Reunião de professores



Capítulo 3 - Reunião de Professores

Viver com uma outra pessoa era uma experiência nova para Severo Snape, e ele descobriu isso logo na primeira manhã - com todos os prós e contras. Mulheres eram criaturas muito complexas, pensou, ao olhar a pia do banheiro atulhada de cosméticos. Será que elas realmente precisavam de tudo aquilo?



Martha chegou-se por trás dele no banheiro, abraçou-lhe a cintura e beijou-lhe a nuca.



- Bom-dia, querido.



- Bom-dia - ele respondeu, ausente - Já estou saindo.



- Não precisa sair por minha causa - ela disse, entrando no box - O aquecedor é a gás ou é elétrico?



Ele respondeu:



- Salamandras de fogo esquentam a água.



Martha pensou por alguns segundos e quis saber:



- Tem perigo de faltar água quente?



- Não.



- Então está ótimo! - e entrou no banho.



Severo terminou de pentear o cabelo, e decidiu não usar o óleo capilar. Tentaria deixar o cabelo mais natural e solto.



Ao voltar ao quarto, enquanto Martha tomava seu banho, viu Dobby parado, perto da lareira, e ele tinha um recado:



- Mestre Severo Snape, Dobby traz uma mensagem do Prof. Dumbledore. O Diretor de Hogwarts quer vê-lo na sala dos professores antes do café da manhã. Mestre Snape deve levar jovem mestra Martha Scott.



- Avise ao Prof. Dumbledore que iremos em seguida, Dobby.



Martha ficou nervosa com a notícia, mas procurou não demonstrar e apenas sorriu para Severo. Ele, por sua vez, fez a mesma coisa. Apenas um leve tremor em sua mão denunciava seu estado de nervos. Eles atravessaram os corredores juntos, as novas capas de Martha rodopiando pelas escadas. Severo a guiou até uma pesada porta de madeira, abriu-a e deixou Martha entrar primeiro.



Havia mais de 15 pessoas reunidas - algumas delas, pensou Martha, com uma aparência capaz de redefinir o conceito de estranho. Olhando bem, ela viu que um deles era um centauro! Eles conversavam animadamente, mas pararam quando Martha entrou. A sala tinha uma mesa comprida e várias estantes cheias de livros antigos e volumes pesados. Ela reconheceu o Prof. Dumbledore, que veio saudá-los.



- Severo, Martha, que bom que vieram logo. Resolvi convocar essa pequena reunião para que todos pudessem se conhecer. Martha, querida, esse é o corpo de professores de Hogwarts. Estamos com um professor a menos, mas ele deve aparecer no café. A Srta. Martha Scott é uma convidada do Prof. Snape e deverá ficar conosco por algum tempo.



Martha sorriu, cumprimentando o grupo com um aceno de cabeça. Dumbledore continuou, agora apresentando-os um a um:



- Essa é a Profª McGonagall, de Transfigurações. A Profª Sprout dá aulas de Herbologia; Madame Pince, nossa bibliotecária; Madame Pomfrey....



Entre os professores, havia mais do que uma ligeira curiosidade a respeito de Martha, descrita apenas como convidada de Snape. Todos podiam sentir o nervosismo palpável da moça, que por sua vez parecia ser doce e simpática - dificilmente as características de qualquer amigo de Snape.



Especulações mudas enchiam a sala dos professores, e Martha podia senti-las como se fossem sólidas, voando pelo ar. Mas o Prof. Dumbledore tratou de cortar as suposições pela raiz:



- Sei que é um tanto incomum para Hogwarts ter hóspedes por muito tempo, mas as circunstâncias da chegada da Srta. Scott são bastante especiais. Devemos todos agradecer a essa jovem adorável a volta do nosso mestre de Poções, pois foi a Srta. Scott quem o ajudou no recente período em que esteve em dificuldades no mundo trouxa.



Martha viu a mulher de cabelos curtos e arrepiados, com grandes olhos amarelos, Madame Hooch, indagar:



- A senhorita vive no mundo trouxa, Srta. Scott?



- Por favor, chame-me de Martha. Sim, eu costumava morar em Londres. Eu sou trouxa, e não sabia nada sobre bruxos até...



Ela não pôde concluir a frase. Várias exclamações abafadas cortaram o ar:



- Trouxa!...



- É mesmo?



- Não é um Aborto?



- Fantástico!



Severo se aproximou de Martha instintivamente para protegê-la, pois a moça obviamente se intimidara com aquelas reações, e estava um pouco encolhida. O Prof. Dumbledore logo tratou de acalmar os ânimos:



- Calma, senhores. Não há motivo para tanto alvoroço.



A mulher empertigada chamada McGonagall logo deu um passo à frente:



- Como não há motivo para alvoroço? Essa moça é uma trouxa, Alvo! E está em Hogwarts!... - Ela parecia escandalizada - Muito me admira que o Prof. Snape tenha tomado tal atitude, arriscando a exposição do nosso mundo dessa forma. Mas é ainda mais alarmante que você tenha concordado com isso, Alvo.



Vários pareceram concordar com ela. Martha sentiu a mão de Severo entre as suas, dando-lhe conforto e segurança. Calmamente, Dumbledore disse:



- A Srta. Scott concordou em manter segredo sobre o mundo bruxo. Ela também renunciou ao mundo trouxa para viver aqui.



