Ao Encontro de Rowling







— Então... Alguém gostaria de tomar uma xícara de chá? — perguntou a Sra. Weasley.


Todos, menos Harry, Rony e Hermione pareciam querer. Kingsley, Sr. Weasley, McGonagall, Andrômeda, Percy, Jorge e Gina foram para cozinha, deixando-os sozinhos. Harry teve a ligeira impressão de alguns terem aceitado só para se livrarem do clima tenso.


— Eu sei que o que eu contei soa como um completo absurdo... Mas vocês precisam entender... Eu não podia recusar, mesmo que quisesse. — disse Hermione com uma voz tímida, quando os demais já haviam saído da sala.


— Eu estou realmente impressionado! Você se superou, Mione. De todas as coisas que você já fez... Essa foi de longe a mais extraordinária! — elogiou Rony, esboçando um sorriso para a garota.


Harry ainda não tinha arrumado coragem de dizer algo porque não conseguia formular uma resposta para a amiga. Fingindo folhear o segundo livro, a Câmara Secreta, achou finalmente algo digno de se comentar com ela:


— O diário de Tom Riddle! Aqui não está escrito que é uma Horcrux. Como pode ter esquecido de algo tão importante?


— Ah... Harry... Já li tantos livros na minha vida. Sei como formular uma boa história. Você acha mesmo que eu ia fazer com que ela escrevesse sobre as horcruxes logo nos nossos primeiros anos em Hogwarts? Claro que não. Cada livro é um ano que passamos juntos. E todos os mistérios serão decifrados exatamente no tempo em que nós mesmos deciframos.


— Certo... — falou Harry, um pouco apreensivo.


— É brilhante! — exclamou Rony, continuando a jubilá-la.


— Rony não precisa ficar sendo meu adulador sempre que eu chorar. Faça isso só quando eu sentir raiva de você... O que pode ser a qualquer momento. — disse Hermione, séria. — E aí, Harry... Você vem?


— E eu tenho escolha? Não, né... Você ouviu o que Dumbledore disse... Eu vou sim.


— Ai que bom ouvir isso, Harry! — disse ela, levantando-se sorridente da poltrona e dando um abraço no amigo.


— Espera, mas e eu? Onde eu fico nisso tudo? — perguntou Rony a Hermione num tom de indignação, olhando para os dois ainda abraçados.


— Ah, você não tem importância!


— Nossa... Muito obrigado.


— Eu tô brincando, seu bobo. — falou ela, dando-lhe um beijo. — Acho que Dumbledore não se importaria se você fosse junto conosco.


— Ok... Então já temos que planejar como nós iremos. — disse Harry.


— Até parece que você não me conhece! Já tenho tudo planejado até o terceiro livro. Só que, a partir desse, não iremos mais viajar no tempo. Não há necessidade. Tem previsão de ser lançado só ano que vem. O pior já passou...


Os três ouviram passos vindos da cozinha. Agora todos retornavam para a sala.


— Então... Vocês estão ansiosos com a volta às aulas para o sétimo ano? — perguntou McGonagall, encarando o trio.


— Como é?! — exclamaram juntos Harry e Rony, espantados.


— Ah, sim! Vou comprar meu material mês que vem. — respondeu Hermione.


— Acredito que os dois não irão querer, Minerva. Tive uma conversa com eles e já os convoquei para o treinamento para se tornar auror no Ministério. — falou Kingsley, olhando para Harry, Rony.


— Mas... Ok. Tudo bem. Eu já esperava por isso. De qualquer forma, Hogwarts está de portas abertas para você, Srta. Granger. — informou McGonagall. — E para você também, Ginevra.


A manhã foi se passando com todos conversando. Eles queriam saber com detalhes as aventuras de Hermione, quais seriam os planos para os próximos livros e até mesmo sobre como estava indo a reconstrução da sociedade bruxa, que Kingsley era o principal responsável. Ele confessou o motivo de convocar Harry para se tornar auror tão precocemente: o Ministério estava encontrando muita dificuldade em extrair todos os dementadores de Azkaban.


Com o feitiço Geminio, Hermione duplicou algumas vezes os dois livros para que todos tivessem suas cópias e, mais tarde, lessem-os. Sempre havia um ou outro que durante a conversa parava para mostrar alguma parte dos livros em que era mencionado.


— Esperem um momento! Como souberam disso aqui? Eu nunca contei a Harry que ficava vigiando os Dursley antes de ele ser levado ainda bebê para lá! — exclamou McGonagall, apavorada.


