Capítulo XVII



Capítulo dezessete


 


- Vamos, deite-se,
Harry - murmurou Haykito, deslizando o braço de Harry sobre si e deitando-o
suavemente na cama; o garoto pestanejou diversas vezes e, depois, aprumou-se na
cama, aninhando-se nos cobertores e gemendo sussurros ininteligíveis "Não...
filho... morte... não...
"


Haykito conjurou uma
cadeira baixa, puxando-a para perto da cama e sentando-se defronte a Harry; ele
tinha uma coloração estranha colorindo seu rosto alvo e piscava
ocasionalmente, os olhos azuis saindo de órbita. Andrew, ao seu lado, apenas
sentou-se no pedaço de colchão vago, cruzando os braços sobre o corpo e
bufando, com raiva.


- Acho que agora
poderia ir buscar a Madame Ponfrey, não seria melhor pra ele...? - ele começou,
mas foi logo interrompido por Haykito que ergueu um dedo rispidamente.


- Claro que não...
ele será cuidado aqui. E ponto, Andrew... eu já disse que te amo... não
precisa se preocupar com isso.


- Eu não sei se você
se lembra - disse Andrew, irritadamente. -, mas foi esse garoto que você beijou
no Expresso de Hogwarts e que quase transou com você... se não fosse a
Hermione ter entrado no trem, provavelmente vocês teriam transado... e é ele
que vem tentando te conquistar há tempos... e mesmo assim você quer ficar
cuidando dele?


- Quero
- respondeu Haykito, a voz baixa. -, tente agir como uma pessoa, por favor...
ele está bêbado... vai precisar descansar e...


- E por que
descansar aqui? - berrou Andrew, alteando a voz gravemente. Ele levantou-se e
adiantou-se para Haykito, erguendo-o nos braços e enarando bem fundo em seus
olhos; era óbvio que estava insiquitando-o se era aquilo realmente que ele
queria, os enormes olhos azuis servindo como faróis ofuscantes e
hipnotizadores.


Haykito, porém,
desvencilhou-se, recostando-se na parede mais próxima, como se pudesse se
proteger de qualquer investida do outro; seus olhos encheram-se de lágrimas e
sua vontade era de poder se jogar nos braços dele, sentindo a calidez perpassar
para seu corpo.


- Essa é a sua
prova de amor - disse ele, calmamente. -, prove-me, Andrew.


- Você está
pedindo demais - disse Andrew, balançando a cabeça negativamente; Haykito, então,
aproximou-se de Harry e curvou-se sobre ele, friccionando seus lábios contra os
do garoto.


Pôde ouvir os
passos de Andrew se distanciando e, então, se afastou de Harry, caindo, atônito
na cadeira, os olhos marejados de lágrimas...


O que ele fizera,
meu Deus... o que ele fizera?


 


*-*


 


A vida sempre continua


E eu não sei parar de te olhar


Eu não sei parar de te olhar


Não vou parar de te olhar


Eu não me canso de olhar


Não vou parar de te olhar


[É isso aí (The Blower's daughter), versão. Ana Carolina]


 


*-*


 


Haykito logo se
arrependeu de ter ajudado Harry; assim que o garoto acordara, ele praguejara
estar ali e saíra abruptamente do dormitório da Corvinal, sem nem ao menos o
agradecer. Não parecera nem ao menos perceber que Haykito estava ali,
deixando-o sentado na cama, os ombros oscilando, enquanto lágrimas volumosas
salpicavam por seu rosto.


Não conseguia
entender muito bem as reações de Harry; não conseguia entender as reações
de ninguém. O mundo parecia não se importar um com os outros, como se isso
fosse normal. O mundo era muito complexo - ou talvez, o próprio Haykito era
complexo...


Uma vez ouvira uma
frase que até hoje estava marcada em sua mente A
indiferença consegue ser pior que o desprezo
e, de fato, a frase era
verdadeira... mas Harry estava desprezando-o ou sendo indiferente? Seus olhos
arderam, os dedos cerrando-se sobre o lençol de linho, com raiva de si mesmo.
Porque deixara Andrew para ajudar Harry e agora estava ali...


