CAPÍTULO XIII



HARRY ACORDOU ao som do badalar do sino e do cumprimento gentilmente sussurrado para um transeunte. Um sorriso brotou em seus lábios, antes que o arrependimento tomasse conta dele.

Ele se espreguiçou ao se levantar e esfregou a mão sobre o centro do peito. A região ainda estava dolorida. O forte arranhão feito pela estaca da coluna da cama já havia há muito desaparecido.

Vampiros saravam bem rápido, quando saudáveis e bem alimentados. Ele certamente podia ser incluído no segundo grupo, pensou, olhando para a coluna da cama que ela havia partido durante a sua fuga.

Dobby já havia dado início aos reparos. O topo da coluna estava no seu devido lugar, e uma borda mais clara de tinta identificava onde o guardião havia usado algum tipo de enxerto de madeira para ocultar o estrago.

Uma batida veio da porta, e, obedecendo ao comando de Harry, Dobby entrou, empurrando o carrinho de comida.

Harry sentou-se na beirada da cama, e apontou para a madeira remendada.

— Começou a consertar a coluna da cama. Está ficando ótimo!

Dobby assentiu, mas o sorriso que deu foi recheado de tristeza.

— Algumas coisas são mais fáceis de consertar do que outras.

Harry levantou-se e caminhou até o carrinho, pegando um cálice de ouro. Bebeu um gole do sangue aquecido à perfeição e caminhou na direção da janela. Afastando a cortina, olhou para baixo.

Annah estava lá, balançando o sino. Solicitando doações daqueles que passavam.

Ela ergueu os olhos para a janela.

Será que havia pressentido a sua presença?

Ele moveu-se para o lado, incapaz de encará-la, mas lidar com o olhar condenatório de Dobby não era nada mais fácil.

Empertigando os ombros, colocou uma das mãos no quadril e disse:

— E o que quer que eu faça? Corra atrás dela quando existem centenas de refeições grátis espalhadas pelas ruas desta cidade, à minha espera?

Dobby agarrou a barra de empurrar do carrinho e apertou as mãos ao redor dela.

— Isso é tudo que ela foi, patrão? Um lanche para viagem?

Quando o guardião o disse com tanto desdém, Harry sentiu-se tomado de fúria, mas não dirigida a Dobby.

— Saia, agora.

Harry já estava caminhando de volta para a janela quando escutou a porta bater ruidosamente atrás de si.

Seu guardião estava aborrecido com ele, o que era direito dele.

Ele próprio estava zangado consigo mesmo por muitas razões, e a maioria delas tinha a ver com o Papai Noel balançando o sino lá embaixo.

Quando chegou à janela, espiou lá para baixo mais uma vez, lembrando-se que, assim que a temporada de Natal houvesse passado, Annah também teria ido embora.

Melhor assim.

O destino mais uma vez lhe trouxera outra temporada natalina cheia de dor, só que, desta vez, a dor havia sido causada por ele mesmo.

Quem podia saber que quebrar uma promessa poderia trazer tanta infelicidade?







DE MALETA na mão, o homem passou por ela, mas, em seguida deu meia-volta e retornou. Ele a olhou confuso, como se não soubesse direito por que estava ali e o que estava fazendo, mas, depois, abaixou a maleta, enfiou a mão no bolso do paletó e sacou da carteira.

Ele folheou rapidamente as notas, antes de retirar todas da carteira e as jogar dentro do pote de contribuições.

Perplexa, Annah disse:

— Obrigada, eu suponho.

Com uma expressão similarmente perplexa, ele devolveu a carteira ao bolso do paletó, pegou a maleta, e foi embora.

Pensativa, ela olhou para cima, observando a janela. Depois, começou a balançar o sino de novo, a princípio, lentamente, depois, com maior fervor. Querendo irritá-lo. Querendo lembrar-lhe de que ela estava...

O quê?Ainda ali?Ainda dentro do raio de ação do poder dele, caso Harry quisesse usar seu poder?

Uma jovem gótica aproximou-se, vestida de preto dos pés à cabeça. As correntes de metal dependuradas de seu jeans pareciam pequenos sinos tocando na noite ao se balançarem. O ritmo de seus passos era acelerado e decidido quando ela se aproximou, claramente a caminho de algo importante.

