O Segundo Segredo de Hermione



— PARTE I —


O NASCIMENTO DE UM FENÔMENO

 


CAPÍTULO UM
O Segundo Segredo de Hermione




Logo após a inesquecível destruição de Lord Voldemort, Harry foi para sua cama de dossel localizada no dormitório dos meninos (por sorte, a torre da Grifinória tinha sido uma das únicas partes do castelo que ficaram intactas). Ele estava exausto. Se sentia tão cansado, que nem aguentou esperar Hermione sair do escritório de Dumbledore para descobrir o que ele tanto queria com ela. Por isso, assim que entrou no quarto, não pensou duas vezes: sem ao menos se preocupar em retirar o lençol, ou até mesmo os sapatos, deitou-se com um pulo certeiro em sua cama.


Ele achava que nunca havia tido tanta vontade de dormir em toda a sua vida. Parecia que todas as noites de sono que ele já tinha vivenciado foram estressantes e, muitas das vezes, desperdiçadas. Afinal, quando nos referimos a uma certa casa na Rua dos Alfeneiros, é de total consentimento de que, se você quer ter um bom lugar para se hospedar e passar a noite, Harry lhe dá um conselho por experiência própria: não vá aos Dursley! Segundo ele, a sua pior época foi durante toda a primeira década de sua vida. Não havia uma noite sequer sem que Duda o importunasse batendo na porta por implicância, depois de ter conseguido roubar toda a comida possível da geladeira, geralmente no meio da madrugada, sem que os seus pais o vissem.


Infelizmente, para o desgosto de Harry, suas noites de sono não melhoraram muito quando descobriu a sua verdadeira identidade bruxa. Isto porque quase sempre tinha pesadelos, sendo a grande maioria deles com Voldemort envolvido. Sem falar nas noites em que passava sem conseguir dormir devido a tantas coisas passando pela sua cabeça ao mesmo tempo. E isso pareceu se agravar nos últimos anos com a ascensão de seu inimigo.


Agora o garoto finalmente podia descobrir o significado de ter uma boa noite (ou, nesse caso, um bom dia) de sono. Ele se ajeitou para ficar mais confortável deitado na cama. Ouvia o canto de uns pássaros que pareciam voar bem perto de onde ele estava.


Pela primeira vez em muitos anos, Harry fechou os olhos sem pensar em absolutamente nada. Apenas em como era bom poder descansar depois de tanta luta...


Passaram-se exatos dois meses desde a histórica batalha acontecida em Hogwarts. Era uma manhã ensolarada de verão e todos se encontravam na Toca. Harry e Rony estavam jogando Quadribol contra Gina e Jorge ao lado do pomar dos Weasley. Enquanto isso, Hermione e Andrômeda brincavam com Ted na sala.


A Sra. Weasley estava terminando de arrumar a mesa, que anteriormente fora usada para o café da manhã, quando ouviu da janela da cozinha vários estalos barulhentos vindos de fora, dados quase simultaneamente.


O Sr. Weasley, Percy, McGonagall e Kingsley, o novo ministro da Magia, tinham acabado de aparatar perto da porta. Pareciam aterrorizados.


— Garotos, venham aqui! — gritou o Sr. Weasley com urgência para que os quatro pudessem ouvi-lolá do alto. — Desçam e entrem, imediatamente! Já!


Harry não conseguia entender. Por que a vinda da professora McGonagall e de Kingsley? Alguma coisa havia acontecido. Mas o que seria? Seria a fuga de algum Comensal da Morte de Azkaban? Harry então olhou diretamente para Rony, depois para Gina e Jorge. Nenhum deles também parecia ter a mínima ideia do que estava acontecendo. Sem saberem o porquê, os quatro desceram rapidamente de suas vassouras e foram ao encontro dos demais.


— O que está acontecendo, Arthur? Você saiu não faz nem duas horas! — perguntou a Sra. Weasley, indignada, ao aparecer na porta sem notar a presença dos outros. — Oh, que falta de educação a minha! Bom dia, Minerva, como vai? E Kingsley, o que o traz aqui hoje? Que bela surpresa!


