Capítulo VIII



Ela sabia que havia dormido demais, mas mesmo assim era tentador continuar com os olhos fechados. Rose Weasley havia demorado tempo demais para conseguir dormir, portanto, pensou, era mais do que justo que ela continuasse na cama por mais alguns minutos.


E ela realmente dormiria se não fosse pela brisa gelada que entrava pela janela – que ela sabia ter esquecido aberta – e por um barulho irritante. Rose estava acordada, mas seus olhos permaneciam bem cerrados, tentando descobrir o que era aquele ruído irritante. Ela ouviu alguma coisa batendo, como se tivesse sido jogada contra a parede, e de novo, e mais uma vez. E então ela ouviu algo diferente, um ruído baixo. Como o pio de uma coruja.


Assim que esse pensamento lhe ocorreu, ela abriu os olhos abruptamente, sentando-se na cama sem acreditar no que seus olhos viam. Não era uma bagunça completa, mas aos olhos de Rose, ver um amontoado de penas sobre suas cobertas, aliado a diversas coisas quebradas no chão e uma coruja psicótica se jogando contra suas paredes era, no mínimo, um alerta sobre o apocalipse.


Olhou para o lado e percebeu que Lilian Luna Potter ainda dormia, alheia a toda aquela confusão. Sendo assim, Rose se levantou e andou o mais rápido possível em direção a coruja suicida que permanecia se jogando pelas paredes, completamente perdida. Assim que se aproximou do animal, viu que ela tinha uma correspondência em suas patas e reconheceu o símbolo do envelope quase que automaticamente.


– Maldito Malfoy. – Ela sibilou enquanto tentava agarrar a coruja que permanecia voar pelo quarto sem ter a mínima noção de direção. Após algumas tentativas, ela conseguiu segurar a ave pelas asas, arrancando rapidamente a carta endereçada a ela.


Em seguida, sentou-se na beira da cama, com a coruja no colo, fazendo-a ficar quieta, para, logo depois, rasgar o envelope e abrir a carta com uma violência desnecessária.


 


“E aí, Weasley?


Bem, se você está lendo essa carta, é porque Star conseguiu chegar até você, então, posso comemorar. Acontece que a coruja oficial da família está fazendo uma entrega ao meu avô, na Alemanha, então, precisei pegar a coruja velha de estimação da minha mãe emprestada. Cuide bem dela, ou Astória Malfoy não ficará nada satisfeita.


Sem mais rodeios, estou escrevendo apenas para avisar que o jantar será servido às 20h00min em ponto, portanto, as 19h00min eu vou estar na porta de sua casa, e é bom que esteja pronta e aceitável. Por mais que eu goste de verde, aquele seu vestido de ontem lhe deixou gorda, então, escolha outra cor (mas isso é só uma dica, não se ofenda okay?)


Mamãe está ansiosa para conhecê-la, então tente ser simpática, porque pedir para você ser agradável é um pouco demais.


Certo. Acho que era isso, Weasley. Ah! Já ia me esquecendo. E aí? Gostou do beijo, docinho? Já sabe a regra, se quiser mais, é você quem terá que pedir.


Bem, agora era só.


Tenha um ótimo dia, Weasleyzinha.


P.S. Star está meio cega e com pouco senso de direção, então não a deixe sozinha por muito tempo, a menos, é claro, que você queira sua casa destruída.


S. Malfoy”


A cada linha lida, o pedaço de pergaminho era amassado nas mãos de Rose. Ela estava furiosa. Não, espere um pouco, ela não estava apenas furiosa. Ela estava espumando de ódio. Scorpius Malfoy era o ser mais desprezível que ela tivera a infelicidade de conhecer. E havia lhe chamado de gorda! Oras, ela iria mostrar a ele quem era gorda, ele que a aguardasse. E, como se não bastasse o monólogo chato e irritante, ele resolveu mandar uma coruja cega para destruir seu quarto. Perfeito.