Contudo, à medida que ia se aproximando, o ritmo de suas passadas foi desacelerando, até que a jovem gótica se deteve diante do pote, enfiou a mão no bolso do casaco e tirou de lá de dentro um punhado de trocados. Ela jogou tudo dentro do pote, as moedas alegremente ecoando de encontro à borda antes de se assentarem sobre as notas do executivo.

Depois, a gótica foi embora, suas passadas tão determinadas quanto antes de chegar a Annah.

Harry estava por detrás disso.

Ela atravessou apressadamente a rua, mas deteve-se diante dos degraus que levavam à casa de tijolos. Inspirando profundamente, reuniu suas forças, subiu a escadaria e bateu com força à porta.

Dobby atendeu, no rosto enrugado uma expressão de surpresa.

— Diga-lhe para parar. Encher o pote de contribuições não vai me fazer ir embora.

Um sorriso triste apareceu no rosto do guardião.

E o que a faz pensar que ele quer que vá embora?

Ela ergueu a cabeça, olhando para o último andar. Viu a cortina se mover. Pensou em todos os Natais infelizes pelos quais ele havia passado. No vazio de sua vida, e, possivelmente, na vida de Annah.

Harry havia sentido uma conexão com ela, e Annah com ele, só que...

— Ele quebrou uma promessa que me fez, Dobby.

O guardião balançou a cabeça.

— Ele sabe disso, senhorita.

Ela considerou a afirmativa de Dobby e as ações de Harry. A promessa de que jamais a deixaria em paz e, no entanto...

— Não vou trabalhar como Papai Noel amanhã. Gostaria de lhe pedir um favor.

Desta vez, o balançar da cabeça de Dobby veio acompanhado de um sorriso.

— Às ordens, senhorita.







ANNAH MEXEU uma última vez nos talheres, antes de sentar-se para aguardar o crepúsculo e o despertar de Harry.

Ela pedira a Dobby para preparar a refeição favorita de Harry, e vestira uma de suas roupas especiais para as festas, um vestido de veludo cor de vinho. Já haviam lhe dito que a cor combinava bem com o seu tom de pele morena e o seu cabelo escuro. Além do mais, o decote lhe realçava os melhores atributos, enquanto lhe afinava os quadris amplos.

Queria agradá-lo, embora houvesse passado o dia todo considerando suas razões para isso. Toda e qualquer lógica lhe dizia que deveria odiá-lo. Ele a havia feito prisioneira. Violara-lhe o corpo ao se alimentar dela. Destroçara-lhe a confiança ao quebrar a promessa que havia feito.

No entanto, ela ainda estava ali, ansiosamente aguardando que ele despertasse. Possivelmente, em mais de uma maneira.

Estava certa de que muitos diriam que era síndrome de Estocolmo, e que ela havia desenvolvido algum vínculo doentio com o seu carcereiro. Ela havia, sem dúvida nenhuma, considerado um bocado tal possibilidade ao longo da última noite e do último dia.

Mas, a verdade era que tinha um bom coração e este bom coração havia visto tristeza no dele. Ela havia percebido que existiam amor e compaixão sufocados pelas perdas que Harry havia sofrido durante a vida.

O barulho das cobertas desviou sua atenção de suas considerações, e a fixou em Harry, que estava se espreguiçando e se sentando na cama, o cabelo em pé devido ao fato de ter dormido. Seu corpo era tão magnífico quanto ela se lembrava, sem sequer algum vestígio de qualquer marca da estaca que ela encostara no seu peito dois dias antes.

Ele ficou imóvel ao vê-la sentada ali, depois, passou a mão trêmula pelos cabelos desgrenhados.

— Não estava esperando o seu retorno.

— Eu também não.

— Neste caso, por que está aqui?

Ele estendeu a mão na direção de algo no pé da cama, um robe azul-marinho que rapidamente vestiu, escondendo o corpo dos olhos dela. Harry levantou-se e caminhou na direção dela, amarrando com força o robe ao fazê-lo.

Ela ficou de pé e apontou para a refeição.