— Bom dia, Molly. Estou ótima! Perdão pela aparição sem avisar, mas é que eu e o Ministro realmente precisávamos vir. — respondeu McGonagall. — Arthur me chamou há alguns minutos dizendo que havia acontecido algo e eu tive que...


— Desculpe a interrupção, Minerva. Mas não temos tempo a perder agora. Vamos entrar depressa. Vou esclarecer tudo a vocês daqui a pouco. — disse o Sr. Weasley, tenso.


Todos entraram na Toca rapidamente. Hermione e Andrômeda foram surpreendidas pela súbita chegada de tanta gente dentro da sala.


— O que houve? — perguntaram as duas juntas. Andrômeda ainda com Ted no colo.


— Aconteceu algo que nunca pensei que... Bem... É muito difícil dizer a vocês... — falou o Sr. Weasley se dirigindo a todos os presentes. — Bom, eu estava indo para o Ministério... E... No caminho... Eu me deparei com... Estavam na vitrine de uma livraria trouxa e... Então eu peguei o meu dinheiro trouxa e comprei. — o Sr. Weasley ficou extremamente pálido. Pegou sua maleta, que usa para trabalhar, e abriu-a, tirando dois livros diferentes de todos que qualquer um daquela sala já havia visto. — Eu não pensei duas vezes e lhes chamei. — Ele olhou para Percy, McGonagall e Kingsley, que pareciam bastante ansiosos e, ao mesmo tempo, muito preocupados.


Harry não conseguia ver a capa e muito menos o título de nenhum dos dois. Parecia que o Sr. Weasley tinha medo de que fossem vistos. Mas por que teria medo de dois livros escritos por trouxas?


Finalmente, Harry entendeu o porquê. O Sr. Weasley finalmente virou os livros para que a capa e o título pudessem ser vistos por todos. O espanto foi mútuo. A Sra. Weasley, Gina e McGonagall puseram as mãos à boca com os olhos arregalados, expressando extremo assombro. Em um dos livros encontrava-se um menino de óculos de armação redonda com os cabelos negros e uma cicatriz na testa que lembrava um raio, e no outro aparecia dois garotos no banco da frente de um carro azul-turquesa com uma coruja muito branca atrás. E, na parte superior de ambas as capas, os seguintes títulos:


Harry Potter e a Pedra Filosofal” e “Harry Potter e a Câmara Secreta.”


Houve silêncio. Todos ficaram sem palavras. Passou-se um bom tempo até que alguém finalmente resolvera cessar aquela tensão que havia dominado todo o recinto.


— Ah... Vocês não acham que... Ah, por favor... Não existe apenas um Harry Potter no mundo não é?... Podem haver outros... — falou Hermione, parecendo intrigada e inteiramente desconfortável ao ter que presenciar aquela situação. Todos a encaravam.


— Como é? Mesmo que haja outro Harry Potter no mundo que tenha uma cicatriz na testa, o que eu acho bem impossível, como pode explicar a “pedra filosofal” e a “câmara secreta” escritas nas capas? E esse... esse garoto ruivo ao lado dele no carro é idêntico a mim! E esse é o... é o carro do papai! — exclamou Rony, bastante indignado.


— Me dê isso aqui. — disse Harry, sem paciência, pegando um dos livros das mãos do Sr. Weasley. — Bom... Vamos ver... Ah, sim! Capítulo um: O menino que sobreviveu. — ele olhou de esguelha para Hermione, que estava ligeiramente envergonhada. — O Sr. e a Sra. Dursley, da Rua dos Alfeneiros, nº 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado. Eram as últimas pessoas no mundo que se esperaria que se metessem em alguma coisa estranha ou misteriosa, porque simplesmente não compactuavam com esse tipo de bobagem.” Será que eu preciso continuar?


— Isto é um absurdo! Como os trouxas conseguiram todas essas informações? — indagou McGonagall em um tom elevado.


— Precisamos descobrir quem está por trás disso. Vamos investigar quem é esse... — Kingsley se curvou para ver o nome do autor no livro, ainda na mão de Harry. — J.K. Rowling... Alguém aqui acha esse nome familiar?


