A nova sede da ordem



 


 


 


 


 


      A nova sede da Ordem


 


      - Levante-se, rápido. Não temos muito tempo.


      A garota se ergueu e olhou em volta. Todos os outros seis passageiros estavam adormecidos, o sol ainda estava fraco, o que indicava que eram poucas horas da manhã.


      - Como vamos descer...?


      - Não se preocupe. O trem parou a alguns minutos.


      - Quantas horas?


      - Não se preocupe com as horas. Vamos.


      Eles saíram apressados do trem, andaram alguns metros e viram as placas indicando a plataforma 9 e 3/4. Atravessaram-na, mas para sair da estação do Expresso Hogwarts, e não para entrar, como faziam sempre.


     A estação estava quase toda vazia, exceto pelas poucas pessoas que ocupavam os bancos, a maioria sonolenta. Nem repararam quando um garoto de mochila e roupas muito escuras e uma garota com capa e blusas muito grossas desceram do trem e iam se encaminhando para a saída. Apenas algumas crianças eufóricas viam e cochichavam uma com as outras em voz baixa, como se tivessem medo de serem vistas por pessoas vestidas assim.


     Denis aproximou-se em direção aos banheiros e disse a Amanda:


      - Vou trocar minhas roupas, me vestir como trouxa. Pra não chamar atenção.


     Tirou a mochila preta das costas e depositou-a no chão. Ajoelhou perto da mochila e abriu-a, tirou roupas de dentro dela, fechou-a e falou a Amanda:


      - Vigie a mochila pra mim. Não toque nela, e não deixe ninguém tocá-la.


     Ela assentiu e ele entrou no banheiro. Ela olhou para a mochila e pensou consigo mesma: o que será que tem lá dentro? Alguma coisa perigosa? Ou alguma coisa a ver com a sociedade secreta do seu tio-avô Harry Potter? Ela nunca sentiu tanta curiosidade assim...  Tinha que abri-la, ver o que tinha lá dentro... Olhou para os lados, estava deserto.  Estendeu a mão para abrir a mochila. Seus dedos tocaram o zíper... A porta se abriu de repente, ela tentou disfarçar o que estava fazendo, mas Denis com certeza a viu com a mão no zíper...


      - O que você estava tentando fazer? Eu não disse pra não tocar na mochila?


      - O que tem de tão especial ai dentro que eu não posso ver?


      - Você não vai saber agora. Mas se quer continuar viva por muito tempo, você precisa confiar em mim! - Disse ele um tanto exaltado - Se fosse para saber o que tem ai dentro eu lhe contaria, não seria necessário abri-la sempre que eu saio.


      Eles ficaram se encarando. Ele respirando alto, como se querendo se acalmar a força, e ela, olhando envergonhada, desviando o olhar sempre que podia.


      - Me desculpa Denis... eu não pensei.. que fosse tão importante...


      - Não é questão de importância... É de confiança. Enquanto estivermos viajando, você tem que confiar em mim... E eu preciso confiar em você...


      Ela disse com a voz fraquinha:


      - Desculpa... Desculpa mesmo... Eu não vou fazer de novo...


      - Tudo bem, eu vou acreditar em você. E não me desaponte.


      Ela ergueu os olhos, mas ele continuou falando:


      - Você também precisa trocar de roupas.


      - Mas eu não tenho nenhuma aqui comigo...


     Denis se abaixou, abriu a mochila e enfiou seu braço dentro da mochila até o ombro. A garota olhou espantada para aquilo... A mochila não era tão grande...


      - Como você...


      - Feitiço Indetectável de Extensão. Funciona pra quem leva muita bagagem.


      Ela esboçou um sorriso. Ele ergueu o braço e em suas mãos tinha uma regata, uma blusa de lá, uma calça e tênis, todas as peças femininas.


      - Como você sabia que eu não teria roupas pra vestir?


      - Eu simplesmente resolvi colocar roupas femininas, caso a viagem durasse mais de um dia.


