Labirinto Londrino



Capitulo 11 – Labirinto Londrino


 


Já fazia alguns minutos desde que adentraram naquele labirinto confuso e imundo. Seguia o grupo liderado por Potter, aquele que havia pego a entrada principal, a mais provável até Nixon. Por mais que necessitasse de ter a filha sã e salva em seus braços, acabar com Nixon era sua prioridade naquele momento. Enquanto não pegasse aquele maldito filho da mãe, a segurança de sua família ainda estaria abalada. Ademais, o terceiro grupo tinha a prioridade de encontrar Ella, e o segundo tinha o papel de cavalaria. O grupo liderado por Weasley era o elemento surpresa na hora do ataque, enquanto o de Russell resgataria sua filha.


Suspirou, cansado. Seu corpo já não tinha mais as forças de um garoto e não ajudava o fato de estar em claro há quase três dias. Toda aquela situação com a esposa o desgastou a um ponto como nunca imaginara, agora havia a possibilidade da filha seguir o mesmo caminho da mãe. Havia passado por muita coisa naquela vida, e ainda se perguntava como lhe sobrou forças para se enfurnar naquele lugar macabro.


- Creio que ainda não falte muito para encontrar o lugar marcado por Hermione.


Draco desviou o olhar do chão de pedra e virou-se para o locutor.


- Como tem certeza de que ele vai estar lá, Potter? – indagou, com um tom um tanto ácido.


- É a localidade onde menos se consegue sentir o odor do esgoto. – o moreno riu, e Draco não conseguiu esconder o fio de sorriso que se formou em seus lábios. – Sabe o quanto Nixon é fresco. Nunca ficaria tanto tempo em um lugar fedendo mais do que bosta de dragão. Além do que, tem as melhores saídas.


- E qual vai ser a estratégia? – Draco ergueu a sobrancelha ao fazer a pergunta.


- A equipe dois cercará todas as saídas, enquanto nós entramos no circulo de fogo. Assim, ninguém fugirá de lá.  


- E como saberemos quando acharem Ella?


Harry exibiu novamente um sorriso, desta vez um tanto matreiro. Enfiou a mão no bolso da veste escura e tirou de lá um objeto mais do que estranho. Era uma espécie de orelha, ligada por um fio vermelho vivo até um par de lábios que pareciam balas de gelatina.


- Mas que diabos...


- Às vezes as invenções de meu cunhado servem para alguma coisa além de trazer caos à sociedade. É um comunicador que funciona num raio de três milhas. – ele retornou o objeto ao bolso. – Assim que encontrarem Ella, saberemos.


Draco meneou em negativa. Xingava mentalmente o homem ao seu lado. Como aquele infeliz trazia brinquedos para algo tão importante? Queria meter-lhe um soco bem no meio da fuça, mas não se atreveria. Não com tantos puxa-sacos dele ao seu redor. Assim que saísse dali, mataria sua vontade.


- Ela vai ficar bem, Malfoy. – e assim, afastou-se.


Pela primeira vez em muito tempo, torceu para que o antigo rival estivesse certo.


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Não ouvia-se uma voz sequer há mais de dez minutos, apenas o respingar de água produzida pelas passadas do grupo ali.


- Tente não ficar muito ansioso, isso tira um pouco o foco na hora ‘H’. – Morgan comentou. Tinha certeza que os outros o ouviram, tanto pelo fato de não haver muito barulho ali para abafar sua voz, mas também por nunca conseguir falar muito baixo.


Albus encarou o outro. Jurava que estava conseguindo disfarçar seu nervosismo, sempre conseguia. Era óbvio que tinha os nervos à flor da pele, qualquer um estaria caso estivesse na mesma situação, mas não imaginava que os outros notariam.


- Você vai ver, daqui a pouco estaremos ouvindo Ella xingando a todos e perguntando por que demoramos tanto. – o rapaz de cachos sorriu, e o moreno teve de retribuir com um igual. O que ele acabara de descrever era tão típico de Ella.


- Você a conhece bem.


- Sim, foram dois anos mais grudados que chiclete em sola se sapato. Mas não se preocupe, você chega lá. – Morgan deu uma rápida piscadela.