Seu olhar desviou-se
para as janelas, a superfície úmida dificultando a visão do gramado de
Hogwarts, onde uma densa massa branca sustentava-se, sendo segundo por segundo
encoberta por mais neve que eprolava lentamente pelo céu. Era o inverno...
Haykito gostava do inverno... das cores neutras dele, do frio cortante e até do
calor que emergia dos fogos crepitantes das lareiras. E do natal... das
guirlandas, enfeites coloridos e brilhantes... da ceia em família.


Família.



Haykito fechou os
olhos; podia sentir a respiração ardendo dentro de si, lágrimas quentes
rolando por seu rosto alvo. Por que tudo tinha que ser tão difícil para ele
assim? A uma hora dessas, poderia estar indo para casa e encontrar sua mãe,
alegremente... mas não. Com ele
sempre era tudo mais complicado.


Se ao menos tivesse
o colo de Andrew agora para se sustentar. Mas tinha que ser forte, assim como
fora quando perdera a mãe, agora, precisava ser uma fortaleza...


Mas até quando agüentaria?
Isso ele não sabia...


 


*-*


 


Uma coruja âmbar
entrou entre o aglomerado de corujas e pousou elegantemente a frente do pote de
manteiga de Haykito, estendendo uma das patas para que ele abrisse um envelope
pardo.


Dele, rolou um pedaço
de papel muito gasto, com uma caligrafia rude e corrida, mas, ao mesmo tempo,
diversos pontos enegrecidos onde algum líquido manchara a tinta.


 


Haykito,


 


Faz
tempo que você saiu de casa, não é? E tenho quase certeza que meu esforço não
foi em vão e que você está de certa forma muito feliz ai... mas eu me
arrependo muito de todos os meus erros e aqui, em casa, sozinho, apenas vejo
quanta falta você e sua mãe me fazem.Todas as brigas que eu tive com a sua mãe
vêm como chagas escaldantes na minha pele... o nosso casamento foi muito difícil,
mas eu não me arrependo de ter casado. Eu a amava. E ela amava você.


Mas
aí vem o Natal e, com eles, o sentido da reunião e amor com o próximo; eu
nunca fui ninguém que poderia se proclamar um grande religioso e muito menos
santo... mas eu tenho saudades suas e quero te ver. Por favor, venha para casa
esse Natal.


Gostaria
que fôssemos uma família... uma família de verdade.


 


Com
carinho,


 


                   
Ralph.


 


A assinatura estava
tremida e com uma letra bastante oscilante; mas, pela primeira vez, Haykito
acreditava que talvez fossem verdadeiros os sentimentos de seu pai... e o dia de
partida para a casa dos parentes seria no dia seguinte...


Sentindo como se
toda a tristeza que o remoera pouco tempo atrás tivesse sido esmagada e destruída,
ele precipitou-se para a aula de Herbologia, confiante de si mesmo...


...


...


...embora toda essa
confiança se esvaísse quando ele viu Andrew caminhar entre um aglomerado de
estudantes.


 


 


Nota do autor:


Meio século depois, eu apareço xD Bom... minhas aulas
estão à toda... e apesar da minha vidinha parada (curso - colégio - casa -
academia), eu não tenho escrito. E nem lido para falar a verdade. O meu projeto
de livro está parado por tempo indeterminado e olha que eu estava
verdadeiramente gostando de escrevê-lo. Fui para Sampa e voltei namorando uma
garota que já conhecia há dois anos. Foi um encontro perfeito *_* galeria do
rock sexta-feira; play center sábado; ibira domingo (L) foi foda. Mas eu tive
que voltar para esse inferno chamado Rio de Janeiro. Estou cansado. Mesmo...
espero que volte a escrever vorazmente logo e traga notícias de fics novas (e
quem sabe até um livro?).  Vou ficando por aqui. Novos capítulos em
breve. E dessa vez e juro que em breve xD *:


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