Ataque à ancestral Mansão Snap




Capítulo 17 - Ataque à ancestral Mansão Snape



A noite avançava limpa e fresca quando o silêncio foi quebrado por uma série de estalidos ao redor da mansão ancestral. Dezenas de sombras se alinharam ao redor das proteções, atacando-as sem qualquer tipo de aviso ou sinal. Dentro da casa, os dois habitantes foram acordados de seu sono profundo.



Clarões de luz cortaram a noite, encantamentos de destruição foram pronunciados de todos os lados. Como se soubesse o que acontecia, o vento passou a soprar mais forte, dando silhuetas terríveis às sombras encapuzadas. As proteções mágicas não demorariam a ruir. A invasão era iminente.



Quando a primeira das proteções caiu, os invasores sentiram um novo ânimo, pois finalmente tinham a certeza de que era possível penetrar na mansão. Ainda assim, a casa resistiu bravamente. Mas os homens de capas pretas e máscaras brancas eram muitos e, estranhamente, não viram quaisquer linhas secundárias de defesa.



Os portões de ferro fundido com motivos de serpentes se abriram, empurrados que foram pelo poder das dezenas de invasores ali reunidos. Com o acesso à mansão assegurado, eles puseram abaixo a porta principal e entraram. Entraram por todos os cômodos, vasculhando, cheirando como cães à procura de suas presas. Gritaram uns com os outros para revistar tudo. Não comemoraram a conquista, pois a busca mal tinha começado.



Fizeram dois prisioneiros, mas não os que imaginavam. O diálogo passou a ser nervoso e menos confiante.



- Eles não estão aqui!



- Nosso informante estava errado. O Mestre não vai perdoar um segundo erro.



- Mas não é culpa nossa! Fizemos o que foi mandado!



- Idiota! Não está vendo que não cumprimos nossas ordens? Nós fracassamos!



- E quanto a eles?



- Ora, mate-os você. Eu estou ocupado tentando arrumar um jeito de salvar nossa pele!


- Espere! Talvez eles possam ajudar. Você, traga os dois!



Os prisioneiros aterrorizados foram brutalmente trazidos à presença de seus captores e jogados ao chão. O homem que parecia ser o chefe apontou para um deles:



- Fale, elfo! Onde está seu mestre?



O elfo doméstico se encolheu todo e disse, em lágrimas



- Mestre não está em casa! Mestre ainda não chegou!



Em retribuição recebeu um chute que o fez voar longe e a resposta foi entredentes:



- Estúpido inútil! Eu sei que ele não está aqui. Quero saber onde esse covarde está escondido!



- Snarky não sabe onde Mestre está! É verdade, senhor!



- Vai ter que fazer melhor do que isso! Crucio!



O elfo foi ao chão de novo, gritando e estremecendo de dores lancinantes. Os demais comensais olhavam a cena, divertidos.



- Sabemos que seu mestre saiu de Hogwarts para passar a lua-de-mel aqui. Só o que queremos é conhecer um pouco mais sua nova... esposa.



- Snarky não sabe, senhor!... Talvez Mestre esteja a caminho.



- Está bem, Snarky. Quem sabe você se torna mais cooperativo ao ver o que pode acontecer com sua amiguinha? Tragam-na para cá!



A elfa foi trazida e Snarky chorava copiosamente:



- Não, senhor, por favor, senhor! Snarky disse tudo que sabe! Snarky não sabe de mais nada! Por favor, senhor não faça isso!



- Elfa, quais as suas ordens?



O ser trêmulo gaguejou, tremendo dos pés à cabeça:



- M-mestre mandou coruja e pediu que deixássemos tudo pronto para ele e esposa!... M-mestre não costuma vir à mansão! Ele deveria ter chegado...!



Os comensais pareceram ficar em dúvida e pararam com as perguntas. Os elfos não pararam de tremer.



- Já sei o que vamos fazer. Vamos esperá-lo chegar para sua lua-de-mel. Ele vai ter uma recepção que jamais vai esquecer. E reze para ele aparecer, elfo, senão é a sua cabeça que vai rolar.





- Mas por que isso?



- Confie em mim. Eu conheço o Senhor das Trevas. Isso é exatamente o tipo de coisa que ele faria.



- Mas na sua lua-de-mel?



- Não se esqueça de que ele ainda não deu seu presente de casamento.



- Nossa, Severo, você faz parecer tudo tão sinistro.



