O Requisito do Ministro






Junho chegara otimista. As suas primeiras semanas foram pacatas, exceto por uma determinada segunda-feira, dia 14. Era uma manhã quente de início de verão. Harry, Rony, Percy e o Sr. Weasley estavam a caminho do Ministério para cumprir as suas rotinas diárias. Andavam por um local deserto. Os funcionários do primeiro Ministro não costumavam ir trabalhar antes das oito horas. Os quatro saíram juntos de uma travessa escura. A uns cinquenta metros na calçada apinhada, havia placas pretas enfiadas no chão ocupando duas escadas, numa escrito CAVALHEIROS, e na outra, DAMAS.


Eles se juntaram a um número de homens bem vestidos descendo para o que parecia ser um banheiro público ordinário no subsolo de um metrô, com azulejos brancos e pretos encardidos.


─ Bom dia, Cattermole! ─ cumprimentou Rony a um outro bruxo de uniforme azul-marinho, enquanto entrava em um cubículo depois de introduzir sua moeda dourada em uma ranhura na porta. ─ Como foi o fim de semana?


─ Ah, o de sempre... ─ ele disse. ─ Sabia que a minha mulher ainda não te perdoou por ter se passado por mim com o uso daquela poção ano passado? Mary é muito rancorosa...


─ Que coisa, né... hum, diga a ela que mandei lembranças. ─ falou Rony, com aspecto meio sem jeito.


Ele e Harry entraram em cabines adjacentes. Pelos dois lados de Harry veio o som de jatos de água. Os dois se levantaram. Mesmo tendo se acostumado a fazer isso todos os dias, Harry sempre sentia-se incrivelmente idiota subindo e "entrando" naquele vaso. Embora parecesse que ele estivesse em pé sobre a água, seus sapatos, pés e túnica permaneceram secos. Endireitou-se, puxou a descarga, e logo em seguida sumiu em uma rápida queda, emergindo de uma lareira dentro do Ministério da Magia.


Levantou-se desajeitado. E deparou com o grande Átrio, coberto por todo a parte de ladrilhos vidrados negros. A grande fonte dourada havia retornado ao centro da entrada, lançando jatos de luz bruxuleante por todo o chão polido e pelas paredes. Harry lembrou-se daquela época tenebrosa que o Ministério passara.


(Uma estátua gigante de pedra preta dominava a cena. Era intimidante aquela grande escultura de um casal bruxo sentado num trono com pilhas de pedaços humanos que mais pareciam um monte de ornamentos entalhados, centenas e centenas de corpos nus, homens, mulheres e crianças, todos com rostos estúpidos e feios, revirados e amassados para suportar o peso dos dois bruxos exercido sobre eles.)


Harry, Rony, Percy e o Sr. Weasley se juntaram ao fluxo de funcionários indo em direção aos portões dourados no fim do Hall. Passaram pelo portão e entraram num saguão menor, onde filas estavam se formando na frente de vinte grades douradas. Mal adentraram na mais próxima quando uma voz chamou: "Potter!".


Eles olharam em volta. O estômago de Harry deu uma volta. Ludovico Bagman vinha a largos passos em sua direção. As pessoas atrás deles ficaram em silêncio, seus olhos ganharam um tom sobressaltado.


─ Ufa! Que bom que cheguei em tempo de poder te avisar! Quanto tempo, não é mesmo? O ministro disse que precisa conversar com você... em particular.


─ Ah... está bem. ─ Bagman era tão alto que Harry precisava ter que empinar bastante a sua cabeça para conseguir encará-lo. ─ Mas o que ele...


─ Encontre-o no seu escritório em cinco minutos. ─ ordenou ele. ─ Parece que é urgente. ─ Vez ou outra, Harry esbarrava com Ludo pelos corredores; o seu contato com ele não ia além de breves saudações. Na verdade, a última vez que Harry dialogou com ele fora há cinco anos, na terceira tarefa do Torneio Tribruxo. Ele era um homem de meia idade, cabelos louros e olhos azuis que demonstravam um espírito de uma disposição juvenil invejável. E mesmo com aquele sorriso fazendo parte de sua marca registrada, Ludo, desta vez, estava sério.


