Daqui para frente




Capítulo 23 - Daqui para frente




Madame Pomfrey estava chegando ao fim de sua curta paciência:




- Pela última vez, Prof. Snape: quando eu tiver uma novidade, eu aviso!



- Mas... a fênix a curou! Eu não entendo!



Snape estava na porta da enfermaria, para onde Martha havia sido levada, sem recobrar a consciência. Ela estava há meia hora sendo examinada por Madame Pomfrey, que tinha pedido o auxílio do Prof. Dumbledore. Certamente havia acontecido alguma complicação, mas ninguém lhe dizia nada! Era de enfurecer!



Durante outra meia hora, ele ficou bufando na porta da enfermaria, andando de um lado para o outro. Seu mau humor era tamanho que espantou professores e alunos que queriam ver parentes e amigos. Finalmente, o Prof. Dumbledore saiu, e Severo logo o atacou:



- Como ela está?



- Tenha calma, meu rapaz - disse o velho diretor - Ela está se recuperando do choque. Mas seus temores não são infundados; ela teve uma complicação. Infelizmente, eu fui o culpado.



- Culpado, por quê?



- As lágrimas de Fawkes interferiram com a magia do corpo dela e ela entrou numa espécie de choque mágico. Mas agora ela já se recuperou.



- Mágico? Mas ela é trouxa! Do que você está falando?



- Estou falando da magia do bebê.



- Bebê?



Severo tinha deixado isso ficar na parte mais escondida de sua mente. Ele estava tão nervoso e angustiado com o estado de Martha, imaginando se Voldemort havia feito uma maldição permanente nela, que quase havia se esquecido da criança. Contudo, naquele momento, ele sentiu uma pletora de emoções o invadindo ao mesmo tempo. Ainda assim, as implicações do que Dumbledore dizia não lhe escaparam. Com dificuldade, ainda sob o impacto de suas emoções, ele quis confirmar:



- A criança... é mágica?



- Sim. Normalmente, nada disso seria problema, mas Martha é trouxa, e seu corpo não está acostumado a tantas doses de magia. Contudo, há uma complicação de outra natureza.



- Oh, Merlim, o que é?



- Você, Severo. Ela está devastada, pensando que você não quer o bebê.



- Mas...



- Ela me pediu para deixar que ela vivesse em Hogwarts mesmo que... vocês se separassem.



- O quê?!



Ele não ouviu mais uma palavra e invadiu a enfermaria, ignorando os protestos de Madame Pomfrey. Ao ver Martha deitada, o rosto vermelho e úmido de tanto chorar, seu coração se apertou como nunca - pois ele a tinha feito chorar. Ele se ajoelhou no chão, segurando suas mãos:



- Martha, querida!...



- Severo! - ela parecia assustada e triste - Eu não pensei que quisesse me ver.



- O Prof. Dumbledore me disse que você falou em... separação. Por que, meu amor, por quê?



- Você deixou bem claro e na frente de testemunhas que não quer nosso filho. Mas eu o quero, Severo, eu o amo.



- Oh, querida, é claro que eu também o quero. Eu só disse aquilo na frente de Voldemort para evitar que ele te machucasse. Mas eu não consegui esconder dele todo meu amor e carinho por vocês dois. Ele viu que eu a amava e que eu queria o bebê.



- Antes de ir para Voldemort, você disse que não queria filhos. Disse que eles só iriam nos atrapalhar, que dão muito trabalho...



- Querida, em primeiro lugar eu temia por Voldemort. Depois eu percebi o quanto eu estava errado. Quanto mais penso nas coisas que eu lhe disse, mais tenho vontade de me punir. No momento em que eu soube que você estava grávida, eu fiquei muito impactado. Eu sabia que um filho era exatamente o que eu queria para completar nosso amor.



- Então por que você disse aquilo?



- Desculpe, querida, desculpe. Eu... tenho um pouco de medo ante a idéia de ser pai, tenho que confessar. Eu não tenho jeito com crianças, e meus alunos me odeiam. Além disso, meu próprio pai não foi exatamente um exemplo de pai perfeito.