- E por que ela faria uma coisa dessas, se aquele é o mundo dela? - quis saber McGonagall.



Severo resolveu deixar as coisas bem claras, e passou a mão na cintura de Martha:



- Porque não queríamos nos separar.



De repente o burburinho acabou e fez-se silêncio na sala. As implicações obviamente estavam claras para todos os presentes.



A Profª McGonagall cortou o silêncio - dessa vez, com um outro tom de voz, dirigindo-se diretamente a Martha:



- Por favor, não nos entenda mal, Srta. Scott... er, Martha. Tenho certeza de que é uma ótima pessoa, mas as implicações de sua presença aqui podem ser grandes demais e se estender além da escola.



Antes que Martha pudesse responder, o Prof. Binns, o fantasma que lecionava História da Magia, flutuou até ela, dizendo:



- Mas é fascinante. Eu não me lembro de ter conhecido uma autêntica trouxa, sem qualquer laço com magia, antes ou depois da minha morte.



Dumbledore disse:



- Muitos dos alunos também não. Claro que temos os que vieram de famílias não-mágicas, mas havia um antepassado ou dois na família. A presença da Srta. Scott poderia ser uma maravilhosa oportunidade de intercâmbio. Ela demonstrou interesse nesse sentido.



Uma mulher muito magra, enrolada num xale, chamada Trelawney, olhou Martha e disse, apenas, numa voz frágil e trêmula:



- Você terá muitas dificuldades, minha cara. Vejo tempos difíceis para você adiante.



Os demais professores pareciam achar que não era preciso ser professor de Adivinhações para prever isso.



Um bruxo magro de cabeços bem brancos chamado Hagglemore, disse:



- Prof. Dumbledore, talvez eu possa planejar algumas palestras da Srta. Scott para os últimos anos. Dependendo da reação deles, podemos estender para as demais classes.



- Excelente. Eu tenho certeza de que a Srta. Scott terá uma bela contribuição a dar a Hogwarts.



Sinistra, a professora de Astronomia, lembrou:



- Será que o Ministério da Magia terá a mesma opinião? Ou os governadores da escola? Ou os pais dos alunos?



- Lidaremos com isso a seu tempo. No momento, eu gostaria que todos dessem as boas-vindas à Srta. Scott e ajudassem a garantir que a estada dela em Hogwarts seja feliz e cheia de alegrias.





Hermione Granger foi a primeira a olhar para a mesa dos professores e notar:



- Onde estão os professores?



Rony Weasley brincou:



- Será que eles resolveram dormir até tarde? Podiam ter avisado para a gente dormir até tarde também!



- O Prof. Binns não dorme, Rony - lembrou Simas Finnigan - E vários outros também não.



- Então onde será que estão?



Nesse momento, da parte lateral, eles começaram a chegar e tomar seus lugares na mesa de honra. Com suas capas elegantes e chapéus pontudos, foram tomando seus assentos. Até que uma pessoa foi notada. Quem perguntou primeiro foi Harry Potter:



- Quem é aquela ao lado de Snape?



- Não sei - disse Lino Jordan - Nunca vi antes.



- Será uma nova professora?



- Ela pode ser filha de alguém.



- Do Snape?



- Ui! Imaginou Snape se procriando?



- Mas ela não tem cabelo ensebado!



Eles se riram, e olharam para trás, vendo que as demais casas também faziam especulações semelhantes sobre a desconhecida. Mas isso não durou muito tempo, porque o Prof. Dumbledore pediu silêncio antes de se erguer e dizer:



- Bom dia a todos - Ele esperou os últimos recalcitrantes se calarem e repetiu - Bom dia a todos. Vejo que alguns de vocês já notaram que temos uma visitante conosco. Quero convidá-los a dar as boas-vindas à Srta. Martha Scott. Após receber o Prof. Snape, ela gentilmente concordou em passar uma temporada em Hogwarts. Espero que todos a tratem com a cortesia que uma hóspede ilustre merece. Agora devo encerrar com essas breves palavras: borboleta! Pirulito! Golfinho! Bom apetite a todos!



A comida apareceu nos pratos mas na mesa grifinória, aparentemente todos estavam preocupados com a novidade da escola: a "hóspede ilustre".



- Ew! - fez Rony, com expressão de nojo. - A mulher é amiga do Snape!



- Boa coisa não deve ser.



Harry disse:



- Engraçado. Ela não parece ser sádica ou má.



- Harry, presta atenção. Se ela é amiga do Snape, não deve ser muito diferente dele.



- Rony, isso é injusto - disse Hermione - Você nem conhece a mulher!



Simas cochichou:



- O pessoal de Corvinal está dizendo por aí que ela é trouxa!



- O quê?!



- Não pode ser!



- Uma trouxa em Hogwarts!



- E o que ela estaria fazendo com Snape?



- Vai ver os dois são namorados - disse Lilá Brown.



Risos altos ecoaram pela mesa, e quando as últimas gargalhadas morreram, Harry comentou:



- Que pena! Ela tinha uma cara legal.



- Pode ser - disse Rony -, mas se ela está com o velho morcego, então provavelmente é igual a ele. Vamos, não vamos querer nos atrasar para a aula da McGonagall. Ela não parece ter gostado nada dessa novidade Martha Scott.



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.