Capítulo I



As ruas de Hogsmead estavam lotadas devido ao feriado de Natal. As pessoas iam e vinham com suas sacolas batendo nas outras pessoas e com sorrisos no rosto. A alegria parecia contagiar a todos, menos a uma única garota que andava a passos rápidos em direção ao pub Três Vassouras.


Rose Weasley, no auge dos seus dezesseis anos estava com um problema, e dos grandes. E, na vã tentativa de tentar resolve-lo de uma forma rápida e indolor, acabou por ferrar com a sua vida. Agora ela sabia que havia se metido em um problema maior do que o anterior. Talvez se tivesse dito a verdade ao seu pai – que Lorcan Scamander é um babaca e que ela nunca o namoraria – ela não estaria pronta para pedir ajuda a pessoa mais improvável do mundo.


Mas era como dizia sua avó: Situações desesperadoras pedem medidas drásticas.


E agora ela se encontrava dentro de um pub bruxo procurando pela única pessoa que poderia lhe ajudar naquele momento: ninguém mais, ninguém menos que Scorpius Malfoy.


Ela o encontrou bem ao fundo do estabelecimento, parecia bebericar uma bebida fumegante, talvez uísque de Fogo. Ela respirou fundo e tomou coragem para caminhar até o garoto, que até dias atrás ela procurava manter distância.


Rose Weasley e Scorpius Malfoy nunca foram melhores amigos, mas também não eram competitivos um com o outro, embora ela o achasse completamente esnobe e galinha. Mas não pense que Scorpius tinha uma visão melhor de Rose. Porque definitivamente ele não tinha. Na opinião dele, Rose era uma rata de biblioteca irritante e, ainda por cima, metida. Enfim, eles não costumavam se provocar, apenas mantinham uma certa distância um do outro, o que não evitava eventuais discussões nas aulas que compartilhavam ou nos corredores, quando se encontravam.


–Ora, ora Weasley! A que devo a honra do seu convite? – Scorpius perguntou destilando sua ironia assim que viu Rose se aproximar.


A Weasley por sua vez o encarou com indiferença, sentando-se a sua frente e adquirindo uma postura completamente diplomática.


–Vim lhe propor um negócio. – Ela falou olhando rapidamente para os lados e garantindo que ninguém pudesse os ouvir.


O Malfoy a encarou com interesse. Uma proposta de negócios feita pela Weasley era, no mínimo, curiosa.


–Pois bem – falou ele, ajeitando-se melhor na cadeira e sorrindo. – sou todo ouvidos Srta. Weasley.


Foi inevitável para ela revirar os olhos. Malfoy, definitivamente, tinha muita dificuldade de levar as coisas a sério e era, na maior parte do tempo, um perfeito idiota. Chegou a se perguntar quem seria pior, se ele ou Lorcan. Mas desistiu da idéia rapidamente ao imaginar a possibilidade de ter Lorcan no pé dela para cima e para baixo – Mais do que já fazia habitualmente, é óbvio -. No final das contas, qualquer coisa era melhor do que Lorcan.


–Quero que namore comigo. – Rose respondeu de uma vez só no exato momento em que Scorpius levava um gole de sua bebida à boca, cuspindo o conteúdo logo em seguida.


O Malfoy poderia imaginar qualquer negócio, até tráfico de objetos mágicos, menos aquilo. A Weasley havia enlouquecido de vez! Pensou.


–Fala sério, Weasley! ‘Tá maluca?! – Ele perguntou, enquanto limpava a sujeira das vestes com a varinha. – Por que eu, logo eu, Scorpius Malfoy, vou namorar você?


Rose respirou fundo e respondeu a pergunta do sonserino calmamente.


–Ontem a noite durante o jantar eu tive uma discussão com o meu pai. Não sei se você percebeu, mas Lorcan Scamander vive correndo atrás de mim. – Scorpius a olhou sem entender, como se uma coisa não tivesse nada a ver com a outra. – Veja bem, meu pai é padrinho do Scamander e colocou na cabeça a estúpida idéia de que ele seria o meu namorado perfeito!


–Casal perfeito – Scorpius comentou debochado. – A rata de biblioteca e o estranho Scamander! Não consigo ver nada melhor que isso.


–Acontece que eu odeio o Scamander. – Ela o interrompeu. – E ontem à noite, durante o jantar, papai começou a me incomodar novamente. E eu tive a brilhante idéia de gritar que eu tinha um namorado.


O Malfoy a olhou como se ela fosse demente. Por que as mulheres sentiam a necessidade de complicar tanto as coisas? Por que elas não podiam simplesmente resolver seus problemas de forma racional? Ele já tinha feito e dito muitas loucuras, mas a Weasley o tinha superado daquela vez. A história que ela queria inventar era uma loucura completa. E, sem contar, que seu pai o mataria se soubesse que ele estaria namorando Rose Weasley, mesmo que fosse de mentira. Albus Potter ser seu melhor amigo já não era bem visto, agora imagine se ele aparece com essa história? Draco Malfoy não deixaria sobrar nada do filho.