Ninguém ousou se pronunciar. A Sra. Weasley e Gina continuavam na mesma posição de pavor. Harry até achou por um momento que estivessem petrificadas, mas aí viu as duas piscarem os olhos.


— Ah... Agora eu fiquei curioso! Deixe-me ver se estou em um desses livros... — falou Jorge, já pegando da mão de seu pai o livro que sobrara; começou a folhear as páginas a procura de seu nome. — Aqui está! — exclamou ele, sorrindo. — O queixo de Harry caiu quando o impacto do que via o atingiu por inteiro. Rony estava debruçado na janela traseira de um velho carro turquesa, estacionado no ar. Do banco dianteiro sorriam, para Harry, Fred e Jorge, os irmãos gêmeos de...Com licença... — Jorge largiu o livro no colo da mãe e subiu escada acima.


Mesmo com a velocidade de sua partida, Harry conseguiu notar os olhos cheios de lágrimas de Jorge antes de se virar a caminho da escada. Segundo Rony, ele não se olha mais no espelho desde a morte do irmão. Tem sido muito difícil para ele sustentar as Gemialidades Weasley sozinho. Afinal, os dois inventavam tudo juntos e um dependia do outro, eram como se fossem um só...


— Eu vou ver como ele está... — informou a Sra. Weasley com uma voz tão baixa, que só Harry a ouviu.


— Bem... Voltando ao assunto dos livros... Precisamos de uma equipe para procurar esse tal Rowling... E temos que ser o mais rápido possível. Afinal quem sabe ele já não esteja escrevendo outro? — insinuou Kingsley.


— Eu não consigo entender. Como essehomem sabe de tudo isso? Ou mulher... Até porque os primeiros nomes se encontram abreviados. — falou Percy pela primeira vez desde sua chegada repentina.


— Me parece que esse aqui foi lançado hoje mesmo. — disse o Sr. Weasley, pegando de volta o que Molly havia deixado no sofá. — Estava uma fila gigantesca. Foi por isso que demorei. E o mais interessante: a livraria ainda não tinha sido aberta. Quando vi toda aquela quantidade de trouxas enfileirados na porta daquela loja, fiquei curioso e me deparei com esses livros na vitrine. Não pensei duas vezes e fui para o final da fila. — explicou ele, olhando direto para Kingsley.


— Com toda a certeza nós não devemos tornar isso público para o mundo mágico e muito menos para o Ministério. Seria uma crise terrível. Quantos trouxas já devem ter comprado esses livros? Espero que não muito mais que aquela gente esperando na livraria... — falou Kingsley, franzindo a testa.


Harry então percebeu o quão grave era aquela situação. Quantos serão que já leram a história de sua própria vida? E o pior: são trouxas... Trouxas que provavelmente Harry nunca verá e conhecerá na vida. Esse pensamento deu a ele calafrios. Já não bastava ter o mundo mágico inteiro sabendo o que ele passou? Pelo jeito não...


Houve silêncio mais uma vez. Harry folheou mais ainda o livro até chegar no último capítulo e leu para si mesmo.
 


Levou um bom tempo para todos desembarcarem na plataforma. Um guarda muito velho estava postado na saída e os deixava passar em grupos de dois e três para não chamarem atenção ao irromper todos ao mesmo tempo por uma parede sólida, assustando os trouxas.


Vocês precisam vir passar uns dias conosco — disse Rony — Os dois. Vou mandar uma coruja para vocês.


Obrigado — disse Harry — Preciso ter alguma coisa por que esperar.


As pessoas passavam empurrando-se ao se dirigirem para a saída para o mundo dos trouxas. Alguns gritavam.


Tchau, Harry!


Nos vemos por aí, Potter!


Continua famoso — comentou Rony, sorrindo para o amigo.


Não aonde eu vou, posso lhe garantir.


Ele, Rony e Hermione passaram juntos pelo portão.


Olha lá ele, mamãe, olha lá ele, olha!


Era Gina Weasley, a irmãzinha de Rony, mas não apontava para Rony.


Harry Potter! — gritou com a vozinha fina. — Olhe, mamãe! Estou vendo...”
 