Martha se enroscou em Severo, pousando sua cabeça no peito nu dele, apreensiva. A noite ainda era alta, mas os dois já haviam chegado ao lugar onde iam passar a lua-de-mel. Arrebatados pela paixão, eles mal trocaram duas palavras e se entregaram aos desejos de maneira louca e frenética, como se estivessem fazendo amor pela primeira vez. Agora, num momento de quietude, Martha tinha perguntado o motivo da mudança de planos.



Severo beijou suavemente o topo da cabeça dela.



- Desculpe. Eu não queria assustar você.



- Eu estava ansiosa por conhecer sua casa. Sabe, ver seu antigo quarto, fotos suas... essas coisas. Você tem algumas dessas coisas lá?



- É claro que sim. Eu também queria que você conhecesse os retratos de mamãe e papai.



- É mesmo uma pena não podermos visitar a Mansão Snape. Eu gostei de passear de testrálio. Não foi nenhuma carruagem de Cinderela, mas foi um passeio emocionante.



- Mesmo que você tenha essencialmente voltado para o mesmo lugar?



- Não voltamos para o mesmo lugar.



- Como não? Estamos em Hogwarts.



- É, mas não nas masmorras. Estamos nesse aposento especialmente criado pelo Prof. Dumbledore no topo de uma das torres mais altas do castelo. Estou adorando a vista. Dá para ver até a linha de trem de Hogsmeade!



Snape puxou-a para si, e deixou-a no topo de seu corpo:



- Pensei que estivesse interessada em outra vista...



Ela sorriu para ele, encostando seu nariz no dele:



- Essa é uma vista que jamais vai me cansar, querido. Eu amo você.



- E eu amo você mais ainda.



Severo capturou os lábios de Martha e invadiu a boca dela com paixão, sentindo um arrepio percorrer todo o seu corpo. Com o corpo igualmente eletrizado, Martha entregou-se ao beijo e uma onda de desejo arrebatou-os novamente. Dessa vez eles se amaram lentamente, desfrutando um do outro como um dom precioso oferecido pelos deuses, um momento de união divina que para Martha poderia ter o nome de magia.



Severo abriu um olho e observou o sol inundando a cama onde ele estava abraçado a sua esposa. Martha dormia, tranqüila, de bruços, os lençóis afastados expondo parte de sua pele lisa e macia, fazendo dela uma pintura emoldurada pela luz do sol. Ele sorriu diante da visão, e pensou novamente no que aquilo implicava.



Ele tinha uma esposa. Es-po-sa. A palavra ainda rolava por sua mente, e lhe parecia estranha. Era uma palavra nova, intrigante, excitante e cheia de promessas. Severo jamais havia imaginado que um dia isso poderia acontecer com ele.



O que mais o intrigava era que de repente ele se via fazendo oposição franca a seu Mestre, e arriscando muito de sua integridade física para proteger Martha. Ela provavelmente não sabia o quanto ele sofria cada vez que era cobrado a trazer Martha junto ao Lorde das Trevas. Mas o amor que ele sentia lhe dava forças para suportar as torturas e castigos diante dos demais Comensais. Bastava ele se lembrar dos braços amorosos e sempre abertos de Martha para se sentir confortado e forte o bastante para agüentar qualquer coisa que Aquele-que-não-deve-ser-nomeado preparasse para ele.



Contudo, Severo sabia muito bem que toda sua estrutura emocional seria inútil na hora em que o Mestre das Trevas se cansasse dos joguinhos e exigisse a presença de Martha diante de si. Ele se perguntava se teria sangue-frio para tentar preservar sua posição de espião, na hora em que a lealdade de Martha fosse testada. Caso contrário, seria declarado traidor e caçado por qualquer Comensal da Morte. As perspectivas não eram nada agradáveis.



Seus pensamentos foram interrompidos por um ruído suave na janela. Havia uma coruja do lado de fora, as penas se arrepiando no vento. Com cuidado para não acordar Martha, ele se levantou e foi até a janela, vestindo uma camisa. Retirou a mensagem da perna da coruja, que logo levantou vôo novamente. Severo olhou para a paisagem à sua frente e viu que Martha tinha razão. A vista era espetacular, ainda mais para quem estava há 15 anos praticamente enfurnado nas masmorras. Ele fechou a janela devido ao vento e voltou sua atenção para o bilhete no exato momento em que uma nuvem solitária ofuscava o sol.



Caro Severo,

Recebemos confirmação agora há pouco. Houve um ataque à Mansão Snape. Um elfo está morto. Lamento, mas seus instintos estavam corretos. É melhor não deixar o aposento. Dobby vai atendê-los.

Estamos a postos.