— Ah, Dumbledore me contou sobre isso no final de nossa conversa. Tinha esquecido desse detalhe. — disse Hermione para a professora.


— O almoço está servido! Querem de se juntar a nós? — perguntou a Sra. Weasley para Kingsley e McGonagall.


— Oh, eu adoraria! Muito obrigada, Molly. Mas aviso que não posso demorar, pois tenho ainda centenas de cartas para enviar aos estudantes. Sem falar na reconstrução do castelo que eu mesma administro. — falou McGonagall cordialmente.


— Eu, Arthur e Percy também não podemos ficar muito tempo, Molly. Ainda temos muito trabalho a fazer hoje.


— Ah, não se preocupem! A mesa já está pronta e há lugares para todos. Podem vir. — chamou a Sra. Weasley, risonha.


Foi um almoço suntuoso. Harry nunca se cansava da comida da mãe de Rony. Ela cozinhava excepcionalmente bem. Assim que todos terminaram, McGonagall, Kingsley, o Sr. Weasley e Percy se despediram dos que ficaram e partiram.


Harry, Rony, Gina e Jorge desistiram de voltar a jogar quadribol quando a tarde chegara. Ao invés disso, todos decidiram ler os tão polêmicos livros. Por incrível que pareça, também era a primeira vez que Hermione os lia.


Harry tirou uma pena e um pedaço de pergaminho e se virou para Rony e Mione.


Isto se chama um número de telefone — disse a Rony, escrevendo duas vezes, rasgando o pergaminho em dois e entregando um pedaço a cada um. — No verão passado, contei ao seu pai como se usa um telefone, ele vai saber. Me liguem na casa dos Dursley, está bem? Não vou suportar outros dois meses tendo só o Duda para conversar...


Mas os seus tios vão se sentir orgulhosos, não vão? — perguntou Mione quando desembarcaram do trem e se juntaram à multidão de alunos que se dirigia à barreira encantada. — Quando você contar o que fez este ano?


Orgulhosos? — falou Harry. — Você enlouqueceu? Depois de todas aquelas vezes que eu podia ter morrido e não morri? Eles vão ficar furiosos...


E juntos eles atravessaram a barreira para o mundo dos trouxas.leu Rony em voz alta.


— Ai até que enfim, Rony! Duas semanas para ler dois livrinhos que você já conhece a história do começo ao fim?! — exclamou Hermione, aliviada ao ver que ele finalmente terminara de ler a Câmara Secreta.


— Ui, me desculpe! Não é todo mundo que consegue ler dois livros com mais de trezentas páginas em apenas um único dia! Será que você nunca vai parar de me criticar?


— Ah, por favor, pare com seu vitimismo.


— Vitimismo? Ora, ora, não fui eu que considerei ser “uma má ideia” irmos à Copa Mundial de Quadribol esse ano. Você sabe o quanto eu e Harry almejávamos ir... Eu já estava até me programando para fazer minhas apostas em Malauí, que está com um time bom nessa temporada... Por isso, não reclame!


— Nós não temos tempo para quadribol agora. Não sei se percebeu, mas temos assuntos mais importantes para tratar. Precisamos ter foco, Rony!


— Será que nem namorando esses dois param de brigar? — perguntou Gina a Harry, enquanto assistiam a discussão dos dois.


— Ah, qual é! Desentendimentos é tipo... a base do relacionamento deles desde sempre. Por isso tenho certeza que eles vão dar certo juntos. — respondeu ele, caindo na risada com ela.


— E... O que você acha de nós? — perguntou Gina, após ter cessado os risos.


— O que está querendo dizer?


— Você acha que daremos certo também?


— Acho... Quero dizer... Sim, claro, óbvio! Mas por quê? Você tem dúvidas sobre isso?


— Claro que não, Harry! Na verdade... Não sei se Hermione te contou... Eu espero que não...


— Me contou o quê?


— Que todos os garotos que eu namorei foram um tipo de distração para eu tentar te esquecer. O que, obviamente, não funcionou. Todas as tentativas fracassaram. Eu nunca deixei de gostar de você.


— Não ache que foi um fracasso. Porque não foi. Afinal esses namoros me revelaram o que eu sentia por você. E aí eu percebi que eram ciúmes, e que eu gostava realmente de você. Hermione descobriu isso antes mesmo de eu ter descoberto...


