Coragem



 


Parte um

A primeira mensagem



Coragem: uma introdução em minha vida


 


 A gente sempre joga uma parada chamada Pife. Era o único jogo de cartas que a gente sabia jogar mesmo, Hermione tinha nos ensinado esse, os outros eram meio difíceis.


A gente sempre jogava na mesa da cozinha, e apostávamos as balas de goma que sempre comprávamos. Eu já tava ficando anojado dessas balas, mais quando eu ganhava era uma vitória. Eu estava pensando em dar a idéia de mudarmos para marshmallow, uma paradinha tri gostosa que se derrete na boca.


Mais uma vez! – disse Gina.


Fique quieta, eu ia bater! – retrucou Harry.


Já era perto da meia noite, e amanhã eles tinham que trabalhar. Então encerramos o jogo de hoje. E eu fui me deitar.


Todos os dias de manhã era a mesma coisa. Acordávamos-nos e tinha sempre uma disputa desgraçada pelo banheiro do segundo andar. A casa tinha três quartos, então, o ferrado do Rony Weasley dormia na sala.


Como eu não fazia nada, nem resmungava na hora de usar o banheiro. Acordava sempre com a Gina tirando o Harry da cama. Os dois nem dormiam juntos, nem tinham se assumido logo, isso me irritava!  Eu e Hermione sempre sabíamos que os dois viviam se pegando nas voltas do trabalho. Mas os dois nunca assumiram.


O café da manhã era a Hermione que preparava como o resto das refeições. Eu sempre fingia estar dormindo na hora que ela preparava o café, assim eu não tinha que ajudar.


Sempre tomávamos o café em silencio, a não ser pela pressa de Gina para sair. Harry sempre tomava o café apressado pro causa disso. Logo depois que os dois saiam e eu e Hermione terminávamos de comer, eu limpava a mesa e Hermione a arrumar as camas, menos a minha.


Eu era o preguiçoso da casa então nem me importava muito em disputar um quarto. Hermione sempre estava meio cansada por causa da casa, e Harry e Gina pelo trabalho. Mas eu ficava feliz que no momento que eles se assumissem eu teria o quarto de Gina ou de Harry para mim.


Eu arrumei a mesa e lavei a louça do café, depois disso eu arrumei o sofá que eu dormi e abri as todas as janelas do cômodo de baixo da casa.


Hermione sempre estava linda, tanto de manhã, quanto a tarde e quanto a noite. Ela desceu as escadas e eu estava abrindo a janela da sala. Ela ainda estava de roupão, tão meiga. Os cachos de seu cabelo pulavam enquanto ela caminhava. Isso a deixava parecida com uma boneca.


– O que foi Rony? – perguntou ela, me encarando.


– Estava sonhando.


Eu não contive meu riso, e ri um tanto alto.


Hoje era terça-feira, dia de correio, então Hermione fora pegar as correspondências. Nossa casa era uma das primeiras a chegar as cartas sempre. Ela chegou lendo nome por nome, até que parou no meu.


– Ronald Weasley – ela repetiu umas três vezes.


– Sim? – respondi, eu sabia que era para mim.


– Acho que uma das suas fãs, fez uma cartinha para você! – disse ela, irônica.


– Bom dia também Hermione – eu disse.


Me sentei para ler. Era a intimação. “Esteja no fórum as 14:00hs”. Só essa frase me vinha a cabeça. Eu teria que estar lá as duas horas da tarde. Me batia uma preguiça de pensar que eu teria que caminhar até lá.


– E ai, ela mandou foto junto? – perguntou Hermione, rindo.


– Engraçadinha.


Passei a manhã aflito. Eu teria que repetir tudo que aconteceu lá no mercado ontem. Eu passei as cenas do mercado mais de uma vez na cabeça, para ver se eu não tinha esquecido de nada.


– Coma Rony! – disse Hermione, balançando meu braço. Eu passei uma das mãos nos olhos.


– Desculpe Hermione, perdi a fome!


Era hora do almoço. Eu me levantei e fui até o sofá. Escutei o bater dos talheres no prato. Hermione tinha um pouco de mamãe. Molly sempre achava que quando não comiamos sua comida estava ruim ou algo do tipo.


– A comida tava ótima Hermione, mas eu to preocupado com hoje.


Ela não perguntou o que era, Hermione era durona mas eu sabia que quando estivesse prestes a sair ela iria me perguntas algo. E fora assim.


– Aonde você vai? – ela perguntou.


– Tenho que ir no fórum agora. Tem aquela audiência sobre o assalto.


– Ah... – disse Hermione, ela levemente apertou os lábios.


