As preparações



 


 


     Era quinta-feira de manha, e Victor já estava acordado pensando uma maneira de como levar Cristina para a Ordem, e ainda encontrar o livro do Príncipe Mestiço, o que faria sua missão dobrar de dificuldade. Se ele estivesse apenas em um lugar comum, sendo um campo bruxo ou trouxa, ele só precisaria pegar o livro e desaparatar com a garota. Mas ele estava em Hogwarts, um local muito mágico e ao mesmo tempo muito limitado, já que não se pode desaparatar. E ele ainda tinha mais um pequeno problema: onde ele iria achar o livro do Príncipe Mestiço? Um livro com esse grau de ensinamentos não estaria numa biblioteca comum... Então ele deveria estar na sessão reservada, onde só os alunos com autorização podem entrar.


      Ele se levantou e se vestiu com os uniformes da escola, mas a única diferença era que o uniforme dos outros tinha um brasão personalizado com a casa, e o seu tinha um símbolo escrito Hogwarts. Ao terminar de se vestir deu uma olhada nos companheiros de dormitório: eram Wood, Blake, Bogard e um garoto gordo que roncava muito alto, parecendo um porco. Victor deu uma olhada no quarto: era muito grande e as camas muito espaçosas, tinham-se cortinas de seda vermelho escarlate, e um criado-mudo ao lado de cada cama. Ele se levantou e saiu pela porta do dormitório, para ir tomar seu café no salão principal, mas ao chegar à porta, ele deu de cara com um fantasma pequeno, vestido de bobo da corte e gritando com uma voz muito fina:


      - O novato é idiota...


      Mas antes que ele pudesse completar sua música, Victor já alcançara sua varinha e o deixara paralisado, apenas flutuando como um balão de gás hélio. Nesse mesmo instante alguém saíra pela porta: Cristina, e saíra bem a tempo de ver Victor enfeitiçando o fantasma.


      - Você é bem revoltado não é? A maioria das pessoas não atacam os fantasmas que aparecem na frente delas, a menos quando é perigoso.


      Ela sorria, e isso deu uma certa segurança em Victor para manter um assunto com ela e colher informações sobre o livro.


      - Eu não diria revoltado, e sim uma pessoa que sabe o que pode ou não fazer.


      - Bem decidido você, não? Se não for perigoso pra mim... Qual feitiço você usou nele?


      - Foi um feitiço bem simples, mas que vocês nem se lembram de usá-lo: Locomotor Mortis!


      - Mas a Azaração das Pernas-presas não funciona apenas com seres vivos? Um fantasma está morto, não está?


      - Sim ele está! Mas como todo feitiço, esse também tem efeitos diferentes, em criaturas diferentes, e nos fantasmas o efeito é paralisar o corpo inteiro!


      - Nossa, eu não tinha idéia que possuía esse efeito em fantasmas. Como você aprendeu isso?


      - Uma experiência de vida!- disse ele com um tom mais distante.


      - Serio? Você é muito misterioso! O que mais você aprendeu na sua escola?- Perguntou ela interessada.


      - Feitiços comuns...


      - Huumm! Esse tom misterioso e solitário não funciona comigo! Quanto mais você tentar se esconder de mim, mais eu tentarei saber sobre você!


      - Então é melhor você me vigiar de perto, pois eu sou bem oculto quando eu quero.


      - Ótimo! Eu não tenho muita coisa pra fazer mesmo... Vou ficar com você o dia todo!


      - E as suas aulas?


      - Não precisa se preocupar! Nós somos da mesma sala!


      Então eles terminaram de descer as escadas e chegaram ao salão principal, onde alguns poucos alunos tomavam tranquilos seus cafés da manha. Victor e Cristina sentaram-se na mesa da Grifinoria, e serviram-se de vitamina de morango e torradas com geléia de amora.


      Eles conversaram por algum tempo, até que uma voz irritante e arrogante disse em alto e bom som:


      - Sua família está mesmo falida, Potter! Agarrando o primeiro estrangeiro que aparece só para ver se consegue algo com alguém de fora!


      - Falido é o seu pai, que nem ao menos conseguiu algum emprego sem precisar da ajuda do seu avô! – disse ela com um som assassino.


      - Meu pai conseguiu um emprego porque é um ótimo bruxo, já o seu, só conseguiu pela fama do nosso “amado Harry Potter”!