Alvo Dumbledore



Severo fechou os olhos e amassou o pergaminho, seu coração apreensivo em tumulto. Lamentou a perda de seu elfo, e sabia que ele provavelmente teria tentado defender a mansão. Mas ele não se preocuparia com aquilo no momento.



- Sev?



Martha tinha levantado a cabeça, e parecia ainda meio adormecida, os olhos mal abrindo, olhando em volta. Ela tinha os cabelos despenteados e parecia mais adorável do que nunca, pensou Severo.



Ele jogou o bilhete no chão e correu de volta para cama. Martha imediatamente se agarrou a ele, beijando-o profundamente:



- Bom dia.



- Tecnicamente, parece ser boa tarde. Você dormiu bem, ao que parece.



Ela se espreguiçou nos braços dele, sorrindo:



- Hum, maravilhosamente bem.



- Para quem mudou tanto, você parece ter agüentado a transição bem.



- Transição?



- Ora, ontem você acordou como Srta. Scott e foi dormir como Madame Snape.



O sorriso de Martha aumentou:



- Madame Snape - eu não sei como vou me acostumar a isso.



- Você tem certeza de que não preferiria ter conservado seu sobrenome? Sabe, Martha Scott-Snape é um nome bem eloqüente.



- Prefiro Martha Snape. O nome Scott pertence a uma Martha que deixou de existir. Aqui eu sou completamente sua, então é justo eu usar seu nome. Só espero ser digna dele.



Severo olhou fundo nos olhos dela e disse:



- Nunca deixem que lhe digam o contrário. Você é mais do que digna do nome Snape, e eu tenho orgulho que você tenha optado por usá-lo.



- Oh, Sev - ela suspirou - Eu te amo tanto...



- E eu te amo, Madame Snape.



Eles se beijaram apaixonadamente, perdendo-se no beijo, mas antes que a coisa esquentasse demais, Severo interrompeu, dizendo:



- Hum, espere, acho bom comermos alguma coisa.



- Agora? - Martha deu um sorriso malicioso - Meu apetite é por outra coisa...



- Oh! - Severo deu um pulo quando as mãos dela serpentearam por baixo do lençol e alcançaram uma parte bem íntima e alerta de sua anatomia, fazendo-o estremecer - Oh, então... Ah... Eu nem estou com tanta fome...



E os dois se atracaram novamente, famintos um pelo outro.





A tensão era grande. Um grupo grande havia sido escalado para a missão, e agora eles estavam de volta. Só o que eles tinham a reportar era a morte de um elfo doméstico. Foi com os nervos à flor da pele que o comandante da missão se apresentou ao seu Mestre, ajoelhando-se e beijando sua capa:



- Meu senhor.



A voz era fria e destituída de misericórdia:



- Você falhou.



- Os dados da inteligência não estavam corretos.



Voldemort sibilou:



- Não tente colocar a culpa do seu fracasso nos outros. Você *falhou*.



- Mas meu senhor, eles simplesmente não apareceram na Mansão - a voz do Comensal começou a ficar trêmula - Nós revistamos tudo!



- E achou que isso seria o suficiente?



- Não, não, claro que não! Assim que vimos a falha da inteligência, tentamos conseguir mais informações. Conseguimos confirmar que o casal deixou Hogwarts à noite, depois das festividades de casamento. Os elfos os esperavam, e esperamos com eles.



- Tolos! Vocês se deixaram ser enganados. E achavam que iriam conseguir alguma coisa de elfos? O que fizeram?



- Matamos um dos elfos e deixamos o outro vivo para que ele pudesse relatar o que aconteceu.



- E o que isso adiantou?



A pergunta perturbou o Comensal.



- Ora, nós o matamos. Ele não estava ajudando. Sua morte poderia intimidar Snape a nos dar o que queremos.



- Seria mais razoável pensar que ele conseguiu enganar vocês e agora está desfrutando de sua esposinha trouxa num lugar seguro, divertindo-se às suas custas.



O comensal ficou boquiaberto:



- Meu senhor, sabe onde ele está?



- É claro que sei, seu idiota! Mas quero saber de você. Onde você acha que ele está?



- Mas meu senhor, nós procuramos -



- Ele está em Hogwarts, é claro, seu estúpido incompetente!



- Hogwarts?! - ele negaceou - Não pode ser! Temos testemunhas de que eles deixaram Hogwarts depois do casamento! Várias testemunhas afirmaram o mesmo! Eles voaram de testrálio, e a trouxa parecia apavorada!



