. Eu estou aqui porque sofri um acidente e quase perdi o meu bebê.”

“Você está grávida...”

Agata sorriu e então colocara as suas mãos em cima de sua barriga tentando sentir alguma coisa. - “Estou... é pouco tempo mas... é suficiente para nutrir um amor por essa criança.”

Evelyn sorrira também e então dissera ainda sorridente. - “Deve ser muito bom ser mãe... você deve aproveitar isso muito agora que vai ter seu primeiro filho... aliás é seu primeiro ne? Você parece tão nova para ter outros...”

Agata deixara de sorrir bruscamente. Não era possível... Evelyn não lembrava de nada! Não lembrava que era sua mãe.

“Mas minha querida, Evelyn... eu já sou mãe, sou SUA mãe!”

Evelyn abaixara a cabeça pensativa, as lágrimas querendo voltar aos seus olhos, e então dissera amargurada.

“Eu não me lembro de você... nem um pouco como eu lembro deles...” - nisso ela olhou para os três homens parados ao pé da cama. - “Mas... assim como eu não sei quem você é, também não sei quem eles são...”

“Mas eu acabei de dizer que sou sua mãe, Eve!”

“Eu ouvi... mas não consigo acreditar, por que eu esqueceria minha mãe!” - A morena dissera explodindo em lágrimas e se afastando da cama.

“Eve...” - Agata dissera entre as lágrimas e então fora interrompida por Max que se aproximara de Evelyn.

“Chega, não podemos forçá-la. Ela precisa de descanço para o corpo e, principalmente, para a mente.”

Evelyn dera a mão para Max e deixara ser levada novamente por ele para fora do quarto.

Depois que eles saíram Agata começara a chorar e desamparada falava entre as lágrimas. - “Por quê! Ela não lembra de mim... sou uma desconhecida para ela, minha própria filha!”

Sirius vendo que Pablo não fazia menção de acalmá-la sentara-se na cama e a abraçou. Agata deitou sua cabeça no ombro de Sirius e fechou os olhos despejando toda sua magoa e tristeza nas lágrimas.

“Calma Agata... isso vai passar... precisamos acreditar nisso...”

“Eu quero a Evelyn de volta, quero que ela lembre de mim Sirius, a nossa filha!” - Sirius fechara os olhos para evitar que as lágrimas viessem aos seu olhos. Precisava ser forte. Desta vez não iria abandonar a mulher que ele amava.

Pablo novamente sentindo-se um intruso e incapaz de consolar sua mulher resolvera sair do quarto e deixá-los sozinhos. Tinha plena consciência de que estava sobrando e que perdia sua mulher aos poucos, embora soubesse que nunca a tivera por completo. Mas antes que Pablo pudesse sair, Max voltara e o impedira.

Sirius se afastara de Agata e a beijara no rosto, limpando suas lágrimas com a ponta dos dedos logo em seguida, o que a fizera rir em agradecimento.

“Sirius, Agata...” - Max os chamara querendo ter a atenção de todos.

“E Eve!” - Agata perguntara.

“Ela está bem... pedi a uma enfermeira para levá-la a um quarto cuidar dela. Ela precisa se alimentar e dormir, descansar o máximo possível. Ela poderá ir embora com você amanhã, já que ela não tem problema físico grave.”

“E o que ela tem realmente? È algum tipo de perda de memória!” - a morena perguntara novamente querendo se inteirar do assunto.

“Amnésia seria o termo correto. Pode ser momentâneo ou definitivo e isso só vai depender dela, unicamente da força de vontade de Evelyn, não podemos interferir...”

“Mas temos que ter alguns cuidados especiais!” - a pergunta viera de Sirius que estava de pé ao lado de Agata.

“Sim e não... veja bem... Evelyn tem que se sentir em paz, sem nada barrando a sua liberdade, o único cuidado que ela precisa é não receber muitas perguntas... ela precisa ficar em um lugar que não lhe insista a lembrar o passado, que não a deixe no estado de agora a pouco: confusa por não conseguir lembrar.”

“Mas isso sera impossível!” - Pablo dissera imediatamente. - “Quando ela voltar para a Alemanhã, para a escola de bruxaria vai estar repleta de pessoas que farão perguntas, que a deixará confusa.

“Por isso que eu acho melhor ela ficar por algum tempo aqui em Londres. Longe de onde ela nasceu, cresceu e de onde estudou... e creio que ela não irá querer ficar longe de Sirius, a única pessoa com quem ela mais se identificou no momento.”

“Mas...” - Pablo queria interferir, mas não tinha jeito, Max tinha razão. Aqui todos agiriam sem perguntas, todos saberiam lidar com a situação. - “Mas e a escola!”

“Hogwarts...” - Agata falou imediatamente, recebendo um olhar de aprovação por parte de Sirius. - “Ela vai para escola em que eu estudei, em que Sirius estudou... onde os pais dela estudaram...”

“Pode deixar que eu falo com Dumbledore... ele entenderá. Falarei também com Hermione, ela como a amiga de Evelyn saberá acolhe-la e mostrar tudo na escola.” - Sirius complementou decidido.