     Ela pegou as roupas e foi ao banheiro. Quando abriu a porta para sair Denis pode vê-la melhor, sem as roupas largas de Hogwarts. Tinha um pouco menos que sua altura, era magra, mas seu corpo era muito bonito e definido, tinha a pele muito clara e os cabelos eram de um louro-prateado que parecia reluzir ao balançar. E seus olhos, não eram azuis ou verdes, mas castanho-dourados que davam um ótimo contraste com sua pele muito clara, deixando-a mais linda que já era, com sua boca carnuda, mas de traços finos e a pele bem vermelha, o sorriso era perfeito, seus dentes muito brancos e certos contrastavam com sua boca vermelha... De repente ele pareceu acordar e percebeu que estava olhando pra ela, mas com a cabeça na Lua, e percebeu também que aqueles olhos castanho-dourados estavam fixos nele, sua boca sorria...


     Ela deu uma volta em torno de si mesma e perguntou:


      - Como estou?


     Denis respondeu sério, mas com um tom um tanto sonhador:


      - Você está linda...


     Ela esboçou um sorriso maior que o último e corou um pouco, depois respondeu um tanto nervosa:


      - Nossa... ah... Obrigada...


      - Não há de quê. Vamos?


      Ele colocou a mochila nas costas e saiu. Viu a alguns passos a frente a senhora que estava dormindo no trem, andando apressada... Deram mais alguns passos, mas a velha tinha sumido.


     Saíram da estação, a rua estava cheia de pessoas andando apressadas e esbarrando nos outros, dificultando um pouco a caminhada e Amanda perguntou:


      - Pra onde vamos agora? Quero dizer... se você puder me contar...


      - Não posso dizer agora, a rua esta muito cheia.


      - Então... Mas, algumas perguntas sobre você... você pode responde-las?


      Ele olhou pra ela com um olhar interrogativo. Ela se apressou em completar:


      - Só pra gente conversar... Pra não ficar com um ar muito chato, entende?


      - Ahhhh... E o que você gostaria de saber?


      - Quantos anos você tem?


      Ela achou que ele não responderia a pergunta, pois era muito direta. Mas ele respondeu como se fosse a pergunta mais simples do mundo.


      - 19.


      - 19? Mas eu nunca te vi em Hogwarts!


      - Isso é porque eu não freqüentei Hogwarts.


      - Eu não estou entendendo...


      Eles iam atravessar a rua, e na esquina tinha uma loja com a vidraça muito espessa, refletia a rua inteira a suas costas como um espelho. E Denis viu: dois homens de terno preto, um deles com uma cicatriz no rosto e ambos com as mãos direitas enfiadas no bolso...


      Resolveu fazer uma coisa diferente: pegou na mão de Amanda e puxou-a levemente para um lado,onde o caminho dava num beco escuro e deserto. Percebendo a reação da garota ele disse numa altura que só ela pode escutar:


      - Tem dois caras nos seguindo... - E percebendo que ela olharia para trás - Não olhe agora.   Não precisa se preocupar, eu já tenho um plano.


      Eles andaram até o fim do beco, e logo na esquina havia uma lanchonete. Entraram na lanchonete com metade do seu espaço físico ocupado.Eles sentaram-se na mesa mais afastada da porta e o garçom se aproximou:


      - O que vocês desejam pedir?


     O garçom não era muito alto, mas era jovem e tinha uma grande vontade de trabalhar, talvez fosse seu primeiro emprego.


      - Dois cappuccinos, por favor.


      - Certo, volto num minuto.


      E ele entrou numa porta que devia dar na cozinha. Denis reparou em volta e percebeu porque a lanchonete estava cheia. Todos reclamavam, por que embora o garçom fosse dedicado, o cozinheiro estava agindo um tanto devagar demais, deixando os clientes um tanto nervosos.


     Em menos de um minuto o garçom apareceu equilibrando dificilmente três bandejas em suas duas mãos, e entregando nas mesas onde um grupo de senhoras estavam reclamando alto. A porta de entrada se abriu, e delas entraram dois homens de terno preto com as mãos direitas dentro do bolso e um deles tinha uma cicatriz no rosto. Denis estava de costas para a porta, mas Amanda que estava do lado oposto viu-os entrando.


      - Denis, eles entraram...


      - Não se preocupe.


      Amanda empunhou a varinha e Denis disse a ela:


      - Guarde a varinha... Quando eu disser você vai se abaixar e não vai sair do lugar, entendeu?


      Ela assentiu e guardou a varinha, mas ainda questionou ele:


      - Denis, e os trouxas? Eles não correrão perigo?


      - Eu vou tirá-los daqui antes.


