CAPÍTULO V



Dezembro, 307 d.C.
Roma


HARRY EXAMINOU com orgulho as centenas de ânforas cheias de esplêndidos vinhos e óleos. Havia terminado de contabilizá-lo apenas alguns minutos atrás e em breve a barcaça carregada desceria o Tiber até Ostia para aguardar o transporte até Cartago.

A vida era boa, pensou, entregando a documentação do carregamento para o seu escravo, que acompanharia a carga rio abaixo e, depois, retornaria quando este já estivesse seguramente a bordo de um navio seguindo para Cartago. Harry já combinara com um negociante para vender seus produtos e enviar o navio de volta cheio de algodão e papiro do Egito.

Seu escravo saltou para a barcaça. Ela se afastou de Aventine Hill e de Forum Vinarium com o cair do crepúsculo espalhando brilhantes rajadas de carmesim e índigo pelo céu.

Harry sorriu, satisfeito com tudo que realizara naquele dia. Os negócios estavam crescendo, firmando sua posição entre a classe equestrian. Olhando para o anel de ouro que identificava o seu status para todos aqueles que encontrava, encheu-se mais uma vez de orgulho.

Orgulho e expectativa. Agora que se estabelecera, podia enfim se dirigir ao pai de Cho para lhe pedir a mão em casamento. Mas antes de fazê-lo...

Era a primeira noite do saturnal. Pretendia saborear os frutos do sucesso antes de assumir compromisso com sua amada. Seu amigo de infância, Ronald, estava aguardando-o diante do Templo de Saturno, para que pudessem se juntar às comemorações que marcavam o início da celebração do Solstício de Inverno.

Ronald havia supostamente providenciado uma diversão esplêndida para mais tarde naquela noite e, quando Harry se afastou de Aventine Hill na direção do templo, torceu para que o amigo houvesse contido sua inclinação para o incomum.

Ele caminhou rapidamente na direção do templo, contagiado pela empolgação dos inúmeros romanos que lotavam as ruas, também a caminho para o início das festividades. As casas ao longo do caminho haviam sido decoradas para a temporada, com ramos alegres e verdes guirlandas adornando as portas e os arcos. Ornamentos dourados, no formato do sol e das estrelas, enfeitavam muitos pequenos arbustos e árvores, acompanhados de alegres fitas vermelhas e roxas.

Pequenas crianças puxavam as mãos dos pais ao caminhar, sabendo que, de acordo com o feriado, elas, junto com o Senhor da Desordem e seus serviçais, estariam no comando durante a comemoração. Sons de júbilo preenchiam o ar, visto que algumas famílias já haviam começado a trocar pequenas velas e brinquedos de cerâmica como presentes.

Com um sorriso, Harry lembrou-se da própria infância e de como os pais haviam agradado a ele e aos irmãos, dando-lhes presentes e animadamente lhes seguindo as ordens e aquelas dos empregados da casa. Até mesmo os escravos eram livres para governa por aqueles poucos dias, permitindo uma sensação de relaxamento para todo mundo, durante o feriado.

Suas lembranças o fizeram apressar o passo, mas, quanto mais se aproximava da extremidade oeste do Fórum, mas densa tornava-se a multidão. Foi forçado a se espremer e a forçar a passagem até não conseguir avançar mais. As pessoas estavam coladas ombro a ombro, para assistir às cerimônias que davam início as festividades do saturnal. Muitas vestiam trajes mais simples do que a toga que ele ainda estava usando.

Enquanto ele não usava nada na cabeça, capuzes de feltro e papel adornavam as cabeças de muitos e, quando seu olhar se cruzou com o de um outro farrista, este lhe entregou um capuz para usar. Harry agradeceu e deu uma moeda para o homem pelo capuz.

Ele vasculhou a multidão, atrás de qualquer sinal de Ronald, que deveria estar aguardando diante do Templo de Vespasian. Na metade da escadaria que levava ao prédio estava o amigo, usando um capuz de feltro alegremente adornado com fitas roxas e vermelhas. Ao lado dele, estavam duas mulheres atraentes. Uma delas encostava-se em Ronald e lhe enrolava o pescoço com mais fitas.

