O inesperado a caminho




Capítulo 19 - O inesperado a caminho



Por menos que Martha gostasse de admitir, o incidente na Floresta Proibida a abalara intensamente. Ela estava mais nervosa e deprimida. Às vezes, sentia até náuseas.



Não era para menos: Emília Bulstrode tinha sido levada para casa escoltada por dois aurores. O incidente iria pesar no seu processo, que também poderia definir seu futuro em Hogwarts. Martha não sabia direito como essas coisas eram conduzidas no mundo mágico, mas ela achava que a jovem tinha poucas chances de evitar sua expulsão da escola.



O que estava deixando Martha doente era que a moça poderia ser presa pelo que fizera. Cadeia para alguém tão jovem era uma coisa que a deixava muito desconfortável. Era uma vida arruinada por pura arrogância e crueldade de uma criança mimada. Ela se sentia culpada por aquilo. Não que tivesse culpa, mas sentia-se assim.



Severo logo percebeu a preocupação de Martha com o destino de sua aluna, e procurou ser bastante compreensivo. Ele tentava ver o quadro mais amplo da situação: uma punição rigorosa para Emília Bulstrode poderia colocar um freio definitivo em qualquer um que achasse divertido fazer troça da "trouxa do Snape". Embora a situação estivesse afetando Martha, em última instância ela poderia dar um pouco mais de paz aos dois.



A convocação do Ministério da Magia para que Martha depusesse no processo veio no dia seguinte ao incidente na Floresta. Ela viu a grande coruja oficial se aproximando no café da manhã e teve um instinto do que ela trazia. Ao menos, pensou ela, após ler a convocação, tudo vai terminar dentro de 10 dias. Longos 10 dias...



Até lá ela poderia se ocupar preparando as próximas palestras. O problema era que seus nervos a estavam deixando em tal estado que até ela mesma sabia não ser normal. Estava afetando seu apetite e também seu sono. Severo brincou com ela chamando-a de "dorminhoca" porque todo dia de manhã era um custo para que ela se levantasse. Era nessa hora que as náuseas ficavam piores. Então ela ainda estava de estômago meio revirado quando ia para o café e terminava comendo pouco. Como resultado, na hora do almoço ela estava faminta, e passava o resto do dia comendo. Nem os bolos de Hagrid ela conseguia recusar.



E a coisa pareceu ficar pior à medida que a data da maldita audiência se aproximava. Nada, porém, se comparou ao desastre acontecido bem na véspera.



Naquela tarde de sol, porém, Martha tinha acabado de tomar o chá da tarde na sala da Profª McGonagall, na Torre Grifinória. Ao voltar para as masmorras, ela se deteve por um minuto, observando o fraco sol de inverno se pôr entre as árvores, enquanto o ar frio dava um tom púrpura ao céu. Era uma visão magnífica, e ela se sentiu emocionada diante do espetáculo da natureza. De algum modo, ela tentava se relaxar, mas a perspectiva do dia seguinte lhe dava a sensação de ter uma pedra na barriga. Ela achava que começava a ficar sem ar.



Foi quando ela ouviu seu nome ser chamado:



- Olá, Sra. Martha.



Ela se virou para ver Harry e Hermione no corredor. Havia outros alunos vindo naquela direção. Tentando ignorar o mal-estar, ela disse:



- Oh, olá, Harry. Hermione. Terminaram as aulas por hoje?



- Sim - disse a jovem - Estávamos indo para o salão comunal. Que mal pergunte, o que está fazendo por aqui?



- Vim fazer uma visitinha à Profª McGonagall, quando vi o sol se pôr - ela suspirou - Não é simplesmente magnífico?



Os dois olharam para fora e Harry disse:



- É lindo.



Martha começou a sentir algo além da falta de ar. A visão parecia se embaralhar e as pernas estavam tão pesadas... Ela não ouviu a própria voz quando soltou um:



- Oh...



As vozes pareciam distantes em seus ouvidos, e quando ela se curvou sobre o estômago, sentindo a cabeça pesar, ela ouviu a voz de Harry bem longe:



- Está passando mal?



Ela tentou responder, mas só o que conseguiu dizer foi:


- Vai passar logo...



Hermione gritou:



- Martha!...



Deve ter sido a última coisa que ela ouviu. Mas seus olhos ainda captaram a visão embaçada de Harry jogando os livros de lado e se precipitando a segurá-la antes que ela fosse ao chão, completamente sem sentidos.