Por um momento, Harry resolveu encarar Percy para ver se obtinha alguma resposta que justificasse aquela súbita solicitação. Porém, nem ele, que é considerado o braço direito de Kingsley, aparentava saber o porquê. As grades se fecharam com um ruído metálico e o elevador começou lentamente a subir com o barulho de correntes se entrechocando. Uma voz tranquila de mulher tornou a falar:


─ "Nível sete, Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, que inclui a Sede das Ligas Britânica e Irlandesa de Quadribol, o Clube de Bexiga Oficial e a Seção de Patentes Absurdas."


As portas do elevador se abriram. Harry deu uma olhada rápida no corredor de aspecto sujo, onde havia vários cartazes de times de quadribol pregados tortos nas paredes. Um dos bruxos no elevador, que carregava uma braçada de vassouras, desvencilhou-se com dificuldade e desapareceu pelo corredor. As portas se fecharam, o elevador retomou sua subida acidentada e a voz feminina anunciou:


─ "Nível seis, Departamento de Transportes Mágicos, que inclui a Autoridade da Rede de Flu, o Controle de Aferição de Vassouras, a Seção de Chaves de Portais e o Centro de Testes de Aparatação."


Mais uma vez as portas do elevador se abriram e quatro ou cinco bruxos desembarcaram; ao mesmo tempo, vários aviõezinhos de papel (memorandos interdepartamentais) entraram voando no elevador. Harry ficou olhando os aviões planarem preguiçosamente acima de sua cabeça; eram violeta-claro, e ele leu as palavras Ministério da Magia estampadas no bordo das asas. Quando recomeçaram a subir, os memorandos ficaram flutuando em torno da lâmpada no teto.


─ "Nível cinco, Departamento de Cooperação Internacional em Magia, incorporando o Organismo de Padrões de Comércio Mágico Internacional, o Escritório Internacional de Direito em Magia e a Confederação Internacional de Bruxos, sede britânica."


Quando as portas se abriram, dois memorandos saíram voando ao mesmo tempo que mais bruxos e bruxas desembarcavam, mas outros tantos memorandos entraram voando, de modo que a luz piscou e lampejou com o movimento dos aviõezinhos ao seu redor.


─ "Nível quatro, Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, que inclui as Divisões das Feras, Seres e Espíritos, Seção de Ligação com os Duendes, Escritório de Orientação sobre Pragas."


─ Licença ─ pediu um bruxo que levava uma galinha venta-fogo, saindo do elevador seguido por um pequeno bando de memorandos. As grades fecharam mais uma vez com estrépito.


─ "Nível três, Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, incluindo o Esquadrão de Reversão de Mágicas Acidentais, Central de Obliviação e Comissão de Justificativas Dignas de Trouxas."


Apenas uma bruxa, que estava lendo um pergaminho tão longo que arrastava pelo chão, desembarcou. Restando agora somente os quatro, o elevador continuou sua agitada subida, então as portas abriram e a voz anunciou:


─ "Nível dois, Departamento de Execução das Leis da Magia, que inclui a Seção de Controle do Uso Indevido da Magia, o Quartel-General dos Aurores e os Serviços Administrativos da Suprema Corte dos Bruxos."


Rony e o Sr. Weasley saíram rapidamente, deixando Harry e Percy sozinhos. Graças ao fim de Voldemort, a chamada Seção para Detecção e Confisco de Feitiços Defensivos e Objetos de Proteção Forjados,cujo chefe era ninguém menos que o próprio Sr. Weasley, não existe mais. Com isso, Arthur retrocedeu para sua antiga repartição, Seção de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas.


─ Hum... Boa sorte, Harry. Seja lá o que ele queira com você... ─ desejou o Sr. Weasley, sorrindo torto.


─ Te vejo mais tarde no treinamento! ─ comunicou Rony em voz alta, já se localizando a alguns metros de distância dele.


