Prólogo - Alvo



E lá vou eu. Para fora dessa pequena vila, tentar resolver meu destino transtornado.


E tentar obter uma maior compreensão da magnitude dos meus poderes.


 


Eu estava indo embora. Minhas malas estavam prontas. Já colocara até mesmo água em meus cantis. Mas, claro, não podia sair sem me despedir de Alberto. Ele me acolheu, mesmo depois de tudo o que eu fiz... Depois da minha escapada de três semanas, quando me encontraram e me acordaram de um coma misterioso... Ele até mesmo entendia que eu precisava ir. Para lidar com minha paranóia...


Alberto: Charles, você está mesmo pronto para isso?


Charles: Sabe, acho que sim. Há muitas coisas que eu preciso resolver e perguntas que eu não conseguirei responder ao ficar aqui, parado.


Alberto: Tudo bem, Charles, eu acredito. Lembre-se, se precisar de mim, eu estarei aqui, esperando.


Charles: Ah, Alberto, você fez tanto por mim! Queria não ter que ir, mas tem muitas coisas que preciso descobrir. Sobre o meu passado... e o meu futuro... e a Organização XXI.


Alberto: A Organização XXI? Não se meta com eles, Charlie! É muito perigoso!


Charles: Sim, muito perigoso... para eles. Até algum dia, Alberto.


Lá ia eu. Andando pela floresta... Eu até mesmo carregava a minha mala no braço. Era uma cena realmente muito Chapeuzinho Vermelho. Exceto pelo fato de que, se um Lobo Mau tentasse me enganar com sua lábia, eu iria dar bengaladas nele até que ele se arrependesse de ter nascido. Ah, é, eu uso uma bengala, apesar de ser uma pessoa nova. Excêntrico, não?


Charles: Bem, já posso ver os portões. Hora de calçar os sapatos.


Era bem legal andar descalço, mas entrar na cidade daquele jeito só traria ainda mais pena por parte das pessoas. Tirei da minha mala um par de sapatos pretos, lustrados e os coloquei no chão. Usei a neve para limpar meus pés, bebi um gole de água e coloquei os sapatos. Eu pensei em recuar, mas resolvi continuar. Cara, se eu soubesse tudo o que essa simples escolha acarretaria... Continuei andando, até passar por alguns arbustos perto dos portões. Um cara apareceu na minha frente.


???: Muito bem, garoto! Passe a grana!


Charles: Isso é um assalto? Ora, que tolice.


???:Ande logo, moleque, eu não estou de brincadeira!


O homem tirou uma faca. Imediatamente, abri seus cantis, percebendo que uma batalha seria necessária.


???: Bem, não vai contribuir? Acho que vou ter que chamar meus comparsas, então!


Charles: O que, não acha que pode derrotar um simples “garoto” sozinho? Vai precisar dos capanguinhas, é?


???: Sabe, garoto? Eu o deixaria ir, mas não estou mais de bom humor. Vamos lá, pessoal, quem matar ele ganha um extra!


Olhei em volta e vi que de trás dos arbustos, saíam mais e mais homens como o primeiro. Logo, dez deles me cercavam. Nos segundos de tensão antes do embate inevitável, eu só me lembro de pensar:


“Charles: Hm... Talvez eu possa criar uma névoa e despistá-los... Mas isso tomaria muita energia... Não. Tenho que atacá-los um a um. As pedras virão a ser úteis agora.”


Primeiro um deles veio marchando como um touro em minha direção. Uma formação forte, mas bem falha, tenho de dizer. Joguei uma das pedras que carregava em minha mochila na testa dele. Ele ficou com mais raiva e chegou perto de mim o suficiente para me estrangular, mas ficou com apenas um pé no chão. Concentrei-me por um segundo e movi a neve, fazendo-o escorregar e sair deslizando pela neve, acertando o segundo cara que vinha na minha direção. Um segundo depois, nocauteei o terceiro ao enfiar minha bengala em... bem, é melhor que não saibam onde foi, exatamente. Um quarto veio e eu pensei:


“Charles: Um machado leve. Perfeito.”


O machado veio em minha direção. Eu chutei a mão dele, mas isso não fez nada. Eu então coloquei a ponta da minha bengala no nariz dele, o que o fez cair desmaiado no instante. Acho que... bem, o tal lugar do terceiro cara não cheirava bem... não há como eu saber, joguei aquela bengala fora naquele instante, mas nisso senti um soco no estômago e sangue subindo até a minha boca...


???: Bem, bem, bem... Parece que o garoto não sabe como lutar...


A faca desceu, mas ela foi impedida. Impedida por uma lâmina desconhecida. Abri os olhos e vi um homem de armadura branca, montado em um cavalo albino, cuja espada impedia a faca. Ele falou, e fiquei impressionado com a familiaridade de sua voz...


??????: Atacando viajantes de novo, Taj? Acho que fui bem claro em relação a isso. Vou ter que levá-los a justiça?


Taj: Vamos ter que matá-lo também! Garotos, ao ataque!


Não queria que aquele cavaleiro moresse por minha causa... Levantei, apesar de ainda estar meio fraco. Concentrei-me nas ondas sonoras e comecei a recitar:


Charles: O universo é grande. Grande mesmo. Tão infinitamente grande que qualquer outra coisa enormemente grande se torna ínfima em comparação a ele...


??????: Do que esse garoto está falando?


Eu percebi que dava certo. Os ladrões caíram no truque da minha manipulação de ondas sonoras. O cavaleiro aproveitou isso e os matou um a um.


Charles: ...tão infinitamente grande que a concepção de sua grandeza é inimaginável, o que faz com que coisas extraordinariamente grandes... Ugh...


Eu percebi que eles estavam mortos e deixei minha exaustão tomar conta de mim. Só depois pensei que não sabia nada sobre aquele homem de armadura alva. Fiquei extremamente tenso até que ele me dirigiu a palavra, o que demorou alguns instantes, que pareciam anos para mim...


??????:Quem... quem é você? E por que viaja sozinho em tempos perigosos como esses?





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