Ela suspirou pesadamente antes de andar até o colchonete de Lílian, para acordá-la. Estava decidido: ela iria às compras – embora não pudesse acreditar em seus próprios pensamentos.


Scorpius Malfoy merecia a morte. Mas Rose estava disposta a dar a ele algo muito pior. Ela faria com que ele engolisse todas as suas palavras.


 


**


– Cara, eu não acredito que esquecemos que o beco diagonal estaria fechado! – Murmurou Anthony enquanto chutava algumas pedras e andava pelas ruas praticamente desertas do beco.


– Nem eu Zabine, nem eu. – Scorpius murmurou de volta.


Scorpius Malfoy e Anthony Zabine acordaram entediados naquela manhã nada promissora de inverno, o que os levou a virem ao beco diagonal em busca de um bom café para fazer o desjejum. Mas, aparentemente, esqueceram-se de que aquela era a manhã de Natal, e que nenhum estabelecimento decente estaria aberto.


Eles andaram em silêncio pelas ruas geladas e vazias, cada um perdido em seus pensamentos. Enquanto Anthony Zabine não conseguia tirar Lílian Luna da cabeça, Scorpius Malfoy estava pensando em alguma maneira segura de irritar a Weasley. Tinha certeza de que a carta e a coruja cega a tinham tirado do sério, mas ainda não era o suficiente.


Embora irritá-la fosse algo extremamente divertido, Scorpius também queria fazer outra coisa. Ele queria a Weasley caída aos seus pés como a maioria das garotas. Embora não soubesse muito bem o porquê, ele queria que Rose Weasley implorasse por um beijo seu, e que ela se visse perdidamente apaixonada por ele como jamais esteve por outro garoto.


– Hey, Scorpius! – Ele foi tirado de seus devaneios pela voz do amigo. – Aquele bar ali está aberto, o que acha de tomarmos uma cerveja amanteigada?


O Malfoy encarou o estabelecimento precário por alguns instantes enquanto avaliava a possibilidade de encontrar outro pub aberto. Suspirou pesadamente e acabou dando de ombros. Sabia que nenhum outro local estaria aberto, então seus pés se movimentaram na direção do local, que possuía a fachada suja e mal encarada.


Anthony Zabine se arrependeu da sugestão assim que seus pés adentraram no local, fazendo com que uma sineta tocasse, avisando que clientes haviam chegado. Malfoy e ele andaram devagar, tentando não encostar nas paredes, que tinham uma grossa camada de sujeira.


Escolheram uma mesa bem ao fundo e próximo a uma janela – que eles não hesitaram em abrir para espantar o cheiro podre que emanava do local. Assim que viu o garçom se aproximar com um sorriso desdentado, Scorpius se aproximou de Anthony e murmurou.


– Nunca mais entro em locais sugeridos por você.


– Que outra idéia você tem, Scorpius? – Anthony sussurrou de volta. – É uma cerveja amanteigada nesse bar esquisito ou a comida da sua mãe. O que você prefere?


Scorpius gemeu, afinal, nenhuma das opções era agradável. Maldita hora em que o movimento “liberte os elfos” cegou seu pai. Por mais incrível que possa parecer, todos os elfos da família Malfoy recebiam seus direitos trabalhistas, o que significava que hoje, no dia de Natal, eles estavam de folga. E que quem se aventuraria no fogão seria sua mãe. Pela primeira vez na vida, sentiu pena de Rose, que teria que provar um jantar todo ele elaborado por Astória Malfoy.


– E então senhores? – Eles ouviram a voz fanha do garçom perguntar. – O que vão querer?


Vendo que Scorpius permanecia em silêncio, Anthony respondeu.


– Duas garrafas de cerveja amanteigada, por favor.


O homem, que era alto, gordo e possuía o avental sujo anotou alguma coisa num canhoto e, após grunhir de forma estranha, se afastou, aparentemente feliz por ter clientes.