Quando o elevador voltou a subir, Percy começou a falar muito rápido:


─ Antes que me pergunte, eu não faço ideia sobre o que Shacklebolt planeja conversar com você. Posso até estar sempre ao lado dele em todos os lugares, mas não sei de tudo o que acontece ao seu redor, por mais que eu queira saber...


─ "Nível Um, Ministro da Magia e Equipe de Apoio.


A grade abriu de novo, e os dois caminharam pelo corredor forrado de tapete grosso. O pânico pulsava na boca do estômago de Harry. À medida que passava por várias portas de madeira brilhantes, cada uma trazendo uma pequena placa com o nome de seu dono e sua ocupação, todo o poder do Ministério, sua complexidade, sua impenetrabilidade, pareciam pesar sobre ele.


Tinham chegado. A porta, preta e perfeitamente envernizada, possuía uma placa dourada e reluzente com os dizeres:


Kingsley Shacklebolt


Ministro da Magia


─ Vou esperá-lo aqui fora. Se algum dos dois precisar de mim, é só me chamar. ─ informou Percy.


Harry deu três batidas, uma voz grave entoou pedindo para que ele entrasse. Ao abrir a porta, deparou-se com uma cena inesperada: Via-se apenas a silhueta de um corpo comprido de pé; ele estava de costas para Harry, apreciando o céu cheio de nuvens (encantado pela Manutenção Mágica) na janela de guilhotina. Kingsley encontrava-se ao lado de sua enorme poltrona estofada, que estava, curiosamente, virada para a parede. O gabinete era bem espaçoso e um pouco mal iluminado, as paredes pintadas em tom opaco, basicamente o inverso do antigo escritório de Dolores Umbridge.


─ Sente-se. ─ ele continuava na mesma posição.


Harry assentiu e acomodou-se na cadeira diante da escrivaninha. Estava apavorado, mas tentava ao máximo não demonstrar isso.


─ Acredito que seis anos tendo História da Magia como disciplina em Hogwarts, já sejam o suficiente para o senhor ter o conhecimento do que seria a Confederação Internacional dos Bruxos. Estou certo? ─ quis saber Shacklebolt, ainda de costas para Harry.


─ Sim, ministro. ─ respondeu ele, perguntando para si mesmo qual propósito teria aquele assunto tão aleatório. ─ Eu sei que esta confederação engloba várias nações, conselhos e ministérios que se reúnem para discutir diversas questões.


─ Correto. ─ afirmou. ─ Em 1692, foi aprovado o chamado “Estatuto Internacional do Sigilo”, ou simplesmente EIS. Absolutamente todos os países se submetem a esse estatuto. É a lei mais importante no mundo mágico. Essa Confederação existe até os dias de hoje e ainda mantém esse Estatuto sob estrita vigilância.


─ Mas o que isso teria a ver com...


─ Trezentos e sete anos depois, ─ Shacklebolt claramente não gostou que Harry o tivesse interrompido ─ a Confederação Internacional dos Bruxos se reuniu novamente... Aconteceu ontem, para ser mais preciso. Agora vamos às análises dos fatos. A primeira grande reunião ocorreu porque, no final do século XVII, a perseguição aos bruxos estava se tornando insuportável, de modo que resolveram remover o mundo mágico de todo e qualquer contato com o mundo dos trouxas. Aí é que eu te pergunto: qual seria a finalidade de uma segunda grande reunião? Por qual motivo você acha que ela ocorreu?


─ Bom, talvez pelo...


─ Foi uma pergunta retórica. ─ disse ele secamente, enfim virando-se frente a frente com Harry, que estava visivelmente intimidado. ─ A causa possui somente duas palavras, dois substantivos próprios, por assim dizer... E estas são JOANNE ROWLING! Não houve ninguém naquela reunião que não culpasse a minha suposta incompetência por não controlar rigorosamente os limites de exposição para esta escritora. ─ falava ele, impaciente. ─ Todos os representantes de todos os países presentes culpavam exclusivamente a mim! Eles tiveram a audácia de me acusarem de ter infringido a lei! E eu confiei em você, Harry. Logo depois que Hermione revelou a verdade de tudo isso, quase um ano atrás, você tinha me dado a sua palavra de que faria tudo para que, assim como ela, todos os leitores trouxas pensassem que toda essa história não passasse de uma simples ficção de meros livros de fantasia para jovens e crianças!