      - Amado Potter porque ele salvou a sociedade bruxa... E o seu bisavô? Como foi a moradia dele em Azkaban?


      Ao mesmo tempo em que as palavras saiam da boca de Cristina, Stephan Malfoy já alcançara a varinha e um lampejo vermelho saiu muito veloz, mas ele foi parado por um perfeito Feitiço-Escudo que desintegrou o ataque. Nem todos na sala perceberam, mas fora Victor que parara o feitiço antes de alcançar Cristina, ele se levantou e disse com a voz ressonante:


      - Soube de sua fama! Um covarde riquinho que ataca desarmado! Pra mim você não passa de um verme!


      - Você não deve conhecer direito a fama dos alunos de Hogwarts, principalmente os Malfoy, que são os mais...


      - Idiotas, covardes...


      - Isso é o que veremos amanhã no Torneio de Duelos Inter Classes, e saiba que você e a sua amiga traidora do sangue serão meus alvos principais.


      - Estou esperando ansiosamente! – Disse Victor num tom serio.


      Nesse instante Wood, Blake, Bogard e o garoto que Victor não conhecia apareceram para tomar seus cafés, e para não deixar de lado, Malfoy fez uma de suas intervenções:


      - Estava demorando chegar essa trupe de palhaços de alunos da Grifinória. – E dizendo isso ele seus amigos que estavam as suas costas foram em direção à mesa da Sonserina rindo e olhando em direção a Victor e Cristina.


      - Esse maldito Malfoy! Amanhã eu vou lhe ensinar uma lição. – Disse Cristina


      - Sobre esse torneio, como que se inscreve? – Disse Victor.


      - Procure o Professor Longbottom, ele anotará seu cadastro e lhe dará as informações necessárias.


      - E onde eu encontrarei esse professor? – perguntou Victor fazendo o desentendido.


      - Ele geralmente fica nas Estufas. Podemos ir atrás dele no fim do primeiro horário.


      Então eles foram para a aula de transfiguração, passando por fantasmas e quadros curiosos em saber quem era o novo aluno desconhecido.


 


      Enquanto isso, na Irlanda, Puff acordara em cima de uma cama macia, o ar era leve e sentia-se cheiro de grama molhada.


      Puff abriu seus olhos e reparou em volta: ele estava num celeiro vazio, aparentemente afastado das outras casas. Uma grama muito verde brilhava lá fora e muitos gnomos corriam apressados para seus esconderijos. Ele se levantou e sentou na cama, quando de repente um homem de meia idade apareceu:


      - Quem é você? – o homem já possuía o cabelo muito grisalho e uma barriga estufada, sinal de que sua idade já era mais avançada.


      - Meu nome é Wesley... – mas antes que ele terminasse, o homem interrompeu:


      - Eu não quero saber seu nome! Diga pra quem você trabalha!


      - Eu faço parte da Ordem da Fênix...


      Mas dessa vez o homem se encheu de fúria:


      - NÃO MINTA PRA MIM!- e ele ergueu a varinha e apontou pra Puff, que estava desarmado. – HÁ POUCOS DIAS, ALGUÉM TENTOU ME MATAR, E ONTEM TENTARAM NOVAMENTE, E VOCÊ APARECE DIZENDO QUE É DA ORDEM DA FENIX? ACHA QUE EU SOU IDIOTA?


      - Na verdade... Quero dizer... Eu salvei vocês!


      - DE UM BANDO DE SEQUESTRADORES? Eu poderia me salvar sozinho! E isso não prova nada!


      - Pense bem... Se eu quisesse, eu poderia ter me juntado aos sequestradores... – E a varinha do homem se aproximou mais. –


      - E o que isso muda? Você explodiu três casas trouxas e fez uma algazarra enorme, como acha que posso acreditar nisso?


     Quando a varinha do homem apontou mais, Puff deu um leve tremido e sentiu seu coração batendo mais rápido.


      - O importante é que eu duelei com eles...


      O homem disse com voz de desdém:


      - PRA SE SALVAR!


      Puff dessa vez resolveu aumentar o tom de voz também:


      - EU ESTAVA ESCONDIDO!PODIA FACILMENTE TER FICADO QUIETO ASSISTINDO AQUELA CHACINA! MAS EU ME MOVI! EU CORRI PRA SALVAR UM BANDO DE TROUXAS!


      - Você também julga os trouxas inferiores?