Vozes distantes e embaralhadas começaram a ficar mais nítidas à medida que Martha sentia a consciência emergindo do sono profundo.



- ... então ela não caiu?



- ... segurei a tempo.



- Não bateu com a cabeça?



- Não.



- Sabe se ela comeu alguma coisa durante o dia? - era a voz de Madame Pomfrey.



- Bom, ela estava no Salão Principal no almoço e no jantar - a voz era de Hermione - Então deve ter comido alguma coisa.



- Além disso - de novo Harry -, ela tinha ido visitar a Profª McGonagall. Ela sempre oferece chá com biscoitinhos.



- Talvez o Prof. Snape possa nos esclarecer sobre isso - disse Madame Pomfrey - Quem foi buscá-lo?



- Rony Weasley. Eles estarão de volta a qualquer minuto.



Martha abriu um olho, a náusea ainda forte, agora acompanhada de suor frio. Ela mexeu a cabeça, olhou em volta e viu um lugar que já conhecia: a enfermaria.



- Então nos encontramos de novo, Sra. Snape.



Ela abriu os dois olhos e viu que Madame Pomfrey estava a seu lado, bem como Harry e Hermione, com expressões assustadas nos rostos adolescentes.



- Madame Pomfrey? O que aconteceu?



- A senhora desmaiou e foi trazida para cá. Faz alguma idéia do porquê isso teria acontecido?



Ela pensou e disse:



- Eu ando um pouco nervosa por esses dias. Pode ser isso?



- Hum, é possível. E agora, como se sente?



- Um pouco nauseada, só isso. Mas o que eu tenho?



- É o que vamos verificar. Agora acho bom fazer um exame completo em você - Ela se virou para o lado - Sr. Potter, Srta. Granger, poderiam esperar lá fora, por obséquio?



Harry disse:



- Não podemos ficar?



Madame Pomfrey foi apontando o caminho da porta e levando-os:



- Se quiserem, podem esperar lá fora. A Sra. Snape precisa de privacidade.



Foi quando a porta se abriu em par e um vozeirão encheu a enfermaria vazia:



- Onde ela está?



Martha reconheceu a voz que amava imediatamente:



- Severo!



Severo Snape sequer tomou conhecimento dos protestos de Madame Pomfrey e avançou decididamente pela enfermaria adentro, suas capas esvoaçando e os olhos fixos na figura deitada adiante. Em menos de cinco passos, ele estava ao lado de Martha, segurando suas mãos:



- Você está bem? O que houve?



Ela sorriu para ele:



- Eu estou bem. Foi só um mal-estar, mas já passou.



- O Sr.Weasley disse que você desmaiou! Não foi um feitiço, ou eu teria sabido.



- Severo, foi só um mal-estar.



- É o estômago de novo? Será que foi alguma coisa que você comeu?



Atrás dele, Madame Pomfrey respondeu, com uma carranca e as mãos na cintura:



- Isso é o que eu vou determinar depois dos exames apropriados. Agora se nos der licença, Prof. Snape.



Martha pôde sentir a fúria crescendo em Severo quando ele fechou as mãos e se virou para Pomfrey, perguntando com os dentes cerrados:



- Está me dizendo que eu não posso ficar ao lado da minha esposa?



- Estou dizendo que preciso de privacidade para examinar sua esposa! Agora, professor, vai querer que eu cuide de sua mulher ou não?



Quando Severo inspirou profundamente, Martha sabia que ele estava a ponto de soltar as maiores vituperações e insultos para a enfermeira, então, rapidamente disse:



- Severo, por favor...



Ele se deteve diante do pedido da esposa, e olhou para Martha, sem poder esconder o resquício de nervosismo que ainda estava em seu corpo. Ele ajeitou as capas e assentiu:



- Muito bem. A pedido de minha esposa, eu vou embora. Mas estarei esperando sua resposta.



Madame Pomfrey assegurou:



- Assim que soubermos, o senhor será o primeiro a saber. Agora, com sua licença.



Severo beijou a mão de Martha e saiu, não sem antes dar um de seus olhares patenteados para a enfermeira. Assim que ele saiu, Madame Pomfrey balançou a cabeça:



- Disseram que ele tinha mudado e eu não acreditei. Mas ele mudou mesmo, é verdade.



