Capítulo IX



Capítulo
nove


 


Como
Haykito previra, o casalzinho apaixonado continuava sua procriação quando ele
imergiu no pub iluminado e fingiu não
enxergá-los, contraindo o rosto em uma expressão raivosa e puxando seu malão
para o lado de fora, dizendo aos outros que os esperaria tomando um sol.


De
fato, fora a melhor escolha, porque a claridade e a calidez que o sol conseguia
perpassá-lo, fizeram com que uma pontada de alegria retomasse em seu peito; não
seria nada muito forte, já que tinha plena certeza que, àqueles instantes,
Harry agarrava-se deliberadamente à uma garota a poucos metros de si, porém,
se quisesse realmente conquistá-lo, teria que erguer a cabeça e avançar com
orgulho e dignidade, ao invés de chorar copiosamente e sair, pressuroso, para
jogar-se à cama mais próxima.


Alguns
minutos depois, a porta do Caldeirão Furado abriu-se, rangendo, e cabelos
demasiadamente ruivos apareceram, contrastando com a claridade excessiva do sol
que incindia sobre eles. Rony, acompanhado de Hermione que segurava um livro,
comprimindo-o orgulhosamente contra o peito e parecia ralhar sobre alguma coisa
com o garoto, depois, Harry, parecendo colado com Gina e, depois, o senhor
Weasley, um homem alto e magro, usando um óculos de grossos aros de tartaruga e
consultando ocasionalmente um relógio dependurado do bolso da suéter.


-
Bom-dia, você deve ser Haykito, não? - cumprimentou o senhor Weasley,
contornando os demais e erguendo uma mão para o garoto. - Os outros me falaram
de você...


Haykito
lembrou-se do orgulho que há pouco refletira, percebendo que deveria ter e, então,
forçou um sorriso nos lábios, tentando parecer simpático.


-
Ah sim... e o senhor deve ser...?


-
Arthur Weasley - disse ele, rapidamente. -, pai de Rony e Gina...


Mas
não precisava falar aquilo, já que os cabelos escarlates denunciavam
visivelmente que eles eram da mesma família. A atenção deles foi afastada
quando um carro preto avançou lentamente pela rua, estacando à frente do
Caldeirão Furado.


Haykito
encarou brevemente o carro e, depois, ergueu os olhos para o pub
atrás de si, contraindo o rosto com leve curiosidade. Ninguém em sã coinciência
iria parar um carro como aquele em frente a um alojamento que parecia prestes a
cair como o Caldeirão; um letreiro com letras douradas, pendia do lado, balançando
pateticamente conforme a brisa leve varria as ruas; grossas teias de aranha
extendiam-se pela parede com tinta preta descascando; havia riscos em tinta
branca, pixações por toda a extensão do segundo andar e, Haykito percebeu, os
transeuntes pareciam nem ligar que havia ali um pub,
passando apressadamente com seus papéis amontoados sob o braço, pastas e
gritando com algum funcionário no celular.


-
Garotos, vamos entrando - disse o senhor Weasley, animado, empurrando-os pelas
costas e abrindo a porta traseira do carro, enquanto o motorista perguntava qual
seria o destino.


Magicamente,
os cinco conseguiram acomodar-se no banco traseiro - Haykito fez questão de
ficar na ponta oposta a Harry -, o senhor Weasley sentou-se na parte da frente e
então, o carro começou a avançar velozmente pelas ruas, quase atropelando
postes, velhas senhoras passeando com seus poodles
e crianças que brincavam com bolas.


Depois
do que pareceu meia hora, eles estacionaram na porta da estação ferroviária e
desembarcaram, puxando seus malões escada acima e procurando as plataformas
nove e dez; Hermione desvencilhou-se de Rony, que teimava em argumentar alguma
coisa sobre brigas em estádios de Quadribol e, então, apareceu ao lado de
Haykito, com um sorriso fraternal estampado nos lábios; o garoto até entendia
que ela queria parecer amiga e até solidária, mas ele realmente preferia
passar algum tempo sozinho, sem ser incomodado. No fundo, uma esperança
reprimia-se, acreditando que Harry Potter iria simplesmente desaparecer de sua
mente, como em um feitiço e ele veria-se livre das lágrimas e rancores -
talvez não tão livre, como lembrou-se, a marca que sua mãe deixara em seu
coração.


