Os acontecimentos



Os acontecimentos


 


        Enquanto isso, no vilarejo da Irlanda, Puff estava no celeiro terminando a Poção do Morto-Vivo, que ele tivera muito trabalho, já que não possuía a receita e essa é uma poção muito complexa.


       Quando viu a poção com a coloração rosada, ele finalmente percebeu que ela estava certa, e deu um suspiro de alegria:


        - Finalmente acabei! – E antes que ele olhasse para trás, sentiu um vulto encostar a porta, que para alegria dele soltou uma voz conhecida:


        - Conseguiu acabar?- era Corey desafiando Puff mais uma vez.


        - É claro! Você achou que eu não conseguiria? Eu sou um verdadeiro mestre em poções! – disse ele, retribuindo o tom de desafio.


        - Precisamos testá-la... Pra ver se realmente funciona...


        Puff apenas olhou e reparou o celeiro em volta, aguardando alguma ação de Corey, que para surpresa dele, perguntou:


        - Você não vai testá-la?


        - Como eu vou testá-la? É preciso um ser vivo!


        - Beba! Você está vivo, não?


        Puff quase saltou pra cima dele, pra agarrar seu pescoço dizendo:


        - SEU IDIOTA! EU VOU FAZER VOCÊ BEBER ISSO TUDO AQUI!


        E num movimento rápido, Corey já estava com a varinha apontada no rosto de Puff, e disse pra ele:


        - Calma garoto! Se fosse pra você morrer, você já estaria morto. Agora afaste-se e separe uma ampola dessa poção para testarmos.


        Enquanto Puff separava a ampola da poção pra teste, ouviu Corey apontando a varinha pra ele e dizendo:


        - Accio Aranha! – E uma aranha saiu da parede de frente a Puff e passou voando perto de seu rosto, e foi parar na mão de Corey, que disse a ele:


        - Prepare um vasilhame pra a poção, agora!


        Puff apontou a varinha para o chão, e conjurou um pote de vidro, enquanto Corey jogava a aranha dentro do pote, e logo depois Puff despejava a poção na aranha.


        Os resultados foram instantâneos, logo a aranha estava totalmente paralisada parecendo realmente um morto-vivo.


        Então, Corey tirou três ampolas do bolso e coletou todo o liquido dentro do caldeirão, e guardou novamente no bolso, e depois disse serio a Puff:


        - Eu realmente duvidava que você pudesse fazer uma poção tão poderosa... Mas, está aqui o seu livro. – E Corey tirou do bolso da capa um livro de tamanho médio, com a capa azul marinho, aveludada e das folhas bem amarelas. Puff pegou o livro com a maior empolgação do mundo e leu em sua capa:


                                   OS SEGREDOS DAS VARINHAS


        - Você está brincando comigo? “Os segredos das varinhas”- disse ele com voz de falsete – Esse não é o verdadeiro livro...


        Corey deu uma gargalhada:


        - HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!É claro que esse é o livro certo... Apesar do título exuberante, esse realmente é o livro escrito por Merlin. Ele era muito criativo, acredite... Quando você for construir sua varinha verá que esse livro foi à salvação de todos os construtores de varinhas...


        - Se esse livro ajuda tanto assim... Por que McEffron não foi atrás dele? – questionou Puff.


        - Ele com certeza não tinha nem idéia de onde o livro estava! Apenas os fabricantes antigos de varinhas sabiam onde ele estava.


        - Quem eram esses fabricantes?


        - Um de cada pais da Europa, todos os antigos que sabiam do livro de cada país já haviam morrido, sobrando apenas Gregorovith e Olivaras... E ambos também já morreram.


        - Então ele sequestrou Olivaras por isso... Por que ele já sabia a receita de cor...


        Puff sentou num monte de feno, e abriu o livro, e começou a folheá-lo, interessado no seu conteúdo.


 


        Eram 17 horas da tarde, e a maioria dos funcionários do Ministério já começavam a juntar seus pertences para irem embora, pois o horário comercial do beco diagonal era só até às cinco.


        Denis levantou e começou a se arrumar: pegou as roupas pretas de couro de dragão, vestiu a capa de proteção de feitiços simples, calçou sua bota também de couro. Abriu a mochila e retirou de lá alguns materiais essenciais para o cumprimento da missão, como as bombas de poção do Puff, um mapa dos andares do Ministério, porém era antigo e não continha os andares sete e oito, que foram criados recentemente no governo de McEffron.