─ Mas nós estamos fazendo isso, eu, Rony e Hermione. Nós três procuramos incessantemente soluções que façam parecer que tudo foi inventado, que tudo veio da cabeça dela! O feitiço Imperius não falhou nunca...


─ NÃO MINTA PARA MIM, HARRY POTTER! ─ Shacklebolt ficou tão enraivecido, seu corpo parecia estar prestes a explodir de fúria. ─ Sei muito bem que isso não é verdade. Vi o histórico de feitiços de sua varinha. Lá não consta nenhum registro de que tenha usado o Imperius alguma vez sequer.


─ Isso é porque Olivaras me deu uma varinha nova...


─ EU SEI! Tive uma conversa com ele um dia depois de você ir ao Beco Diagonal... Você acha que eu sou idiota? Será que eu tenho cara de burro? Pensa que eu não sei que vocês três andam visitando ela sem o intuito de dar informações para a criação dos livros? Pensa que eu não sei que ela se tornou uma amiga sua?


─ Ah...


─ Sem argumentos, não é? Foi o que eu presumi... Eu já sei disso há muito tempo, Harry, desde quando você me requiriu que fosse retirado o feitiço Repello Muggletum por uma noite. Levar uma TROUXA, que não possui nenhum parente mágico vivo, para uma Escola especialmente para BRUXOS foi o cúmulo de sua insensatez, mesmo você tendo me dito que ela estaria “supostamente sob o efeito da Maldição Imperius durante toda a viagem”. E sabe, aquele incidente na Plataforma Nove e Três quartos não tinha me abalado tanto, deixei passar, sem me preocupar muito... Mesmo me custando esforço para ter que resolver acoplar lareiras na estação. Mas só que agora, como se não bastasse, haverá adaptações para filmes sobre o nosso mundo... Soa até como uma revolta contra o próprio EIS... Será que sete livros já não seriam explanação suficiente? Olhe, francamente, se eu ainda pudesse, desceria agora mesmo para o Nível Nove, no Departamento de Mistérios, e destruiria aquela maldita profecia! Porém, infelizmente, ela já se concretizou... ou melhor, está se concretizando.


─ Por favor, ministro, me ouça! Eu juro que eu ia te contar sobre esses filmes. Só estava aguardando o momento adequado para...


─ MOMENTO ADEQUADO? E quando seria esse tal momento adequado? Quando o primeiro filme fosse lançado, talvez? Hein? Suponho que sim...


─ Afinal como o senhor soube disso? ─ indagou Harry, amargurado.


─ A minha sorte é que possuo contato direto com o Primeiro-Ministro do Reino Unido, e ele me mantém informado de tudo que acontece de interessante ao meu respeito...


─ Mas como...?


─ Acontece que todos os Ministros da Magia devem ter um certo convívio com os Primeiro-Ministros do Reino Unido. Esta era, até J.K. Rowling aparecer em nossas vidas, a única e imprescindível exceção da lei do Estatuto Internacional de Sigilo. Tive a oportunidade de ter conhecido o antigo Primeiro-Ministro, John Major, quando fui convocado para protegê-lo sendo um auror disfarçado como secretário dele. John Major sabe de tudo, talvez até mais que Rowling. Fudge visitava-o constantemente, e contava tudo o que estava acontecendo em nosso mundo. E, bem... agora é Tony Blair, o atual Primeiro-Ministro, que conta tudo para mim. Até porque, desde o lançamento do primeiro livro, o mundo dos trouxas e o mundo mágico se encontra, de certa forma, interligados permanentemente. ─ Shacklebolt expressava tensão em seu rosto. ─ É por isso que eu... quero dizer, o Ministério, junto com a Confederação, tiveram que tomar uma decisão drástica.