Harry esforçou-se para chegar até o amigo, enquanto, nos degraus do Templo de Saturno, um agrupamento de senadores aguardava. Para além dos seis pilares ao longo da entrada repousava a estátua de Saturno, cujos pés estavam presos com tiras de linho. Em breve elas seriam cortadas para dar início às festividades.

Mal havia alcançado Ronald, quando um grito veio dos degraus do templo:

— Io Saturnalia!

O grito foi repetido pela multidão abaixo, e as pessoas avançaram para participar do banquete que estava à disposição no interior do templo.

O avançar da multidão abriu caminho para ele.

Em poucos instantes estava ao lado de Ronald.

— Ronald, vejo que está pronto para a temporada — brincou Harry, sabendo bem da fascinação do amigo por lindas mulheres.

Ele olhou na direção da outra pessoa com Ronald e sua amiga. Foi tomado de alívio ao perceber que era uma linda mulher. Uma mulher bem atraente.

Sua pele alva parecia quase translúcida. O cabelo negro estava preso para trás, com um lindo prendedor de prata enfeitado com pérolas. Seu olhar severo lhe realçava as feições clássicas. Uma linha escura dava aos seus olhos arredondados um traço egípcio.

Ela sorriu e inclinou a cabeça, receptivamente.

— Sou Selene... e você?

— Harry.

Ronald passou uma fita ao redor de cada um deles. Com uma saudação ruidosa, disse:

— Que bom que já se apresentaram. Vai nos poupar de tantas delicadezas desnecessárias.

O que significava que Ronald queria dispensar o banquete no templo e encontrar um lugar onde poderiam dar início ao feriado do saturnal com um pouco de prazeres carnais.

Ele observou os olhos de Selene e, em vez de aborrecimento, viu neles interesse. Uma cortesã paga? Harry se perguntou, mas não se deteve para indagar mais a fundo quando Selene afastou-se rapidamente do lado de Ronald e passou o braço pelo de Harry.

Juntos, caminharam para longe do templo, com as cabeças inclinadas uma na direção da outra, enquanto Harry tentava descobrir mais a respeito de sua linda acompanhante.

— Como conheceu Ronald? — indagou, inalando profundamente o perfume provocante da mulher.

Ela cheirava a laranjas, agradável e estimulante.

Um tímido dar de ombros tirou do lugar o robe branco e simples que ela estava usando, expondo o volume sedutor de seus seios fartos.

— Não o conheço direito, mas Isabella conhece.

Ele espiou por sobre o ombro, para onde Ronald e a garota que ele presumia ser Isabella vinham caminhando atrás deles, já beijando e acariciando um ao outro. Pigarreando, ele recebeu um som de descontentamento do amigo.

— Busque o seu próprio prazer, Harry.

Seu próprio prazer, ele pensou, examinando novamente sua acompanhante, do topo de sua altura superior. Inclinando a cabeça na direção dela, sussurrou-lhe no ouvido:

— E qual é o seu prazer, Selene? Será que deve mos jantar antes?

Ela o surpreendeu ao virar-se para ele, e enfiar a mão por sob a bainha da toga de Harry. Ela agarrou-lhe o músculo peitoral e roçou o polegar na ponta de seu mamilo. Este ficou rijo na mesma hora e, entre suas pernas, seu membro lentamente foi ganhando vida. Observando-o através de olhos semicerrados, Selene disse:

— Conheço um lugar onde podemos jantar e... nos conhecer melhor.

Uma leve torção de seu mamilo terminou de lhe enrijecer por completo a ereção, e, na sua mente, Harry pôde imaginá-los jantando juntos. Dando de comer um ao outro enquanto também satisfaziam outras necessidades.

— Mostre o caminho — ele disse.







A CONSTRUÇÃO à qual Selene os levou era uma habitação elegante e ricamente decorada. Ao chegar à porta, uma serviçal saiu lá de dentro e se curvou para Selene.

— Minha ama — disse a jovem.

— Traga comida para os banhos — retrucou Selene, adentrando a casa e puxando-o atrás de si pela mão.

A residência era sensualmente decorada e, sem dúvida nenhuma pertencia a alguém da classe aristocrata. Ela deve ter lhe notado os olhares de surpresa, pois disse por sobre o ombro:

— Meu pai era um senador.

— Era? — ele disse, ao adentrarem o recinto dos banhos.