       Pegou um punhado de bombas e guardou um pouco em cada bolso da calça e da capa de couro. Conferiu se sua Firebolt Lightning 7.5 estava na mochila, e também pôs lá uma cabana e suprimentos para dois dias, para o caso de emergência. Pegou sua varinha de olmo e guardou-a dentro da manga do braço direito. Pôs sua mochila em cima da cama, pegou sua luneta e foi vigiar os últimos funcionários saindo do Ministério, de lá ele viu uma pequena fila, com mais ou menos uns sete funcionários, passando um por um, pelas barras detectoras de mentira que os guardas usavam, para garantir que ninguém roubasse nada de lá. Enquanto eles passavam pela fila, um homem de capa azul-marinho com dois guardas particulares passou direto pela porta, sem ao menos olhar para a fila.


       Apenas pelo seu andar arrogante, Denis reconheceu quem era: Solano Quicker, chefe da seção dos Inomináveis, e que cuidava da segurança do Ministério. Era arrogante, e antes de assumir seu cargo, era chefe dos sequestradores contratados pelo Ministério.   


       Ele saiu direto pela porta, e todos os outros seis que ainda pertenciam à fila o cumprimentaram, porem, ele deu apenas um “boa noite” mal-humorado e se converteu em fumaça branca e saiu com seus dois seguranças.


       Denis pegou sua mochila e pôs nas costas, e desaparatou para um canto mais escuro, atrás da casa trouxa em que estava escondido, colocou sua capa negra e saiu andando rápido até certa distancia da porta do Ministério. Olhou para os lados, viu a entrada de visitantes, mas ela cobrava o registro da varinha, e como ele não o possuía, soaria o alarme de intrusos.


       Ele se encostou numa parede mais escura, e como o sol já estava se pondo, a noite começava a cair. Olhou para a fila e viu que restavam apenas duas pessoas nela, era hora de agir: mexeu no bolso da capa e tirou de lá uma bomba igual uma granada, mas era toda preta, e cheirava queimado. Mexeu no outro bolso e tirou de lá um objeto estranho: era uma corneta pequena e negra também, e possuía duas pernas e uma espécie de botão no fundo da corneta, e dos lados, havia uma logomarca: W.


       Denis pegou a corneta, apertou o botão nas costas dela e jogou-a no canto da rua trouxa, e de repente, a corneta começou a se multiplicar em varias cornetinhas, Denis mirou na fila do ultimo funcionário do Ministério e jogou a granada fétida, que caiu bem aos pés de um dos guardas, que na hora em que foi pegá-la, a granada explodiu na sua cara, soltando uma nuvem densa de fumaça negra que tomou conta da entrada Ministério e causou um alvoroço, e ouviu-se um dos guardas dizendo:


       - O que foi isso?


       E do lado da rua trouxa as cornetas começaram a explodir em altos estrondos e soltar fumaça negra também.


       - Está vindo dali, vamos lá!


       E no exato momento que Denis ouviu essas palavras, ele saiu do canto em que estava escondido e correu para a entrada do Ministério, os guardas que também estavam correndo para o outro lado nem notaram o vulto que passou perto deles, e nem ao menos perceberam o numero de passos, e com isso Denis conseguiu entrar sem risco algum dentro do Ministério.


      Quando passou pela porta, ele correu em direção ao elevador principal, que era o maior de todos dos elevadores do saguão, e chegou bem a tempo da fumaça se dissipar, o que possibilitou uma fuga sem a perseguição dos guardas do Ministério.


      Assim que entrou no elevador e fechou suas portas, uma voz robótica soou de dentro do local:


       - Pra onde você deseja ir?


      Denis se perguntou se pediriam o registro de sua varinha e ficou em silencio por alguns segundos , mas logo depois ele respondeu a voz  robótica:


       - Sétimo andar! – disse ele em voz alta e ressoante.


      - Identificação, por favor! – pediu a voz robótica, e uma gaveta fina e dourada como todo o elevador se abriu a espera da identificação do bruxo.


      - Sem identificação!- Disse Denis tentando ganhar tempo.


      - Sem identificação você pode ir apenas até o sexto andar para visitas e não pode entrar nos andares quatro, cinco e sete. Qual você deseja ir? – continuou a voz robótica.