- Sim, mas vocês têm testemunhas de onde esse testrálio pousou? Fazem alguma idéia do porquê eles nunca chegaram à mansão?



O Comensal arriscou:



- Eles sabiam do nosso plano? Nossa! Temos um traidor, meu amo!



Voldemort jogou uma maldição Cruciatus no imbecil por pura raiva:



- Não, sua anta! Eles nunca chegaram à mansão porque o plano deles nunca foi chegar à mansão. Hogwarts é o local mais seguro para a trouxa e ele ainda não está disposto a me entregar sua querida esposinha. Não havia motivo para se arriscar a deixar a segurança de Hogwarts. Eles anunciaram o plano de ir até a mansão para desviar a atenção de vocês. E como uns patos, vocês caíram direitinho!



O Comensal torturado não estava em condição de ouvir a explicação de seu amo, gemendo e contorcendo-se de dor no chão. Peter Pettigrew, em mais uma demonstração de subserviência, ergueu a sua única mão boa e disse:



- Brilhante dedução, meu senhor!



Voldemort voltou a se sentar, pensativo, o círculo de Comensais se fechando em torno do infeliz que estrebuchava no chão.



- Severo é um excelente espião, mas essa sua teimosia ainda vai me fazer perder a paciência com ele... - ele se virou e pediu - Rabicho, meu servo, dê mais uma lição nesse incompetente, sim?



- Algum pedido especial, milorde?



Ele fez um gesto com a mão:



- Não, só faça doer. Muito.



- Crucio!



Ao contrário da primeira vez, o Comensal gritou quando a maldição atingiu-o em cheio. E continuou gritando, fazendo os companheiros se deliciarem com a tortura. Voldemort se irritou e virou-se para Pettigrew:



- Agora você vai ter que matá-lo. Não estou conseguindo pensar com essa berraria!



Os demais Comensais evitaram se manifestar abertamente, mas todos pareciam excitados como um cardume de tubarões diante da perspectiva de carne fresca. Pettigrew lançou a maldição mortal e os Comensais soltaram gritinhos de contentamento. Voldemort suspirou, satisfeito:



- Ah, agora sim. Nada como um pouco de paz para saber o que fazer. Hum... Sinto até que uma dose de paciência pode ser tudo o que precisamos nesse caso.



Peter Pettigrew pareceu frustrado:



- Milorde?



- Sim, paciência pode ser a arma com a qual atingiremos Severo - os olhos vermelhos brilhavam, como se saboreassem a vitória antecipadamente - Está decidido. Quero todos os ataques contra a trouxa suspensos a partir de agora.



Houve uma frustração coletiva tão palpável que os "ohs" de desapontamento podiam ser ouvidos mentalmente. O Senhor das Trevas ignorou-os e continuou:



- Severo não atendeu a meus apelos e resistiu a minhas investidas, mas ele diz que vai entregar a trouxa quando a hora for apropriada. Pois bem: vamos jogar com a paciência dele. Ele voltará a nosso círculo e será recebido apenas com uma leve punição. Deixem que por agora ele desfrute de sua esposinha trouxa. Deixem os dois pensarem que estão seguros. Em breve, ele vai baixar a guarda, e então poderemos atacar quando menos esperarem. Na minha própria hora, nos meus termos, os dois estarão sob meu comando - ele se virou para os Comensais, sibilando as sílabas vagarosamente - Ou morrerão lenta e dolorosamente.





Severo e Martha praticamente não saíram da cama durante todo o fim de semana de sua lua-de-mel. Até mesmo as refeições eles faziam na cama, um dando de comer ao outro, isso quando não usavam o próprio corpo como prato. As únicas exceções foram os dois banhos de banheira, com muita espuma e velas, longos e divertidos como nunca foram.



Jamais Martha se sentira tão feliz, satisfeita e confiante. Todos os momentos a dois foram devidamente celebrados, e foi difícil deixar aquele casulo de amor e felicidade para voltar a Hogwarts. Especialmente quando um recado para se apresentarem ao diretor os recebeu assim que chegaram.



- Meus jovens! - exclamou Dumbledore - Que alegria em revê-los. As acomodações foram de seu agrado? Tiveram algum problema?



Martha disse:



- Nenhum problema, professor, e os aposentos estavam perfeitos. Queria agradecer muito pela maravilhosa lua-de-mel.



- Lamento não ter podido oferecer mais a um casal em núpcias, mas espero que entenda as circunstâncias. Ainda mais depois do que aconteceu.



- O que aconteceu?