Aquilo tudo era assustador. Harry folheou mais ainda e encontrou diversos nomes conhecidos: Hadrid, Dumbledore, Snape, Olivaras, Sirius, Malfoy, Quirrel, Voldemort... Sem falar nos lugares: Hogwarts, Beco Diagonal, Gringotes, Caldeirão Furado... Inacreditável... Quanto mais lia, mais Harry se impressionava com a veridicidade do livro.


Harry ouvia passos às suas costas. A Sra. Weasley e Jorge tinham voltado. Os dois estavam fungando discretamente os narizes.


— Então... Quem se candidata a fazer parte da esquadra em busca de J.K. Rowling? — quis saber Kingsley, olhando para cada um presente.


Todos levantaram a mão; todos exceto Hermione. A garota estava com a cabeça levemente abaixada, tentando não trocar olhares com ninguém.


— Não há necessidade disso... — afirmou ela com uma voz que retratava insegurança.


— Ora, pelas barbas de Merlin! Não acredito que está defendendo este homem! Ou mulher, que seja. Será que não percebe o que este trouxa fez, Srta. Granger? Não passou pela sua cabeça a gravidade destecaso? — indagou Kingsley, quase aos berros, protestando.


— Não... O senhor não entendeu... Eu disse que não há necessidade disso porque... Porque foi... PORQUE TUDO FOI, É E SERÁ MINHA CULPA! — gritou Hermione, agora soluçando e pondo as mãos no rosto para cobri-lo de tanto chorar.


Rony foi para perto dela, ficou batendo levemente em suas costas e passando a mão por sua cabeça. Ela estava sentada na poltrona localizada no canto da sala, próxima da lareira.


— Desculpe se a ofendi de algum modo Srta. Granger... Não é sua culpa. Me perdoe... — disse Kingsley, demonstrando compaixão.


— Não... O senhor não precisa pedir desculpas... Eu que preciso. A todos vocês. — falou Hermione, após se recuperar do choro. — Eu fiz muitas coisas que não devia ter feito nas últimas semanas... Mas eu não tive escolha... Dumbledore me confiou essa tarefa.


— O QUÊ?! Dumbledore te deu uma tarefa para fazer?! — perguntou Harry, assustado. — Quando isso? Como? Onde? Por quê?


— Calma, Harry. Tive a mesma reação que você quando ouvi isso dele... Eu vou te contar tudo. Dumbledore me alertou que todos saberiam mais cedo ou mais tarde. É melhor todos se sentarem.


Ao ouvir isso, a Sra. Weasley foi imediatamente à cozinha pegar cadeiras para os que ainda não haviam se sentado por falta de lugares. Ela pegou cinco. Uma para Harry e outras para Rony, Percy, Jorge e Kingsley.


— Bom, tudo começou quando estávamos no escritório de Dumbledore após a morte definitiva de Voldemort.


“— Estou devolvendo a Varinha das Varinhas. — comunicou Harry a Dumbledore, que o contemplava com enorme afeição e admiração, — ao lugar de onde veio. Ela pode continuar lá. Se eu morrer de morte natural como Ignoto, o seu poder será rompido, não é? O senhor anterior nunca foi vencido. Então será o fim disso tudo.


Dumbledore assentiu. Eles sorriram um para o outro.


Você tem certeza? — perguntou Rony. Havia um levíssimo vestígio de desejo em sua voz ao olhar para a Varinha das Varinhas.


Acho que Harry está certo — disse Hermione em voz baixa.


A varinha não vale a confusão que provoca — respondeu Harry. — Sinceramente, — deu as costas aos retratos, pensando na cama de dossel à sua espera na Torre da Grifinória, e imaginando se Monstro lhe levaria um sanduíche lá em cima — já tive problemas suficientes para a vida inteira.”


— Espere aí! — exclamou Rony.


— O que foi? — perguntou Hermione.


— Foi por isso que Dumbledore te chamou para uma conversa em particular depois disso? Para te mandar uma missão? — perguntou Rony, revoltado. — Você tinha me dito que ele queria saber se você tinha guardado com segurança o exemplar de “Os Contos de Beedle, o Bardo”! Bem que eu achei que isso era algo muito estúpido para se conversar a sós. Sem falar que você demorou séculos lá dentro...