Ficamos em silencio, ali, encostados na porta.


– Quer que eu pegue alguma coisa no mercado, ou no centro para você? – perguntei.


– Não precisa – disse ela.


Eu estava um tanto normal para uma audiência, eu estava com uma camisa pólo e causa jeans. Ao chegar no fórum,o meu relógio marcada uma e quarenta da tarde. Eu estava apreensivo e agoniado com tudo.


Ao entrar no fórum, perto das duas, o mesmo policial que falou comigo estava segurando o infeliz do ladrão. Puta que pariu, ele estava ali, olhando para mim. Eu entrei na sala de cabeça baixa. Falei o que tinha que falar e sai em passos rápidos.


O cara tava ali de novo. Eu suei frio. Eu caminhei na direção da porta, e quando eu passei por ele, ele riu ironicamente.


– Cara, não esquece. Toda vez que você se olhar no espelho, vai ver um homem morto!


O cara tava calmo, e sabia tudo que tava falando. Eu ajudei uma velinha, uma criança, uma mulher e Deus sabe lá quem, para ser ameaçado por um qualquer. E esse qualquer vai ficar preso e depois vir atrás de mim? Fodeu, mais uma vez.


Eu sai as pressas do fórum. O mesmo policial daquele dia veio atrás de mim e colocou a mão no meu obro e disse:


– Não te preocupa. Esse ai não vai fazer nada mesmo. Ele vai ficar preso um tempo.


– Que grande consolo! – eu disse, cabisbaixo.


Nem quis prolongar o assunto com o tiozinho, eu fui em borá para casa a pé. Era dia ainda, mais eu caminhei o mais rápido que pude. Quando eu virei na esquina dos Alfineiros eu corri para a casa numero 4.


– Rony. Você ta bem? – perguntou Hermione, vindo em minha direção.


Eu acho que quando eu entrei dentro de casa muito rápido, e o estouro da porta se fechando depois que eu entrei ficou meio estranho. Eu estava escorado na porta, respirando muito rápido.


– E ai Rony. O que foi? – ela disse, limpando suas pequenas e delicadas mãozinhas no pano da cozinha.


Certamente ela estava fazendo algo bom, o cheiro de pão dentro de casa logo chegou no meu nariz.


– Nada Hermione. Acho que vi uma fã correr atrás de mim!


– Ah Rony, por favor! – ela disse, voltando para a cozinha.


Eu caminhei para a cozinha também. Procurei um copo no secador de louças, e achei. Eu liguei a torneira e estava meio neurótico. O copo já estava transbordando de água quando Hermione fechou a torneira.


– Pode contar, o que ta acontecendo? – ela disse, encostada na pia.


Eu queria ter coragem para contar para ela, e mais coragem ainda para beijar aquela boca que sempre quis. Eu acho tão incrível quando um garoto chega para a menina e diz: Eu não sei nada de cozinha, sabe essas coisas de 200ml ou meio 3/4  da xícara. Eu queria poder chegar para a Hermione e dizer: Eu não sei nada de beijo, essa coisa de língua com língua e boca com boca.


– Já disse Hermione, nada. – eu fui até o sofá em passos rápidos.


Eu sabia que a Hermione não ia desistir até saber o que queria. Mas me surpreendi por ela ficar lá na cozinha. Ela abriu o forno e suspirou. Eu escutei. Já passava das cinco horas e ela estava tirando a forma com o pão do forno.


– Droga! – gritou ela.


Eu corri para a cozinha. Esqueci do cara dizendo que eu era um cara morto, do fórum, do mercado e do policial irritante. Corri para ver o que tinha acontecido com Hermione. Ela estava com o dedo na boca e o pão estava em cima da mesa.


Eu vi como sua mão estava vermelha, a que estava na boca. Ela certamente tinha queimado a mão dela. O pano de cozinha estava jogado no chão. Eu liguei a torneira e puxei o braço dela. O dedo dela estava vermelho, e eu coloquei ele as baixo da torneira. Hermione estava com uma expressão de dor no rosto e eu não gostava disso.


– O que você ta fazendo?


– Eu estou tentando te ajudar, para de reclamar Hermione.


Ela ficou quieta, seus olhinhos estavam cheios de lágrimas de dor. Eu sabia o quanto doía uma queimadura. Ela puxou o braço.


– Vou resolver isso.


– A gente prometeu não usar magia!


– Rony, está doendo muito.


Eu não pude recusar, não podia vê-la sentir dor.


– Vai lá então.


– Você é um grande amigo.


Ela disse, subindo as escadas. Que merda, grande amigo. Será que eu seria sempre o grande amigo de Hermione Granger?

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