Capítulo V



Enquanto seus pés tocavam a grama seca dos jardins da Toca, eles perceberam que aquele havia sido o percurso mais longo e tortuoso que ambos já tinham feito. E o mais estranho também, principalmente se eles fossem avaliar o fato de estarem de mãos dadas. Eles andavam devagar em direção a casa e com a cabeça baixa, ambos sentindo o coração acelerar, as emoções ficarem descontroladas e os olhos desfocados da realidade. Estavam nervosos, muito mais nervosos do que esperavam.


Mas sabiam que o plano dependia daquela fase. Dependia que Ronald Weasley acreditasse que eles estavam irremediavelmente apaixonados um pelo outro. E aquela tarefa estava parecendo cada vez mais difícil, na medida em que se aproximavam da porta e percebiam o silêncio quase perturbador.


Scorpius Malfoy sentia a cabeça rodar cada vez mais, pensando que, talvez, ficar sem a sua vassoura nova fosse uma opção viável naquele momento. E quanto a Weasley? Bem, ela parecia prestes a vomitar devido ao nojo que sentia de si mesma por estar mentindo daquela maneira. As emoções estavam tão desnorteadas, que se permitiram trocar uma conversa rápida. E quase civilizada.


– Quem fala primeiro? – A Weasley perguntou – Não estou me lembrando do plano! – Ela comentou, sentindo uma pontada de desespero tentando dominá-la.


– Você irá me apresentar. – Malfoy sussurrou, sentindo-se incapaz de fazer qualquer comentário irônico ou ácido. – Você irá dizer que eu sou seu namorado e, depois disso, vou dizer a todos que é um grande prazer conhecê-los. – “E rezar para que Ronald Weasley não queira me assassinar”, ele completou mentalmente. – E não se esqueça de ser atenciosa comigo e de me defender dos eventuais feitiços que me lançarem.


– Okay. – Ela sussurrou, começando a falar palavras isoladas em voz alta, a fim de decorar a ordem dos acontecimentos. – Apresentar, grande prazer, atenciosa e... – Ela parou pra refletir e, em seguida encarou o Malfoy com os olhos semi serrados. – Por que eu defenderia você? – Ela perguntou com a voz levemente irritadiça.


Scorpius limitou-se a revirar os olhos, incapaz de acreditar que a autora daquela pergunta fosse a garota mais inteligente de toda a escola.


– Ficaria demasiadamente estranho se você não me defendesse. – Ele comentou. – Não esqueça que você está apaixonada por mim, Weasley. – Ele acrescentou, não conseguindo conter o seu sorriso presunçoso.


– E você não esqueça que está apaixonado por mim, Malfoy. – Ela rebateu. –Insuportável.


Seguiram o restante daqueles vinte metros em silêncio. Vez ou outra Scorpius percebia que Rose apertava seus dedos suavemente entre os dela, lhe provocando uma espécie de descarga elétrica. E aquela sensação era – de uma forma estranha – gostosa. Mas ele não sabia se sentir esse tipo de frisson poderia ser considerado uma coisa boa ou não.


Rose Weasley não se sentia diferente, mas tentava repreender sua mente por estar gostando da suave pressão que os dedos do Malfoy faziam sobre os dela.


– Chegamos. – Ela sussurrou quando eles encararam a porta de madeira escura. A única barreira que separava os dois da família dela. A única barreira que separava Scorpius Malfoy de Ronald Weasley. A única barreira que separava o seguro do altamente perigoso.


– Está pronta? – Scorpius perguntou engolindo em seco.


Se Rose resolvesse desistir, ele devolveria os 150 Galeões já pagos por ela numa boa e fugiria dali o mais rápido possível. Mas percebeu que ela não desistiria. No final das contas, a Weasley honrava a casa de Grifinória e, aos poucos, a coragem para enfrentar aquela situação ia surgindo.


– Estou. – Ela respondeu, mas não tão confiante quanto gostaria. – E você? – Ela se virou para encarar o Malfoy nos olhos.


Scorpius Malfoy, rapidamente, desviou do olhar dela e encarou a porta. Coragem não era seu forte, afinal, ele não era de Grifinória, ele era de Sonserina. Mas a sua casa havia lhe ensinado a nunca desistir de seus objetivos e fazer qualquer coisa – como fingir namorar Rose Weasley – para atingi-los. E foi por isso que a sua resposta soou com convicção. Com uma convicção que nem ele mesmo esperava.