      - Sexto andar. – disse Denis convicto ao elevador.


      E o elevador começou a se movimentar, descendo para os andares subterrâneos, e enquanto descia, Denis olhou pelas frestas quadriculadas da porta e viu que a fumaça que ele usara para distração já se dispersara. Ele disse pra si mesmo: “agora tenho que pensar numa nova estratégia pra sair daqui”.


      O elevador desceu calmamente em direção ao sexto andar, e em menos de um minuto chegou ao seu destino, o elevador soou um barulho agudo como um sino e a voz robótica ressoou:


      - Sexto andar: Departamento de Criação de Leis dos Bruxos.


      A porta se abriu e Denis saiu em direção ao corredor, ele tinha de descobrir um outro jeito de chegar ao sétimo andar que não fosse por aquele elevador. Ao andar uma certa distancia, ele parou e colocou sua mochila rapidamente no chão, se ajoelhou ao lado dela e enfiou seu braço inteiro dentro dela, que saiu de lá com um pergaminho novo dobrado. “Ele abriu o pergaminho, que continha as seguintes palavras: ‘Mapa da nova planta dos sexto e sétimo andar do Ministério da Magia”, e logo abaixo estava assinado: “Simas Finnigan, Arquiteto Geral do Ministério da Magia.


      O garoto tocou a ponta da varinha nele e o mapa se abriu, mostrando a ele sua própria localização e todas as salas e entradas dos novos andares do Ministério.


      Ao encontrar o caminho mais rápido, Denis pôs a mochila nas costas e saiu andando o mais depressa que pode, desceu varias escadas, virou em vários corredores, e se não estivesse com um mapa tão detalhado, com certeza teria ficado perdido. Seguindo o mapa, ele virou mais duas vezes a direita, e saiu em corredor longo, cheio de portas em todos os lugares. Sua extensão lembrava a entrada da Ordem, quando não usado o patrono para entrar.


       Denis atravessou o corredor e desceu mais dois lances de escadas, e chegou num corredor mais estreito, com uma única porta a frente, e nessa porta havia a placa: Sétimo Andar: Biblioteca Ministerial. Denis olhou para a porta e procurou sua maçaneta, porem não havia uma lá, e ele sabia que deveria usar algum feitiço para conseguir entrar.


       Então ele começou a analisar a porta: tinha 3 metros de largura e alguns escritos em latim bem no topo dela, que só era possível ser visualizado ao ser olhado de longe. Denis sabia que aquele andar era restrito, portanto, apenas o Ministro e os Inomináveis deveriam saber o feitiço certo a ser usado, e qualquer feitiço comum o denunciaria. Denis pôs sua mochila no chão e abriu-a a procura de algum objeto que pudesse auxiliá-lo. Ao ver o objeto ele pronunciou:


       - Accio frasco! – E um frasco com liquido verde-claro saltou da mochila e Denis a pegou no ar. Ele se levantou e levou o frasco até a porta. Chegando lá ele segurou o frasco com cuidado e mirou no canto da porta, onde estava o trinco. Ao mirar perfeitamente no trinco ele virou o frasco e deixou o liquido verde-claro escorrer. Ao alcançar o trinco, o liquido o derreteu instantaneamente, e a porta fez um leve estampido, indicando que estava aberta.


       Denis empurrou a porta com cuidado e entrou no sétimo andar. Quando ele visualizou a entrada da biblioteca teve uma surpresa: ela era enorme, e com varias seções, definindo cada tipo e assunto em cada fileira. Deveria haver lá milhões de livros, em varias línguas, de épocas diferenciadas e de assuntos sigilosos. Com certeza era bem maior que a biblioteca de Hogwarts, e era bem possível que não existisse algum livro que não estivesse lá.


       Então ele olhou pra cima e viu as descrições das sessões, e foi direto ao objetivo: Magia Negra.


       Passou por um corredor enorme, lendo rapidamente os títulos dos livros, viu sobre poções, maldições, doenças e criaturas mágicas, a achou também sobre feitiços, que era o seu objetivo. Pegou uns dez livros e os colocou sobre uma mesinha no meio do corredor escuro. Abriu um que era grande e espaçoso, possuía a linguagem mais nova, deveria ser alguma tradução ou adaptação de um livro mais antigo, folheou ele rapidamente a procura de algo interessante e não achou nada que pudessem lhe servir. Jogou ele para o lado e passou para o próximo: era menor, porém muito antigo, com a capa tão velha que era impossível ler seu titulo no escuro. Folheou ele e viu que a sua linguagem era simples e objetiva, e possuía muitos feitiços que Denis sabia, mas encontrou também feitiços que nem pensava que existissem.