Albus engoliu em seco após Morgan terminar de falar. Realmente esperava chegar ao estágio de Morgan, conhecer aquela loira até melhor que ela mesma. Para isso acontecer, entretanto, ela tinha que sair viva dali, e não sabia o que faria caso isso não chegasse a acontecer.


Já vinha com a idéia de que aquilo era amor ou uma possibilidade para amar, porém somente diante de uma experiência como aquela para lhe dar a certeza do quanto a amava. Era difícil demais considerar a possibilidade de perdê-la de vez, na verdade, nem queria considerar aquilo. Agora compreendia quando seu pai lhe falou certa vez que o “amor machuca”. Doía-lhe só de pensar que nunca mais sentiria os lábios dela sobre os seus. Se só o pensamento já lhe causava dor, provavelmente o mataria caso o pior viesse a acontecer.


Um cutucão o despertou de suas reflexões pessimistas. Morgan o cutucou com o cotovelo, quando obteve sua atenção, apontou para Russell. A bruxa líder sinalizava para diminuírem o fluxo de luz que saia das varias e calassem as bocas. Quando todos pararam de se movimentar, um som de voz pôde ser ouvido.


- Olha aqui, sua cria de traidor, é melhor você parar com o escândalo antes que eu...


- Que você o que? Vá me estuporar pelas costas? Espera, isso já aconteceu, seu covarde. – ironizou a segunda voz.


Uma terceira voz gargalhou e falou em seguida:


- Oh, Baines, deixa isso prá lá e volte para o jogo. Ela só está te provocando.


- Agradeça à Nixon pela ordem de não te matar, caso o contrário, você já teria virado resto de esgoto.


- E você pode agradecer ao Nixon por me manter acorrentada, caso contrário, você já não teria mais o que coçar entre as pernas.


Mais gargalhadas ecoaram no ambiente, e dessa vez não pertenciam só à uma pessoa, mas sim à quatro.


Albus meneou a cabeça em negativa. Nem sob a possibilidade de morte, Ella deixava de retrucar. Não tinha dúvidas que o homem chamado Baines iria estourar em breve. Era clara a irritação no tom de voz dele.


Olhou para Morgan ao seu lado, que logo notou onde Albus queria chegar. Tinham que agir de maneira rápida, antes que Baines estuporasse Ella novamente. Seria extremamente mais fácil se ela saísse dali andando, e não carregada. E pelo andar daquela discussão, Baines não tardaria a calá-la.


Mais à frente, Russell fez sinal para os dois ao seu lado pegarem o caminho da direita, enquanto outros dois fossem pela esquerda, assim nenhum dos cinco homens ali teriam como escapar. O ataque principal viria do grupo de trás, ou seja, os que continham Albus e Morgan.


Inicialmente, Albus não viria participar do resgate, mas após algum tempo de insistência, seu pai deu o braço a torcer. A condição para estar ali era caso houvesse algum conflito direto, não poderia participar porque, obviamente, não tinha o preparo de um auror. Pegaria Ella e subiriam para a superfície, acompanhado por um auror e depois rumariam para o St Mungos. Alguns dos bruxos do Departamento de Feitiços Anti-aparatar executaram alguns encantamentos, muito parecidos aos de Hogwarts, para que ninguém entrasse ou saísse dali aparatando. Era mais do que óbvio, no momento que Nixon visse os aurores, sumiria dali num piscar de olhos. E aquela era uma rara oportunidade, não teriam outra igual.


- Potter, você espera aqui. Até nós termos dominado os cinco. – Russell o advertiu. Ela sinalizou para Morgan e os outros dois atrás se aproximassem. – Tentem não produzir danos drásticos, apenas estuporar. Hopkings, você compreendeu? – ela olhou de viés ao rapaz, que apenas assentiu, mas quando virou-se para o lado, Albus o viu revirar os olhos. Morgan tinha a mania de querer ensinar uma lição antes de apagar o alvo, e Russell não aceitava esse método.


Albus caminhou cuidadosamente, tentando fazer com que suas pisadas não ecoassem. Estava surpreso pelo fato dos comparsas de Nixon não terem escutado o grupo se aproximar. Era um bom sinal, indicava que não estavam esperando ninguém aparecer por Ella.