– Vamos lá Weasley – Ele sussurrou. – É hora de o jogo começar. – Um sorriso irônico brincou no rosto de Scorpius, fazendo com que Rose revirasse os olhos, incomodada.


Ela encarou a porta e prendeu a respiração, ao mesmo tempo em que fechava os olhos com força. Sentindo o vento gelado de inverno lhe arrepiar a nuca, ela segurou a mão de Scorpius com um pouco mais de força e, então soltou o ar, e abriu os olhos.


– Tudo bem, vamos lá. – Ela sussurrou. – E lembre-se de não me chamar de Weasley, Scorpius. – Ela falou, sorrindo marota para ele.


– Só se você não me chamar de Malfoy, Rose. – Ele respondeu para ela, piscando em seguida. – Temos que descolar alguns apelidinhos carinhosos também? – Rose o olhou sem entender. – Porque se precisarmos, eu posso te chamar de “meu docinho de abóbora”, que tal? – Ele sussurrou no ouvido dela, fazendo-a sentir espasmos por todo o corpo – Tipo, seu cabelo é meio laranja, então ficaria legal – Scorpius concluiu, visivelmente, tirando sarro da situação.


A ruiva achou melhor ignorar o comentário do Malfoy. Realmente, ele não levava nada a sério, pensou ela.


Lentamente, suas mãos giraram a maçaneta gasta da porta. Seu coração descompassou violentamente na medida em que a porta se abria e revelava a sala – e as pessoas que lá estavam. Paralisou. “Como é que se fala mesmo?” ela se questionou enquanto observava os semblantes de seus familiares.


Eles encaram a família da ruiva por alguns segundos. Ninguém parecia muito disposto a falar alguma coisa, estavam embaraçados demais. Ao menos os adultos, afinal, os primos de Rose olhavam para os dois visivelmente empolgados e achando a situação bastante divertida, a julgar pela quantidade de risos mal contidos que seus lábios escondiam.


Scorpius começou a se sentir pressionado com todos aqueles olhares pousados sobre ele. Sabia que todos os homens da família estavam pensando a mesma coisa, provavelmente algo parecido com “ele não é o suficiente para ela”.


Visivelmente constrangido, e notando que Rose permanecia parada, Scorpius, estrategicamente, soltou suas mãos da dela, e enlaçou a cintura da ruiva delicadamente, na esperança de que com o toque, ela resolvesse falar alguma coisa.


E Rose, de fato, acordou do transe em que se encontrava. O toque de Scorpius lhe causou uma série de arrepios involuntários. E fez com que seu coração palpitasse de uma maneira nunca sentida antes.


Decidida a ignorar aquele fato, ela encarou Scorpius e, depois, todos os familiares. Seus tios lhe encaravam como se perguntassem se ela havia enlouquecido, ao mesmo tempo em que as mulheres mais velhas sorriam carinhosas para ela e seus primos deixavam vez ou outra, os risinhos debochados escaparem. Para eles, a situação bastante constrangedora parecia bastante divertida.


Por fim, seus olhos cruzaram com os do irmão, que sorriu para ela de uma forma tão estranha que ela achou melhor ignorar, e com o da mãe, que parecia se sentir orgulhosa e encorajava a filha com o olhar. Encarou o pai por último. Ronald Weasley estava sentado em uma poltrona, próximo a porta da cozinha, com a expressão visivelmente fechada. Rose sabia que ele estava zangado, mas sorriu internamente, sem se importar verdadeiramente com o fato. Na realidade, ela sentia uma espécie de prazer sempre que desafiava o pai.


– Gente. – Ela forçou sua a voz a sair, notando que não teria como prolongar aquele contato visual por mais tempo. – Esse é Scorpius Malfoy, meu namorado. – Ela disse, se aconchegando melhor nos braços de Scorpius, assim que viu seu pai cerrar os olhos na sua direção.


Scorpius, por sua vez, nunca se sentiu tão perto da morte como naquele momento. O olhar de Ronald Weasley o avaliava de cima a baixo e, sem suporta aquilo, desviou seu olhar para a Hermione Weasley, que lhe sorriu de forma quase materna.