      De repente ouviu-se um estrondo na porta, e passos de pessoas entrando no sétimo andar, eles estavam ofegando e andando cautelosos. De alguma forma sabiam que haviam intrusos, Denis cobriu-se com a capa negra, guardou os livros na mochila e a apagou a luz da varinha, e saiu andando devagar para que não escutassem os barulhos de seus passos, ao chegar no fim de uma fileira, ele se apoiou na estante e se abaixou. Ele precisava arrumar um jeito de sair de lá, e pelo que havia contado, eram mais ou menos oito guardas e todos estavam armados com suas varinhas empunhadas e estavam mais perto da porta do que ele. De repente ele ouviu mais passos e uma voz disse confiante:


       - Eu sabia que ele estaria aqui. – e dessa vez ele se virou para Denis e disse mais alto – Eu sabia que você estaria aqui! Você está tentando aprender os conhecimentos antigos... Mas não vai conseguir, por que como você viu da ultima vez, eu sou perfeito duelando... – e ele se virou para seus subordinados novamente – Matem-no! Desta vez eu não quero nenhuma surpresa em relação a esse problema.


      Denis ouviu os passos ficarem mais rápidos, e eles estavam se aproximando do local onde ele estava. Ele iluminou rapidamente e olhou para trás: apenas mais corredores e fileiras de livros, a única porta estava sendo guardada por McEffron e os guardas estavam chegando. Então Denis teve uma ideia louca e começou a falar:


       - Se vocês querem me pegar, primeiro devem acender a luz! – e ele conjurou: - Incendio!


      E grandes chamas azuis saíram da varinha de Denis e acertaram em três dos guardas que estavam mais próximos, que deram um grito e caíram com estampidos surdos.


       E ele pode ouvir a voz de McEffron do fundo da sala:


       - Seus incompetentes! Matem esse verme.


      E começaram a se aproximar novamente, mas a escuridão estava densa demais para ver alguma coisa, Denis se movia ao ouvir os passos dos inimigos, o que facilitava a sua fuga. De repente um dos guardas acendeu uma luz, e quase o mesmo tempo ouviu-se:


       - Estupefaça! – e o guarda foi arremessado contra uma estante, que caiu e derrubou outra estante, jogando diversos livros aos pés de todos. E McEffron disse mais uma vez, só que dessa ele estava mais nervoso:


       - Seu idiota! Não revele ao inimigo sua posição!


       E aproveitando-se desse incidente e a iluminação repentina do inimigo, Denis descobriu sua localização e o caminho mais próximo da porta de saída. Ele foi andando devagar, sem denunciar sua posição, encostando–se nas estantes, e ao andar um certo tempo, ele se deparou com a parede, o que indicava o fim da sala e a saída no outro corredor. Denis ouviu vozes sussurrando atrás da estante na sua frente, então ele tomou dois passos de distancia e com um rugido derrubou a estante em cima de McEffron e um de seus subordinados, e ao ouvir os resmungos de McEffron, ele saiu pela porta e foi direto a escadaria.


       Denis correu o máximo que pode, e sabia que se pegassem ele, seria seu fim, mas ele não podia falhar, pois seus amigos contavam com ele para a vitória dos nascidos trouxas. Ele passou pelo corredor do sexto andar e viu o elevador de portas douradas, porem o elevador não estava lá, e sem perder tempo ele continuou seu caminho a pé, subindo a escadaria para o quinto andar, e alguns minutos depois o quarto andar.


       Mas ao atravessar o corredor principal para ir ao terceiro andar, ele ouviu um estampido metálico, e as portas do elevador se abriram, e cinco guardas começaram a lhe lançar feitiços altamente destrutivos, que por pouco não pegaram nele. Ele se escondeu atrás de uma pilastra e sabia que não poderia sair daquele andar, sua fuga seria por lá, onde quer que desse. Denis olhou rapidamente em volta e viu uma janela bem no fim do corredor, que era por sinal bastante longo, e ouviu novamente os resmungos de McEffron:


       - O que vocês estão esperando? Saiam desse elevador! – E ele foi o primeiro a sair, e Denis virou-se em uma fração de segundo e conjurou:


       - Bombarda Máxima! E ele ouviu o teto explodir, pedras caírem e vozes gritando em meio ao estrondo e poeira que subia.