Max consentiu e depois de acertarem detalhes sobre a estadia de Evelyn e os procedimentos que fariam em relação ao tratamento que ela receberia ele fora embora deixando os três mais uma vez sozinhos.

Quando Sirius ia sair também Pablo barrara sua passagem.

“Você não vai agora... precisamos conversar.”

Sirius vendo que não conseguiria sair dali e não querendo contrariar o loiro decidiu sentar-se novamente na cama ao lado de Agata que se afastara para dar espaço.

Pablo sentou-se na cadeira que permanecia ao lado da cama para que as visitas pudessem se sentar e depois de ajeitado começou a falar calmamente.

“Sei que você está sabendo do segredo que ajudei Agata a guardar por mais de 15 anos. Tanto eu quanto ela prometemos não dizer a você nada. Eu me responsabilizei por Eve e tive ela como minha filha, amo ela como minha filha, e mesmo agora você sabendo que é o pai biológico dela eu não vou abrir mão de continuar sendo o pai dela.”

“Eu não vou tirar a Eve de você como você me tirou a Agata... eu só quero ter o meu direito de pai reconhecido por todos... e também quero ter a chance de conquistar Evelyn, de que ela me ame como ama você.”

Agata que até agora permaneceu calada dissera mais tranqüila. - “Nós não podemos discutir isso agora, não quando Evelyn não sabe quem somos, para ela agora isso não faz diferença. O que nós temos que fazer agora é ajudar a Evelyn... e para isso teremos que agir como se nada tivesse mudado...”

“Você está querendo pedir para eu esquecer que sou pai dela!” - Sirius perguntou, a ira voltando aos seus olhos.

“Não... não é isso... mas é só até ela conseguir lembrar... para ela não faria muita diferença dizer isso... ela não sabe quem são os pais dela mesmo...”

“Mas é por isso que devemos falar a verdade... dizer que eu e você somos pais dela!”

“E eu como fico!” - Pablo perguntou furioso, mas tentando manter a calma.

“Nós não vamos fazer isso Sirius. Eu estou começando a chegar a conclusão de que devemos dizer que ela só tem mãe!” - Agata dissera seriamente sabendo que iria arrumar mais confusão, mas se nenhum dos dois chegasse a alguma conclusão teria que fazer isso.

Sirius suspirou e passou uma mão pelos cabelos para ajeitá-los. Estava numa situação difícil. Talvez ainda não fosse o momento para tomar aquelas atitudes. Talvez ele devesse apenas acompanhar Evelyn como amigo, como alguém que estará sempre ao seu lado. Embora não gostasse da cara do loiro, tinha que admitir que sentia pena dele ao vê-lo com medo de perder seu lugar de pai.

“Ok...” - Sirius dissera depois de algum tempo. -“ Por enquanto... quero que vocês escutem isso muito bem. A Evelyn precisa de um pai e uma mãe ao lado dela, de uma família estruturada para ampará-la em tudo.” - ele continuou sem dar chance para ser interrompido. - “E eu sendo pai dela quero isso, quero o bem estar da minha filha. Sei que descobri isso a pouco e portanto não sei o que é melhor para ela, mas enfim, eu decidi ficar ao lado dela ajudando-a, mostrando que serei sempre seu amigo, seu companheiro em tudo, mas sem dizer quem eu realmente sou, que eu sou seu pai. Quero que você, Pablo, continue agindo como se nada mudou... ou seja, continue sendo o pai dela...”

“Você não precisava ter me pedido isso... eu não deixaria e nunca vou deixar de ser pai dela... mas admiro sua coragem Black. Você está mostrando que sabe ser pai...”

“Não preciso da sua admiração... mas não pense que estou fazendo isso por vocês... estou fazendo isso por Agata, ela vai precisar de alguém ao lado dela... e já que você é o marido dela...” - nisso ele franziu o cenho. Odiava ter que dizer aquilo. Marido de Agata. Teria que se acostumar com aquilo ou então...

“Tudo bem...” - Agata os interrompera. - “obrigada Sirius... você está agindo muito bem...” - nisso ela sorriu lindamente. Tudo estava se ajeitando, iriam fazer de tudo para que Evelyn se sentisse bem.

Depois da conversa encerrada Sirius saíra do quarto dizendo que precisava descansar e Pablo ficou um pouco com Agata acertando os detalhes da mudança provisória para a casa dos Tessler. Precisaria, também, acertar com o hospital onde trabalhava na Alemanha, ou ele pedia umas férias prolongadas, ou ele pedia demissão. E isso lhe doeria muito, já que passou mais de dez anos trabalhando naquele hospital, mas se não houvesse outro jeito teria que fazer isso e arranjar outra coisa em Londres.

Mas tudo isso seria resolvido calmamente, afinal ainda estavam no começo de julho e as aulas em Hogwarts só começariam em Setembro, ou seja, dois meses para descançar e pensar em tudo o que aconteceu nessas ultimas duas semanas. Poucas, porém, longas... mas o que importava era que tinha Agata, Evelyn e seu bebê, ainda dentro da barriga da mãe, ao seu lado.

Continua...

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