– Boa noite. – A voz de Scorpius ressonou. – É um prazer conhecer todos vocês.


Todos os homens, especialmente Harry Potter e George Weasley, se remexeram nas cadeiras em que estavam sentados, desconfortáveis, ao ouvir a voz fria e arrastada de Scorpius.


Apenas Albus Potter sorriu debochado e fez um comentário sem necessidade com o irmão:


–Fala sério! É um prazer conhecê-los? – Albus repetiu a pergunta para o irmão – Ele já conhece todos aqui!


Scorpius descobriu na mesma hora que não havia sido uma boa idéia abrir a boca. Ronald Weasley fechou ainda mais a cara – como se isso fosse possível – e se levantou, andando lentamente de encontro ao Malfoy, que permaneceu com o mesmo sorriso amistoso no rosto, embora tivesse vontade de se ajoelhar e implorar pela piedade do “sogro”.


No exato momento em que Ronald levantou o dedo e abriu a boca para começar uma série de xingamentos intermináveis, foi interrompido por um barulho de mais alguém aparatando nos jardins.


– Oh! Não se preocupem! – A voz de Luna se fez presente pela primeira vez aquela noite. – É apenas o Lorcan chegando.


Ao ouvir o nome de seu fã número um, Rose murchou nos braços de Scorpius. Luna e os filhos sempre passavam o Natal com eles, desde a morte de Rolf em uma de suas expedições pela África do Sul, mas mesmo assim ela não havia se lembrado dele. Não havia se lembrado de que Lorcan estaria ali e que, provavelmente, teria um ataque ao vê-la com o Malfoy.


Ao ouvir o barulho da porta se abrindo, Scorpius envolveu a cintura de Rose com mais força. Apesar de estar fingindo um relacionamento, a Weasley – infelizmente – era a sua garota aquela noite. E quando ele estava com uma garota, não apreciava dividir a atenção dela com ninguém.


James Sirius Potter fez um barulho engraçado quando prendeu a risada pela milionésima vez naquela noite, assim que avistou Lorcan, sendo seguido pelo restante de seus primos. Quanto a Scorpius, se limitou a levantar a sobrancelha quando enxergou o garoto que se vestia de forma, no mínimo excêntrica.


Com uma calça em verde limão e branco xadrez e um casaco laranja berrante, Lorcan Scamander encarou a todos por cima de seus óculos extravagantemente grandes e sorriu aquele sorriso débil que deixava Rose completamente irritada, afinal, ele parecia doente quando sorria daquele jeito.


– Boa noite. – Ele disse com a voz levemente empolgada – Me desculpem pelo atraso, mas eu estava fazendo umas pesquisas e... – Seus olhos que até aquele momento procuravam o padrinho, pararam em Rose. – E... E... – Ele gaguejou, não conseguindo desgrudar os olhos da menina – Olá Rose! – Ele cumprimentou sorridente, mas seu sorriso morreu ao notar as mãos de alguém enlaçadas nas delas. E enfezou o rosto ao ver Scorpius Malfoy ao lado da garota. – Ah! Malfoy, o que faz aqui? – Ele perguntou, tentando parecer inocente, mas sua voz saiu extremamente esganiçada.


E Rose Weasley quis morrer naquele momento. Sim, ela queria se ver livre do Scamander, mas isso não significava que queria vê-lo magoado e com seus sentimentos destruídos.


Mas Scorpius não parecia compartilhar muito da opinião da ruiva, pois acariciou uma das bochechas da ruiva, a abraçou carinhosamente e sorriu irônico na direção de Lorcan, que permanecia impassível na frente dos dois.


– Vim passar o Natal ao lado de minha namorada, Scamander.


Rose sentiu suas bochechas corarem violentamente e escondeu o rosto no peito do Malfoy que, ao sentir a respiração da ruiva tão próxima, sentiu-se levemente extasiado.


Lorcan Scamander permaneceu encarando o casal sem acreditar no que seus olhos viam. Rose Weasley, a sua Rosa, não poderia estar namorando o desprezível do Malfoy, poderia? Ele se perguntava.


– Oh. Deve estar havendo algum engano por aqui. – Ele começou. – Minha rosa, me diga o que está acontecendo, por favor. – Scamander pediu, rezando para que Rose desmentisse o Malfoy e corresse para os seus braços.