- Oh, Severo... Não existem pais perfeitos. Podemos apenas fazer o melhor que pudermos. Tenho certeza de que você vai ser um excelente pai. Mas você tem certeza de que quer isso mesmo? Não quero que se sinta obrigado a nada.



- Sim, meu amor, eu tenho certeza de que é isso que eu quero: cuidar de você e nosso filho. Mas eu tenho um pedido muito sério a fazer.



- Um pedido?



- Peço-lhe que nunca, nunca mais, enquanto eu viver, você fale em separação. Eu fiquei desesperado só de pensar nessa possibilidade. Viver sem você está fora de cogitação e agora também está fora de cogitação viver sem nosso filho.



- Oh, Severo... Eu jamais pensei que você fosse dizer isso.



- Esqueça-se das bobagens que eu disse antes. Eu amo você e agora você me deu mais uma pessoa para amar.



- Temos coisas práticas para pensar: roupinhas, mamadeiras, brinquedinhos, um quarto novo para o bebê...



- Um joguinho de poções para ele...



Martha se riu, depois suspirou:



- Vamos ser pais. Eu jamais tinha imaginado uma coisa assim antes.



- E há outra decisão que precisamos tomar: onde vamos morar. Acho que devemos pensar em nos fixar na Mansão Snape.



- Mas você vai continuar em Hogwarts?



- Posso pedir a Alvo que conecte a lareira dos meus aposentos à rede de flu, e aí teremos transporte instantâneo até a Mansão. Posso dar aulas de dia e voltar em casa a tempo do jantar.



- Oh. Eu também teria que me acostumar a viajar de pó de flu, então.



- Mas não tão cedo. Até você manejar o flu corretamente, vou preparar chaves de portal para quando a criança nascer. Bebês não foram feitos para andar por lareiras alheias.



- Meu amor, nosso filho é bruxo!



- Alvo me contou. E para interferir com a magia de Fawkes, não é um bruxo de pouco poder. Vai ser um feiticeiro poderoso.



- Ou uma bruxinha. Você tem preferência por menino ou menina?



- Não - disse ele, sentando-se na cama sem tirar suas mãos das dela - Seja lá o que for, espero que puxe a você - em beleza, em graça, em espirituosidade, em temperamento...



- E eu espero que essa criança tenha a sua coragem, a sua inteligência, sua perspicácia - ela se virou - Amor, é verdade o que o diretor me contou? Harry e você destruíram Voldemort?



- Sim, veja.



Ele ergueu a manga do braço onde Martha sabia que estava a Marca Negra. Contudo, a pele estava intacta e lisa. A marca tinha sumido.



- Oh, meu amor! - ela o abraçou - Ele se foi!



- Todo o mundo bruxo está em festa. As aulas foram suspensas e os alunos mandados para casa. A guerra foi evitada e o Senhor das Trevas nunca mais vai voltar.



- Não tem aulas?



- Não.



- Então o que você acha de fazermos uma viagem?



- Uma viagem?


- Eu estava pensando em irmos visitar os McTaggart. Agora que não há uma grande ameaça nos preocupando, eu gostaria de ver nossos amigos. Sinto saudades.



- Sim, é uma boa idéia. Vou gostar de revê-los. Podemos ir para Londres no Expresso de Hogwarts.



Uma voz atrás deles indagou:



- Vocês não acham melhor me consultarem primeiro?



Madame Pomfrey estava com as mãos na cintura e uma cara de muito, muito contrariada. Martha empalideceu:



- Não posso viajar?



- Talvez daqui a dois dias. Até lá, repouso. Você deve evitar sair de Hogwarts.



Severo quis saber:



- Madame Pomfrey, como está minha mulher?



- Que bom que perguntou. Ela ainda está enfraquecida e abalada com o que passou. Sei que não aparenta, mas ela ficou aterrorizada com tudo o que aconteceu.



- E nosso filho?



- O bebê também vai se beneficiar do repouso. Ele é um curandeiro inato, e sua mágica tentou curar sua própria mãe. Acho que estamos diante de um bruxinho ou bruxinha muito poderosa.



Severo disse:



- Mesmo que ele fosse um Aborto, eu não me importaria.



Martha ficou escandalizada:



- Um o quê*?!