Harry e Gina se aproximaram um do outro. Ele podia sentir a garota respirando freneticamente, dava para ouvir o seu coração batendo depressa. Cada segundo ficavam mais perto. Até uma distância equivalente a zero, demonstrada por um beijo delicado e sereno. Harry parara de ouvir os gritos de Hermione e os berros de Rony e só o que importava agora era aquele momento e em como os lábios de Gina eram macios e sedosos.


Quando pararam, Harry notou que não foi por causa da emoção proporcionada pelo beijo de Gina que tinha bloqueado a sua audição, e sim por causa de Hermione e Rony também estarem se beijando. Ele olhou para Gina e os dois prenderam o riso.


— Ah... Pessoal... EI! Vamos repassar o esquema do nosso plano aqui?! Temos uma escritora trouxa para visitar esta noite! — exclamou Harry em tom elevado.


— Vocês têm certeza que eu não posso acompanhá-los nessa viagem? Eu sempre quis viajar no tempo!


— Me perdoe, Gina... — disse Hermione, corada e totalmente embaraçada após a interrupção de Harry. — Mas já lhe dissemos. O cordão do Vira-tempo tem que envolver todos pelo pescoço e só dá para no máximo três pessoas... Se tentarmos com você junto, correria o risco de arrebentarmos a corrente. E não sou eu quem vai girar centenas de milhares de vezes o meu Vira-tempo caso este estrague.


— Ok... Eu entendo. Vou ver como está o Ted. — e logo depois de ter dito isso, Gina saiu do quarto.


Quando o Sol se pôs, o escuro da noite dominou o jardim da Toca rapidamente. O trio já estava com suas roupas de viagem e Hermione com a sua bolsa encantada por um Feitiço Indetectável de Extensão.


— Tudo pronto? — perguntaram Rony e Harry para Hermione.


— Acho que sim...


— O que foi?


— Nunca acreditei que depois de Voldemort nós faríamos algo tão arriscado... ainda por cima juntos. É insano.


— Bom, você já fez isso três vezes não é? Imagine como nós dois estamos nos sentindo. É nossa primeira vez. Primeira de muitas... — disse Harry para a amiga.


— Você tem certeza de que ela não vai saber de nossa existência? — indagou Rony.


— Ah... tenho sim... É claro! Ela não sabe de nada, nadinha... — falou Hermione num tom de súbito nervosismo.


— Hermione... Você quer nos contar alguma coisa? Algo que não sabemos? — perguntou Harry ao perceber sua apreensão.


— Não é nada...


— Hermione Jean Granger! — exclamou Harry, aparentando indignação. — Não me faça usar Veritaserum em você!


— É só... Bem, é que... Droga! Não acredito que escondi isso por tanto tempo! Tive duas semanas inteiras para contar quando estávamos sozinhos! Eu ia falar para vocês antes... Mas... Tive medo... Tive medo de que não aceitassem...


— Aceitar o que? O que você escondeu?


— Vocês dois me conhecem. Me conhecem mais do que ninguém, mais até do que meus pais... Vocês sabem que eu não seria capaz de conjurar uma Maldição Imperdoável em ninguém... Eu não conseguiria... Não consegui.


— Então como fez com que ela soubesse de toda a história? — perguntou Rony. — Ah, não! Não me diga que...


— Sim! — disse a garota aos prantos. — Ela sabe da gente! Sabe de todos nós! Sabe de tudo sobre o nosso mundo! Mas eu juro, eu juro que ela prometeu guardar segredo! Ela prometeu para mim! — Hermione demonstrava bastante nervosismo. — Quando eu contei a história a todos na sala dias atrás, eu... Omiti uma parte importante de minha conversa com Dumbledore...


"Bem eu... Eu ainda não tenho certeza, senhor." falou Hermione ainda receosa. "Eu não seria capaz de utilizar um feitiço deste tipo... Vai contra os meus princípios. Desculpe, mas isto está fora de cogitação."


"Então, se é assim, creio que não temos outra saída... E a senhorita sabe muito bem qual é." disse Dumbledore em um tom intimidador.


Hermione não retrucou com mais nenhum argumento. Sabia muito bem o que ele insinuara. Ela apenas o encarou tentando expressar em seu rosto algo que significasse um simples "Eu entendi." 


Depois de contar o que efetivamente aconteceu para Harry e Rony, houve uma breve pausa e ela retornou a falar:


— Nós duas viramos amigas e confidentes uma da outra... Na verdade, desde a minha segunda viagem, nossos encontros ficaram parecendo muito mais como uma simples visita de colegas que não se viam há muito tempo, do que uma jornada para a realização de um projeto sobre a publicação de sete livros. Se eu tivesse enfeitiçado ela, como acham que eu soube que ela estava casada e que teve uma filha chamada Jessica?