Esticou o pescoço e conseguiu a visão do lugar onde os cinco homens mantinham Ella. Era um pátio redondo, mas não muito grande. Nele, haviam mais duas saídas, as quais o restante da equipe vigiava. Na mesa de madeira ao centro do recinto, quatro homens jogavam cartas, o quinto deles estava de pé próximo à Ella. Baines tinha a face avermelhava e bufava, irritado. Os outros observavam a cena, achando-a um tanto cômica.


- Baines, ignore a garota. Ou ela o levará a loucura. - comentou um dos homens sentados à mesa. – Volte para a mesa e continuaremos o jogo. Está com medo de perder de novo, é isso Baines?


Os três restantes sentados ao redor do último pronunciante soltaram risinhos abafados.


- Já estou indo, mas antes vou nos dar um pouco de paz. – tirou a varinha do bolso e a apontou para Ella, que nem assim fazia sumir o sorriso ferino dos lábios dela.


- Você realmente deve ter medo da minha varinha, hein? Primeiro me ataca pelas costas, agora amarrada e sem varinha? É uma verdadeira decadência. – Ella alargou seu sorriso, aumentando a fúria do outro.


- Calada, sua peste. Agora quero ver você falar alguma coisa. Estupe...


Baines não chegou a completar o resto do feitiço, pois foi nocauteado por um raio dourado bem no meio do peito. O enorme homem foi jogado uns dois metros e bateu as costas na parede. Isso foi o suficiente para desacordá-lo.


Os outros quatro se espalharam pelo pátio, na tentativa de usar as colunas de pedras como barreiras de proteção. A idéia teria sido perspicaz se não houvessem mais quatro aurores que chegaram pela saída traseira. Os aurores que apareceram por último lançaram mais feitiços, entretanto, apenas um foi abatido. Os três rolaram para os lados, desviando das azarações lançadas por Russell e Morgan.


Albus desvirou a atenção da luta por um momento e focou seu olhar no canto esquerdo do lugar. Ella ainda continuava presa às correntes e com uma enorme frustração cobrindo seu olhar preocupado. Não tinha dúvidas que ela queria estar no meio da confusão, com ou sem varinha.


Espiou mais uma vez a situação dos autores. Eles deram conta do recado perfeitamente, então não seria um problema caso fosse até Ella um pouco antecipado.


Afastou-se do lugar onde observava a cena. Rodearia até a entrada mais perto de onde Ella estava. Pelo que tinha observado, a entrada que procurava era exatamente a que a que os dois aurores da esquerda pegaram.


Caminhou por poucos metros até conseguir ver a entrada que queria. Ao se aproximar, teve de praticamente se jogar no chão para não ser acertado por um feitiço perdido. Ainda abaixado, espiou se ainda estava sobre a mira de alguém, e como não havia ninguém duelando muito próximo dali, resolver arriscar.


Levantou-se num pulo e adentrou no pátio, passando a correr próximo à parede. Olhava sempre ao seu redor para prevenir ser atingido de surpresa. Mas os homens que sobraram estavam mais preocupados em salvar a própria pela do que a presença de Albus.


Ella estava concentrada observando a luta e mal percebeu quando Albus chegou junto. A loira sobressaltou quando ele pegou em seu braço. Encarou-o por alguns segundos, parecia não acreditar que ele esta ali.


- Mas que diabos você está fazendo aqui? – ela indagou, embora soasse como uma bronca.


- Te resgatando? Fico comovido com a sua reação ao me ver. – Albus sorriu levemente. Sussurrou um contra feitiço para desamarrar as cordas e correntes, e como num piscar de olhos, estas caíram no não, deixando Ella livre para cair em seus braços. – Isso sim é uma recepção melhor. Agora vamos sair daqui.


Não compreendeu muito bem o que aconteceu em seguida, mas quando se deu conta, estava caído no chão novamente e sem a varinha. Olhou para cima e viu Ella portando sua varinha e sem posição de ataque. Um raio colorido ia atingi-los, mas Ella havia sido mais rápida ao conjurar uma proteção com a varinha que pegara da mão de Albus.


- Agora eu entendo o porquê das correntes e da corda. – Albus sorriu amarelo e aceitou a mão estendida de Ella. Pôs-se de pé e passou a correr atrás de Ella rumo à saída.