– E então? – a voz de Anthony se fez presente mais uma vez. – Você gosta realmente da Weasley?


Scorpius gemeu de forma quase imperceptível. Odiava quando o amigo era tão direto em seus questionamentos. O que poderia dizer? Não poderia mentir descaradamente a seu melhor amigo e lhe dizer que estava perdidamente apaixonado por Rose Weasley. Incapaz de inventar outra história, ele lançou ao Zabine um olhar maroto e respondeu a sua pergunta com outra.


– E você, gosta realmente da Potter? – Scorpius pediu, enquanto levantava as sobrancelhas.


A expressão de Anthony endureceu imediatamente. Gostar daquela ruiva encrenqueira? Perguntou-se. Nunca! Afinal, ele era Anthony Zabine, aquele que nunca se apaixonava.


– Enlouqueceu? – Ele perguntou. – Já disse a você que eu detesto aquela pirralha. – concluiu.


Scorpius sorriu antes de ironizar mais uma vez.


– Oh, sim, claro. – ele disse. – Quer dizer, então, que você a detesta tanto a ponto de murmurar o nome dela enquanto dorme? – Testou.


O efeito da frase foi imediato, já que Anthony Zabine se engasgou com a própria saliva e passou a tossir. Era óbvio que o Malfoy não o tinha ouvido gemer o nome de Lílian durante a noite, mas, aparentemente, a ruiva Potter andou habitando os sonhos de seu melhor amigo durante aquela noite.


– ‘Tá de brincadeira! – Scorpius disse surpreso. – Você sonhou mesmo com ela?


Anthony sentiu a pele do rosto esquentar e seus olhos esbugalharam tanto que Scorpius pensou que eles fossem saltar e dançar tango em cima da mesa. Então era verdade, ele havia sonhado com Lílian Luna Potter.


Zabine estava pronto para se defender – e colocar a culpa do sonho em cima do beijo estúpido que havia roubado dela – quando ouviu a sineta tocar, anunciando mais clientes. Curiosos, eles se viraram para ver quem poderia ser o maluco a entrar naquela espelunca. E a surpresa não poderia ser maior ao ouvir a voz tão conhecida da garota.


– Não, para mim já chega. – Lílian Luna Potter disse de forma exaltada enquanto entrava no pub e se dirigia para as mesas do outro lado. – Está tudo fechado, não vamos encontrar uma única loja aberta hoje, Rose.


Logo atrás, outra garota ruiva vinha a passos rápidos. Tinha a cara enfezada e olhava o local com certo nojo.


– Está certo, Lil’s. – Ela disse sentando-se ao lado da prima. – Mas será que não podíamos ter ido para casa, não?


– Não, não poderíamos. – Lílian respondeu enquanto empinava o nariz, fazendo Anthony sorrir de canto. – Caso tenha se esquecido, seu pai virá nos buscar apenas na hora do almoço, já que não podemos aparatar.


De Longe, Scorpius viu Rose resmungar algo quase inaudível e fechar a cara ainda mais. E ele tinha certeza que era pelo fato de ela ainda ser menor de idade. Logo depois, viu o mesmo garçom que os atendeu, ir até as duas. O homem gordo e sujo sorria para as garotas de uma maneira que fez Anthony e Scorpius ficarem em estado de alerta.


– Acho que eu vou lá. – Scorpius disse enquanto se levantava, tentando se convencer de que faria aquilo apenas para provocar a Weasley e não por estar preocupado.


– E então, bonecas? – Scorpius ouviu a voz fanha do garçom chamar. – O que vão pedir?


Anthony cerrou os punhos assim que reconheceu o sorriso que o homem sustentava. Aquele era um sorriso cheio de segundas intenções, era o tipo de sorriso que ele usava para conquistar garotas. Sem muita paciência para ver Lílian desviar do cheiro terrível que exalava da boca do atendente, o Zabine se adiantou, ficando entre Lílian e o garçom folgado.