"Enfim, eu a avisei que, da próxima vez que eu a visitasse, traria você para ela poder te conhecer pessoalmente, Harry. Ela também me pediu para não demorarmos mais dois anos para ir vê-la, por isso, não iremos para 1996 como eu havia falado na semana passada, vamos voltar para 1995... — Hermione então olhou para as faces desconfiadas dos dois. — Por favor, não fiquem furiosos comigo... Não fazem ideia do quanto me sinto pressionada. Eu não podia dizer nada a vocês logo naquele dia por causa da presença de Kingsley e da professora McGonagall. Eles não poderiam saber... em hipótese alguma. Ninguém poderá saber. Somente vocês dois e Dumbledore.”


— Hermione, eu não... Eu não estou furioso com você, mas por que não contou isso antes? Estamos prestes a ir visitá-la, poxa! Não podia ter avisado mais cedo? — perguntou Harry, transtornado.


— Eu sei... Foi um erro. Me desculpem...


— Nós te desculpamos, Mione. Mas... Nós ainda iremos hoje? — quis saber Rony.


— Bem, isso só depende de vocês.


— Por mim, tudo bem... E você, Harry?


— Ah, eu não sei. Parem e pensem um pouco. Como pode ter tanta confiança em uma mulher trouxa completamente desconhecida por nós?


— Não é desconhecida! Já disse, ela é minha amiga. Nós duas somos muito parecidas. Sei que ela é de confiança. Eu tenho certeza, Harry. Confie em mim... Confie em mim como daquela vez há sete anos, quando salvei sua vida daquele Visgo do Diabo.


Harry tinha que admitir: Hermione era muito persuasiva. Era sempre impossível recusar algo vindo dela de modo encarecido.


— Então tá... Tudo bem... Vamos hoje então. Não ficamos verificando o plano por duas semanas à toa.


— Ótimo! Podemos descer agora? — perguntou Hermione.


— Sim, vamos.


Os três desceram as escadas da Toca velozmente até chegarem na cozinha, onde se encontrava a Sra. Weasley. Aparentemente, ela estava preparando o jantar.


— Tenham muito cuidado... — disse a Sra. Weasley, abraçando um de cada vez.


— Nós já somos bem grandinhos, mãe. E já fizemos coisas bem mais perigosas. — falou Rony.


— Eu sei, mas é a primeira vez que você faz algo deste tipo. E viagem no tempo é tão... Eu não acho muito seguro... nunca achei...


— Fique tranquila, Sra. Weasley. Já fiz isso várias vezes e até agora não houve nenhum problema com o Vira-tempo. Nós ficaremos bem. Voltaremos mais cedo do que possa imaginar. — disse Hermione, tentando acalmá-la.


Com uma última despedida, a Sra. Weasley ficou parada na porta de entrada, dando-lhes acenos de longe. Eles caminhavam rumo ao final do jardim da Toca.


— Me diz de novo o porquê de não usarmos o Vira-tempo tão longe da minha casa?


— Pela última vez, Rony. Voltaremos para julho de 1995, ou seja, estávamos de férias. Nesse dia, nós três ainda não tínhamos ido nos hospedar no Largo Grimmauld. Portanto, todos os Weasley, incluindo você, estavam aqui na Toca. Não podemos ser vistos por ninguém. — disse Hermione, aborrecida. — Ok, façam um círculo, ou melhor, um triângulo...


Hermione pegou de dentro das vestes uma fina corrente com uma ampulheta. Ela estendeu-a envolvendo em torno dos pescoços dos três, unindo-os.


— É menor do que eu pensava. Decerto Gina não caberia aqui conosco. — falou Hermione, sentindo-se desconfortável. — Estão prontos para visitar Joanne Rowling?


Os dois fizeram movimentos com a cabeça afirmando que sim. Feito isso, ela segurou firme a ampulheta e girou-a duas vezes.


Harry tinha se esquecido do quão desagradável era viajar no tempo. Ele teve a sensação de que estava voando muito rápido, para trás. Um borrão de cores e formas passou veloz por ele, seus ouvidos latejaram, ele tentara gritar, mas ninguém ouviu e nem ele mesmo conseguiu ouvir a própria voz... E, então, sentiu que havia um chão firme sob seus pés, e todas as coisas tornaram a entrar em foco novamente.