— Amanhã é meu último dia como Papai Noel. Depois disso, vou embora, e pensei...

O que ela havia pensado? Annah se perguntou. Mesmo agora, ainda estava em conflito no tocante a seus motivos para estar ali. Incapaz de completar a frase, apontou constrangida para o pequeno presente sobre o prato de jantar de Harry.

— Queria apenas lhe trazer algo. Para tornar o Natal menos...

— Lesivo?

Ele arqueou a sobrancelha e pegou a pequena e alegre caixa de cima do prato.

— O destino nos uniu por um motivo, Harry.

Ele riu, asperamente, e brincou com a fita que envolvia o presente.

— O destino já encontrou muito prazer em destruir mais de um final de ano para mim, sendo assim, o que será que vai me trazer este ano?

— Esperança — ela disse, enfim se dando conta do motivo pelo qual voltara. — Esperança de que este Natal e o próximo trarão algo diferente.

Ele riu novamente, mas havia um tom peculiar nesta risada. Algo mais leve, como se, de fato, estivesse pondo fé em suas palavras.

— É uma mulher interessante, Annah.

Ela apontou para o presente nas mãos dele.

— Abra.

Ele, mais uma vez, o jogou de uma mão para a outra, antes de rapidamente rasgar a fita e o papel. Hesitou antes de abrir a tampa da caixa, olhando interrogativamente para Annah, antes de finalmente a retirar.

Um sorriso sincero apareceu no seu rosto. Harry sacudiu a cabeça, riu com um pouco mais de força e alegria ao retirar de dentro da caixa a enorme bola de cristal cheia de água com o enorme Papai Noel no centro da cena natalina.

— Ela toca “Noite Feliz” — ela avisou, ao estender a mão na direção da bola de cristal, pegando-a para dar corda.

A música preencheu o ar, pequenos sininhos tocando a melodia.
— Obrigado. Vai sempre me lembrar de você.

Annah sabia que a intenção das palavras dele era libertá-la de sua ameaça anterior de que jamais a deixaria em paz. Precisava oferecer algo em troca. Entrelaçando os dedos com os dele, disse:

—Ainda não começamos a comemorar a Noite Feliz.

Harry pensou em suas palavras e no presente. Sem querer presumir que podiam significar mais do que davam a entender, ele disse:

— Advogados são sempre tão teimosos?

— Somos treinados para isso.

— Suponho que isso queira dizer que voltarei a vê-la.

Ela sorriu e balançou alegremente as duas mãos dadas.

— Ainda tem mais um dia para fazer uma doação. Com a mão livre, ele puxou uma cadeira para ela se sentar à mesa.

— Não conta o fato de eu ter convencido todas aquelas pessoas ontem...

— Definitivamente não. Na verdade, chego a me sentir culpada por ter aceitado o dinheiro deles — ela disse, ao se sentar e soltar a mão da dele, para que pudesse servi-lo das travessas sobre a mesa.

— Cara mia, não pode ser honesta a este ponto. Afinal de contas, é advogada.

Ela riu, e usou a concha para servir um pouco de sopa no prato dele.

— A segunda regra vai ser “chega de piadas de advogado”.

Depois de se servir de um pouco de sopa, ele a fitou nos olhos e perguntou:

— E qual é a primeira regra?

— Nada de morder... a não ser que eu peça, é claro.

— Presumo que as mesmas regras se apliquem a mim?

Ele ergueu a sobrancelha, quando ela o fitou com toda a intensidade de seu olhar, o desejo aceso.

— Quer que eu o morda?

O tremor na voz dela e em suas mãos ao abaixar a colher até o prato dizia a Harry que a possibilidade não deixava de afetá-la.

Determinado a descobrir se isso era bom ou ruim, ele disse:

— Quer me morder agora?

A mão segurando a colher chacoalhou na borda do prato, mas, logo em seguida, um sorriso malicioso apareceu nos lábios dela.

— Não prefere guardar a sobremesa para depois? Sua ereção criou vida, quando Harry imaginou-se sendo a sobremesa para variar.