Azulejos coloridos adornavam as paredes, os pisos e as diversas piscinas. Ligeiras colunas de vapor emergiam das águas e o cheiro de laranjas era forte — o aroma provocante que se impregnara na pele de Selene. Vasos com laranjeiras bem cuidadas, algumas delas cheia de frutos, estavam posicionados a intervalos regulares ao longo das paredes.

Ela lhe soltou a mão, e Harry chegou a pensar que ela pudesse ter mudado de idéia, até que ela, com um dar de ombros, despiu a túnica simples que estava usando, expondo o as costas delicadas. Quando Selene se virou para ele, ardor e desejo espalha ram-se pelo seu corpo, tornando a sua ereção quase dolorosa.

Selene podia ser pequena, mas seu corpo era repleto de deliciosas curvas femininas. Seus seios fartos apontavam para cima, mamilos caramelo-escuros, grandes, e começando a se enrijecer quando o olhar dele se fixou neles.

Harry lançou um olhar constrangido na direção de Ronald e Isabella, mas os dois já estavam ansiosamente se dirigindo para uma piscina na outra extremidade do recinto, deixando-o sozinho com Selene.

Ele se viu tomado de alívio. Diferente Ronald, Harry não gostava de praticar seus atos sexuais em público. Contudo, os dois estavam longe o bastante para ele se divertir com a obviamente desinibida Selene, que estava mergulhando o dedo do pé na água da piscina mais próxima. Ao se dar conta de que tinha a atenção dele, ela sorriu, e lentamente alisou o próprio corpo com uma das mãos, até segurar o próprio seio.

Entre suas pernas, a ereção estremeceu e aumentou.

Quando ela tocou o mamilo intumescido, indagou:

— Quer tocar?

Por trás dele veio o som de uma série de passadas macias, alertando-o da chegada da serviçal de Selene. A jovem moveu-se rapidamente na direção da borda da piscina, onde depositou uma bandeja com pratos cheios de frutas frescas, queijos e doces com coberturas douradas, banhados em mel. Tão rápido quanto chegara, ela deixou o aposento. Naquele instante, Selene aproveitou a oportunidade para se aproximar dele, com os quadris oscilando sedutoramente.

Ela se deteve a poucos centímetros de distância, com uma das mãos ainda alisando o seio. Ela enfiou a outra mão dentro da toga do homem e, com precisão, o encontrou. Com um toque experiente, acariciou sua cabeça, e depois deslizou a mão pelo resto do membro.

Ele ficou ali parado, as mãos resistindo à tentação de se estenderem na direção dela, enquanto Selene, com caricias confiantes, deixava o seu corpo dominado pelo desejo.







ANNAH DEIXOU escapar uma risada áspera, ainda lutando contra o desejo incomum que ele despertara no corpo dela.

— Então, espera que eu acredite que apenas ficou ali parado, enquanto ela...

— Sou um homem. Não fiquei apenas parado ali, mas senti... uma estranha sensação me dominando. Despertando uma necessidade tão grande...

— Como fez comigo — ela disse, enfim olhando o próprio corpo e a evidência de sua excitação.

Sob o colante tecido preto, seus mamilos estavam intumescidos, formando dois montinhos rijos, e estava tão úmida entre as pernas, que teve de se perguntar se ele podia sentir o cheiro de sua excitação.

— Eu posso — ele disse. O vampiro pousou a mão sobre sua coxa, e lentamente a arrastou até a curva dos quadris, onde circulou a cintura da mulher e se aproximou mais dela sobre a cama. — Posso sentir o odor de almíscar em você. É sedutor.

— Não é real — ela zombou. — É apenas produto do que quer que tenha feito comigo.

— E acha que isso não é real?

Ela pressentiu o desafio nas palavras dele. Tentou rechaçá-lo, temerosa de como ele pretendia provar que ela estava errada.

— O que ela fez com você foi real? Por acaso lhe deu prazer?

Ele moveu a mão sobre a cintura da mulher até logo abaixo dos seios, e o coração de Annah quase parou. Sabia que ele havia escutado, havia pressentido o modo como o corpo dela reagia de expectativa, como o feitiço do vampiro lhe controlava o desejo. Como, a despeito de sua vontade, seu corpo exigia satisfação.

Com um sorriso áspero, ele a fitou nos olhos e perguntou:

—Acha que me deu prazer?

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