- Calma, querida. Aborto é simplesmente alguém que nasceu de pais bruxos mas não tem poderes.



Aquilo não a acalmou:



- Mas que nome é esse?! Eu gostaria de saber quem escolhe esses nomes. Aborto é um insulto!



Madame Pomfrey avisou:



- Procure ter calma, Martha. Fortes emoções não vão fazer bem ao bebê. Mas depois de tudo que aconteceu, ficou claro que a criança tem um instinto de autopreservação bem aguçado. Sua gravidez deverá ser tranqüila - ela sorriu - Agora se me derem licença, eu tenho que cuidar de outros pacientes.



Severo e Martha mal notaram que ela tinha saído. Os dois sorriram um para o outro, mal cabendo em si de tanta felicidade.



Em breve, eles seriam uma família em breve, uma família de verdade, a ser formada numa terra agora livre de um mal terrível, e seu filho poderia crescer longe de ameaças. Tudo parecia ser digno de um final feliz.



Como eles mereciam.



*



- Sev, mano broda! Cuméquitutá, cara?



- Brian, eu uf! - Severo quase foi esmagado pelo abraço do imenso Brian McTaggart, mas logo se recuperou - Eu espero que nossas cartas tenham chegado.



- Chegaram, sim. Foi mó legal, nem precisou selo! - ele abriu a porta e deixou os dois entrarem, gritando - Edna! Sev e a patroinha dele chegaram! Oi, Martha. Tu tá bonita que tá danada!



Billy, o filho dos McTaggart, veio lá de dentro da casa:



- Tio Sevvy! Sevvy-wevvy! - E se grudou nas pernas de Severo.



- Como tem passado, Billy?



- Quer ver meus Action Men?



- Talvez mais tarde.



- Fiquei com saudade, tio Sev.



- Você tem cuidado bem da cegonha que eu te dei?



- Tenho, mas ela é meio triste, porque ela não tem nome. Eu não sei o nome dela.



- Quem sabe você coloca o nome de Eddie?



- Legal, tio Sev! - e voltou lá para dentro para brincar.



Edna chegou nesse momento:



- Sev, que meu coração vai estourar de alegria! Martha, quer se sentar? Vocês precisam me contar tudo que estão aprontando lá nas terras do norte!



Martha disse:



- Severo teve uma folga das aulas e viemos visitar. Estávamos com saudades.



- Pois fizeram muito bem. Estou preparando um cozido de entulho que é de revirar os olhos! Vocês vieram para jantar, não foi?



- Bem, nós...pensávamos em pegar o trem da noite...



- Nada disso! Vocês têm que dormir aqui e me contar as novidades!



Severo e Martha se entreolharam, sorrindo:



- Também foi por isso que viemos agora. Para contar as novidades. Daqui a pouco Martha não vai poder fazer a viagem de trem até aqui. É muito desgastante.



Brian quis saber:



- Está doente, Martha?



- Não, eu estou esperando um filho.



- Jura? Ah, Sev, que mó demais! Um Seviezinho!



Edna disse:



- Parabéns pros dois! Quando é que o bacuri vai chegar?



- Minha curan- quer dizer, obstreta falou que será na primavera.



Brian estava todo emocionado:



- Ah, isso é tão lindo, môzinho... Nosso Sevie vai ser papai! Merece uma comemoração! Vou abrir um vinho chique!



Ele se levantou e Edna indagou:


- Martha, você partiu preocupada se o povo do Sev ia gostar de você. Como é que foi esse tempo lá?



- Bom, eles estranharam um pouco minha presença porque eles não estão acostumados a estranhos. Mas acho que agora isso tudo ficou para trás. Especialmente depois do casamento.



- O quê? - ela ficou maravilhada - Vocês juntaram os trapinhos mesmo? Isso é bom demais da conta! Brian! Vem ouvir isso! O Sev e a Martha juntaram as escovas de dente!



Lá de dentro, o grandão gritou:



- Que vinho que nada! Vou abrir o champanhe do Ano Novo! Woo-hoo!