— Ah, me desculpe! Mas é que eu estava transtornada com o que ele havia me pedido. Era muito arriscado... foi muito arriscado...


— Afinal o que era tão arriscado?


— Você já vai saber. — respondeu ela, dando aquele olhar de censura a Rony que ele e Harry já estavamacostumados a ver. — Enfim, depois que Dumbledore me chamou para conversar na sala dele, disse que o que ele iria me pedir era tão perigoso quanto caçar Horcruxes. Pois é, Dumbledore não sabe como pedir um favor sem intimidar bastante antes de dizê-lo...


Muito bem, Srta. Granger. Eu tenho uma tarefa para você. Vou entender se você não quiser aceitá-la, mas ficarei eternamente grato caso aceite-a.


Desde que ouvi a profecia há muitos anos, pressenti que o destino de Harry ou de Neville seria grandioso. E estava certo. Devo admitir que a vida de Harry teve partes difíceis e muito tristes, porém também partes gloriosas e memoráveis. Uma delas aconteceu há instantes aqui mesmo neste castelo.


Eu, assim como você, Ronald e tantos outros, aprendemos demais com tudo isso. E é por isso que acho que devemos eternizar essa história, a história do menino que sobreviveu...”


Não estou entendendo,” disse Hermione, um tanto confusa. “Eu tenho absoluta certeza de que essa história será contada de geração para geração de bruxos. Quero dizer, ela já está eternizada.”


Sim, concordo,” falou Dumbledore, “mas não estou me referindo apenas ao mundo mágico. E sim ao mundo inteiro, incluindo os trouxas.”


Hermione ficou imóvel. Achava que Dumbledore ficara maluco. Mas como poderia se não estava mais vivo?


Mas, senhor... Como pode querer que os trouxas saibam de nossa existência? Perdão por dizer isso, mas é um completo absurdo! E mesmo que eu aceitasse essa tarefa, como eu a faria? Escrevendo um livro por acaso?”


Exatamente,” respondeu Dumbledore com o máximo de tranquilidade em sua voz, “mas não você, e sim um escritor trouxa, e não seria apenas um livro, e sim vários. Todavia, a senhorita precisa entender que publicaremos uma história que faça parecer, na visão dos trouxas, uma simples estória, ou seja, haverá a publicação de livros baseados inteiramente em fatos que, para os trouxas, não passará de meros livros fictícios de um bruxo fictício vivendo em um mundo mágico também fictício. Nunca quis entregar nosso segredo aos trouxas. Como acha que Merlin ficou conhecido por eles? Ele fez o mesmo que estamos tentando fazer. Pode até ser que um trouxa tenha lido algum dos diversos livros que contam a história da nossa escola, onde Merlin é citado como sendo o tataravô de Rowena Ravenclaw... E, logotendo descoberto isso, explanou para os outros trouxas... Consegue me entender?”


Creio que sim,” respondeu Hermione, “mas por que o senhor confiou somente a mim para fazer isso?”


Ah, era nesse ponto que eu queria que chegássemos! Houve uma outra profecia!”


O QUE? Mais uma? Como assim?” perguntou a garota, incrédula.


Simples, no seu sexto ano, a sua antiga professora Trelawney veio até a minha sala. Ela não parecia estar muito bem, até que eu pedi para ela se sentar e aí... aconteceu. Ela segurou firmemente meu ombro e começou a falar com uma voz que não era a dela, mas que eu já havia escutado antes. Eu até colocaria esta lembrança para que você pudesse ver na penseira as palavras exatas ditas por ela, mas estou morto, sou apenas uma pintura emoldurada na parede...