─ E... qual é?


─ Foi resolvido que... ah... Por, Merlin! Não sei qual será a sua reação, mas... ─ ele finalmente virou a grande poltrona para que Harry pudesse enxergar o que era.


Harry soltou um grito de terror; seus olhos esbugalharam-se; a garganta ficou estéril; sua pele adquirira palidez instantânea. Pensara que estava tendo um pesadelo. Não podia ser real o que estava vendo. Era uma Joanne Rowling inconsciente sentada bem na sua frente. Estivera ali o tempo todo! Como não tinha percebido? Por que ela estava ali?


─ O QUE VOCÊ FEZ COM ELA? ─ Harry parecia estar fora de si. Só desejava fazer uma coisa naquela hora: estrangular o pescoço de Kingsley.


─ Mantenha a calma! Não é o que você está pensando... Nós não a matamos. Ela só tomou uma simples Poção do Sono, nada demais. Por favor, aquiete-se. Eu preciso te contar o que foi decidido... ─ Harry tentava se recompor. ─ Então, antes que deduza ou faça qualquer conclusão precipitada, nós não a sequestramos e dopamos para depois ver qual seria a sua atitude... A verdade é que a convidamos para vir aqui bem cedo para que Fudge lhe contasse toda a história que teve com o Primeiro-Ministro. Pois essa era, de fato, a última informação definitiva de que ela precisava para a escrita dos livros...


─ Está errado! Ainda há muitas coisas a serem ditas a ela! ─ retorquiu Harry.


─ Ah, não me diga! O que seriam essas coisas que ainda faltam?


─ Hum... Bem... Os detalhes! Isso! É... as particularidades! Nós não aprofundamos muito sobre os próximos livros a serem publicados...


─ Harry, você ainda não compreendeu? VOCÊS TRÊS JÁ DERAM DETALHES DEMAIS A ELA! ─ Shacklebolt falava aos berros. Quando percebeu que Percy estava tentando abrir a porta, rapidamente, ele conjurou um Alohomora com a sua varinha e a maçaneta se silenciou. ─ Atualmente, há uma Seção secreta no Ministério que baseia-se unicamente em cuidar da vida de J.K. Rowling. Lemos todas as anotações feitas por ela. Inclusive...


─ AGORA CHEGA! ─ Harry se levantou no ímpeto. ─ Vocês não tem o direito de se meter no cotidiano dela!


─ A partir do momento que alguém revela todos os nossos segredos para o mundo inteiro, nós do Ministério, encontramo-nos totalmente no direito de “nos meter em seu cotidiano” até bem entendermos. Voltando ao que eu estava falando anteriormente, nós lemos todas as anotações feitas por ela. Inclusive o epílogo que foi feito sobre o seu futuro! Gosta de receber spoilers de sua vida? Então aconselho que sossegue e fique aí sentado enquanto eu falo. ─ Harry o desafiou, não obedecendo a ordem de Shacklebolt. ─ É assim?Que tal saber que você se casa com Gina e que juntos terão três filhos?


─ PARE! CALE A BOCA! Por que é que está me dizendo essas coisas tão irrelevantes, ministro? Qual é a razão de ter usado Poção do Sono? Por que está sendo tão cruel com ela? O que ela fez de tão grave?


─ Desculpe, acho me equivoquei um pouco...


─ Um pouco?


─ Eu não queria transmitir uma imagem de perverso, me perdoe. Queria descontar em você minha indignação com o que aconteceu ontem na reunião... Eu sei que a culpa não é só sua. Se quiser, depois eu faço você esquecer do que ouviu sobre o seu futuro com um Obliviate.


─ Ministro, vá direto ao ponto, aonde exatamente o senhor quer chegar?


─ Nisso: Obliviate! Eu queria chegar nisso! Esta foi a decisão feita pela Confederação. Temos que apagar a memória de Joanne Rowling! Imediatamente!


