O Ás de Copas



 Parte quarto


 A quarta mensagem


 


O Ás de Copas



– Calma Hermione.


– Rony. Eu saio desse hospital e te vejo roncar, e quando eu chego, você não está aqui. Me explique isso.


– Fui ver o Malfoy.


– QUEM? – Gritou Gina.


– Draco Malfoy.


– Ele está aqui?


– Certamente, nesse instante, deve estar indo para sua casa.


– O que ele faz no mundo trouxa? – perguntou Harry.


– Pelo que entendi, ele estava realizando um desejo de sua namorada.


Hermione se sentou, e Gina também. Harry ficou pasmo.


– Como achou Malfoy?


– Intuição.


– NÃO! – Gritou Hermione.


– O que houve Hermione? – perguntou Gina, a abraçando.


– Ele está mentindo. Não foi por acaso, foi por causa das cartas. As cartas. Conte Rony. Conte das cartas.


Fiquei gélido. Estava querendo que Hermione entendesse o quanto era importante para mim, para minha vida. Tudo isso era complexo e diferente. O que eu tinha feito em minha vida, exatamente?


Vivido em grandes e imensas aventuras junto a Harry Potter, meu fiel melhor amigo, e Hermione Granger, meu grande amor. Mas todas essas aventuras, repletas de magia e Harry Potter.


Nenhuma aventura envolveu meu nome, o de Ronald Weasley. Talvez Hermione entenderia que eu tinha que viver a minha aventura, a aventura de um Weasley. Era perigoso, sim era muito, mas eu consegui superar. Era complicado, muito, mas eu consegui. Eu consegui!


Hermione tinha que entender o significado dessa palavra para mim. Meus olhos ficaram repletos de lágrimas. Eu fiquei com um pouco de raiva de Hermione. Ela faria isso e colocaria tudo a perder. E se o cara das cartas tivesse ali perto?


Ela chorava sem parar e Harry e Gina estavam em volta dela. Eu a encarava. Ela levantou os olhos por alguns instantes, e viu minha súplica para ela parar, para não falar.


– Que cartas Hermione?


Ela respirou. Pareceu contar até três, pensar em tudo o que eu tinha pedido mentalmente para ela. Para ela entender tudo o que eu tinha ajudado aquelas pessoas seria um tanto difícil, mas ela entenderia, eu sei que entenderia.


– Nada. – Ela engoliu seco.


– Como nada? – perguntou Gina


– Eu misturei um sonho a realidade, me desculpem. Acho que preciso, ir embora.


Ela se levantou e saiu. Gina saiu atrás dela, mas parou na porta.


– Vou levar ela embora, e depois eu volto pra pegar vocês.


E Gina foi atrás de Hermione.


– O que foi isso? – perguntou Harry.


– Não sei. – respondi, empurrando a cadeira até a cama.


– Você tem alta hoje.


– E minhas pernas?


– Vai ter que exercitar e casa, tipo fisioterapia caseira. Em baixo da água. Não foi nada muito sério, é questão de alguns dias.


– Ah..


Ficamos em silencio. Harry ficou observando o corredor, certamente a espera de Gina. Eu fiquei pensando, o que significava aquela folha em branco? Guardei o envelope, a carta e o papel em branco no meu bolso.


 


Chegando em casa, fui colocado no sofá.  Estava olhando televisão, até que o relógio marcou onze horas e eu desliguei a TV. Estava silencioso de mais, e eu não tinha sono. Fiquei a olhar as cartas em cima da mesinha central da sala.


Tantas pessoas eu já tinha ajudado, tinha de alguma forma. Ouro, Espadas e Paus. Faltava a carta que eu mais temia do baralho. Não sei porque ela sempre era a carta, quando nós jogávamos pif, que sempre me faltava. Em qualquer situação, a copas não vinha.


Tentei fechar os olhos e dormir. Mas um barulho, vindo da cadeira de balanço da varanda abriu meus olhos. Fiquei estático, imóvel. Mas não era isso que eu queria, eu não podia mais ficar com medo das coisas. Eu não tinha mais medo das coisas


Levantei, peguei as muletas e fui até a porta. Procurei a chave certa no molho de chaves. Abri a porta e fiquei parado nela. Sabia que não precisaria muito. Certamente iria acontecer algo. Ou um cara de preto iria aparecer no meu correio. Ou dois caras iam me bater. Ou outro cara ia falar para mim que eu tinha 24 horas.