       Denis disparou em corrida o mais rápido que podia em direção a janela, quando sentiu uma rajada quente e brilhante passar rente a seu ouvido e explodir uma pilastra, ele nem olhou pra trás pra saber quem era o dono do feitiço, algo lhe dizia que era melhor não olhar, e continuou correndo em direção a janela, prestes a saltar e de lá ir embora.


       Durante sua corrida ele começou a ouvir McEffron rugir e começar a correr atrás dele, o que o fez apertar seus passos, e por reflexo desviar dos feitiços do inimigo, um, dois, três...


       E ao chegar à janela, ele parou. Olhou rapidamente para baixo e viu que era mais de dez metros de altura... Olhou para trás e viu McEffron se aproximando correndo, e para ganhar tempo Denis lançou:


       - Estupefaça! – mas o resultado foi negativamente surpreendente: McEffron nem ergueu direito sua varinha e um feitiço de proteção se fez em volta de seu corpo, evitando ao menos um mínimo contato do ataque de Denis, que podia jurar, viu uma aura preta se formar em volta dele...


       Então Denis saltou. E quebrou o vidro com o seu corpo que se projetou para dez metros de altura do chão e enquanto estava no ar ele pode ver o rosto revoltado de McEffron rugindo para o alto e mirando para o seu corpo ele gritou:


       - ESTUPORE! – E como Denis estava no ar, recebeu todo o impacto do feitiço no seu braço esquerdo, e uma dor lancinante o fez gritar no ar em pleno vôo... era a dor mais forte que já havia sentido, nada comparado a Maldição da Tortura ou a outro feitiço impactante...


       Ele sentiu uma dor em seu coração...


       Como se algo lhe faltasse....


       Como se não estivesse completo...


       Como se não pudesse mais ser feliz...


       E ele sentiu outro impacto surdo, viu tudo girando e sentiu seu corpo rolar contra o chão, raspando pela grama alta. Ao olhar para os lados ele reconheceu onde estava e o que estava fazendo, pôs sua mão no chão para se erguer e sentiu uma forte fincada no braço. Estava quebrado. Ergueu sua varinha e se apoiou com a perna a meia altura e olhou para o prédio que se estendia a alguns metros de distancia, e pode ver na janela quebrada que um homem serio o encarava, de longe, com um olhar de dar medo, sombrio como uma criatura das trevas.


       Ele se ergueu de um salto, e começou a correr, não podia ficar ali, mesmo que fosse por mais um segundo. Ele correu até uma rua asfaltada, e ao sentir a presença de magia diminuir, ele aparatou.


 


      Enquanto a noite caía na Irlanda, Puff e Corey conversavam sobre as criações antigas das varinhas. E nas montanhas, um grupo de dez homens andavam escondidos pela escuridão. A procura de seu alvo.


 


      A noite caiu também em Hogwarts, e todos os alunos estavam apenas pensando em como seria o Torneio de Duelos do outro dia. E Victor se concentrando em uma maneira de pegar o livro do Príncipe Mestiço, sem chamar a atenção e ainda levar Cristina consigo, para adquirir a proteção da Ordem da Fênix.


       No outro dia todos acordaram mais cedo e começaram a se preparar para o evento especial do dia. Aconteceria no Salão Principal, que estava decorado com as bandeiras das casas. O Salão tinha sido ampliado, para que coubesse todos os alunos e professores confortavelmente. As mesas foram retiradas e apenas uma mesa maior ficou no centro do salão, que seria o campo de batalha dos alunos. Em volta dessa mesa, colocaram varias cadeiras de couro de dragão, para os espectadores, e uma fileira especial para os professores que ficava logo em frente à mesa.


      Uma cadeira dourada com uma coruja em cima tinha sido colocada no meio da fileira especial, e os outros professores estavam sentados ao seu lado. Os alunos já estavam sentados e conversavam eufóricos sobre os participantes e o que poderia acontecer nesse torneio.