Enfim,” continuou Dumbledore, depois de um breve e melancólico silêncio, “a profecia dizia que a história de Harry Potter seria em breve conhecida ao redor de todo o mundo: bruxos, bruxas e trouxas de todas as origens. E que a história seria contada em exatos 7 livros por uma escritora trouxa desconhecida, que coincidentemente também nasceu no fim de julho. Ela saberia de tudo o que aconteceu no mundo mágico desde o meu nascimento e meu envolvimento com Grindelwald. E isso tudo graças a uma jovem bruxa, conhecida por ser a mais inteligente de sua idade... Bom, só podia ser você, Srta. Granger.”


Dumbledore a encarou e sorriu. Ela, de imediato, retribuiu o sorriso.


Mas como é que eu faria isso? Quero dizer, como vou saber que ela saiba de tudo sem que ela acredite em tudo? E o mais importante: onde a encontro?”


Esta é a parte mais impressionante: o primeiro livro já fora lançado.” disse Dumbledore, percebendo a expressão facial de Hermione, que demonstrava extrema surpresa. “Isso confirma que você fará esta tarefa com sucesso e conquistará o nosso objetivo. Já faz quase um ano do lançamento do primeiro livro. Fiquei sabendo alguns dias antes de minha própria morte quando estava no mundo dos trouxas procurando por pistas de onde se encontraria o medalhão. E a partir daí eu soube que a profecia se realizara. Tive medo de que, quando vocês três estivessem em busca das horcruxes no mundo dos trouxas, poderiam talvez se deparar com alguma livraria ou biblioteca que continha o livro. Mas aí achei que vocês estariam tão concentrados na missão dada por mim, que nem notariam se, por algum acaso, passassem por uma. E, mais uma vez, eu estava certo.”


Mas senhor... Com todo o respeito, isso que está me dizendo é inadmissível... Como pode ter sido eu a responsável por isso tudo se eu não me lembro de ter feito algo assim? É tecnicamente impossível. A única maneira seria se eu voltasse no tempo e...” Hermione emudeceurepentinamentepara poder refletir refletir: enfimcompreendera.


Vejo que já percebeu o que tem que fazer.” disse Dumbledore, sorrindo mais uma vez.


Mas meu Vira-tempo corresponde a só uma hora por volta... Seriam milhares de voltas para quase um ano inteiro.”


Você não vai voltar um ano. E sim oito.” falou Dumbledore para Hermione, que agora parecia mais espantada do que nunca. “Mês passado, eu pedi Snape para que fosse a Londres e procurasse em uma banca de jornal uma reportagem sobre a autora. Segundo ele, não foi nada difícil, pois ela parecia já fazer um enorme sucesso no mundo dos trouxas. Nessa reportagem dizia que ela teve a ideia em junho de 1990, em uma viagem de trem entre Manchester e Londres, onde ela afirma que a história chegou a sua mente completamente pronta. Isso te lembra algum feitiço em especial, Srta. Granger?”


Imperius.” alegou Hermione com a garganta seca. “O senhor quer que eu use uma Maldição Imperdoável em uma trouxa?”


Sim,” respondeu Dumbledore, “mas saiba que é por uma boa causa. Pelo que me parece, faremos um favor a ela, tenho certeza disso. Na reportagem também dizia como suas condições financeiras eram péssimas e como tudo em sua vida melhorou desde o sucesso do lançamento de seu livro. Ela sempre acreditou desde criança em um mundo repleto de magia e encantamento. Porém, me parece que nunca a ocorreu uma estória realmente boa em sua mente para poder investir e passá-la para o papel. Bom, até você aparecer na vida dela e salvá-la... Acredite. Ela estava bastante infeliz com o emprego onde trabalhava. Não faz ideia de quantas pessoas você ajudará se fizer isto que estou lhe pedindo."


Após uma breve pausa, Dumbledore voltou a falar:


Agora a respeito do Vira-tempo, eu tenho a solução. No Departamento de Mistérios do Ministério, encontra-se um armário repleto de Vira-tempos. Se eu não me engano, a primeira prateleira são de minutos, a segunda se referem a horas como o seu, a terceira dias, a quarta semanas, a quinta meses e a sexta: anos. Infelizmente, o nosso querido amigo Harry destruiu quase todos os que estavam guardados lá em seu quinto ano."


"Mas então como irei fazer para voltar no tempo com o meu?! É inviável!" Hermione interrompeu-o impetuosamente.