-
Como você está? - Hermione perguntou, depois de algum tempo sorrindo,
esperando que ele puxasse algum assunto.


-
Bem... bem - mentiu ele, rapidamente. -, hum... são dez e quarenta e cinco...
vai dar tempo de pegar o trem?


-
Acredito que sim - murmurou Hermione, distraída. -, é logo ali...


Eles
haviam chegado à plataforma nove, com alguns trouxas vagando de maneira
leviana, empurrando seus carrinhos como se não notassem os adolescentes e um
homem vestido com roupas de banho sob uma suéter puída. O senhor Weasley
adiantou-se rapidamente, indicando a parede de tijolos e empurrou Rony, que
simplesmente afundou na parede.


-
Gina... pode ir - continuou ele. -, Depois, Harry. Hermione. E Haykito.


Um
de cada vez, eles correram em direção à parede, simplesmente imergindo nela
e, depois, o senhor Weasley guiou-os para o trem.


-
Haykito... se quiser posso ir com voc... - começou Hermione.


-
Não, obrigado - disse o garoto, pressuroso. Não queria que ninguém
acompanhasse-o e preferia, realmente, que pudese se espreguiçar dentro de uma
cabine, espiando pela janelas os jardins deslizando ao lado do trem, tentando
afastar seus pensamentos de qualquer problema.


Hermione
encarou-o por alguns segundos, com uma expressão de pena e, então, balançou a
cabeça, fazendo os cabelos cheios cascatearem pelas costas.


-
Eu também tenho meu trabalho de monitora agora - disse, alteando a voz. -,
procure um compartimento... deve ter no final do vagão.


-
Ããh... tudo bem - balbuciou Haykito, distraidamente, puxando o malão junto ao
corpo e tantando atravessar, com dificuldade, as dezenas de estudantes que
apinhavam-se cochichando nos corredores. Finalmente, depois de sentir o suor
gotejar pela testa, ele chegou a um corredor quase vazio, exceto por uma
quintanista e sua coruja e, então, foi passando por cada cabine, perscrutando
por uma vazia. Encontrou uma no último vagão e, sorriu ao empurrar seu malão
para dentro e fechar a porta em um clique ao passar.


Quando
ele virou-se, deparou-se com os cabelos loiros e olhos azuis de um garoto que
aparentava ter cerca de quinze anos; o garoto sorriu e ergueu uma mão, acenando
para ele e, então, levantou-se para ajudá-lo a pôr o malão no bagageiro.


Haykito
sorriu e, então, os dois sentaram-se frente-a-frente.


-
Prazer - começou o garoto, estendendo a mão direita e apertando com força a
de Haykito. -, meu nome é Nuss... Andrew Nuss.


-
Haykito-kun - murmurou Haykito, com uma pronúncia claramente japonesa.


-
Nunca te vi em Hogwarts - disse Andrew. -, sempre estudou lá?


-
Hum... não. É meu primeiro ano para dizer a verdade.


-
Vai ser interessante - Andrew abriu um sorriso largo e virou-se para a janela,
onde diversas árvores altas pareciam dançar ao vento. Haykito deu-se o
trabalho de prestar atenção em cada detalhe do garoto, contemplado com sua
beleza; cabelos loiros e espessos, caindo ao lado do rosto alvo, até os ombros;
olhos azuis faiscantes; molares altos e maxilar reto, bem desenvolvido. Por
dentro de uma roupa de trouxa, ele podia notar um abdômen musculoso, com ombros
largos de quem pratica natação e corpo másculo.