Saiu do pátio e da chuva de feitiços e voltou para o corredor escuro. Assim que pisou naquele ambiente mal iluminado novamente, sentiu alguém lhe puxar pela camisa. Ella apertava seus braços em volta do torso de Albus e procurava seu tórax para apoiar a cabeça.  


- Idiota. – ela soltou um resmungo abafado. Seu rosto estava escondido no peito de Albus, assim como tantas vezes ela fazia quando queria conforto. – Podia ter sido morto.


- Mas não fui. – retrucou o moreno com um sorriso. Passou um braço ao redor das costa de Ella enquanto o outro estava livre para afagar-lhe a cabeça. – Está tudo bem agora.


Nada mais importava agora. Nem a guerra de feitiços na câmara ao lado muito menos se Nixon fora pego ou ainda seria. Ella estava ali, em seus braços e, o mais importante, ainda com vida.


- Como me encontraram? – ela perguntou, encarando-o pela primeira vez desde que saíram do pátio.


- Scorpius. – ao ver a cara confusa da namorada, acrescentou. - Longa história. Te conto a caminho do St. Mungos.


O olhar confuso de Ella logo sumiu, dando lugar a irritação. Fechou a cara no mesmo instante que largou o corpo de Albus.


- Eu não vou a hospital nenhum. Não agora.


Albus suspirou. Como iria fazer aquela cabeça dura mudar de idéia? Olhava para o corpo de Ella e podia ver, mesmo com a pouca luz, os machucados causados pelas correntes e cordas. Seu rosto delicado também fora atingido. O lábio estava cortado e coberto por sangue seco que marcava até o queixo. Provavelmente, já tivera ferimentos piores em conseqüência do trabalho de auror, mas para Albus, era mais do que o suficiente para levá-la ao hospital.


- Ella.


- Albus. – ela ergueu o braço até sua mão direita tocar no maxilar de Albus. Riu internamente quando sentiu seus dedos sobre a superfície um pouco áspera. Nunca o tinha visto com barba, e lá estava ele com o rosto coberto de pelos. Não tinha notado no dia anterior aquela discreta barba com toda a confusão do enterro de sua mãe. Admitia, ele fica charmoso com ela, mas ainda preferia-o com o rosto liso de menino. Lembrava-o mais ao seu próprio pai.


- Eu sei de várias pessoas que não vão gostar dessa sua decisão. – Albus mostrou sua mão com os dedos esticados, e a outra apontava para a ponta do dedo que ele indicava. – Russell, meu pai, tio Ron, Morgan. E, obviamente, seu pai.


- Meu pai está aqui embaixo? – indagou Ella.


- Obvio que está. – ele assentiu com leve movimento com a cabeça. – Ele foi atrás de Nixon, junto com os outros.


Ella sorriu internamente após ouvir aquela resposta. Passara horas naquele lugar terrível, amarrada e esperando pela morte certeira. Quando viu Albus ao seu lado, livrando-a das cordas, sentiu esperança, algo que há muito tempo não visitava seu coração. Mas ouviu que seu pai estava ali por ela, não pôde deixar se de sentir segura.


- Malfoy! – a voz rouca de Russell ecoou pelas paredes de pedra. A mulher dava algumas instruções aos mais jovens sobre o que fazer a respeito dos cinco homens, depois virou-se e começou a andar na direção da saída onde Albus e Ella estavam. – Você está ferida?


- Não, senhora. – negou Ella com veemência. Não podia demonstrar qualquer vestígio de fragilidade naquele momento, ou a mandariam direto para o hospital, e o último lugar que precisava ir agora era o St. Mungos. Ainda tinha assuntos a tratar ali, além disso, ela mesma iria pegar sua varinha, além de socar aquele grande nariz de Nixon. Queria matá-lo, realmente o queria, mas como não lhe permitiriam concluir sua pequena vingança, um nariz quebrado viria a calhar. – Estou mais do que bem para ir atrás da minha varinha.


Russell fechou os olhos por alguns e meneou a cabeça em negativa. Ella via que a chefe estava ponderando sobre a decisão, embora suas ordens tenham sido claras. Ao abriu os olhos, Ella soltou um muxoxo. Russell continuaria a seguir as ordens de Harry.