Dumbledore olhou interrogativamente para Severo, que pigarreou e disse:



- Eu achei melhor não dizer nada a Martha, Alvo.



- Dizer o quê? - ela começava a ficar alarmada - Severo, o que está acontecendo?



- Fique calma, querida. O diretor me mandou um recado dizendo que a mansão foi atacada horas depois de nosso casamento.



- A mansão? Quer dizer a Mansão Snape? Mas nós íamos passar a lua-de-mel lá! - então ela se deu conta - Oh, meu Deus! Você disse logo depois do casamento? Quer dizer que nós estaríamos lá...! Oh, não! Nós estaríamos lá!



- Calma, Martha.



Mas ela não se acalmou. Na verdade, ela se deu conta de outra coisa:



- Oh, Severo!... Mas espere: você sabia? E não me disse nada?



- Eu queria evitar que você se assustasse.



- Mas Severo, nós nos casamos há dois dias e fizemos votos de compartilhar tudo: as horas boas e as horas más. Não faz sentido me esconder uma coisa dessas.



- Desculpe, querida - ele a abraçou - Eu também fiquei assustado.



- Eu entendo. E diga, alguém se feriu?



Ele assentiu, pesadamente:



- Um elfo doméstico foi morto.



- Oh! - Martha horrorizou-se ao pensar que uma criaturinha adorável e indefesa como um elfo pudesse ter sido morta - Que horror!



Dumbledore disse:



- Isso deve reassegurar a vocês até onde Voldemort está disposto a ir para conseguir pôr as mãos em você, Martha. Todo cuidado é pouco. Eu aconselharia aos dois a evitarem deixar Hogwarts no futuro.



- Tem razão, Prof. Dumbledore.



O velho professor ergueu-se de sua cadeira e disse:



- Normalmente, eu estaria aqui falando apenas com Severo, Martha, mas como você lembrou apropriadamente, vocês dois têm um compromisso de compartilhar horas boas e horas ruins. Por isso, faço questão de que você esteja presente agora, quando devo dizer a Severo que ele tem minha permissão para quebrar seu trabalho disfarçado.



Severo indagou:



- Diretor?



Dumbledore continuou:



- Quando você me procurou e se ofereceu para ser um espião, Severo, você era solteiro e sem compromisso. Isso agora mudou. Martha faz parte de sua vida e você sabe tão bem quanto eu que ela pode ser pega no fogo cruzado da batalha. Ou pior: ela pode ser usada para chegar até você e é mais do que natural que você não queira arriscar sua esposa. Por isso, eu quero deixar bem claro que se você resolver que sua vida não tem mais lugar para esse tipo de atividade de inteligência, você pode deixar de fazer isso sem qualquer demérito. A Ordem reconhece a importância de suas atividades e sabe que seus talentos nos ajudaram muito na guerra contra as trevas, mas se você achar por bem a prioridade da segurança de seus entes queridos, ninguém irá censurá-lo por isso.



Martha não seria sincera se dissesse que as palavras do Prof. Dumbledore não a animaram. Ver Severo livre daquelas provações terríveis a deixaria muito mais tranqüila. Mas ela sabia que Severo não aceitaria a proposta de Dumbledore. Pior do que isso: ainda que ele aceitasse, eles não se veriam livres de Voldemort.



Seu marido a encarou e ela fez o mesmo, com um sorriso que tentava transparecer tranqüilidade. Ele sabia que ele a consultava com o olhar, e ela pegou nas mãos dele, dizendo, com sinceridade no coração e confiança nos olhos:



- Eu jamais interferiria numa decisão que só cabe a Severo. Ele sabe que, seja qual for a decisão que ele tomar, eu o apoiarei totalmente.



O olhar que ela recebeu de seu marido a encheu de orgulho e amor. Ela sentiu que aquilo era exatamente o que ele esperava que ela dissesse.



Severo puxou Martha para junto de si, olhou para Dumbledore e disse solenemente:



- Agradeço a oferta, diretor, mas Martha sabe que eu jamais deixarei que nada aconteça com ela.



- Tão corajoso, Severo - sorriu Dumbledore - Ouso instigá-lo dizendo que é um gesto muito grifinório de sua parte.



O mestre de Poções mostrou seu lado mais azedo ao dizer, com uma carranca:



- Não há motivo para insultos.



Severo fechou a cara, mas Martha e Dumbledore acharam tudo muito divertido - com discrição, claro.



Para uma situação tão arriscada e perigosa, eles aparentavam estar de ótimo humor. Martha só torcia para que ela conseguisse manter esse estado de espírito quando a hora da verdade chegasse.




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