O Ás de Espada



 Parte três


 A terceira mensagem


 


O Ás de Espada




Acordei. Por incrível que pareça, eu esperava estar em um lugar com nuvens, e eu estar pronto a cruzar o portão dourado que guarda os céus. Mas não. Eu estava em um lugar branco e muito branco. Mas os vultos se formando e se alinhando, formando figuras concretas estavam cada vez mais rápidos a se formar.


Naquele quarto tinham poucas coisas, um armário branco, uma cama vazia branca, paredes brancas, uma porta branca, uma janela branca, um teto branco, e tudo era muito branco. Bem, mas algo me prendeu a respiração, batimentos cardíacos e todos os meus movimentos. Aqueles cabelos, eu conhecia. Aquela respiração, eu também conhecia.


Ela estava debruçada sobre seus braços, e os braços estavam sobre o braço do sofá. A quanto tempo ela estava ali? Daquela forma? Esperando o que? Eu me acordar? Para que? Me xingar? Oh Hermione, desculpe. Eu queria abrir a boca para falar com ela, mas eu estava tão fraco. Comecei a forçar minha voz:


– He..Hee...Herr..m.. Hermione


– Oi, oi. Ron? É você?


Ela abriu os olhos e começou a tirar aqueles cachos dos olhos. Seu rosto parecia cansado, e ela estava com algumas olheiras. Eu tentei parecer o mais bonito possível, sorrindo.


– Rony, você acordou. Nossa, que felicidade. – ela disse, abrindo um sorriso estonteante – Vou chamar o médico.


Que porra de médico? Ele ia ver aquele sorriso lindo e ia ficar doidinho por ela. Que merda, ela era minha, só minha, só faltava ela saber... Ela saiu correndo pela porta, e eu fiquei ali esperando. Olhando para os lados, pude perceber que aquele lugar era bem iluminado, e muito intrigante. Eu estava olhando para a janela, quando um barulho se formou.


– Já voltou? – falei, com um pouco menos de dificuldade.


– Me esperava, Ronald?


Fiquei parado. Olhando fixamente para a janela. Estava com medo e um pouco de pânico de olhar quem estava ali. A pessoa chegou ao meu lado. O que pude ver? Preto, muito preto. Não que seja difícil reconhecer alguma cor no meio daquela branquidão do caralho, mas...


– Você tem 24 horas.


Os passos pesados do homem pareciam martelar o chão. Ele foi até a porta, e parou. Pareceu dar uma risadinha irônica e dizer algo do tipo: Se ferrou. Ele fechou a porta, e eu escutei seus passos ficarem longes. Me deu um calafrio. Isso estava ficando constante.


Eu olhei para o lado, na mesinha ao lado da cama estava um envelope pardo. Eu resolvi pegar ele rapidamente e abrir. É, foi bem rápido, pensei no fato de Hermione chegar. Lá tinha um papel dobrado, e eu sabia que tinha mais algo lá dentro. Mas tentei não pensar e só agir.


–QUE PORRA É ESSA? – eu gritei.


A carta estava em branco. E tinha uma outra carta lá dentro.


Eu pensei: Ouro, Paus.. Copas era obvio de mais.


Espada.


– Rony? Você está bem?


Entrou Hermione no quarto. Ela estava sozinha, graças a Deus.


– O que é isso?


– Não importa. Hermione, que horas são?


– Meia noite e dois.


Que cara espero, ele tinha entrado aqui meia noite certinho. Vinte e quatro horas, e eu teria que fazer o que? Eu coloquei a mão dentro do envelope, Hermione se sentou. Eu peguei a carta. Era familiar, um As. A mesma caligrafia. Porem, apenas um endereço estava na carta.


– Ala de cirurgias, quarto 596.


– O que é isso?


– Hermione, eu preciso sair daqui e ir a esse lugar.


– Rony, porque você não para de fazer o que essas cartas pedem? – ela implorou.


– Eu não posso. Hermione eu tenho que fazer isso.


– Rony para com isso! – ela implorou, novamente. Seus olhos tinham lágrimas – Viu como você esta? Rony, você está no hospital, por causa do endereço que essas cartas lhe deram.


– Você não entende..


– SIM! EU ENTENDO! – ela gritou – Você não sabe como foi, você não sabe como foi receber um telefonema falando que você estava em coma, inconsciente. Rony, eu fiquei sem chão.


Ela pareceu uma flor ficando murcha. Ela se sentou no sofá e chorou. E eu tomei coragem. Me sentei na cama. Eu estava com vontade de levantar, mas parecia que minhas pernas estavam pesadas. Ela soluçou.


– Suas pernas foram quase esmagas por algumas madeiras. Via ser difícil caminhar.


Eu a encarei. Mas ela não. Ela olhava para o chão.


– Hermione, eu precis...


– E ai Rony, acordou hem – disse Harry, entrando pela porta.


Hermione logo passou as mãos nos olhos e disfarçou o máximo que pode.