- Malfoy, você não está em condições físicas, e, muito menos, psicológicas, para duelar. Portando, os senhores Potter e Hopkings a acompanharão ao St Mungos para ser examinada. – o tom de Russell era cordial e profissional. Ela parecia não estar satisfeita com sua própria decisão, afinal Ella era uma das melhores em campo, entretanto, não iria ignorar ordens superiores por isso. – Assunto encerrado.


- Como assim condições físicas e psicológicas?! Eu não tenho nenhum órgão ou membro faltando. E quanto ao psicológico, admito ter um pequeno pensamento de vingança, mas não é como se fosse algo sanguinário ou coisa do gênero. – Ella acotovelou levemente Albus, que ria ao seu lado. Não mentiria sobre aquilo, o maldito a seqüestrou, desprevenida e em momento de fragilidade psicológica, era óbvio que queria algo para dormir melhor a noite. E a simples visão de vê-lo sendo escoado para Azkaban com o nariz quebrado cuidaria desse problema.


- Eu já tomei minha decisão, senhorita Malfoy. Não me faça tomar medidas extremas. – advertiu Russell. – Você e Potter esperam aqui por Hopkings depois vão imediatamente para o St. Mungos.


Russell deu as costas para os dois e voltou para o pátio onde os aurores mantinham os cinco homens.


Ella xingou Russell baixinho. Tinha certeza que se fosse outro a teria deixado ir atrás de Nixon junto com o grupo. Mas Russell tinha aquele complexo por regras não serem quebradas, muito menos ordens, então persuadi-la era praticamente impossível.


- Eu disse. – Albus deu de ombros como se não ligasse. Mas era claro ligava. Primeiro, estava certo; segundo, queria tirar Ella daquele lugar o mais rápido possível. – Eles conseguem se virar sem você, Ella.


A loira revirou os olhos e virou-se para atrás, a fim de conseguir encarar o namorado .


- Você tem a alma pura demais e não precisa de uma pequena vingança para se sentir bem. – Ella sorriu sarcasticamente. – Bom, eu já preciso.


Albus meneou a cabeça em negativa. Estendeu o braço e puxou a namorada por trás, trazendo-a para perto de si.


- Sente um pouco, Ella. Você está exausta. – falou ele, pressionando Ella para baixo com seu próprio peso. A loira não estava totalmente de acordo com a idéia, mas depois acabou cedendo e sentando-se no chão junto à Albus.


Ella recostou as costas no peito de Albus, enquanto ele apoiava as dele na parede de pedra. Ainda estava frustrada com a decisão de Russell, mas admitia que estar ali com Albus a estava ajudando a acalmar os nervos. Com uma mão, ele acariciava a parte superior da mão de Ella com o dedão e, com a mão livre, mexia nas madeixas loiras dela.


Às vezes, Ella pensava que não era possível o quanto ele a conhecia bem um período de tempo tão pequeno. Não fazia tanto tempo assim que se conheciam, e muito mesmo que estavam em relacionamento mais sério, mas ainda assim, Albus sabia exatamente o que fazer para acalmar Ella, para irritá-la, para fazê-la sorrir.


- Não se preocupe. Logo isso irá acabar. – sussurrou ele, próximo ao ouvido dela.


- Eu sei que vai, mas eu queria que acabasse da minha maneira. – Ella soltou um muxoxo. Quando menos esperava, uma dúvida que não queria calar voltou à sua mente. – Já que temos tempo, me conta como vocês conseguiram me encontrar aqui.


Albus ponderou por alguns segundos, procurando pela melhor maneira de começar a explicação. Nem ele mesmo sabia exatamente como resgataram ela, bom, não tinha uma justificativa plausível sobre como Scorpius conseguiu ver onde Ella estava. Contaria apenas o que sabia.


- Você deve agradecer ao seu irmão. – disse Albus. – Foi ele quem apontou o caminho.


- Mas que diabos você está falando, Albus? – indagou Ella, com a sobrancelha franzida.


- Quer me deixar acabar de falar? – ele pediu em um tom brincalhão, e a loira outorgou em silencio. – Scorpius meio que te viu enquanto dormia. Em uma espécie de sonho, creio eu. Diz ele que ela como se ele estivesse em uma penseira, mas ele viu a cena toda no exato momento em que ela estava acontecendo.