      - Como eu poderia? Se eu também era uma trouxa há alguns anos!


      O homem parou para pensar e baixou seu olhar, e junto com ele baixou a varinha, então Puff aproveitou para falar:


      - Você é Tobias Corey, aprendiz do maior fabricante de varinhas de todos os tempos. Há alguns dias atrás, dois homens atacaram sua loja e raptaram seu mestre... Você deve saber o que aconteceu com ele... Não sabe?


      - Sei... Aqueles desgraçados devem tê-lo matado!


      - Sim... Eles o mataram... Mas, nós, da Nova Ordem da Fênix, estamos planejando impedir os planos do assassino...


      -E quais são os planos dele? Desse maldito assassino? – Tobias Corey disse.


      - Ele pretende extinguir os nascidos trouxas, e governar apenas os sangues puros...


      - Como Voldemort... Ele se acha forte o bastante?


      - Acredite... Ele é forte o bastante! Ele derrotou a mim e meu amigo juntos, e ainda matou Olivaras na nossa frente...


      - E VOCÊS DEIXARAM? SEUS IMCOPETENTES!


      - VOCÊ AO MENOS RESISTIU AOS CAPANGAS DELE, E ESTÁ FUGINDO COMO UM ANIMAL FOGE DO PREDADOR, E AINDA TEM CORAGEM DE DIZER SOBRE COMPETÊNCIA? NÓS GOSTAVAMOS DO OLIVARAS, MAS ELE NÃO ERA NOSSO MESTRE, ERA OBRIGAÇAO SUA DEFENDÊ-LO!


      Puff estava ofegando de tanto falar, mas quando olhou para Tobias, viu que suas palavras tiveram algum significado, pois ele olhava sem raiva ou ódio, bem diferente de antes.


      - Tudo bem então... O que você veio fazer aqui?


      - Certo... Você deve saber sobre a criação da Nova Ordem da Fênix e da participação de Olivaras nela.


      - Sim, eu sei... Ele fez três varinhas e não as registrou na lista do Ministério, e me disse para apenas confiar nele e guardar esse segredo.


      - Olivaras fez isso pra ajudar Potter, o líder da Ordem. Ele criou varinhas para eu e meus amigos, e não as registrou no Ministério, justamente para podermos ficar escondidos e agir se acontecesse algo ao Ministério ou Hogwarts.


      - E onde eu entro nessa historia?


      - Bem! Nós temos evidencias que James McEffron criou uma seita de sangues-puros e pretende dominar toda a sociedade bruxa e extinguir os nascidos-trouxas.


      - Como Voldemort...


      - Mas dessa vez ele não resolveu contar com Horcruxes, ele resolveu criar uma varinha mais poderosa, então ele utilizou o núcleo de um dementador e criou uma varinha maligna, então nós pensamos...


      - Pensaram...


      - Pensamos que você poderia nos ajudar a aprender a criar varinhas, para podermos combater essa varinha maligna...


      - Certo... Dêem-me dois dias. Eu vou pensar na situação de vocês. Enquanto isso você pode ficar aqui, se quiser, pode limpar o celeiro...


      - Você só pode estar de brincadeira. – Disse Puff nervoso


      Após um tempo Puff percebeu que não estava com sua varinha e perguntou:


      - Ei, quando você pretende devolver minha varinha?


      - Oh, já estava me esquecendo, tome-a.


      Ele tirou a varinha de Puff de dentro do casaco e a devolveu, e se virou para sair, mas, Puff o interrompeu dizendo:


      - Aonde você vai? Eu não vou ficar aqui limpando celeiro...


      - Você reclama demais... Pode vir comigo pra comer alguma coisa, mas não pense que eu vou te ajudar... Eu vou pensar nesses dois dias.


 


      Enquanto isso, em Hogwarts, Victor e Cristina estavam entrando na sala para a aula de Transfiguração. Eles se sentaram na ultima fileira um do lado do outro, a professora entrara e desejara bom dia a todos e dizia:     


      - Hoje eu vou precisar de dois voluntários, quem se candidata?


     Mas ninguém se levantou então a professora disse:


      - Sendo assim vou ter que escolher eu mesma. Então... Venha Sr. Carter e Srta. Potter.


      Mas neste momento Victor estava perdido em seus pensamentos, e não tinha ouvido a Professora lhe chamando, até que Cristina o sacudiu e disse:


      - Ei, a professora está nos chamando lá na frente.