Eles se encontravam no mesmo lugar. Também era noite. E mesmo tudo parecendo não ter mudado, Harry percebera que não estavam mais em 1998.


— Segurem firme a minha mão. — disse Hermione.


Os dois obedeceram sem hesitar. Harry se lembrava do plano. Eles iriam aparatar em um bairro da capital escocesa.


Ele sentiu ser engolido pela escuridão; o seu tato só tocava a mão de Hermione ao ser comprimido no espaço e no tempo, distanciando-se da Toca.


Harry abriu os olhos. À sua frente, via-se um pequeno prédio habitado por trouxas. Ele sabia que estava a quilômetros de distância de onde se encontrava segundos atrás.


— Ok, vamos logo. — disse Hermione, parecendo nervosa, dirigindo-se a porta na frente deles.


Eles entraram no prédio. Subiram apenas três degraus na entrada, pois o apartamento era no primeiro andar. Harry sentia-se bastante tenso. Percebera que o amigo também se encontrava do mesmo jeito. Não fazia a mínima noção do que enfrentaria daqui poucos instantes. A ideia de visitar uma escritora trouxa que sabe de praticamente tudo sobre a sua vida o assustava tremendamente.


— É este aqui. — falou Hermione, se aproximando e batendo numa porta branca com um pequeno olho mágico em seu centro.


— Quem é? — perguntou uma voz feminina.


— Ah... Olá, Jo! É Hermione! Harry e Rony estão juntos comigo!


Não bastou cinco segundos e a porta se abriu com um estrépito. Harry deparou-se com uma bonita mulher no vão da porta. Não parecia ser muito mais que dez anos mais velha que ele. Era loira de olhos bem azuis, transmitia estar felicíssima devido ao sorriso radiante em seu rosto.


— Oh, Harry... Até que enfim eu pude te conhecer pessoalmente! — disse Rowling, dando-lhe um abraço apertado. Ele retribuiu abraçando-a também. — Você é exatamente como eu imaginava. Meu querido Harry Potter! Os olhos muito verdes, o cabelo, seus óculos, a... Cicatriz! — ela parou de encarar a testa de Harry e virou a cabeça para olhar onde Rony estava. — Rony, Meu ruivo predileto! Como é bom te ver! — ela deu outro abraço demorado em Rony.


— É um prazer te conhecer, Sra. Rowling. — disse Rony e Harry, simultaneamente.


— Oh, o prazer é todo meu, acreditem. E, por favor, me chamem apenas de Jo. Podem entrar. Não se acanhem. Vocês estão com fome? Querem beber alguma coisa?


— Ah, nós gostaríamos de um suco... de Abóbora, por favor. — falou Hermione.


— Ok, então. Trarei num instante! Por favor, sentem-se. — ela saiu em direção a cozinha.


Harry e Rony ficaram cochichando sobre suas primeiras impressões que tiveram dela até Hermione dar uma leve cotovelada no braço de Rony, alertando-os de que ela estava retornando. Rowling vinha carregando uma bandeja com três copos contendo um líquido de cor alaranjada; entregou um copo para cada um.


— Eu já estava ficando preocupada, Mione. Vocês demoraram para me visitar. Quase morri de ansiedade. — confessou Rowling, sentando em uma poltrona bem perto do sofá onde estavam os três. — Preciso terminar o segundo livro e algumas pequenas partes do primeiro. E eu preciso da sua ajuda, Harry. Quero que me conte, se quiser, é claro, tudo o que sentiu e todos os seus pensamentos em algumas partes que vou lhe mostrar, está bem?


— Oh, certo. Eu vim aqui para isso. Afinal o que a senhora... Digo, o que quer que eu conte a você, Jo? — quis saber Harry, antes de dar um gole no seu suco. Estava tão bom quanto o preparado pelos elfos na cozinha de Hogwarts.


— Eu nem sei por onde começar! — ela pegou uma pilha de folhas dentro de uma caixa, que se encontrava ao lado de uma máquina de escrever. — Bem, eu praticamente já terminei de escrevê-lo, mas gostaria que lesse e me dissesse se eu acertei em pelo menos a maior parte do que escrevi. Aqui, tome. Veja esta parte em que você está no...


— Não será necessário. Já li o livro. Devo dizer que é... Impressionante! Não acredito que você conseguiu expressar tudo o que eu sentia pelos Dursley e pelos outros demais apenas com a ajuda de Hermione. Você acertou em cheio. Não há nada que eu questione aqui. — disse o garoto, agora folheando as primeiras páginas. — Espere. Estão faltando partes dos capítulos dois e o três...