       Os participantes estavam numa sala vazia, se preparando para o torneio, todos com uniformes das casas, nervosos, alguns limpando suas varinhas, outros olhando para o chão, mas todos em silencio. Cristina e Victor já estavam lá, e ambos conversavam baixo, até que uma voz arrastada e desdenhosa começou:


       - Hoje é um grande dia pra mim. Quero que no fim do torneio todos se ajoelhem e me venerem, pois tenho certeza que depois disso, vou me tornar Monitor-Chefe, e logo depois que eu me formar, vou pegar um cargo especial de braço direito do Ministro, e depois...


       - Você vai acordar desse sonho. – Disse Wood, que acabara de chegar atrasado.


       Todos na sala deram algumas risadas nervosas, e Malfoy resolveu retrucar:


       - Como sempre você está atrasado, Wood. Pensei que você não apareceria por medo de mim.


       - Só se for medo dessa sua cara feia, Malfoy. – Disse Victor.


       - Vamos ver quem vai cair primeiro, estrangeiro.


       Nesse instante Harry entrou pela porta da sala e comentou:


       - Acalmem os ânimos, garotos. Quero ver feitiços voando apenas depois das reverências. Como vocês sabem, hoje é o nosso torneio de duelos, e agora eu vou lhes contar as regras desse torneio.


      O duelo só é finalizado por desistência ou por nocaute...


      - Ou por intervenção dos professores. - Completou Cristina.


      - Isso mesmo Cristina, você sabe muito bem as regras. Todos os tipos de feitiço são permitidos, menos as maldições imperdoáveis. Agora eu vou voltar para o Salão Principal. Aguardem seus nomes serem chamados.


       Ele saiu andando depressa, em direção à porta, e quando ele a abriu, antes de sair, comentou:


       - Não vejam os duelos pela janela!


       Assim que ele fechou a porta, todos os alunos correram em direção a janela, para ver a abertura do Torneio de Duelos.


       Harry subiu no meio da mesa principal, onde aconteceria os duelos, colocou a varinha em direção à garganta e disse:


       - Sonorus! - E todos em volta se calaram, para ouvir o diretor se pronunciar.


       - Quero dizer a todos que esse é o dia mais especial do ano. Hoje, em alguns instantes vai acontecer o Torneio de Duelos, que é um evento tradicional da nossa escola para medir as habilidades das casas e dos nossos queridos alunos.


       Quero lhes informar também que hoje, ao fim do Torneio de Duelos, teremos um dos nossos também tradicionais bailes em Hogsmeade!


       Os alunos soltaram gritos de alegria, pelo menos os que tinham mais de 16 anos.


       Quando os alunos se acalmaram, Harry continuou seu pronunciamento:


       - E agora vamos começar o que realmente interessa. - Ele fez um movimento com a varinha, e dela saiu um pano branco que se enrolou no ar e tomou a forma de um vaso, grande e com as bandeiras das casas desenhado em volta. - Hoje vamos usar esse vaso misterioso para sortear os nomes dos nossos duelistas. - Ele deu um salto, e foi se sentar na cadeira dourada do diretor, e o vaso misterioso foi flutuando atrás dele, então, ele tirou a varinha e apontou para o vaso e disse: - Esse é o vaso Proelium, e assim que eu mandar, ele sorteará o nome do primeiro duelista. Sorteie!


       O vaso Proelium começou a se balançar e tremer enquanto flutuava, e alguns segundos depois cuspiu um amontoado de fumaça negra, que ao se dissipar formou dois nomes:


       Cristina Potter


        Jones Evans


        - Venham pra cá, vamos começar o que interessa, srta. Potter e sr. Evans. - disse um dos professores.


        Logo eles se aproximaram e chegaram ao centro da mesa de duelos, chegaram perto um do outro, fizeram a reverencia e se afastaram vinte passos, até chegar ao fim da mesa. Harry pôs sua varinha na garganta e começou a contagem:


        - Um...... Dois................... Três!


        O duelo começou bem quente, Cristina e Jones lançando e defendendo vários feitiços em questão de segundos, até que Cristina superou a velocidade de Jones e começou a lançar cada vez mais rápido os seus feitiços, até que Jones não conseguiu defender um dos seus feitiços, que acertou seu braço e o desarmou, e Cristina nem pensou duas vezes e estuporou Jones no peito, que apenas caiu no chão desarmado.