      - Pra quê? – Disse Victor.


      - Vamos ser os queridos voluntários da professora Beristly.


      E a professora disse em voz alta:


      - Venham rápido! O tempo está correndo e é uma aula complicada de aprender, andem logo!


      A professora era alta e magra, com um óculos gigante, que ocupava a metade de seu rosto. Apresentava meia idade e apenas alguns fios brancos começando a tomar conta do cabelo. Pelo seu rosto, dava pra ver que, quando mais nova, deveria ter sido muito bonita, porém, sua atitude histérica aparentava ter espantado muita gente no passado.   


      Após as palavras da professora, a classe começou a cochichar entre eles, mas logo pararam por ordem da professora. Ela novamente começou a falar:


     - Primeiro eu vou demonstrar como se faz.


     Ela tirou a varinha da capa azul-turquesa, se concentrou por um segundo e transformou Cristina em uma borboleta vermelha e amarela, que saiu voando rápido, mas antes que sumisse do alcance da classe, a professora a transformou novamente em Cristina, que caiu sentada, enquanto a classe olhava assustada o poder que esse feitiço possuía.


     - Agora vocês ficarão de frente para as suas duplas e treinarão, não precisam de palavras para executar o feitiço, apenas concentração e clareza.


    E uma voz arrastada saiu do meio da sala dizendo:


    - E pra quê vamos usar isso? Para festas a fantasia? – e ouviram-se algumas risadas de alguns alunos da Sonserina.


    - Além de ser o teste mais complicado dos N.I.E.M.s desse ano, qualquer bruxo que saiba executar com perfeição feitiços de transfiguração, se dará perfeitamente bem em duelos, já que é impossível bloqueá-los.


    - Eu sou tão bom em duelos que nem preciso desse tipo de feitiços! – disse Malfoy em voz alta, e ouviram-se novas risadas.


    - Então o que você faz aqui? Não deveria estar em casa jogando cartas? Poupe-me, todos nós sabemos que se você fosse tão bom assim, teria tirado as melhores notas nos N.O.M.s!


    - Isso não prova nada...!


    - Tudo bem então! Não vou perder meu tempo discutindo com você. Vamos ver se você vai ganhar o premio do Torneio de Duelos Inter Classes amanhã.


    - É claro que eu vou ganhar! Quem você acha que poderá tirar meu futuro título?


    - Malfoy, vá para o inferno com suas chatices! – esbravejou Cristina.


    - Vamos continuar a aula, por favor...


    Então eles se posicionaram em duplas e continuaram com a aula de transfiguração, alguns dando certo, e outros transformando alunos em animais muito bizarros.


 


    E a quilômetros dali, Denis estava usando um telescópio e vigiando cada detalhe da segurança do Ministério, para poder se infiltrar lá dentro e pegar o livro de feitiços secretos.


    Ele olhou em volta do seu minúsculo quarto escondido, num prédio trouxa, com uma sala trancada. Um lugar bem difícil de encontrar, e com uma boa visão pra o primeiro andar do Ministério. De lá ele estava conseguindo ver os dois aurores seguranças parados na porta. Eles geralmente eram os últimos a sair, pois fechavam as portas de acesso, ficando lá dentro apenas quatro aurores em cada andar.


    Denis já tinha feito um mapa completo do primeiro andar, apenas observando a entrada, e já tinha lido metade do seu livro nas horas vagas. Como não tinha muito que fazer, sua maior ocupação era ler os livros que tinha na sua mochila. Olhou as horas no relógio, faltavam ainda sete horas para o fechamento das portas de entrada do Ministério. Ele organizou o conteúdo de sua mochila e colocou o despertador para 17h30min, logo ele deitou em sua cama e foi dormir.


 


    Enquanto isso em Hogwarts, a aula havia terminado, e Victor e Cristina se encaminhavam para as estufas atrás do professor Longbottom, para Victor se inscrever no Torneio de Duelos Inter Classes. Eles passaram pela praça de transfiguração onde viram Malfoy se exibindo e gritando para quem quisesse ouvir que iriam ganhar o torneio facilmente. Victor e Cristina não ligaram e foram para o nível térreo, passando pelo saguão de entrada. Enquanto eles andavam, Cristina disse:


    - Prepare-se para ficar com o segundo lugar, pois o campeão serei eu. – Disse Cristina sorrindo.