— Aí é que está. Hermione não sabe como foi detalhadamente sua vida com os Dursley. Por isso gostaria que me contasse tudo o que aconteceu no zoológico e como foram as várias mudanças de residência para não receber a carta de Hogwarts...


Harry contou tudo a ela. Era um tanto quanto esquisito para ele fazer isso. Porém, não bastou meia hora para que já se familiarizasse com ela. Parecia que já se conheciam há décadas. Agora ele compreendia o por quê de Hermione ter virado amiga dela. Ele contou como o vidro sumiu repentinamente, como foi a conversa dele com a cobra brasileira nascida em cativeiro e o quão exaustivos foram os surtos de seu tio Válter com as várias cartas de Hogwarts que tanto o importunavam.


— Isso deve ter sido muito engraçado! — exclamou Rowling, rindo. — Como eu queria ser uma mosquinha para poder presenciar este acontecimento... Ai, ai... O mundo de vocês é muito diferente da concepção que eu tinha...


— Hm, deixa eu adivinhar... — introduziu Rony — Você pensava que éramos todos iguais àquelas bruxas hostis de narizes enormes, cheios de verrugas, quase tão hediondas e abomináveis quanto a maioria dos duendes?


— Ué, mas os duendes são tão fofos e adoráveis... — replicou ela.


— Fofos? Adoráveis?! Vou ver se consigo levá-la ao Gringotts para você ver como eles realmente são... — disse Harry.


— Ok, ok. Agora vocês dois me fizeram ter um pouco de receio em afirmar que... Sim, eu imaginava todos esses esteriótipos quando a palavra "bruxo" me vinha em mente.


— Nós não culpamos você... Na realidade, algumas bruxas são exatamente assim, como Rony descreveu. Elas existem! Porém não são nem um pouco bem-vistas pela nossa sociedade. — informou Hermione.


— Verdade. É bem fácil se deparar com uma delas ao passar pela Travessa do Tranco... — os três se entreolharam.


— E eu confesso que, a princípio, não tinha acreditado em uma palavra que saía da boca de Hermione no dia em que nos conhecemos... Até cheguei a achar que fosse alguma pegadinha ou algo do tipo. Olhei por todos os lados do trem à procura de alguma câmera que estivesse escondida! — todos gargalharam. — Mas ela conseguiu me convencer quando consertou o meu óculos, que estava com uma das lentes rachada, executando um feitiço com a própria varinha.


Foi uma longa conversa que para Harry poderia durar para sempre. Além de falar o que era de maior interesse para Rowling, Harry também disse a respeito do seu ponto de vista sobre a solução dos mistérios no seu segundo ano. Rony também se divertiu muito contando a sua própria versão da história, destacando a parte quando eles dois visitaram Aragogue pela primeira vez. Hermione adiantou a Joanne contando sobre seu terceiro ano pois, segundo a opinião dela, foi seu ano preferido. Até a própria Rowling conversou sobre o capítulo que mais gostou e se divertiu de escrever: “O dia das bruxas”, capítulo dez. Ela também não deixou de comentar que compartilha o mesmo medo de Rony por aranhas e sobre como era capaz de escrever todos os dias nos bares Nicolsons e The Elephant House Café.


— Eu não tenho escolha. Esse meu apartamento não tem aquecimento. Por isso minha única alternativa é ir a esses bares, pedir um café e começar a escrever enquanto Jessica dorme deitada no carrinho...


Passaram-se quase três horas. Harry ficara espantado. A hora parecera ter voado. Sabia que tinha que partir. Estava ficando tarde e Joanne tinha que por Jessica na cama.


— Bom, então nos vemos mais tarde. Em breve, eu espero. Foi ótimo conversar com você, Jo. Não faz ideia do quanto me senti feliz nesta noite em que fiquei com você. A gente podia escrever para você, e você escrever para gente também. Seria maravilhoso. Nós enviaremos a primeira carta com alguma coruja e aí você envia uma resposta em seguida para a gente. — disse Harry.


— Ah, pode deixar. Farei isso sim. Se cuidem e tenham uma boa viagem de volta! Nunca vou esquecer desta noite...


Harry, Rony e Hermione a abraçaram, um por vez, dando suas últimas despedidas. Eles seguraram firme a mão um do outro. E, dando um último olhar para a sua mais nova amiga, eles desaparataram.


Há coisas que não se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro, e contar sobre toda a sua história de vida para uma mulher desconhecida que publicará sete livros sobre você é uma dessas coisas.

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