Pensando
assim, Andrew conseguia ser mais interessante que o próprio Harry, porém...
Haykito balançou freneticamente a cabeça, como um cachorro livrando-se da água
depois de um banho e, tentou prender sua atenção em uma árvore pomposa, que
começava a virar um mísero pontinho verde, conforme o trem se afastava
velozmente.


-
Está... hum... um dia quente, não é? - comentou Andrew, alteando o olhar de
Haykito para a janela de vidro; Haykito pôde notar um leve rubor colorindo uma
fina camada de pele alva nas maçãs do rosto do garoto e sorriu, pensando que
talvez fora ele quem provocara aquilo.


-
Sim, com certeza - disse, provocando-o com um olhar ávido. -, mas... você é
de onde? - Puxar algum assunto para que o tempo passava mais depressa parecia
uma alternativa promissora.


-
Edimburgo - respondeu o garoto. -, é uma cidade um tanto... agradável.


-
E você tem irmãos?


-
Não... e agradeço todos os dias por isso, para ser sincero.


-
É... eu também...


-
Ããh... - Andrew parecia mais nervoso do que nunca, um tom púrpura
invadindo-lhe o rosto assustadoramente; o garoto ergueu uma mão e soltou as
fivelas da camisa, deixando que parte do peitoral alvo se revelasse, sombreado
pela falta de claridade no compartimento.


Ágil,
Haykito correu a cortina ao seu lado, deixando que a luz solar quase
inexistente, que lutava para romper no céu, contra nuvens gordas, jorrasse para
o aposento; o peitoral de Andrew ficou mais visível, e Haykito segurou-se para
continaur sentado em seu lugar, sem pular para frente.


De
repente, tudo pareceu estar mais quente, como Andrew dissera e ele afivelou as
mangas da camisa, arregassando-a e deixando os braços livres; o suor começou a
gotejar pela sua testa e ele rezou para que uma brisa soprasse e baixasse o seu
calor.


-
Está, verdadeiramente, um dia quente
- ele disse, com uma voz teatral e, abanou-se de leve, enquanto perdia o olhar
em uma montanha distante, com neve perolada no topo.


-
Desculpe a pergunta - começou Andrew, com a voz hesitante. -, mas... hum... você
tem... namorada?


Haykito
sentiu que um rubor escaldante invadia-lhe as maçãs do rosto e as pernas
bambearam.


-
Nããm - murmurou, inexpressivo. -, por quê?


-
Aah... talvez... sem querer ser... indecente,
mas você não... queria hum... ficar, comigo?


No
segundo seguinte, Haykito sentiu a poltrona afundar ao seu lado e conseguiu
assimilar a idéia que Andrew sentara-se ao seu lado, o perfurando com o olhar;
uma mão tocou-lhe uma perna, o que fez com que um arrepio percorresse a região
do baixo ventre.


-
Bom... eu... não - Um rosto veio-lhe à mente. Um rosto doce, de um garoto de
óculos de aros redondos e uma cicatriz fina em forma de raio na testa. Potter.
- Eu não posso - finalizou Haykito, gravemente. -, sinto muito!


Subitamente,
a porta do compartimento escancarou e uma garota de longos cabelos castanhos
projetou-se para dentro; ela sorriu bobamente e, então, estendeu um pergaminho
para Haykito e girou nos calcanhares, o mais rápido que pudesse, como se
estivesse fugindo de um predador.


O
pergaminhou caiu sobre o colo do garoto, pateticamente e ele puxou a varinha,
tocando com ela a fita roxa presa ao bilhete. O pedaço de papel se retraiu e,
no instante seguinte, a caligrafia fina e pressurosa revelou-se.


 


Ficaria feliz em recebê-lo em minha cabine.


Rony e Hermione estão monitorando os vagões e Gina não
está.


Precisamos conversar.


 


Ass: H.P.


 


Nota
do autor:


Bem
._. é final de ano, portanto, guardem suas facas para janeiro XD~ o colégio
tem me ocupado muito e enfim. me atrasei um pouco XD


:*

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