— Uma maravilhosa sugestão, cara mia. Ele não saberia dizer se foi a pressa para chegar aos doces, ou a refeição e a companhia absolutamente maravilhosas que fizeram a noite passar voando. O jantar havia sido composto de muitos de seus pratos favoritos, desde a sopa até a vitela ao molho de vinho com nhoque em molho cremoso de champignon. Haviam compartilhado a refeição como dois amantes, sentados lado a lado, ocasionalmente um dando comida na boca do outro. Inclinando-se um para perto do outro, de modo que as pernas, ou um braço roçasse no outro quando se mexiam.

Agora, estava na hora do doce, e Dobby havia optado pela simplicidade. Suculentos morangos inteiros repousavam em um prato, ao lado de uma vasilha pequena contendo uma mistura com azeite balsâmico.

Annah olhou um pouco receosa a sobremesa, mas Harry pegou uma fruta, a banhou na mistura e a levou aos lábios da mulher. Ela a aceitou, e, depois, arregalando os olhos, cobriu a boca com a mão e disse:

— Bom Deus, mas isso é maravilhoso.

Ele mergulhou outra fruta e a deixou cair na própria boca. Os sabores explodiam nela. Os morangos eram doces, enquanto a mistura balsâmica era amarga e ligeiramente picante. Harry fez menção de pegar outra fruta, quando ela lhe segurou a mão e pegou um morango. Annah o mergulhou na mistura e se aproximou dele, posicionando uma das pernas entre as coxas dele e a outra do lado de fora.

Ela mordeu a fruta, e o suco desta lhe manchou os lábios. Estava se preparando para lambê-los, quando ele disse:

—Não.

Com o olhar fixo na boca de Annah, Harry aproximou-se, cruzando os últimos centímetros que os separavam. Segurando-lhe a nuca, ele lentamente lhe lambeu o suco da boca e, depois, mergulhou a língua lá dentro.

As frutas podiam ter sido doces, mas a boca de Annah era ainda mais saborosa, e a carícia de sua língua contra a dele, gentil e curiosa, o excitava como nada mais era capaz de fazer. Ele respondeu à carícia aprofundando o beijo, os lábios de Harry saboreando cada contorno de sua boca, e aceitando as arremetidas da língua dela.

Quando, enfim se separaram, ambos estavam trêmulos e ofegantes.

Ao olhar para ele, Annah se deu conta de que ainda estava segurando o morango. O suco da fruta e da mistura balsâmica havia deixado uma mancha marrom-avermelhada no meio do peito dele.

— Acho que precisamos dar um jeito nisso — ela disse, jogando o morango no prato e pegando um guardanapo.

Ele lhe segurou a mão quando ela já estava quase chegando no peito dele. Annah olhou rapidamente para ele e notou o brilho nos olhos verdes.

— Quem sabe uma lambida antes de morder?

Um arrepio de desejo percorreu todas as terminações nervosas dela, mas, em seguida, ela inclinou-se para frente e abriu um pouco mais as bordas do robe, expondo um pouco mais do peito dele.

Sua pele tinha um tom acinzentado, mas com uma palidez que ela supunha ser característica de sua condição de vampiro. A cor mais escura de sua pele combinava com a cor de seus mamilos.

Hesitantemente, ela correu as costas da mão pelos pêlos de seu peito, antes de seguir com ela para um dos mamilos, onde a passou de um lado para o outro, em um movimento lento, ao se inclinar para lambê-lo. Com algumas passadas lentas da língua, ela retirou o suco da pele macia e fria, mas não se deteve ali.

Movendo a cabeça, ela cobriu com a boca a ponta intumescida do mamilo. Beijou o botãozinho rijo, antes de passar a língua ao redor dele.

Quando se recostou, viu que o corpo dele estava tenso, sua ereção dura como pedra e arremetendo para cima por sob o tecido do robe de veludo.

Ela estendeu a mão e a fechou ao redor da ereção, acariciando-a através do veludo macio. Ao fazê-lo, olhou para cima e observou as emoções que brincavam no rosto do homem.

O desejo era bem óbvio, mas, por trás dele, escondiam-se outras emoções. Gratidão. Felicidade. Talvez até admiração.