– Harry, você ta muito feio cara. A quanto tempo não faz a barba? – eu perguntei olhando para ele – A quanto tempo eu estou dormindo?


Gina entrou no quarto e logo abriu um sorriso.


– Faz um mês e alguns dias.


– Quatro – disse Hermione, rígida.


– E o que houve esse tempo que eu tive dormindo? Uma rebelião nos fabricantes de gilete?


Harry riu para mim.


– Harry, é sério, não olha muito pra mim. Eu vou ter sonhos a noite.


Harry olhou para Gina. Gina chegou perto de mim e falou bem baixinho.


– Rony. Você fica bem se ficar sozinho essa noite? A Hermione precisa voltar para casa, ela esta a aqui a um bom tempo.


– Acho que ela não vai concordar. – respondi, franco.


– Se ela te ver dormindo, quem sabe concorde.


Eu ri para minha irmã caçula. Deitei na cama, e obviamente fingi que estava começando a ficar com sono.


– Você não pode estar com sono. Você dormiu mais do que um urso embernando.


– É o costume Hermione.


Escutei ela começar a reclamar, mas logo eu fingir que cai no sono.


– Ele dormiu mesmo?


– Você acha que o Rony vai recusar um bom sono?


– É, acho difícil.


AAAH! Eles estavam me tirando para vagabundo ou preguiçoso?


– Vamos, ele tem que descansar.


– E se ele querer ir no banheiro? Uma água? Algo do tipo?


– O médico vai vir aqui daqui a pouco.


Beleza, o médico ia vir e eu ia dar uma voltinha pelo hospital. Tinha certeza.


Hermione e os outros foram embora. Eu esperei mais alguns minutos e acendi o abajur do meu lado, tinha um botão vermelho no tipo de uma caixinha branca. Eu a peguei na mão e consegui ler: Aperte se precisar de algo. Eu apertei.


Esperei alguns minutos e logo uma enfermeira chegou a minha porta. Alta, ruiva, clara e com olhos bem graúdos. Assim era ela.


– Boa noite senhor... – ela olhou a fixa em sua mão – Weasley. No que posso ajudar?


– Preciso dar uma volta. Você pode me ajudar?


– Uma volta?


– É que estou prezo neste quarto a algum tempo, então, digamos, que preciso respirar um ar diferente.


– Ah, eu lhe ajudo.


Ela disse abrindo a cadeira de rodas e me ajudando a sentar nela.


– Pode me informar algumas coisas?


– Claro, o que o senhor deseja?


– A Ala de cirurgias, fica longe daqui?


– Porque quer saber?


– Tem um amigo meu lá.


– Ah, não fica não.


– Então a senhorita poderia me ajudar a chegar lá? No quarto... – eu peguei o envelope em cima da mesa ao lado da minha cama e peguei a carta. – 596.


– Claro que posso. Mas, o senhor é estranho, anota endereços em cartas de baralho?


– Adoro jogar uma partidinha.


– Que jogo costuma jogar?


– Pife.


– Nunca jogou nada mais avançado?


– Por quê?


– Aprendi Pife quando tinha 8 anos.


– Você ta querendo dizer o que com isso?


– Nada não.


Eu cruzei os braços e calei a minha boca. Ow menininha irritante. Os corredores eram sofridos, sim sofridos. Não pelas paredes ou pelos bancos, eles eram novos. Mas eram os quartos, as pessoas dos quartos certamente, elas passavam uma mensagem de tristeza. E eu fiquei um pouco apreensivo pensando o que o quarto 596 tinha. Estávamos passando o número dos quartos rapidamente.


– Vai demorar muito?


– Na verdade, acabamos de chegar


Ela parou minha cadeira. Eu fiquei encarando aquele corredor. Sem portas de um lado nem do outro. Apenas uma, no fim do corredor. Isso me assustou.


– Por acaso essa parte é dos descontrolados? – perguntei.


– Não, é a parte dos que pagam para ter um quarto melhor. E longe de todos.


– Ah, é bem do tipo dele. – tentei criar um sorriso.


Será que era um cara durão? Feiosão? Brutamontes? Mas não era. Eu abri aquela porta de vagar. Pedi para a enfermeira vir me buscar daqui vinte minutos. O quarto? Ele era branco, bem branco. Mas o que mais me chamou a atenção não foi o quarto branco, foi à pessoa deitada na única cama do quarto.


Eu não podia acreditar que era ele deitado ali. Ele estava fraco, magro de mais. Mas continuava com seu rosto pálido e cabelos loiro quase branco. Eu não podia acreditar que ele estava ali, em um hospital trouxa.


Peguei a fixa que estava ao lado da cama dele. Eu li aquilo, mas pareceu me falar a voz algumas vezes:


– Draco Black Malfoy. Acidente de carro. Motivo: Carro desgovernado.  


Eu tinha que saber mais sobre isso...

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.