– Elas vão querer o mesmo que nós. – o Zabine disse de forma dura, com a expressão fria e desafiadora que só um sonserino sabia fazer.


Sem ter tempo de se prevenir para o contato, Rose sentiu duas mãos por cima de seus ombros de forma protetora. Lentamente, ergueu a cabeça até encontrar os olhos frios e inexpressivos de Scorpius, que também encarava o atendente do bar de forma nada gentil.


– Elas estão com a gente. – Scorpius afirmou. – E traga essas cervejas logo.


O homem corpulento os encarou alguns segundos:


– Não gosto de garotos intrometidos no meu bar. – ele proferiu. – Dêem o fora daqui.


Anthony soltou o ar dos pulmões e encarou Lílian, que cerrou os olhos na sua direção. Dando de ombros, o Zabine apenas a puxou pela mão na direção da saída do bar, sorrindo de forma debochada.


Quanto a Scorpius, ele beijou a curva do pescoço de Rose, distribuindo espasmos por todo o corpo da garota, para, em seguida, fazer o mesmo que o amigo. Assim que chegaram à rua, Rose encarou Scorpius demoradamente, incapaz de pronunciar uma única palavra.


– O que vocês estavam pensando quando entraram ali? – Anthony foi o primeiro a se pronunciar.


Lílian fechou a cara imediatamente. Sabia que tinham se arriscado ao entrar em lugar de aparência tão duvidosa, mas não daria o braço a torcer.


– Não é da sua conta, Zabine. – Ela sibilou, enquanto soltava sua mão da dele de forma brusca.


Scorpius, por sua vez, sorriu internamente. Lílian não devia satisfações a seu amigo, mas o mesmo não poderia ser dito de Rose que, tecnicamente, era sua namorada.


– Mas é da minha. – ele se viu falando. – O que deu em você para se arriscar assim, Rose? – Ele perguntou, tentando esconder o sorriso presunçoso.


Rose sentiu suas veias pulsarem de raiva. Não bastava esquecer que o beco diagonal estava fechado, ela tinha que entrar em um bar esquisito, quase ser atacada por um atendente e, de quebra ouvir desaforos de Scorpius Malfoy.


– Estávamos com sede. – Rose respondeu de forma curta e, quase grossa.


Caminharam algumas quadras, mergulhados no silêncio e em seus devaneios. Scorpius e Rose permaneciam com as mãos entrelaçadas – embora jurassem que era pelo fato de Anthony não saber sobre o acordo – enquanto Lílian e Anthony andavam isolados um do outro.


Lílian Luna Potter não estava satisfeita, de maneira nenhuma. Anthony Zabine havia acabado com todas as suas chances de ficar com Hugo, ele simplesmente não tinha o direito de bancar o herói pra cima dela. Quanto a Anthony, ele sentia a sua cabeça latejar sem entender o porquê de ele ter se preocupado com aquela garota irritante.


– Hey Lílian. – Scorpius resolveu quebrar o gelo. – Onde o babaca do seu irmão se meteu?


– Depende. – Ela respondeu mal humorada. – eu tenho dois irmãos babacas. De qual deles você quer saber?


Scorpius revirou os olhos ao perceber que Lílian conseguia ser ainda mais irritante do que Rose.


– É óbvio que ele está falando do Albus. – Anthony se meteu.


– Ninguém aqui falou com você Zabine. – Lílian devolveu azeda. – Que tal você calar a sua boca?


– E que tal se você calasse a sua? – Anthony soltou. – Garota irritante. – Sussurrou para si mesmo, mas não sem ser ouvido por Lílian.


– E você que não passa de um metido a espertalhão?


– Pirralha.


– Idiota.


– Infantil.


– Irritante.


–insuportável.


– Noj...