Vencendo todas as barreiras da vergonha que sentia, Rose Weasley se desprendeu dos braços de Scorpius, e caminhou alguns passos na direção de Lorcan.


– Ele falou a verdade. – Rose sorriu amarelo. – Estamos namorando.


– Merlin amado, isso não pode ser verdade! – Ele falou, começando a andar de um lado a outro, permitindo-se encarar Rose para a pergunta óbvia que rondava sua mente. – Como você pode me trocar por um ser tão inferior, minha Rosa?


– Eu não troquei você, Lorcan – Ela murmurou indignada. – Nós nunca tivemos nada.


– Oh. É claro. Meus sentimentos nunca foram nada pra você, não é?


E mais uma vez Rose Weasley sentiu vontade fugir e nunca mais voltar. Suspirou pesadamente, antes de encarar o Scamander uma última vez e jogar as cartas na mesa.


– Eu nunca lhe dei esperanças. – Ela falou. – Quem lhe deu foi meu pai, não eu. – Rose concluiu, lançando um olhar irritado ao pai.


– Você não pode me trocar por esse filhote de comensal, Rose! – Lorcan exclamou exasperado. – olha pra ele! Por Merlin!


– Eu o amo. – A frases escapou com tanta facilidade que até ela mesma se surpreendeu momentaneamente. – E não o chame assim. Scorpius não tem culpa das escolhas do pai. - A última parte, de fato, pensou ela, não era uma mentira.


– Mas tem o sangue imundo! – Lorcan bradou a segurando repentinamente pelo braço. – É comigo que você deve ficar, tenho certeza de que é a mim que seu pai aprova, não a ele.


Scorpius Malfoy revirou os olhos e andou alguns passos até os alcançar. Em seguida, segurou a mão que Scamander usou para prender o braço de Rose e o encarou.


– Você irá soltar o braço dela por bem ou por mal? – O Malfoy perguntou enquanto apertava os dedos de Lorcan.


Sentindo que não venceria na força, Scamander se afastou e lançou um olhar irritado a ele e, em seguida, encarou Rose suplicante.


– Está vendo? – Lorcan perguntou. – Ele só sabe usar a força! Tenha juízo Rose! – Ele gritou.


Rose sentiu os olhos lacrimejarem. A situação estava saindo de seu controle e, se continuasse daquela maneira, ela não agüentaria muito tempo. E Scorpius, notando a fraqueza dela, a amparou nos braços.


– Não. Grite. Com. A. Minha. Garota. – Ele pontuou. – Se fizer isso de novo, não vou me responsabilizar por seus ossos quebrados, Scamander.


Sem se importar com as expressões faciais ou os eventuais xingamentos de Lorcan, Scorpius andou com Rose até um dos estofados e a colocou sentada. Em seguida, se ajoelhou, a fim de ficar da mesma altura dela. Rose sentiu um estranho calafrio ao encarar as orbes azul-cinzentas do Malfoy.


– Você está bem. – Ele sussurrou. – Pode continuar com isso? – Ele a encarou de forma intensa. Incapaz de responder, ela apenas balançou a cabeça afirmativamente.


Scorpius respirou fundo algumas vezes e, sentindo que seus joelhos iriam ceder, levantou-se, mas ainda a encarava.


– Tem certeza que você ‘tá legal? – Ele perguntou novamente, avisando seu cérebro de que aquela eventual preocupação fazia parte do plano. Notou que Rose assentiu vagamente com a cabeça e, em seguida, viu-a arregalar os olhos de forma absurdamente grotesca.


Sabia o que estava acontecendo, então se virou lentamente, a tempo de observar Ronald Weasley se aproximando.


– Quem você pensa que é para namorar a minha anãzinha, Malfoy? – Ele perguntou, ignorando os protestos de Rose pelo apelido.


– Senhor eu e sua filha... – Scorpius tentou falar, sendo impedido pela voz – e pelo dedo apontado em sua direção – de Ron Weasley.


– Eu não gosto de você, Malfoy. Devia saber disso.


– Eu sei, Senhor Weasley, mas é que eu...