Martha estava um tanto embaraçada:



- Eu peço desculpas por Severo. Acho que ele ficou nervoso, mas é que eu estou assim há dias e -



- Querida, eu quis dizer que o velho Severo teria me jogado uma azaração e tanto! - Madame Pomfrey sorriu - Ele só está preocupado com você.



- É, eu acho que sim. Têm sido dias difíceis.



- E por que não veio me ver antes?



- Ora, eu só estou um pouco nervosa. E tudo deve se acalmar depois de amanhã, quando o Ministério realiza a audiência preliminar sobre Emília Bulstrode.



- Entendo. Então é isso que a tem deixado nervosa?



- Entre outras coisas. Sabe, meu casamento ainda pode demorar a ser absorvido por certos círculos. Não quero nem usar a palavra aceitação, só tolerância.



- Sente saudades de casa? Ou melhor, do seu mundo?



- Não, nenhuma. Quando eu larguei tudo para vir com Severo, deixei toda a minha vida para trás sem a menor intenção de voltar. Além do mais, não há ninguém lá me esperando. Não tenho família.



Madame Pomfrey assentiu, suspirando:



- Então está muito bem. Vou pegar minha varinha de diagnósticos e logo saberemos o que há de errado com você. Enquanto isso, eu vou estar conversando e fazendo perguntas, tudo bem?



- Está bem. Vou precisar me despir?



- Por que precisaria, por Merlin?



- Para o exame. Médicos em geral precisam que o paciente tire a roupa para poder fazer um exame profundo.



A enfermeira se sentia indignada:



- Jamais ouvi falar em maior tolice em toda a minha vida! E eu não sou médica, querida, sou uma curandeira! Eu curo pessoas. Você sabia que essa palavra, médico, vem do latim medicu, que significa medo? - Martha fez que não com a cabeça, intimidada - Por aí você tem idéia do conceito que eu tenho dos médicos trouxas!



- Desculpe - disse Martha, numa voz baixinha - Eu não sabia.



- Ora, não precisa se assustar. Eu posso ser veemente, mas jamais machucaria meus pacientes.



- Não, claro que não. Como eu disse, eu tenho andado muito nervosa nesses dias.



- Então vamos deixar você mais tranqüila sobre sua saúde - Madame Pomfrey sorriu e ergueu a mão - Accio!



A varinha voou pelo ar até chegar à mão dela, que disse:



- Ah, agora sim - ela pôs-se a passar a varinha no corpo de Martha, e a ponta do objeto estava acesa - Agora me diga, Martha - posso chamá-la assim?



- É claro.



- Vou lhe fazer algumas perguntas bastante íntimas e quero que saiba que tudo estará em termos de estrita confiança. Por isso nem mesmo seu marido está presente.



- Entendo.



- Então me fale mais sobre essas náuseas. Está sentindo agora?



- Sim, mas elas vêm e vão. Geralmente são piores no café da manhã.



- E você fica sem comer?



- Isso. Mas depois eu fico faminta e como demais.



- Vômitos?



- Poucas vezes. Mas já aconteceu. E é engraçado, porque eu dificilmente boto as coisas para fora.



- Entendo. E você nota se algo que come lhe dá esse mal-estar? Algum alimento em particular?



- Não que eu tenha reparado.



- Já tinha desmaiado antes?



- Não, mas tinha chegado bem perto disso. Geralmente passa rápido.



- Você costuma ter cólicas menstruais?



- Sim, e bem fortes. Mas eu não estou no meu período no momento.



- E quanto à sua vida sexual?



Martha ficou vermelha, mas respondeu:



- Nenhuma reclamação.



- O que você diria da freqüência de relações?



- Mais de quatro vezes por semana.



- Algum método anticoncepcional?



- Severo faz uma poção para mim. Lembro-me de que não nos lembramos de levá-la para a lua-de-mel.



Madame Pomfrey assentiu, e continuava passando a varinha, dessa vez na cabeça de Martha:



- Seu sono foi afetado?



- Eu ando dormindo mais, mas é que eu ando me sentindo muito cansada. Estranho, porque eu tenho atividades leves.



- E esse sono é restaurador?



- Na verdade, se eu pudesse eu dormiria mais.



- Hum - fez a enfermeira - Sono é fundamental para a saúde, bem como a alimentação. Fale-me mais sobre seu apetite.