    - É o que veremos. – Disse Victor sorrindo.


    Eles caminharam conversando lentamente até que chegaram ao terreno de Hogwarts, onde se encaminharam para as estufas. Chegando na estufa 1, logo de cara deram com o professor Longbottom, que estava manuseando um vaso cheio de sementes que se remexiam sozinhas, com suas raízes, pra dentro e fora da terra.


    Ao vê-los, ele encostou o vaso na mesa e retirou as luvas para cumprimentá-los:


    - Ohhhh, meus queridos alunos! Que surpresa boa! O que vocês desejam?


    Ao estender a mão para os garotos, suas luvas caíram e num movimento rápido Cristina ergueu a varinha e levitou as luvas de volta para as mãos do professor Longbottom, que num movimento brusco pra pegá-las acabou derrubando o vaso com as sementes, que eram de visgo do diabo, e acabaram se enrolando nas pernas do professor, mas antes que ele caísse, Victor já estava conjurando o Feitiço da Iluminação Solar, e Cristina levitando as sementes de volta para os vasos.


     - Ohh, muito obrigado, eu sou realmente um pouco desastrado, como dizia minha avó! Mas, quem é você? Não me lembro de ter lhe dado aulas!


     - É porque ele é o novo aluno, aquele que o diretor trouxe do Brasil.


     - Certo! E o que você deseja meu caro? – perguntou ele espontâneo.


     - Ele veio, para que o senhor o inscrevesse no Torneio de Duelos Inter Classes. Você pode fazer isso?


     - É claro que posso! Farei isso agora... mas, você pode ir à estufa 10, pegar o meu bloco de rascunhos pra mim? Preciso fazer umas anotações urgentes!


     - Nossa! Na estufa 10? Está um pouco longe! – reclamou Cristina.


     - Nem é tão longe assim, e além do mais, você é bem mais nova que eu... já que eu estou com a idade avançada...


     - Tudo bem, mas eu quero pelo menos cinco pontos para a minha casa.


     - Ohhh, sim! Você sabe fazer negócios. Diferente de mim, quando era mais novo...


     Cristina saiu em direção à estufa 10, e assim que ela se retirou, Longbottom alterou um pouco o seu tom de voz:


     - Por que Potter trouxe você aqui?


     - Eu vou levar o livro do Príncipe Mestiço para a Ordem. - disse Victor, sério.


     - E você sabe onde ele se encontra?


     - Não, mas eu esperava que você fosse capaz de falar. Potter me disse isso.


     - Não, ele não disse. Você pode dizer isso para convencer os outros, mas eu sou da Ordem. Você não deveria mentir pra mim!


     - Ele não disse exatamente pra eu perguntar pra você... e além do mais, se você fosse tão informado assim, não estaria perguntando o que eu estou fazendo aqui!


     - Certo... O livro se encontra no sétimo andar...


     - Sétimo andar? Mas lá só tem o salão comunal da Grifinoria.


     - É o que a maioria pensa. Ele se encontra na Sala Precisa...


     - Sala precisa? – Victor estava muito surpreso.


     - É uma sala que aparece quando você mais precisa, e é sempre equipada com o que você mais precisa muito parecida com a sala 11D. Mas deixe-me dizê-lo: muitos desconhecem a existência dessa sala, e devem continuar a ignorá-la, pois os maiores tesouros de Hogwarts ficam escondidos lá. Quando for usá-la, certifique-se que não tem ninguém olhando.


     - Certo, mas como eu farei isso?


     - Você tem três dias a partir de amanhã, mas não precisa agir desesperado, use o dia do torneio, pois logo após, haverá uma festa em Hogsmeade.


     - Potter também pediu para eu levar Cristina para a Ordem...


     - E realmente ele está certo. McEffron é um tanto abusado e pode arrumar um jeito de vir parar em Hogwarts, então o melhor, é levá-la.


     - No dia do torneio também?


     - É! Convença-a a aparecer na festa, e assim que conseguir, leve-a para o Cabeça de Javali, onde seu professor Lupin estará esperando por ela. Não deixe nada acontecer com ela... NADA!


     - Por que você está dizendo isso?


     - Não temos mais tempo, Cristina está chegando... não esqueça o que deve ser feito.


     Neste exato momento Cristina apareceu com o bloco de anotações do professor, que pegou-o, guardou no bolso e se despediu dos garotos.