      Ele parou e olhou em volta: os dois caras de terno estavam perdidos no meio da multidão, procurando Denis e Amanda, mas não se atreveram a empunhar as varinhas, já que como não viam poderiam ser enfeitiçados de qualquer lado. De repente um grupo de senhoras mal-humoradas passou em frente a eles para sair da lanchonete, mas essa ação impediu os garotos de continuar a vigiar os outros dois. No segundo em que as senhoras saíram do caminho Denis só teve tempo de ver os rostos dos caras olhando para eles antes de dizer:


      - Amanda, se abaixe!


      Ela se abaixou e ele saltou por cima da mesa, tombando-a de lado, formando um escudo na frente de Amanda. Denis apontou a varinha para o teto e disse:


      - Bombarda Máxima!


      O teto se rompeu em um estrondo, e todos dentro da lanchonete saíram correndo, gritando e empurrando, fazendo um enorme tumulto perto da porta. Denis já estava abaixado novamente ao lado de Amanda, apenas escutando o tumulto lá fora e vendo a quantidade de poeira que subia.


      - Eles... Foram embora? - Ela disse tão baixo que era quase impossível entendê-la falando.


      - Não foram, mas não precisa se preocupar...


      Fez-se um estampido e a mesa tremeu com o Feitiço Estuporante que bateu nela. Denis se levantou rapidamente e rebateu:


      - Estupore!


      Uma rajada vermelha saiu da varinha e passou a poucos centímetros da cabeça do cara que se abaixava. Ele se abaixou em tempo de desviar do feitiço que o outro lançara.


      Denis sentiu a mesa tremer mais três vezes e um Feitiço do Corpo Preso passar por cima deles e começou a raciocinar rápido: " Eles são dois contra um, pois Amanda não pode duelar... E não posso deixá-los acertá-la, nem usá-la como isca...". Ele respirou fundo e esperou... Quando a mesa tremeu com mais dois feitiços ele saltou para o lado, abandonando Amanda sozinha atrás da mesa, rolou e parou ajoelhado só para mirar no cara com a cicatriz que tinha acabado de errar o feitiço...


      - Estupore!!


      A rajada acertou em cheio o rosto dele, que foi projetado para trás e bateu seco contra a parede, ao mesmo tempo que Denis já rolava e tombava outra mesa em sua proteção, e sentia ela tremendo com os feitiços do outro cara de terno.


     Olhou para os lados a procura de alguma coisa que pudesse usar, mas antes disso ouviu seu inimigo pronunciando:


      - Vingardium Leviosa!!


      E a mesa começou a flutuar no ar, deixando ele a mostra. Antes que o cara pudesse quebrar o Feitiço de Levitação e atacá-lo, ele resolveu quebrar o feitiço por conta própria:


     - Estupefaça!!


     E para fazer um Feitiço Escudo ele quebrou o Feitiço de Levitação, deixando a mesa cair novamente na frente de Denis. Mas dessa vez ele resolveu remediar: Disse dois feitiços de uma só vez:


     - Glisseo!! - E o chão se tornou escorregadio, e a mesa começou a deslizar devagarzinho, quando ele disse o outro feitiço: - Depulso!! - E a mesa saiu escorregando rápido para a frente, Denis aproveitou o chão escorregadio e a perplexidade do seu inimigo e se jogou para a frente, escorregando e ao mesmo tempo ficando protegido atrás da mesa, impedindo o inimigo de vê-lo. A mesa escorregou mais rápido, e aproveitando a velocidade que ela já havia conseguido, cancelou o feitiço bem a tempo de ver o cara de terno explodir a mesa com um Feitiço Desintegrador...


    Era agora ou nunca. O cara de terno tinha limpado o caminho entre os dois, e o melhor de tudo: não teria tempo de usar algum feitiço em apenas uma fração de segundo...


    - Estupore!! - E o cara foi projetado para trás com a rajada vermelha que atingiu seu peito, como o seu amigo, ele bateu contra a parede com um baque surdo e desmontou no chão.


    O silencio tomou conta do lugar, até que Denis quebrou o gelo:


    - Amanda, pode sair, já estuporei os dois!


    Ela saiu parecendo um pouco perplexa e surpresa olhando para os corpos deles caídos ao chão como se estivessem mortos, sem reação nenhuma.