Mas nada aconteceu. Eu respirei fundo e sai de casa, encostei a porta, me sentei na escadinha que tinha na varanda e fiquei observando o sereno da noite. Do nada surgiram duas vozes vindas de trás da moita que tinha ao lado da varanda.


Eram apenas ruídos, pareciam cochichar. E eu já estava rindo.


– Jimmy, John?


Escutei algo como um “Puts”.


– Viu Jimmy, você tinha que ter calado a boca.


– Foi você que falou para a gente ver pela janela e eu esbarrei naquela cadeira.


Os dois caminharam até mim. Eles ficaram quietos. Mas pude perceber que eles estavam se mascaras. A luz do poste iluminava a varanda e eu pude ver o rosto deles.


– Porque vocês estão sem mascaras?


– Porque a pergunta?


–É que vocês são mais bonitos de mascara.


Os dois riram. Mas é sério, eles tinham uma cara feia que nossa...


– Qual é o babado?


– Bem, você completou a missão em 24 horas. Então o chefe nos mandou te entregar outro envelope. – John me entregava o último envelope.


Sim, era o último. Era o ultimo naipe.


– Tenho quanto tempo?


– Não precisa de tempo.


– Melhor.


– Porem, esse você não pode deixar vestígios.


Eu respirei fundo. Sem vestígios, certamente eu não poderia conhecer as pessoas.


– Quem manda vocês fazerem isso?


– Não sabemos cara!


– Como não sabem? – perguntei, brabo.


Eles se olharam e riram.


– Já parou para pensar, que não é o único que recebe cartas?


Eles saíram conversando e caminhando até a rua. Eu fiquei ali fitando o envelope e mentalizando a frase dita. Fiquei mirando o envelope, ele me intrigava.


Eu abri ele, foi devagar dessa vez. Eu puxei o que tinha dentro.


Primeiro li o papel:


“Ronald, você se superou.


Conseguiu mais rápido do que imaginei.


Parabéns.


Se divirta com a nova carta.”


Como essa pessoa podia falar a palavra divertir em uma frase que relacione essas cartas? Ele só podia estar drogado quando escreveu essa carta... Era muita pressão.


Puxei a carta. Pareia tão irreal, algo tão estranho. Dessa vez não eram endereços, mas sim, nomes. Li para mim mesmo, em voz baixa, o que estava escrito.
 


Gina Weasley


Harry Potter


Hermione Granger
 


Meus olhos passaram mais de uma vez por aqueles nomes. Copas, a carta do amor. A carta dos corações, partidos ou não. Como eu poderia ajudar todos? COMO?


 Porta tinha ficado meio aberta e a cachorrinha da Hermione veio até mim. Ela lambeu minha mão.


– E ai pequena. Vai me ajudar?


Ela latiu. E eu sorri para ela. Escondi o envelope pardo, a carta e a folha no meu bolso.


– Aconteceu algo? – perguntou Hermione, na porta, escabelada e de roupão.


–Não. Só estou sem sono e a minha amiguinha aqui também. – a cachorrinha balançou o rabo e fitava Hermione.


Hermione entrou. Será que ela estava brava comigo? Fiquei ali, agora sozinho. A cachorrinha tinha entrado.


Após uns 10 minutos, Hermione voltou.


– Chocolate? – perguntou ela, empurrando uma caneca para mim.


– Já me viu recusar uma boca livre?


Ela riu. Peguei a caneca e ela se sentou ao meu lado. Ela também tinha uma caneca.


Ficamos em silencio.


– Quer me contar algo?


– Como assim? – perguntei, intrigado.


– Por exemplo, quem já ajudou com essas cartas. Como foi com Malfoy.. Quando esta para vir a próxima carta.


Eu a fitei nos olhos. Ela viu que eu estava feliz por ela estar falando comigo normalmente. Mas não poderia deixar pistas que a ultima carta estava em minhas mãos. Que ela tinha o nome dos três. Então, comecei a contar a Hermione minhas pequenas grandes aventuras...

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