Ella olhou para o namorado com uma expressão confusa. Albus sorriu e deu de ombros. Ninguém tinha idéia de como aquilo tinha acontecido.


- Isso é estranho. – comentou Ella, pensativa. – Nunca tinha acontecido nada parecido.


- O que é estranho?


Ella olhou para cima e viu Morgan. O amigo alargou o sorriso e começou a afagar as madeixas loiras de Ella, bagunçando-as e arrepiando-as. Ella sempre se irritava quando Morgan deixava seu cabelo uma bagunça, mas estava tão feliz em ver aquele individuo irritante que nem se importou tanto.


Estendeu uma das mãos para ele a ajudá-la a se levantar. Morgan às vezes não tinha noção do quão forte era, além do fato de Ella ser bastante leve. O puxão que ele deu para trazer Ella de pé quase a fez cair para frente, se não fosse o corpo do rapaz para pará-la.


- Morgan. Você vai me fazer voar longe qualquer dia desses. – riu a loira.


- Esperarei ansioso por esse dia. – brincou o outro. – Você deixou todo mundo com uma enorme pulga atrás da orelha, sabia disso?


- Céus, como é bom te ver.- Ella passou os braços tronco de Morgan e o abraçou forte. – Então, quer dizer que você será a minha escolta até o hospital.


- Exatamente. Aparentemente, Russell não acredita que você deixará os esgotos sem um empurrãozinho.


- Empurrãozinho? Sem ser arrastada, isso sim. – acrescentou Ella, olhando a chefe de viés.


- Já está pronta para irmos para o St. Mungos? – perguntou Morgan, depois trocou olhares com Albus. Sabia perfeitamente que teria o apoio do Potter do meio caso Ella resolvesse dar para trás.


- E eu tenho escolha? – indagou a loira, soltando um muxoxo.


- Você tem a escolha de chegar lá com seus próprios pés ou ser carregada pelo seu príncipe encantado. – Morgan sorriu sacana e depois acrescentou: - Você anda pesada demais e eu estou cansado. Potter, é seu trabalho carregar o saco de aboboras aí.


Ella já ia abrir a boca para soltar sua resposta ácida, mas Albus foi mais rápido e começou a puxá-la pelo braço na direção por onde haviam entrado há pouco tempo. Morgan os seguindo, soltando risinho de vez em quando apenas para atormentar Ella.


Ás vezes, notava que seu relacionamento com Morgan chegava a ser mais fraternal do que o que tinha com seu próprio irmãos. Brincavam e implicavam um com o outro a todo o momento. Morgan sabia exatamente o que Ella pensava e, para sua desgraça, ele também sabia identificar quando ela não estava contando a verdade. Talvez esse fosse o efeito de melhor amigo. Eram tão próximos que chegavam a ser família. Mas não negava a ligação que tinha com Scorpius, afinal, ainda estava respirando por causa dele.


Albus apontou a varinha para a frente e conjurou um feitiço de localização. Logo, uma luz laranja saiu cortando a escuridão a dentro como um raio em dias de tempestade. A luz laranja os guiaria até a superfície. Aquilo lembrou Ella de uma das historias de mitologia grega quando ouvia quando era pequena. Onde era amarrado um barbante em uma pedra antes de entrar no labirinto, assim o personagem conseguiria encontrar a saída novamente no final. Nessas horas, Ella pensava no tanto que a magia lhe faria falta caso fosse trouxa. Isso a lembrou que sua varinha não estava em seu bolso.


- Preciso da minha varinha. – disse aos dois.


- Quando prenderem Nixon, pegarão sua varinha. Assim como seus outros pertences. – disse Albus, tentando não dar corda à indignação da namorada.


- Vocês não estão me entendendo. Me sinto quase nua sem a minha varinha. – o que não era exatamente mentira. E não era somente ela que sentia-se daquela maneira quando não tinha a varinha consigo, qualquer bruxo, quanto obtinha sua primeira varinha, não conseguiria mais andar sem ela. Era uma das primeiras ligações mágicas fortes que tinha, e especialmente em uma idade tão nova.


- Ella, eu juro que vou te carregar se você se rebelar. – advertiu Albus, em um tom brincalhão.


- Tente e se arrependerá. – rebateu ela com um pequeno tom de ameaça na voz.