Ela se perguntou sobre a última emoção, até ele dizer:

— Você é mais forte do que muitos vampiros que conheço.

Annah sorriu, depois, soltou uma risadinha.

— Sou brasileira. Podemos ser teimosos.

Ela o estava acariciando e o corpo dele se sobressaltou um pouco, quando ela o apertou com mais força.

— Cara mia, assim vai me machucar.
Uma estranha escolha de palavras no caso dele, quando ela se recordou de como a paixão havia trazido à tona o demônio que ansiava por sangue, e não amor.

— Quero que o homem fique comigo, Harry. Quero compartilhar meu corpo com o homem.

Harry lembrou-se da paixão de duas noites atrás, dada de espontânea vontade e sem restrições. Ele quase chegou ao clímax só de se lembrar dela desejosa e ansiosa sob o corpo dele, mas, inspirou profundamente para conter o desejo. Quando chegasse ao clímax, queria que fosse enterrado fundo nela, compartilhando a paixão mutua.

— Quero ser um homem para você, cara mia. — Ele ergueu a mão e a pousou na fenda exposta pelo decote de seu vestido. A cor de vinho escuro fazia a pele de Annah brilhar com vida. Ele acariciou as bordas da fenda com o dedo, e ela disse:

— Quero que me toque.

Ele não o fez, mantendo as mãos longes de onde ela mais as queria.

— Com uma condição.

— Uma? — ela sussurrou, e roçou os lábios de encontro ao dele com um suspiro ofegante.

— Conte-me um pouco sobre você.

Annah riu de encontro aos lábios dele.

— Você é determinado, não é?

Harry sorriu, e lentamente desceu a mão sob o tecido do vestido, até lhe espalmar o seio. O desejo explodiu no corpo dela, e com um gemido baixinho, ela disse:

— Tudo bem, você venceu. Sou filha única.

— Isso explica muita coisa — ele disse, beijando-a, enquanto acariciava-lhe o mamilo rijo com o polegar.

— Minha mãe acha que sou decidida e até mesmo teimosa — Annah conseguiu dizer, de algum modo, quando o toque de Harry lhe arrancou outro gemido dos lábios.

Ela olhou para baixo, observando o movimento da mão dele sob o veludo. Em seguida, ela mexeu a própria mão sobre o tecido que lhe cobria a ereção, arrancando um gemido dele.

— Você é tão quente — ele disse, ao libertar o seio do vestido, sem jamais parar de tocá-la.

Ela fez o mesmo, expondo-o. Com a mão acariciando a extensão rígida dele, para cima e para baixo.

— Conte-me mais — ele disse, e inclinou a cabeça, lambendo a ponta do seio.

Ela lhe segurou a cabeça de encontro ao corpo.

— Eu trabalho demais.

— Por quê? — perguntou Harry, antes de sugar o mamilo rijo.

— Porque, antes de conhecê-lo, não havia nada de interessante na minha vida.

Ele ergueu bruscamente a cabeça e levou a mão gentilmente à face dela.

— Cara mia, seu fascínio é...

— Inapropriado? Porque eu estou...

— Viva, e tudo que tenho a oferecer é a morte — ele disse, com tristeza, afastando-se dela.

— Sabe que não é verdade. Você me ofereceu paixão...

— Truques de vampiro, amore. Nada mais. Ele estava mentindo. O que haviam compartilhado na outra noite e agora havia sido real. Não o produto de um feitiço vampiro, mas Annah podia entender porque ele estava querendo afastá-la, ainda estava tão incerto quanto ela a respeito da atração mútua que sentiam.

Ajeitando o decote do vestido, ela se levantou, e disse:

— Sabe onde estarei amanhã.

— Atormentando-me novamente. Por favor, vá embora — ele disse arrumando o robe e apertando com força a faixa na cintura, escondendo-se sob a proteção do tecido.

Recompondo-se, Annah foi embora, ao fazê-lo dando-se conta de que esta poderia ser a última vez que o veria.

Sentiu uma explosão de dor no peito, mas esforçou-se para ignorá-la.

Ele havia lhe dado o seu presente de Natal: liberdade.

Ela seria uma tola de não aceitar.

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