–Esqueça, isso não é problema meu. – Ele falou se levantando e deixando o dinheiro da bebida na mesa. – Até mais ver Weasley.


E então o Malfoy se afastou na intenção de ir embora. Mas parou assim que viu a garota puxar das vestes pesadas um saco com moedas e depositá-los sobre a mesa. Em seguida, ela olhou debochada para o Malfoy e comentou:


–Eu pago bem, Malfoy. Tenho certeza de que será um ótimo negócio. – Vendo que ele não se movia ela prosseguiu. – Ótimo. Está vendo esse saco? – Ela perguntou se levantando e segurando o saco na frente de Malfoy. – Aqui dentro eu tenho 150 galões para começarmos a negociar. – Imediatamente o rosto do Malfoy mostrou interesse. – E, para depois que você terminar o trabalho, tenho outro igual a esse lhe esperando.


Ligeiramente atordoado, Scorpius se sentou novamente, tentando absorver aquela situação toda.


–Deixe-me ver se eu entendi, você vai me pagar 300 galeões para fingir namorar você? – Ele pediu, completamente incrédulo.


–Exatamente! – Ela falou.


Ele parou para pensar. Aquilo era loucura demais, nunca precisou ser pago para sair com garotas. Mas, por outro lado, eram 300 galeões! Ele poderia comprar uma vassoura nova com aquele dinheiro! E também seria morto quando seu pai descobrisse.


–Aviventando a possibilidade de eu aceitar esse seu plano maluco, quanto tempo duraria a farsa?


–Apenas a semana de Natal e Ano Novo, ou seja, quando retornarmos à Hogwarts, vai ser como se essa loucura nunca tivesse acontecido.


–Ótimo. Quais são as suas condições? – Ele perguntou, não se importando mais com seu pai ou qualquer outra besteira. Eram 300 galeões! Seu cérebro gritava.


A Weasley, por sua vez, estava salva e sorriu aliviada. Fingiria namorar Scorpius por uma semana e, depois, ambos “terminariam o relacionamento” alegando que não davam certo. Era perfeito!


–Minhas condições são bem básicas: nº 1 metade do pagamento hoje e a outra metade do quando concluir o trabalho. – Vendo Scorpius assentir, ela prosseguiu – nº 2 a farsa durará uma semana e nós “terminaremos” no dia primeiro de janeiro logo após o almoço, alegando que nunca daríamos certo. E ninguém, absolutamente ninguém, deverá saber do nosso segredo.


–Nem mesmo o Albus? – Ele perguntou, se sentindo mal em não compartilhar aquela situação com o melhor amigo.


A Weasley pareceu refletir. Seria bom contarem a uma ou duas pessoas. Precisarão de algum álibi quando perguntarem sobre o namoro que, supostamente, tiveram escondido.


–Acho que podemos contar ao Albus e a Lily. – Ela pareceu refletir. – Sim! Albus e Lily estariam de bom tamanho, eles poderão dizer que nos encobriam sempre que saiamos para nos encontrar às escondidas.


–Weasley, você é completamente maluca. – Ele comentou enquanto observava um sorriso débil brincar nos lábios da garota. – Mais alguma exigência?


–É claro! – Ela respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo. – A exigência nº 3 é a mais importante. Como você deve saber, namorados devem... bem você sabe. – Ela começou, ficando extremamente vermelha e fazendo com que Scorpius prendesse uma risada.


–Você quer dizer que namorados se beijam? – Scorpius perguntou, segurando uma gargalhada.


–Isso mesmo! – Ela falou e olhou ameaçadoramente para ele. – E nós vamos ter que nos beijar em público se quisermos ser convincentes, então vamos estabelecer alguns limites aqui! – Ela continuou e se aproximou dele, fazendo com que Scorpius levantasse uma sobrancelha. – Você não vai me beijar de verdade, entendeu? Você vai manter essa sua língua pegajosa e nojenta dentro da sua boca durante o tempo em que tivermos que manter as aparências, ou seja, nossos lábios grudados.


–Weasley, eu nunca beijaria você de verdade. – Ele comentou, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo


–Então temos um acordo, Malfoy? – Ela perguntou lhe estendendo a mão.


Scorpius pensou por alguns instantes antes de responder convictamente.


–Negócio fechado, Weasley.


Naquele mesmo instante Rose sorriu e lhe passou os primeiros 150 galeões do combinado. Quanto ao restante da tarde, eles passaram tomando cerveja amanteigada e combinando os detalhes do plano.


Rose Weasley achou que seu plano era isento de falhas – o que seria, se ela não tivesse esquecido um detalhe – e estava feliz em pensar que finalmente se livraria do Scamander e das picuinhas de seu pai. E quanto a Scorpius, bem, ele ganharia 300 galeões para sair com uma garota e aquilo, nem de longe, era um mau negócio.


Mas enquanto eles detalhavam suas ações naquele plano completamente insano, o destino ria as suas costas e preparava uma pequena armadilha para Rose Weasley e Scorpius Malfoy.


Eles haviam combinado tudo, apenas esqueceram que o destino adorava brincar.

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