      Cristina disse incrédula:


      - Ele me fez ir tão longe e não escreveu nada?


      - Ele vai usar o bloco, não importa. Vamos pra aula agora.


      - Agora é aula de feitiços com o professor Stewart.


      - Mas antes temos que passar no salão principal para o almoço.


      - Vamos lá aguentar o Malfoy tirando a paciência... – Ela parecia meio triste.


      - Se anime um pouco, daqui a três dias é o torneio e nós vamos detonar o Malfoy... E tem também a festa em Hogsmeade...


      - Ah, é claro... A festa...


      - Você vai? Porque se for, eu estava pensando que poderíamos ir juntos...


      - Me desculpe... Mas... Eu não vou...


      - Por que não? Sou tão péssima companhia assim?


      - Não é isso... eu tenho minhas razões pra não ir...


      - Me conte-as, então eu vou julgar se é uma desculpa!


      - É complicado... eu... depois nós falamos disso, vamos pra aula agora...


      - Você me deve uma explicação, então é melhor você escolher uma hora pra me falar...


      - E se eu não quiser?...


      - Irei te torturar até me contar...


      Ela deu um sorriso, significava que ela já confiava mais em Victor.


      - Assim você está me dando medo!


      - Hoje à noite as 20h00min, no salão comunal?


      - É uma historia muito longa...


      - Temos a noite toda...


      - Conseguiu me convencer... Hoje à noite...


      E eles saíram andando juntos, subindo a trilha para o castelo, ambos sorrindo e suas mãos balançando, quase se encostando.


 


      Já na Irlanda, Puff passava um dia muito tedioso ao lado de Corey, que não fazia nada além de reclamar sobre os trouxas e os bruxos.


      - Você gosta mais dos trouxas ou dos bruxos?


      - De nenhum dos dois, eu prefiro as criaturas mágicas. – respondeu Corey bruscamente.


      - Por que as criaturas mágicas?


      - Por que elas não fingem. Sempre são cem por cento boas ou ruins.


      - Mas eles não pensam?


      - Não, e é por isso que são justos. Pense por esse lado: um unicórnio não fere nenhuma criatura, por isso ele é cem por cento bom!


      Retorquiu Puff:


      - Mas os diabretes não ferem, mas também não ajudam, eles são bons ou maus?


      - Eles são maus, pois tem o temperamento de crianças, e crianças travessas são más!


      Puff ficou em silencio por um tempo, e depois começou a falar novamente:


      - Como se fabrica varinhas?


      - Você fala demais... – respondeu impaciente Corey.


      - Como se fabrica varinhas? – perguntou novamente.


      - É um processo muito complicado...


      - Como se fabrica varinhas?- perguntou ele insistente.


      - Você precisa de um tipo especifico de madeira, de um núcleo especifico e de uma quantidade exata de magia.


      - E se algum dos materiais estiverem errados?


      - A varinha não funcionará direito.


      - Mas como vocês, os fabricantes, sabem exatamente os materiais necessários para a fabricação?


      - Isso é porque nós lemos o Livro Preparador de Varinhas, criado pelo primeiro fabricante de varinhas do mundo: Merlin.


       - Merlin? – Puff estava muito espantado.


      Corey continuou calmamente.


       - Merlin foi o primeiro bruxo que conseguiu controlar totalmente a sua magia interna, e para que suas descobertas não fossem perdidas, ele escreveu um livro de ensinamentos, e nesse livro, continha todo tipo de informação: criaturas mágicas, feitiços, venenos, plantas, e a receita de como fabricar as varinhas.


       - Merlin era um gênio! – disse Puff totalmente admirado.


       - Gênio era pouco pra ele. Merlin era tão bom, que ele foi o primeiro e único bruxo a criar uma sociedade inteira de criaturas mágicas e plantas sozinho.


       - Uma sociedade inteira? – espanto era pouco para definir a reação de Puff.


       - Ele criou com magia uma floresta inteira, que continha árvores vivas e criaturas de todos os tipos, dos mais covardes aos mais poderosos.


       - O que mais?


       - Ele escreveu vários livros e ensinamentos, desenvolveu varias receitas de poções, vários feitiços, e a técnica secreta de fabricação de varinhas. Depois disso, seus alunos copiaram e publicaram seus livros, suas batalhas e vitorias, entre outras coisas.


       - Quais foram os feitos dele?- Puff estava muito interessado.