Edna pegou a mão de Martha, entusiasmada:



- Ah, eu sabia! Eu falei pro meu bruzundunguinho: "Môzinho, ou o Sev e a Martha vão se amarrar de vez ou não vão se agüentar nem uma semana!" Porque esse amor de vocês é daquele bateu, valeu, sacumé? Eu saquei isso no dia que eu te conheci, Martha.



- Pois é - ela sorriu - Eu nunca imaginei isso acontecendo comigo. Severo é tudo que eu sonhei.



Severo disse:



- Eu jamais sequer ousei sonhar com alguém como Martha. E agora ela me presenteia com mais alguém para eu amar, cuidar e proteger.



Edna se riu:



- Eu te disse que não tem nada como um bruzundungo só da gente! Você até parece mais bonita! Sev também está com outra cara.



Brian voltou, distribuindo taças e dizendo:



- Isso tem que ser comemorado! O herdeiro é muito importante! Cada um pega uma taça, gente!



Quando todos estavam de copo na mão, ele ergueu o seu e disse:



- A Sev e Martha! Que o bacurizinho tenha os miolos do pai e a boniteza da mãe!



- Aeeee!!



E eles comemoraram, e beberam e se alegraram por estar com amigos muito queridos e de quem só tinham boas recordações. Era esse tipo de alegria que eles finalmente tinham conquistado, e com isso iriam reconstruir suas vidas daqui para frente.



*




-... e foi assim que seu pai e o tio Harry derrotaram o terrível Senhor das Trevas, Lorde Voldemort - Harry Potter equilibrou no seu colo a pequena criaturinha que o olhava, hipnotizada pela narrativa - E isso conclui nossa história.



- Ah, tio Harry! - O rostinho era pura decepção - Conta mais.



- Você já viu a cara de sua mãe?Daqui a pouco ela coloca nós dois de castigo se você não for dormir.



- Mamãe, mamãe! Tio Harry pode dormir comigo?



Martha sorriu para seu menino de três anos e disse, com um tom suave:



- Claro que ele pode se quiser, meu amor. Mas acho que ele e tia Hermione precisam ir para casa. Eles vieram aqui e brincaram bastante. Eles também precisam ir dormir.



O garoto não escondeu sua decepção:



- Ah, mãe.



Harry se voltou para o pequeno fã:



- Ewan, você quer que eu volte amanhã e conte a história do vovô Alvo e do bruxo mau Grindewald?



- Oba! Eu quero! - Os olhinhos verdes brilharam, mas ele se virou - Pode, mamãe?



- Claro, meu bem - Martha sorriu e beijou seu filho - Agora dê boa noite a todos e vá para o seu quarto. Mamãe já vai botar você para dormir.



- Conta uma historinha?



- Está bem, mas não pode ser demorada.



- Boa noite, tio Harry. Boa noite, tia Hermione.



Ele pregou um beijo em cada um dos tios adotivos e os cabelinhos pretos e lisos foram voando enquanto ele subia correndo as escadas da Mansão Snape, indo para o quarto. Hermione sorriu:



- Ewan está tão esperto!



Martha disse:



- Sim, ele está mesmo. Obrigada por terem vindo. Hoje Hogwarts retorna às aulas e Severo vai passar a noite no castelo, por causa do banquete de boas-vindas. Ewan sente a falta do pai quando ele não dorme em casa.



- Ele adora Severo, dá para notar. É um garoto lindo que vocês têm.



- É mesmo - Harry sorriu - Se alguém me dissesse há cinco anos que eu estaria elogiando o filho do Snape, eu o chamaria de louco.



Martha indagou:



- E você, Hermione? Como tem se sentido ultimamente?



Ela colocou a mão na barriga e disse:



- As náuseas já passaram, e eu me sinto bem melhor. Mal posso esperar para ver nosso próprio filhinho correndo por aí.



- Ewan diz que quer brincar com o priminho. E quanto ao Profeta?



Harry respondeu:



- Conseguimos uma ordem judicial para pararem de nos importunar. Mas eles continuam insistindo. Como são persistentes!



- Ora, Harry, pense um pouco. Harry Potter, famoso auror, o rapaz que por duas vezes derrotou Voldemort, vai ter seu primeiro filho com ninguém menos do que Hermione Granger, a única aluna de Hogwarts que teve uma carreira escolar perfeita. Vocês são os queridinhos da mídia.