–JÁ CHEGA! – A voz de Rose foi ouvida, assustando até mesmo Scorpius que estava ao seu lado. – Será que vocês podem ter a bondade de poupar os meus ouvidos dessa ladainha toda?


Depois do ataque de Rose, o silêncio permaneceu. Weasley e Potter não viam a hora de irem para a Toca, onde ocorreria o almoço de Natal, mas precisariam esperar um maior de idade vir buscá-las, já que eram incapazes de aparatar. E, mais uma vez naquele dia, Scorpius resolveu provocar.


– Amor, Anthony e eu podemos levar vocês para casa. – Anunciou ele.


– Podemos? – Anthony perguntou, visivelmente incomodado com aquela idéia.


– É claro que sim. – Scorpius respondeu. – Vocês estão cansadas e não podem aparatar porque você ainda é menor de idade. – alfinetou, fazendo Rose borbulhar de raiva. – Fizemos assim, se quiser, eu levo você, e Anthony leva sua prima.


A proposta era tentadora, mas ficar devendo um favor ao Malfoy parecia errado demais para ela. Mas ela precisava aceitar para que Anthony não desconfiasse da farsa e colocasse o plano todo a perder. Mas, aparentemente, Lílian também parecia ansiosa para ir para casa.


– Ótima idéia, eu aceito! – Ela disse, enquanto se encaminhava para o lado da prima. – Mas eu me nego a ir com esse ser irritante ali. – Lílian completou apontando para Anthony.


– Pois bem, então fique aí. – O Zabine cruzou os braços, encarando-a de forma debochada.


Rose tinha pensado em ceder Scorpius a Lílian apenas para se livrar do Malfoy, mas se chegasse a casa dos avós com Anthony, sabia que as pessoas poderiam achar estranho.


– Não faça essa cara Lílian. – Rose disse enquanto seu braço enlaçava as costas de Scorpius. – O loiro é meu. – Ela sussurrou a última parte no ouvido de Scorpius, que fez com que ele arfasse.


Lílian olhou de Rose para Scorpius e de Scorpius para Anthony e, em seguida, aviventou a possibilidade de ficar por ali até alguém aparecer para buscá-la. Mas sabia que era loucura ficar ali, sozinha. E foi por isso, apenas por isso, que ela andou relutante até Anthony.


– Ótimo. – Ela resmungou enquanto se aproximava. – Apenas não reclamem caso eu chegue morta.


– Sem dramas, Lil’s. – Rose revirou os olhos. – Nós vamos para a Toca, okay? – Ela comunicou aos garotos, que apenas assentiram.


Em seguida, Anthony entrelaçou a cintura de Lílian, aproximando seus corpos.


– Ele tem mesmo que fazer isso? – Ela perguntou a Scorpius, visivelmente incomodada com o excesso de contato.


– A menos que você queira ser destrunxada, sim, ele precisa. – Scorpius respondeu, fazendo com que Rose reprimisse o riso.


Lílian protestou mais uma vez, mas nem Rose e nem Scorpius puderam ouvir o que ela disse, já que naquele exato momento Anthony aparatou com ela.


Logo após isso, Scorpius se aproximou provocativamente de Rose, enlaçando sua cintura e puxando o corpo dela de encontro ao seu.


– Sua vez, docinho. – Ele sussurrou a ela.


– Vamos logo, Malfoy. – Ela pediu, tentando ignorar os arrepios que tomavam conta de seu corpo enquanto as mãos do garoto dançavam em suas costas e o fato de seus rostos estarem a milímetros um do outro.


– Não vai me implorar um beijo? – Scorpius pediu, roçando seus lábios nos dela.


E mais uma vez, Rose se viu desejando um contato mais profundo. Mas não daria o gostinho da vitoria a ele que, afinal, era um jogador. E ela não seria apenas um peão no jogo dele. Bem, Scorpius Malfoy estava jogando, certo? Talvez não se importasse se ela quisesse tornar as coisas mais interessantes.