    - Temos que sair antes que a policia dos trouxas chegue.


    Foi quando de repente eles ouviram um barulho de gente choramingando e Denis apontou a varinha para o local e disse em voz alta e clara:


    - Saia dai ou eu vou explodir essa parede com você junto!


    Ouviram mais choramingos e nada do dono aparecer.


    - Tudo bem... Você quis assim! Um... Dois...


    E o dono dos choramingos apareceu. Era o garçom dedicado que tremia da cabeça aos pés, de certo com medo de ser culpado pela destruição da lanchonete, ele mantinha os braços erguidos e não fazia movimentos bruscos.


    - Denis ele é um trouxa! Não o ataque!


    Ele olhou para ela e disse aparentando a maior calma do mundo, como fazia muitas vezes:


    - Não se preocupe, não vou fazer nada com ele.


    E no mesmo segundo girou a varinha para o garçom e pronunciou:


    - Obliviate! - Amanda deu um gemido de susto e os olhos do garçom perderam o foco e ele tombou no chão. Denis continuou calmo como antes e falou a Amanda:


    - Não temos muito tempo...


    - O que você fez com ele?


    Ela estava espantada, como se ele tivesse acabado de matar o garçom.


    - Eu só apaguei a memória dele, nada demais. Você não me ouviu dizendo o feitiço?


    - Não, eu vi aquilo e pensei...


    - Pensou que eu tinha matado ele, não foi? Pois saiba que eu não mato trouxas...


    Ela pensou um segundo, e depois começou a rir da sua própria gafe.


    - Você ainda confia em mim?


    - É claro que confio. Eu estou sem nenhum arranhão até agora porque você me protegeu.


    Ele olhou para ela e viu no seu rosto que as palavras eram sinceras. Então se lembrou da confusão que acontecera a poucos minutos atrás e que a polícia dos trouxas devia estar quase chegando.


    - Precisamos ir agora. A polícia está quase chegando.


    Eles saíram e entraram no mesmo beco escuro que estavam antes. Andaram até o fim dele e chegaram na mesma esquina com a vitrine espelhada, mas dessa vez atravessaram a rua e continuaram andando em silêncio, quando Amanda quebrou novamente o silencio:


    - Pra onde estamos indo?


    - Eu acho que já lhe respondi essa pergunta.


    - Não foi isso que eu quis dizer... Eu quero saber pra local estamos indo agora. Já fomos pra muitos... só quero saber qual é o próximo.


    - Não devíamos ter ido a nenhum desses antes, mas as circunstancias pediram. - Ao ver seu rosto continuar intrigado ele completou a resposta - Vamos para a estação de metro.


    - O que é um metrô?


    - E uma espécie de trem que fica embaixo da terra, e como não tem nenhuma interrupção lá embaixo ele anda super-rápido e chega em qualquer lugar mais rápido que de carro.


    - Carro?


    - São automóveis trouxas. Você só precisa saber disso. - Eles chegaram perto de uma escada com uma placa escrita: METRÔ. Então eles desceram a escada e esperaram numa espécie de hall, como numa estação de trem, mas tinha muito mais placas de objetos e muito mais gente. Alguns minutos depois o metrô apareceu e eles adentraram com as outras pessoas. Sentaram-se e o metro começou a se mover. Sem ligar muito para a movimentação do metrô Amanda resolveu que deveria perguntar:


    - Como você soube? Dos caras que nos seguiam?


     - Eles se vestem muito mal, e não tiram as mãos direitas dos bolsos. E tem também a experiência...


    Ela pareceu raciocinar sobre suas palavras, afinal, experiência com o quê?


    Ela ia perguntar mais uma vez, mas ele a interrompeu:


     - Já estamos quase chegando, uma vez lá e estaremos seguros. Poderei então lhe contar tudo que você quiser saber.


    Andaram mais alguns minutos no metrô e logo desceram. Subiram a escada que levava a rua e viram a placa: BROMPTOM ROAD. Andaram alguns metros e viram um bar muito sujo e aparentemente muito pequeno, Denis parou em frente ao bar, e foi seguido por Amanda que estranhou e logo perguntou:


     - Nós vamos entrar aqui?


     - Sim. Esta é a minha casa. Mais conhecida como a Nova Sede da Ordem da Fênix.


 


      

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