- Ah, eu posso passar perfeitamente bem sem isso.



Eles foram interrompidos por um barulho vindo da lareira. Severo Snape pisou no tapete retirando cinzas de suas vestes.



- Severo! - sorriu Martha - Pensei que você fosse ficar no castelo. Que surpresa agradável!



- Vejo que você tem visitas. Sr. e Sra. Potter.



- Viemos ver Ewan, professor.



- Sr. Potter, por favor. Faz anos que não sou mais seu professor. Pode me chamar de Severo.



- Só se me chamar de Harry.



- Está bem... Harry.



- De qualquer modo, Severo, estávamos de saída.



- Espero que não seja por minha causa.



Harry não pôde evitar um risinho:



- Foi-se o tempo, Severo. Tenha uma boa noite.



Os Potter se despediram e depois saíram, usando a lareira. Martha abraçou-se a Severo, contente:



- O que deu em você? Você geralmente fica o primeiro dia em Hogwarts.



- Fiquei com saudades de você e Ewan. Aquelas masmorras não são mais as mesmas se você não está lá.



- Venha, vamos subir. Ele vai ficar muito alegre em ver você.



Os dois subiram as escadas de mãos dadas e se dirigiram até o quarto do bebê, onde viram o pequeno Ewan adormecido em cima de sua cama, com um livro de histórias no colo. O coração de Martha se apertou e ela cochichou:



- Oh, Severo. Ele é a coisa mais linda que eu tenho. E você é a coisa mais preciosa que eu tenho.



Ele beijou a testa dela e Martha preparou seu filho para dormir. Severo pôs um feitiço para que fosse avisado se ele acordasse com pesadelos. Os dois saíram do quarto e Martha quis saber:



- Por que você colocou aquele feitiço?



- Porque Harry Potter certamente veio contar sobre batalhas entre Bem e Mal, e isso pode assustar o menino. Ele é muito pequeno.



- Ewan adora essas histórias. Ele admira você como um herói - Martha beijou-o - Você é nosso herói, Sev.



- Só o que me importa é vocês dois. Eu te amo, Martha.



- E eu te amo mais do que tudo, Sev.



Snape aproximou seus lábios de sua mulher e beijou-a ternamente, recebendo em resposta um beijo apaixonado e ardente. Num impulso, ele ergueu Martha nos seus braços e ela disse, rindo:



- E agora? O que vai fazer comigo?



- Vou fazer uma coisa que eu nunca me canso de fazer com você. Quero te amar até me esquecer que amanhã de manhã tenho que voltar para aqueles pestinhas em Hogwarts.



Ele andou com ela no colo até o quarto, e Martha disse:



- Severo, assim eu vou pensar que você quer dar um irmãozinho a Ewan.



- Hum, eu não tinha pensado nisso, mas talvez não seja uma má idéia. O menino sente falta de alguém com quem brincar.



- Está falando sério?



- Você não quer ter mais filhos?



- Não é isso, é só que eu não tinha pensado em ter agora.



- Tudo bem, eu preparo uma poção de fertilidade e você tem gêmeos.



- Severo!



- Serenus e Serena, se forem um casal.



- Você está brincando, não está?



Severo deu um meio risinho misterioso:



- Vamos ver se você descobre.



A porta do quarto se fechou em meio a risos abafados e o silêncio da Mansão Snape era quebrado apenas pelo estalido das tochas iluminando os corredores.



Em todos os seus séculos de existência, a casa jamais tinha visto tanto calor e amor, uma família que se amava e estava feliz. É claro que para isso eles tiveram que se livrar de praticamente todos os retratos dos antepassados de Severo, porque eles desprezavam a trouxa invasora. Antes que a vida deles se tornasse um inferno, eles decidiram dar adeus aos retratos. E construíram novos, e redecoraram alguns cômodos. Em nada aquela lembrava a casa da infeliz infância de Severo.



Seu legado seria algo que ele nunca sonhara em dar ao mundo: uma geração de Snape felizes, que amavam e eram amados.



Seus filhos com uma trouxa.





Fim


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