       - Ele derrotou um dragão de cinco elementos, forjou a espada Excalibur, defendeu por anos o Reino de Arthur de outros bruxos e criaturas e foi o primeiro a formular uma teoria sobre a Pedra Filosofal. Com certeza ele é até hoje o maior alquimista do mundo!


       - Pode ter certeza! Eu vou me tornar um alquimista tão bom quanto Merlin! – disse empolgado Puff.


       - O que um alquimista realmente faz, seu moleque?


       - Cria algumas coisas não, é?


       - É, mas você tem saber o que vai criar, e o principio básico da criação alquimista é saber criar objetos mágicos.


       - Pode acreditar que eu vou conseguir criar os objetos mágicos, pois eu sou um ótimo criador de poções!


       - Um mestre de poções com sua idade?


       - Você está duvidando da minha capacidade? – perguntou ele, desafiador.


       - Então o desafio está lançado! Se você for capaz de fazer uma Poção do Morto-Vivo, eu lhe darei o próprio livro escrito por Merlin e modificado por Olivaras para a criação de varinhas, e com ele você poderá criar as varinhas que desejar.


       - Uma Poção do Morto-Vivo? Não é tão complicada assim!


       - Ah, é claro que é! Você deve fazer uma poção perfeita, e não simplesmente fazê-la de qualquer jeito, ela deve obter a cor rosa.


       - Não importa a cor que ela tenha que ficar, se precisar fazê-la ficar arco-íris eu vou fazer, mas com certeza esse livro é meu! – Disse ele convicto.


       - Você fala demais. Enquanto está falando já devia ter começado. Os objetos e ingredientes estão no celeiro, e se você quiser aproveitar para limpá-lo...


       - Eu não vou limpar porcaria nenhuma! Eu vou lá preparar a poção e quando eu voltar, eu espero que você já esteja com meu livro na mão!  


       E Puff saiu de lá, indo pela estreita estrada de terra para o grande celeiro sujo, preparar a poção do Morto-Vivo.


 


       Enquanto isso em Hogwarts, a aula havia acabado, eles tiveram aulas práticas com claro objetivo de treiná-los para o torneio, e o objetivo oculto de descobrir as habilidades de Victor, porém foi uma tentativa frustrada, pois ele se controlou muito bem e não demonstrou nenhuma de suas habilidades especiais. Após o término da aula Victor tinha um tempo livre para procurar o livro do príncipe mestiço, porém Cristina estava com ele o tempo todo, então ele resolveu usá-la como fonte de informação:


       - Fiquei sabendo que Hogwarts é um lugar cheio de mistérios...


       - É mesmo, ninguém conhece todos os mistérios de Hogwarts.


       - Mas você deve conhecer alguns, não?- disse ele com tom desafiador.


       - É claro que eu conheço. Mas não posso revelá-los, pois eles são mistérios...


       - E como tradição, cada um deve descobrir por si próprio os segredos de Hogwarts... – disse Victor completando a frase de Cristina.


       Ela apenas dirigiu seu olhar para ele e deu um leve sorriso, e aproveitando o momento ele resolveu insistir:


       - Você pode dividir seus segredos comigo, afinal, eu nem sou de Hogwarts...


       - Mas uma razão pra eu não te contar... Você pode espalhar os segredos daqui!- e ela deu outro animado sorriso.


       - Você não confia em mim?


       - Eu não sei... Te conheço a muito pouco tempo... – e dessa vez ela deu uma risada.


       - Por que você esta tão nervosa?- ele disse isso intencionalmente.


       - Eu não estou nervosa...


       Antes que ela terminasse de falar, Victor mudou de assunto.


       - Por que não vamos ao Salão Comunal?


       - Certo, vamos lá então.


       E eles subiram pela escadaria até o sétimo andar, passando por vários alunos mais novos que olhavam curiosos para Victor e comentavam baixo sobre o que ele poderia fazer durante o torneio. Já o garoto nem ligava para os comentários dos outros e prestava atenção apenas na sua missão e em uma certa pessoa em especial.


       Quando chegaram no último lance de escadas, os garotos sentiram  um tremor, era as escadas mudando de lugar, e estava desviando eles do caminho do Salão Comunal.


       - Que droga!- esbravejou Cristina- No ultimo lance de escadas, elas tem que mudar?


       - Tudo bem... – acalmou-a Victor – É bom que assim você pode me mostrar o sétimo andar...