– Talvez outro dia. – Ela sussurrou, sentindo um desconforto enorme enquanto afastava seu rosto do de Scorpius.


Incrédulo, Scorpius afundou a cabeça na curva do pescoço da ruiva e riu, levantando o rosto logo depois para, em seguida, aparatar com a ruiva. Era inacreditável, absolutamente nenhuma garota havia resistido a ele da maneira como aquela garota estava fazendo. Agora havia se tornado questão de honra. Rose Weasley cairia a seus pés até o final de semana, ou ele deixaria de se chamar Scorpius Malfoy e devolveria a ela os 300 Galeões do acordo.


Ele não precisava de uma vassoura nova, caso não tivesse nem a honra.


 


**


Devido à um pouco de sorte, ninguém a viu aparatando com Scorpius, o que evitou os convites constrangedores para o almoço que – ela tinha certeza – sua mãe faria. Mas Rose Weasley não estava feliz, de maneira alguma. Ainda não fazia idéia do que vestir ou do que fazer para impressionar o Malfoy.


Desolada, ela entrou em casa sozinha, já que Lílian havia desaparecido. Encontrou as agulhas de sua avó tricotando e avistou no jardim dos fundos alguns de seus primos jogando quadribol. Os observou alguns instantes antes de ouvir vozes levemente alteradas. Intrigada, ela procurou a origem do barulho e se surpreendeu ao ver Lysander Scamander e se irmão, Hugo, discutindo na sala de estar, próximo a lareira.


– Você não tem o direito de fazer isso comigo Hugo. – Ela ouviu a voz esganiçada de Lysander e, não contendo a curiosidade, ficou na porta, observando.


– Eu não sei o que estou sentindo Lys, não quero te magoar. – Ela ouviu a voz sofrida do irmão e o observou tentar se aproximar.


– Mas já magoou! – Ela berrou.


– Me desculpa, ‘tá legal! – Hugo disse irritado. – Mas eu não vou continuar com você sem saber se eu a amo! – Em seguida, passou as mãos pelos cabelos, nervoso. – Eu estou sendo sincero com você, é melhor darmos um tempo.


– Ótimo! Então acabamos aqui! – Ela disse e Rose podia jurar que ela estava chorando. – Mas saiba que a sua amada Lílian nunca vai fazer você feliz! Ela gosta do Zabine, está na cara!


– Não fale assim, Lys. – Hugo pediu de novo, tentando ignorar o fato de Lysander provavelmente ter razão quando ao Zabine. – Eu não sei de quem eu gosto! Não é justo com você, não é justo com ela e não é justo comigo!


– Quer saber Hugo? – Ela viu Lysander entrar na lareira visivelmente transtornada. – Vai pro inferno.


E então sumiu nas cinzas. Havia voltado para casa. Rose observou seu irmão sentar completamente frustrado no sofá, mas, infelizmente, ela não podia ficar triste. Lysander era uma vaca, estava satisfeita por terem terminado. A única coisa que não a deixou contente foi por saber que Hugo tem uma queda por Lílian. Esse tipo de paixonite sempre acaba machucando alguém.


Pensou em ir falar com o irmão, mas ela já tinha problemas o suficiente, mais tarde falaria com ele. Por hora, ela se concentraria no jantar com a família Malfoy. Aquela era a chance perfeita para fazer o Malfoy ficar totalmente abobalhado. Se ele estava pensando que ela se deixaria conquistar, estava muito enganado. Ele queria brincar, pois bem, ela também conhecia alguns joguinhos de sedução.


Estava pendurada em uma das janelas quando viu seu tio Gui, junto com a família chegarem. E então ela teve a idéia do século. Havia apenas uma pessoa que poderia lhe ajudar a se preparar para o jantar de Astoria Malfoy e, de quebra, deixar Scorpius de boca aberta. E essa pessoa era Dominique Weasley.

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