─ Como é que é?!


─ Isso mesmo que você ouviu. Vamos dissipar toda e qualquer lembrança que deem algum indício que prove que tudo que ela já escreveu e ainda irá escrever seja real. O que era e sempre foi, segundo o próprio Alvo Dumbledore, o objetivo principal da profecia, não é mesmo? Eu solicitei a sua presença justamente para isso. Que acabasse logo com todo esse sofrimento e deixasse Rowling viver sua vida em paz como escritora, sem a intervenção de três jovens bruxos em seu dia-a-dia.


─ Nem pensar! Isso é totalmente inaceitável! Nós três estávamos conseguindo com sucesso encontrar maneiras que justificassem a hipotética origem de toda a minha história, que seria o fruto da imaginação de Jo!


─ Harry, eu entendo o quanto você a considera como uma grande amiga, e o quanto você, Ronald e Hermione se apegaram a ela, mas veja, a decisão não foi minha, foi de todos da Confederação. Para eles, não importa as suas tentativas de consertar essa dura realidade. Essa convivência não é segura nem para ela, e nem para a gente. Sei que agora não parece ser a melhor saída... Eu sinto muito. ─ Shacklebolt estava bem mais calmo que há alguns minutos.


─ Sente nada! Se sentisse mesmo, tomaria uma providência.


─ E que providência acha que eu poderia tomar? Harry, entenda, eu não tive escolha! E é tudo para o seu bem. Ademais, Joanne não é tão santa assim como você vê. Ela te contou quanto recebeu por vender os direitos a Warner Bros.?


─ Não... Quanto?


─ Não se sabe ao certo a quantia, mas achamos que foi um contrato milionário! Joanne está rica, Harry, as suas custas. O que tem a dizer sobre isso?


─ O que tenho a dizer sobre isso? Que ela tenha um bom proveito. Nossa intenção nunca foi obter lucro com isso, você sabe muito bem disso. Fico muito satisfeito por ela ter ganhado. E espero que ela alcance o sonho de se tornar filantrópica.


─ Nossa, você gosta mesmo dela...


─ Sim. Depois de Hermione, Jo é minha melhor amiga. Por isso, eu suplico, por tudo o que é mais sagrado, que deixe a memória dela intacta pelo menos até o começo de julho, na formatura de Hermione. Não posso dar essa notícia num dia tão especial para ela. Aproveitaríamos o fato do Repello Muggletum estar ausente, devido à presença dos pais trouxas de alguns estudantes, para combinar com Joanne que discursasse lá no dia... Ela já está com o texto quase pronto...


─ Não sei não, Harry... É muito arriscado e sem falar que vocês podem cometer algum delito e... Ah... Tá, está bem! Você tem um mês. Nada além disso. Saiba que eu também compartilho uma certa simpatia com ela. Desde que pusera os pés aqui, Rowling foi muito educada e agradável. Vou mandar levarem-na para casa e fazer parecer com que ela tenha voltado do mesmo jeito que veio: sozinha.


─ Fico muito agradecido. E quanto aos filmes?


─ Bom, o que está feito, está feito. Não há como impedir um projeto desta proporção. Eu só dei uma condição, tendo já me esclarecido com ela hoje mais cedo. Eu e o Primeiro-Ministro concordamos em aceitar atores restritamente britânicos, pois fica mais fácil de se vigiar e acompanhar alguém que seja do nosso Estado, e sem falar que assim fará muito mais jus a sua história genuína.


Harry só saiu de lá depois de estar convicto que Shacklebolt não faria nenhum mal a Joanne enquanto ela estivesse ali dentro do Ministério. Rony quase que não acreditou quando ouvira do amigo a versão sobre o que havia acontecido na sala do Ministro no Nível Um. Contudo, nenhuma coisa o deixava mais intrigado que imaginar Hermione, recém-formada, descobrindo que o Obliviate lançado nos seus pais não terá sido o único que fizera contra a sua vontade.

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