        Então Harry se pronunciou:


        - Parabéns, srta. Potter, pode se retirar agora. Vamos para a próxima batalha.


        E assim se seguiu o Torneio cheio de batalhas, algumas rápidas e outras um tanto demoradas, Victor derrotara seus oponentes sem apresentar dificuldades, Cristina também passara por vários inimigos, Wood derrotou três oponentes do sexto ano, e até mesmo Malfoy provou ser tão bom em duelos como dizia ser. Porém, Blake, amigo de Cristina e Wood perdeu na segunda rodada. MacMillan, que foi o primeiro a conhecer Victor, também perdeu na estréia, e de uma forma muito desanimadora: tomara um Feitiço Estuporante bem no meio do rosto logo no fim da contagem de Harry, e ainda foi pra enfermaria consertar seu nariz, que havia quebrado.


        Agora só faltavam as semifinais, e os únicos participantes eram: Victor, Malfoy, Cristina e Wood. Victor sabia que teria que enfrentar um dos seus dois amigos, mas ele esperava ser Wood, já que ele não queria duelar com Cristina.


        Apenas os quatro esperavam ainda dentro da sala, quando Harry disse em voz alta para que eles se encaminhassem ao Salão Principal, e ao chegarem lá, receberam uma salva de palmas de todos os espectadores, assovios, e gritos histéricos das garotas do primeiro ano. Em alguns cantos já haviam se formados os fãs-clubes para cada um dos jogadores, e as fãs de Victor não paravam de gritar nem por um minuto.


        - Quero que agora vocês se sentem nas cadeiras da platéia. E quero também lhes dar os parabéns para todos vocês. Agora seguiremos com as nossas semifinais para poder por fim ao nosso grande Torneio de Duelos. Vaso Porelium: Sorteie! - disse Harry.


        O vaso se balançou como antes, e assim que a fumaça se dissipou, ficaram apenas os nomes:


        Malfoy


        Wood


        Eles se encaminharam para o centro do Salão, e Victor apenas pensando em quanto tempo levaria para achar o livro na Sala Precisa do Sétimo Andar, quando de repente ele olhou para os lados e viu Cristina se aproximando dele. Ela chegou bem perto de Victor e disse pra ele em voz baixa:


        - Somos os próximos.... - ela estava relutante.


        - É.... Vou pegar leve com você... - e ele sorriu.


        - Não posso dizer o mesmo pra você... Sinto muito... - dessa vez ela também deu um sorriso.


        - Não se preocupe... Eu me garanto! - dessa vez os dois deram risadas.


        - Você sabe que eu não quero duelar com você, né?


        Ele ficou sem palavras. Raramente ele era sentimental.


        - Eu também não... Mas...


        - Isso sempre acontecia comigo e a Amanda. - Interrompeu Cristina.


        - Quem é Amanda?


        - É minha melhor amiga... Ela foi sequestrada há umas duas semanas, mas nada de o Ministério encontrar ela.


        - Se você pudesse ir pra onde ela está agora... Você iria?


        - Mas é claro! Não pensaria duas vezes. Eu estou morrendo de saudade dela.


        - Mesmo se ela estivesse fora de Hogwarts?


        - Em qualquer lugar. Ela é minha melhor amiga, e eu faria de tudo pra salvá-la... Não sei porque eu fraquejei logo quando ela mais precisou de mim.


        - Como assim? Você estava na hora que ela foi levada?


        - Sim.... E ainda vi uma parte da batalha deles... mas eu estava muito bêbada... Tinha bebido muito uísque-de-fogo... Eu só consegui sair de lá antes de ser atingida....


        Antes de Victor perguntar mais alguma coisa, ouviu-se um grito da platéia, e um grande estrondo como um corpo caindo no chão. Infelizmente, era Wood que havia caído e perdido o duelo, o que significava que Malfoy estava na final do Torneio de Duelos.


        Harry se pronunciou de novo:


        - Agora vamos para a penúltima partida do nosso empolgante Torneio. Sr. Carter VS Srta. Potter. Podem subir para o campo de combate.


        Eles subiram para o campo de duelos e caminharam um de frente para o outro. Pararam e se olharam. Victor olhou nos olhos de Cristina, seus olhos eram verdes, e pareciam duas esmeraldas. Eles fizeram as reverências, e ela sorriu, caminharam para o fim do campo e Harry começou a contagem:


        - Um.... Dois..... Três!