       - Como você sabe que é pra lá?


       - Eu apenas deduzi... Vamos pra lá? – E ele saiu na frente, subindo as escadas e entrando na porta que levava ao sétimo andar, Cristina o seguindo.


       Eles atravessaram o corredor pelo qual tinham entrado e se depararam com um corredor cheio de estatuas e mantos de cavaleiros pintados, e Cristina comentou:


       - O diretor resolveu prestar uma homenagem aos fantasmas do castelo, e como o sétimo andar é o corredor da Grifinoria, ele homenageou o fantasma da Grifinoria com essas estatuas de cavaleiros.


       - Quem é o fantasma da Grifinoria? – questionou ele.


       E quando ela abriu a boca pra falar, uma neblina muito densa tomou conta por um minuto, e eles viram um corpo brilhante e transparente se formar na frente deles e dizer com uma reverencia:


       - Eu sou Sr. Nicholas Mimsy Porpingtom, um cavaleiro bravo, destemido, um digno grifinoriano e agora mais conhecido como...


       - Nick-Quase-Sem-Cabeça!- completou Cristina, que recebeu um olhar de desaprovação do fantasma, que se dirigiu a Victor e disse:


       - O que faz por aqui?


       - Estamos apenas dando uma volta no castelo. – Victor falou com um tom de mistério – Procurando segredos...


       Nick falou empolgado:


       - Procurando segredos no sétimo andar? Você deve estar procurando a Sala Precisa, não?


       - E onde ela se encontra? – Disse Victor.


       - Aqui mesmo no sétimo andar, mas você precisa encontrá-la e tem que saber abri-la... – Disse Cristina.


       - Mas onde fica? Abri-la não será problema.


       - Ai e que você se engana, abri-la, é quase impossível.


       - Porque?


       - Porque para abri-la requer que você precise muito de alguma coisa.


       - Mas onde ela fica?


       - Você é muito insistente, Não vamos te contar os segredos de Hogwarts!


       E Nick disse empolgado novamente:


       - Oh! É claro que vamos, mas isso deve ficar entre nós, pois isso e um segredo muito sigiloso...


       - Que você não se deve contar. - Disse Cristina imperativa.


       - Mas ele é um cara legal, vamos abrir essa exceção.


       - AH! Tudo bem! Você venceu pela insistência! Pode contar pra ele... – E ela deu um alto suspiro.


        - Fica no fim do corredor principal exterior, que é a ultima parede do corredor, ela é toda lisa, não há nenhum quadro ou estatua, e na esquina ao lado, há um armário de vassouras.


        - Certo, agora eu sei onde é.


        - Vamos voltar pro Salão Comunal?


        - Vamos...


        E eles saíram conversando, voltando pelos corredores para ir ao Salão Comunal, Cristina evitando o máximo falar sobre os segredos, já Victor bolando um plano para conseguir completar sua missão.


 


        Enquanto isso, McEffron estava em sua casa, com dois de seus soldados ao seu lado, quando escuta uma batida forte na porta. Ele ergue sua varinha rapidamente e aponta para a porta, que se abre com um estrondo, e todos vêem o homem de preto, com as botas sujas, e um olho roxo, ofegante. McEffron vira-se pra ele e diz:


        - O que um verme como você, faz em minha casa?


        - Desculpe senhor, mas é que estávamos seguindo suas ordens e indo atrás do aprendiz de Olivaras, mas um garoto apareceu por lá e nos derrotou sozinho...


       Um dos guardas começou a rir alto.


        - Charrell, cale-se!- ele se calou instantaneamente. – Esse deve ser um dos garotos malditos que eu estou tentando matar...


        McEffron ficou em silencio por alguns segundos e depois ordenou:


        - Procurem alguns caçadores de recompensas, uns trinta. Leve dez para a Irlanda, matem esse garoto e o aprendiz de Olivaras, não preciso mais dele.


        - E os outros vinte?


        - Tenho uma idéia do que eles podem estar fazendo: mandem dez para Hogsmeade e tragam aqui a neta de Harry Potter, e os últimos dez me sigam para o Ministério da Magia!


       E McEffron já estava se dirigindo para a lareira quando Charrell fala novamente:


        - O que você vai fazer?


        - Vou acabar de vez com as chances de Potter de me derrotar...


       E chamas verdes tomaram conta do seu corpo.      

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