Porto



Fui salvo por um herói de armadura alva. Que heróico. Ele anda curioso sobre mim e também vai para Vaktor. Será que há algo mais além da cidade de destino que nos une?


 


Charles: Uh... sou... Charles.


Me levantei e peguei minha mala, um pouco constrangido. Minhas roupas estavam encharcadas, mas não notei isso naquele momento, é claro.


Charles: Você não me disse o seu nome. Qual é?


Nergal: Sou Nergal, jovem. Quero que venha comigo. Tenho negócios a tratar em Vaktor também. Monte.


Ele me colocou no cavalo e partimos. Me senti ridículo; um suposto mago tendo de ser resgatado por um cavaleiro em seu alazão. Passamos pelos portões e os guardas de Vaktor pareciam felizes em ver Nergal. O homem falou para eles:


Nergal: É, mas eu estou só de passagem, sabe? Para aquele lugar.


Os guardas estremeceram. Não entendi porquê, nem sequer sabia de que lugar falavam.


Charles: Que lugar é “aquele lugar”?


Nergal: É a Ilha de Valor. Ninguém de fora dela é capaz de vê-la e eu sou o único que já voltou de lá.


Ele se aproximou do garoto e falou baixo o suficiente para que apenas ele pudesse ouvir.


Nergal: ...e lá existe uma cidade isolada do mundo. Palkai. Uma utopia pacífica.


Charles: Palkai, huh? Acho que valeria a pena ir para lá para conhecer o lugar.


Nergal: Mesmo? Sabe, depois de amanhã eu viajarei para lá. Posso levá-lo comigo se quiser.


Charles: Isso seria... cara... tão legal!


Nergal: E já que você chegou aqui hoje, pode se hospedar comigo.


Charles: Mas... Mas eu não... Isso é muita...


Nergal: Não se preocupe, garoto. Na verdade, você estaria me fazendo um favor.


Charles: Uh... bem, eu... tá, tudo bem.


Nergal: Ótimo. Então venha comigo.


Entramos na cada de Nergal, que era Alva também. Passamos pelos portões perolados e entramos. Nergal deixou seu cavalo no estábulo.


Charles: Essa casa é sua?!


Nergal: Sim, sim. Quando eu tenho trabalhos fora da Ilha de Valor, é aqui que eu fico.


Esperei que nós entrássemos e ele fechasse a porta, olhei para os lados e só então continuei.


Charles: Então você é um bruxo e a Ilha de Valor é uma área imapeável?


Nergal: Ora, não esperava que descobrisse tudo tão rápido!


Charles: E como você chega lá? Deve ser difícil aparatar para uma área que é vista como água em mapas.


Nergal: Uma chave de portal. Hm... ei, você usa algum tipo de medalhão?


Ri, pego de surpresa, tirei a corrente e o medalhão.


Charles: É... Eu mesmo o fiz...


Nergal: Bem interessante...


O medalhão, que estava nas mãos de Nergal era um dragão jasmim em volta de uma simples pedra transparente.


Nergal: E tem algum significado?


Charles: Bem, sim, mas... não sei muito bem como explicar...


Nergal: Ei, tudo bem se não quiser contar... Está ficando tarde. Temos que ir dormir porque amanhã será um dia bem cheio.


Charles: Dia cheio?


Nergal: Sim. Se vamos mesmo para Valor, precisará de mais roupas do que o que consegue carregar nesta maleta.


Charles: Mas eu não posso-seria muito abuso da sua...


Nergal: Ei, não se preocupe! Eu sei o que estou fazendo.


Nos separamos, tomamos banho e dormimos. No dia seguinte, ele me acordou cedo para conseguirmos tudo que fosse necessário para a viagem.


Charles: Então, senhor Nergal, o que...


Nergal: Não precisa me chamar de “senhor”! Eu me sinto velho quando você me chama assim! Ainda mais que eu tenho só 23 anos!


Charles: Desculpe!


Logo em seguida, fomos para algumas lojas para comprarmos todos os tipos de roupas para mim, o que me deixou um tanto desconfortável. Cara, eu abusava da hospitalidade dele! Nergal também insistiu em me dar uma nova mala para e dois cantis de aço brilhantes.


Charles: Sem querer ser intrometido, mas qual era a sua missão por aqui?


Nergal: Bem, eu tinha que achar uma pessoa e levá-la para a Ilha.


Charles: Mas então por que você já está voltando?


Nergal: O Imperador me chamou. Parece que há detalhes mais importantes lá do que a minha missão.


Depois disso, voltamos para a compra de alimentos e para pegar a armadura de Nergal, que estava pronta. Ela estava polida e bem restaurada. Pensei então em como seria vê-lo no auge da batalha.


Charles: Nergal... há uma coisa que eu não entendo... por que toda essa hospitalidade comigo?


Nergal: Charles... você me lembrou de um velho amigo meu... que eu não vejo há muito tempo... O meu grande amigo... Erriol.


Aquele nome fez alguma coisa estranha comigo. Uma lembrança meio apagada surgiu em minha mente, mas eu não consegui destinguí-la bem... Sangue e uma carta...


Charles: Mas... o que aconteceu entre você e seu amigo?


Nergal: Um assassinato nos jardins da minha casa. Ele vivia lá secretamente. Depois disso, ele encontrou algo na cena do crime e saiu para investigar... Nunca mais o vi... Eu me lembro bem... Nos veríamos novamente no dia seguinte, na esquina da minha casa... mas ele não apareceu. Uma semana depois, recebi um convite para ir para a Ilha de Valor. Não tive mais chances de procurá-lo ou saber o que aconteceu com ele...


Caí no chão, sentindo uma forte dor de cabeça. Eu vi várias coisas dentro da minha mente. Uma carta no meio de uma poça de sangue; um homem encapuzado que me pegou e levou para longe de onde ele queria ir; um jovem de cabelos negros que ria comigo, feliz.


Nergal: Charles! O que está acontecendo?


Charles: Não sei!... É tudo muito estranho! Por favor, Nergal... É melhor voltarmos para casa!


Nergal: Tudo bem... Já resolvemos tudo por aqui... Segure-se em mim... Isso...


Tive que me apoiar em Nergal para voltar para a casa dele. Me sentia bem fraco, confuso e tonto. Não conseguia entender o que acontecia, mas tentei absorver o máximo de informações possíveis.


Charles: Tudo me parece importante... A carta... X... X... I... – Organização XXI!


Nergal: Organização XXI?


Charles: Sim. Tenho memórias estranhas... E tenho certeza de que eles estão envolvidos em tudo isso.


Nergal: Então as respostas podem estar lá. Em Valor.


Os dois terminaram o dia normalmente, Charles parecia ter melhorado. Mas ao deitar-se, ele se viu indagando, preocupado:


Charles: ”Nergal... quem é você?”





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