- Como eu disse, isso depende muito das náuseas. Quando eu não estou me sentindo mal, eu como bem. Mas muita coisa me deixa enjoada.



Madame Pomfrey levou a varinha a circular a barriga de Martha e a ponta mudou de cor, fazendo-a assentir:



- Ah. Como eu imaginava. Mas deixe-me fazer uma última pergunta, Martha: quanto tempo faz desde seu último período?



Ela pareceu intrigada:



- Ora, eu diria... hum... não, foi antes do casamento... - de repente uma idéia maluca lhe passou na cabeça - Não pode ser!... Pode?



Madame Pomfrey sorriu e assentiu:



- Não só pode como é verdade. Parabéns - a senhora está grávida.



A palavra que antes era uma mera especulação fez tudo parecer real para Martha. E era realmente inesperado: ela sequer tinha imaginado essa hipótese para seu mal-estar. Na verdade, Martha não tinha imaginado ser mãe um dia, muito menos carregar um filho de Severo. Os dois sequer tinham conversado sobre isso.



Mas só porque o inesperado estava a caminho, não queria dizer que ele não era bem-vindo. Martha sentiu lágrimas escorrendo por suas faces e instintivamente colocou a mão no seu ventre, murmurando:



- Grávida... de um bebê...



- Sua gravidez não tem mais do que três semanas, e tudo indica que o bebê vai nascer na primavera. Você e a criança estão em excelente estado de saúde.



- Oh, meu Deus... - Martha sorria e chorava ao mesmo tempo - Um bebê...



Madame Pomfrey explicou:



- Você está tendo todos esses sintomas clássicos de gravidez. Mudança de humor, enjôos matinais, cansaço, apetite - isso é comum no primeiro trimestre.



- Três meses? Vou me sentir assim por três meses?



- Depende do seu corpo. Ele está se adaptando à chegada do bebê e se preparando para as outras transformações. E agora uma coisa me ocorreu: há grande chance de seu bebê ser mágico. Vou pedir a Severo que prepare uma série de poções especiais para você.



- Poções? Mas disse que eu estava bem.



- Sim, mas precisa se fortalecer. São poções vitamínicas. Isso me faz lembrar uma coisa: preciso mandar uma coruja para St. Mungus e pedir orientações detalhadas. Sabe, gravidez não é uma condição comum entre os alunos de Hogwarts, ainda mais de uma trouxa. Mas não se preocupe - ela sorriu e deu um tapinha na mão de Martha - Vamos fazer de tudo para que tudo corra bem para você e seu bebê. E agora, vamos dar a notícia para o pai orgulhoso?



Num impulso mais forte do que poderia controlar, ela disse:



- Não! - Ao ver a reação espantada de Madame Pomfrey, ela se emendou - Quero dizer... eu gostaria de contar eu mesma, mais tarde.



A enfermeira da escola olhou para ela cuidadosamente e disse:



- Sra. Snape... Martha. Eu já disse que tudo que falarmos aqui fica entre nós. Então me diga: há algum motivo pelo qual não queira dar essa notícia a seu marido?



- Eu... - Martha hesitou - Eu estou um pouco nervosa.



- Da reação dele? - Martha assentiu - Ele expressou alguma preferência por filhos anteriormente? Disse se queria tê-los?



- Não. Bom, pra dizer a verdade, nós nem conversamos sobre isso. Eu nem sei qual seria a reação dele.



- Então qual seria o problema?



- Eu... Eu não sou bruxa, mas tenho um instinto muito forte, Madame Pomfrey. E ele me diz que é melhor não dizer isso a Severo, pelo menos agora.



- Esse seu instinto costuma acertar?



- Quase sempre.



- Está bem, eu vou respeitar o seu desejo. Vou dizer apenas que você está com o estômago irritado devido ao seu estado de nervos.



- Obrigada.



- Como sua curandeira, você precisa confiar em mim, Martha. Mas saiba que tensão entre você e seu marido não vai ajudar nem você nem seu bebê.



- Vou me lembrar disso.



- Qualquer coisa que sentir, especialmente dor abdominal, venha imediatamente até a mim, dia ou noite, entendeu?



- Sim, eu entendi. Muito obrigada, Madame Pomfrey.