– Sua família quase acabou com a minha há alguns anos atrás. – Ronald prossegui, sem dar ao garoto a chance de se defender. – Por que acha que vou deixar você namorar a minha filha?


– Mas senhor Weasley, Rose e eu...


– Me responda apenas uma coisa. – Ronald o interrompeu mais uma vez, se aproximando e deixando seu rosto há poucos centímetros do de Scorpius. – por que está namorando minha filha? Com tantas garotas, por que ela, Malfoy? – Ele perguntou, encarando Scorpius de forma intensa.


O Malfoy, por sua vez esperou alguns segundos. Vendo que não seria interrompido e motivado por um olhar nada amigável de Ronald, ele deu a resposta mais óbvia e aceitável que seu cérebro conseguia processar naquele momento de tensão.


– Eu a amo senhor Weasley. – Ele respondeu de maneira não tão firme quanto gostaria.


Scorpius fechou os olhos instintivamente quando viu que Ronald estreitou os olhos em sua direção.


– Você a ama? – Ele devolveu a pergunta. – O que faz você pensar que a ama? O que você sabe sobre o amor, Malfoy?


– Senhor Weasley eu...


– Ande garoto! Me diga porque acha que está apaixonado pela minha filha! – Ronald bradou irritado, ignorando os olhares de Hermione sobre ele. – O que o faz acreditar que é bom o suficiente para ela?


– Senhor Weasley eu...


– Você não é bom o suficiente para ela! – Ele gritou exasperado.


Rose Weasley ao perceber que as coisas estavam saindo de controle – e que Scorpius Malfoy parecia petrificado – andou até os dois e se colocou entre o pai e o suposto namorado.


– Papai, por favor. – Ela pediu. – Não o trate dessa maneira!


– Não se meta Rose! – Ele gritou. – Você já me decepcionou demais.


As pessoas na sala pareciam estar se divertindo, principalmente os mais jovens, que não escondiam mais as risadas. Apenas Hermione revirou os olhos. Não conseguia entender como, depois de todos esses anos, Ronald ainda conseguia ser tão infantil. Achava que as crises de ciúmes dele estavam limitadas ao tempo em que eles estudaram em Hogwarts.


– Ronald, por favor, se contenha. – Ela pediu de onde estava, apenas lhe lançando o famoso olhar Hermione Granger que dizia claramente: “Me contrarie e você verá seu pior pesadelo se realizar”.


– Senhor Weasley eu gostaria que...


– Você não gostaria nada! – Ele bradou. – Eu não gosto de você. – Falou de maneira quase ameaçadora, virando de costas e andando um ou dois passos na direção de sua poltrona.


Rose estava prestes a desprender o ar dos pulmões quando viu que seu pai ia dar as costas. E Scorpius estava se sentindo quase aliviado por não ter sofrido nenhuma escoriação. Mas todos prenderam as exclamações de espanto quando Ronald sorriu debochado e, repentinamente, virou-se e acertou um belo soco no rosto do garoto, o fazendo cair no chão.


– Como eu disse, Malfoy. – Ron falou, se permitindo sorrir de forma maldosa para ele. – Eu não gosto de você.


– RONALD WEASLEY! – Hermione bradou completamente indignada, enquanto andava até o marido. – Você enlouqueceu?


Ron apenas deu de ombros enquanto se dirigia para sua poltrona e era cumprimentado pelos irmãos – e xingado pelas mulheres da família.


Rose estava abaixada e tentava ajudar Scorpius, que não parava de gemer.


– Você está bem? – Ela perguntou enquanto o ajudava a sentar no chão.


– Acho que sim. – Ele murmurou enquanto passava a mão pelo lugar em que o soco de Ronald o tinha acertado em cheio.


Meio atordoado, ele olhou em volta. Os homens da família olhavam para ele completamente debochados, afinal, o soco de Ron parecia tê-los vingado. Quanto às mulheres, essas o olhavam com tamanha pena, que ele estava começando a se sentir mal. Deixou para encarar Albus e Anthony por último, mas eles também tinham sorrisos irônicos nos rostos, especialmente o Potter.


Sentiu algo queimar no rosto e, só então percebeu que Rose pressionava suavemente uma compressa com gelo no machucado. Gemeu mais uma vez. Aquilo iria ficar inchado.


E aquele era apenas o começo daquela noite desastrada.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.