"Srta. Granger, por favor. Repare mais atentamente no que eu falo: eu disse quase todos foram destruídos. Por uma feliz coincidência, restou-se apenas um correspondente a anos. Acredito que há agora somente dois Vira-tempos no mundo: o que eu acabei de lhe contar e o seu propriamente dito. A senhorita, mais do que ninguém, sabe que existe uma burocracia gigantesca quanto ao uso deles. Por exemplo, é impossível voltar mais de dez anos com o Vira-tempo, ainda não inventaram um feitiço tão potente assim. Essa é uma das razões que justificam o não uso deles para o assassinato de Tom Riddle quando este ainda se encontrava no orfanato. Teríamos evitado muitas mortes se conseguíssemos esta proeza... Mas é como meu grande amigo Horácio Slughorn costumava dizer sempre que bebia demais: A vida é assim... Você vai vivendo, e, de repente... Puf! Não é mesmo? Queria eu ter me dedicado mais quando estava vivo e usufruído mais o meu tempo para...


Ah! Mais uma coisa que eu já ia me esquecendo. Quando me deparei com o livro na biblioteca que tinha visitado, fiquei curioso e o li. Ela é realmente uma excelente escritora. Acho que não haveria escritor mais qualificado para escrever a história de Harry. Entretanto, percebi que você precisará mais cedo ou mais tarde da ajuda dele para suas viagens no tempo, pois notei que há muita narração dos pensamentos de Harry e como era sua vida na casa de seus tios. Fiquei surpreso que foi num zoológico a primeira demonstração do dom de Harry de poder falar com as cobras. E isso tudo, obviamente, você não saberia sem a ajuda dele. Por isso fique atenta.”


O senhor acha mesmo que Harry vai aceitar quando eu contar a verdade a ele?”


Não há alternativa, ele terá de aceitar.”


— Então... É isso. Eu fiz. Fiz tudo que Dumbledore me pediu. Nem me perguntem como foi que peguei o Vira-tempo no Ministério porque foi um sacrifício. Depois que recuperei a memória dos meus pais e voltamos para a nossa casa. Fiquei duas semanas planejando tudo trancada no meu quarto, mas claro, só pude agir com o plano quando eu vim para cá. Tive que pegar a Capa de Invisibilidade de Harry escondida.


— Afinal o que vem a ser um Vira-tempo? — indagou Rony com uma expressão curiosa.


— Ah... Esqueci que você não estava com a gente quando fomos salvar Bicuço e Sirius... É isso aqui. — ela tirou de dentro das vestes um colar que continha uma espécie de ampulheta com alguns mínimos detalhes adicionais.


“O Vira-tempo de anos é bem diferente do meu, ele tem uma espécie de pequena alavanca para voltar ao tempo exato que eu saí. Até porque eu não ia esperar 8 anos até voltar para atualmente.


“Não foi tão difícil quanto eu esperava que fosse ser. Na primeira vez eu estava super nervosa. Tive que descobrir o horário que o trem dela partia para ir junto. Foi difícil, pois achei que eu não teria tempo suficiente, por isso tive que enguiçar os motores. Joanne nem suspeita que sou eu quem está dando todas as ideias para ela. Mandei ela achar que tudo vem de dentro da cabeça dela. É claro que eu não contei tudo a ela de primeira. Até agora já viajei três vezes. Uma em 1990, em que eu só disse um resumo geral de toda a história e uma base sobre cada “personagem”. Outra em 1992, onde ela se encontrava em Portugal e tinha se casado com um tal de Jorge Arantes. Lá eu fui aprofundando com um pouco mais de detalhes. E a mais recente que eu fui ontem de madrugada: em 1994 e... ela já tinha uma filha! O nome dela é Jessica. Preciso ir mais uma vez só que agora para o ano retrasado para que eu possa terminar de falar para ela sobre o segundo livro. Só que desta vez tem que ser... com você, Harry.”


Harry não sabia o que dizer. Todos ficaram tão perplexos quanto ele com o que Hermione acabara de contar.


E, pela terceira vez, o silêncio invadira a sala.

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