A enfermeira abriu a porta da enfermaria e ficou espantada ao ver não apenas Snape, mas também Harry, Hermione, Rony, Neville, Justino, Alicia Spinnet, Kátia Bell, Draco Malfoy com Crabbe e Goyle, Blaise Zabini, os irmãos Creevey e uma boa dúzia de estudantes no corredor.



- Estão todos doentes? Deve ser uma epidemia!



- Tem notícias da Sra. Snape? - perguntou o mais novo dos irmãos Creevey, Dennis.



- Sim, Sr. Creevey, eu tenho - disse ela severamente - Mas acho que o marido dela merece a consideração de recebê-las primeiro.



Aquilo fez os alunos se sentirem constrangidos, mas ela logo acrescentou:



- No entanto, posso adiantar tanto ao Prof. Snape quanto a vocês que a Sra. Snape teve apenas uma ligeira indisposição e está muito bem de saúde - alguns alunos sorriram, e até Snape pareceu ficar com uma postura menos rígida - Agora vocês podem voltar para suas casas, enquanto eu deixo o Prof. Snape ver sua esposa.



Os dois entraram enquanto os estudantes se dispersavam, e Madame Pomfrey garantiu:



- Ela está com o estômago irritado, devido ao estado de nervos.



Severo pegou a mão de Martha e disse:



- Como se sente?



- Estou bem. Agora estou melhor.



- Vou fazer uma poção calmante para você assim que voltarmos à masmorra.



Madame Pomfrey disse:



- Mas quem falou alguma coisa sobre voltar à masmorra? Além do mais, ela não pode tomar losna, portanto esqueça a Poção do Morto-Vivo por um bom tempo.



Martha se espantou:



- Mas você disse que eu estava bem.



Possesso, Snape disse:



- Fiquei com a mesma impressão, querida.



- Mantenho o que disse, mas ela precisa passar essa noite na enfermaria. Quero verificar a evolução de alguns índices. Enquanto isso, Severo - ela conjurou pergaminho e uma pena -, torne-se útil fazendo as seguintes poções para ela - a pena pôs-se a escrever sozinha - Dosagem e horários estão indicados.



O Mestre de Poções olhou a receita e disse:



- São todas vitaminas. Martha está fraca?



- Bom, professor, ela desmaiou hoje, e isso não é uma coisa que devamos nos descuidar. Pretendo acompanhar de perto a saúde de sua esposa, se o senhor permitir.



- Está bem - ele pegou o papel e virou-se para Martha - Você se sente melhor mesmo?



- Muito, querido.



- Fico feliz.



Madame Pomfrey disse, saindo:



- Se me derem licença, tenho outros afazeres.



Severo esperou que ela se fosse e pegou a mão de Martha com carinho:



- Sabe, havia mais de 20 alunos no corredor querendo saber de você.



- É mesmo? Que gentileza!



- Isso me deu oportunidade de saber como alguns dos boatos aparecem nessa escola. Um dos garotos disse que Hagrid tinha se enganado na receita e lhe oferecera um chá mortal para trouxas. Uma menina grifinória jurava que tinha sido uma maldição, mas a amiga dela disse que você estava grávida - Martha empalideceu - Já viu quanta imaginação? Se eles usassem todo esse potencial prestando atenção nas aulas, com certeza suas notas melhorariam.



Martha tentou manter a voz firme ao dizer:



- Eles são pouco mais do que crianças, Severo.



- É, mas sabem inventar histórias, não sabem? Imagine - uma gravidez.



- E o que tem de estranho nisso? Não quer ter filhos?



- Nunca pensei muito nisso, mas creio que isso seria muito inconveniente. Além do mais, isso nos daria uma nova vulnerabilidade a ser explorada por Você-Sabe-Quem. Ele só está esperando uma oportunidade para atacar, e um bebê seria uma chance de ouro para ele.



- Mas quando Voldemort for derrotado... podemos pensar nisso?



Ele sorriu:



- Está bem. Mas enquanto isso - ele a abraçou ternamente - espero ter bastante tempo para nós dois, sem ter qualquer pestinha para estragar os nossos momentos a dois com choros, trocas de fraldas, noites mal-dormidas e fluidos corporais de cheiro desagradável.



Com o coração esmagado, Martha segurou o soluço ao afundar o rosto no peito de seu marido e achou difícil respirar.



Por aquilo ela não tinha esperado.



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.