        Cristina começou lançando Feitiços Estuporantes em todo lugar, tentando ao máximo acertar Victor de todas as formas, embora estivesse sempre mirando em seu braço direito, tentando desarmá-lo. Enquanto Victor desviava e defendia rapidamente,  Cristina lançava cada vez feitiços mais poderosos, e em um intervalo de tempo sempre menor, o que aumentava a dificuldade mas não diminuía as chances de vitoria de Victor. Alguns segundos depois, ele começou a também lançar feitiços contra ela, mas ela defendia, e de repente ele lançou um feitiço azulado demasiado lento para o ritmo de batalha dos dois, e sem a menor dificuldade Cristina desviou e contratacou Victor, que por sua vez apenas rolou para o lado.


        Sentados nas cadeiras, o diretor e o professor de DCAT comentaram:


        - Que feitiço foi aquele? Não serviu pra nada. - comentou o professor.


        - Apenas espere Professor. Você acha que eu perderia meu precioso tempo em trazer um aluno sem habilidades especiais? A varinha dele ainda está brilhando...


        E nesse momento a varinha de Victor parou de brilhar, e ele deu um sorriso e defendeu o feitiço de Cristina. Em uma fração de segundos ouviu-se um barulho de cadeira se arrastando, de repente ela se desmontou e todas as suas partes se encaminharam até Cristina, e quando chegaram perto dela, elas se juntaram de novo, enrolando seu corpo para que não pudesse mexer novamente.


        Todos ficaram boquiabertos com o feitiço que ele usara, já que era desconhecido pela maioria. Victor resolveu acabar com aquilo de uma vez: apontou a varinha e desarmou-a sem dificuldade alguma, já que ela estava presa na cadeira desmontada. Então ele disse a ela:


        - Acho que acabou.


        Ele já estava com a varinha pronta para estuporá-la caso tentasse alguma reação, então, ela apenas disse:


        - Pode me soltar! Eu desisto!


        Uma quantidade extremamente grande de gritos histéricos tomou conta do lugar.


        Victor realmente havia ganhado um verdadeiro fã-clube das garotas do primeiro ano. Após todos se acalmarem o diretor anunciou:


        - Agora com o término da luta teremos uma pausa, para logo em seguida termos a nossa grandiosa final! Podem se retirar e retornem daqui a vinte minutos.


        Todos os alunos se retiraram comentando alegremente sobre as interessantes batalhas que haviam presenciado, enquanto Victor se aproximava de Cristina e rompia seu feitiço que garantira sua vitória. Ela disse toda sem graça:


        - Então eu deixei de ser a campeã? Parabéns...


        - É! Eu lhe avisei. - e se fez um sorriso em seu rosto.


        A garota deu uma olhada profunda nele, como se estivesse vendo sua alma.


        E para quebrar o gelo ele disse a ela:


        - Que horas você vai chegar lá?


        Ela ficou confusa:


        - Chegar onde?


        - Ao baile em Hogsmeade é claro. - disse ele calmamente.


        - Mas eu nunca disse que ia...


        - Você não pode recusar um convite meu. Não aceito não como resposta.


        Ela ficou encabulada, e sem reação nenhuma. Não sabia o que falar e nem o que fazer: como ela poderia voltar ao lugar onde acontecera a pior tragédia de sua vida? Sua prima tinha sido sequestrado, e o máximo que conseguira fazer foi correr até se afastar o suficiente do local. Agora ela estava sendo convidada a voltar nesse mesmo lugar.


        - Eu não sei se devo ir. É um local que me traz lembranças ruins.... - e sua memória se movera pra longe.


        - Você deve ir comigo. - disse Victor olhando em seus olhos. - Qual o motivo de você não poder ir?


        - Nos fomos atacadas lá. E isso não me trás boas lembranças....


        - E você não acha que isso seria uma vitória pra você? Lá você pode encontrar alguma coisa que te ajude encontrar sua amiga. E eu acredito que ela esteja bem.


        - Você não entende... E se algo acontecer comigo de novo?


        - Não precisa se preocupar... Você vai estar com o atual Campeão do Clube de Duelos de Hogwarts. - Ele deu um sorriso confiante.


     


 


 


            


 


 


 


 


 


 


 


           


          


               

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