- Acredite, meu caro, ela não é daquelas que só ameaça. Ela cumpre tudo. Ainda tenho uma cicatriz disso. – contou Morgan, que massageava o cotovelo, onde Ella quase o quebrou uma vez.


Ella meneou a cabeça em negativa. Nunca pensou que fosse dizer aquilo, mas estava contente com ter alguém lhe importunando. Quando ainda estava nas mãos de Nixon, pensava que nunca mais iria vivenciar aqui de novo. E por mais irritante que fosse, sentiria falta demais.


Continuaram caminhando por mais alguns minutos. A superfície parecia estar distante, o que deixava Ella agoniada. Não queria deixar aquele labirinto de pedra sem um encerramento digno. Onde visse Nixon indo preso e pegando sua varinha e suas coisas de volta. Ao lembrar de suas coisas, a carta de sua mãe veio a sua mente.


Xingou Nixon mentalmente. Ele a pegou em um momento de tanto vulnerabilidade, logo no mento que em que ler a carta que sua falecida mãe lhe deixara. Jurou para si mesma que iria fazê-lo sentir dor caso dele tivesse destruído a última coisa que tinha da mãe. E Ella era uma pessoa que cumpria o que prometia.


Estava distraída com seus pensamentos. Pensava em seu pai arriscando sua pele no meio daqueles homens perigosos. Também tinha Harry em seus pensamentos. Embora seu chefe tivesse mais experiências quase-morte do que qualquer criatura que andasse sobre a terra, Ella ainda se preocupava com a possibilidade de algo dar errado. Sentia-se um pouco culpada, já que todos estavam ali por sua causa principalmente. Mas ao menos levariam Nixon em custódia como um bônus.


Morgan e Albus conversavam sobre algum assunto qualquer. Ella, quando tinha sua atenção naquele ambiente, mantinha-se atenta sobre o que estaria acontecendo ao seu redor. Ás vezes, pensava ter ouvido algum gritou ou uma azaração sendo conjurada, mas provavelmente era somente sua mente lhe pregando peças. Estava muito próximo à superfície, e Nixon e seus comparsas não estariam por ali perto.


Agora era definitivo. Ella não estava imaginando coisas. Estava realmente ouvindo barulho de gente e gritos vindo de algum lugar ali perto. Olhou atônita para o namorado e o amigo, que trocaram olhares preocupados.


- Eles estão aqui perto. – disse Ella, quase suplicando para irem até onde a batalha estava ocorrendo.


- E esse é mais um motivo para nós seguirmos em frente. E rápido. – aconselhou Albus, pegando na mão de Ella e puxando-a para continuarem seguindo a luz laranja. – Ella, querida, você está fraca, machucada e desarmada. É melhor ir para o hospital antes que piore ainda mais seu quadro.  


Ella negou com veemência. Se recusava a sair dali antes que tudo tivesse acabado, mesmo se fosse bem ou mal. Recuou alguns passos e pôs-se a correr, entrando em um dos túneis pra próximos, onde o barulho de gente parecia mais acentuado. Definitivamente não era a opção mais inteligente, mas ao menos Morgan e Albus iriam segui-la, e não teriam a chance de arrastá-la para St. Mungos.


Estava um pouco escuro demais. O que a guiava principalmente era a algazarra que ouvia de longe. Era gritos, barulho de coisas colidindo e quebrando. Sinal que os aurores haviam encontrado o resto do bando de Nixon.


- Ella! ASCELLA! – berrou um dos dois homens atrás dela. Não reconhecia a voz direito. Provavelmente era Albuns, pois Morgan nunca lhe chamava pelo nome, mesmo quando este estava bravo.


Ella nem sequer se deu o trabalho de parar de correr para atender o chamado. Continuava seguindo em frente. Ainda estava pensando no que faria quando chegasse ao local onde os outros duelavam. Sem sua varinha, não era ninguém naquelas circunstâncias. Tinha bastante agilidade para desviar de feitiços perdidos, o que não era suficiente, pois ainda precisava da varia para atacar. Em último caso, pegaria uma das pedras no chão e atiraria no inimigo mais próximo. Bem, aquilo funcionara uma vez somente, e provavelmente a sorte não bateria a sua porta novamente.


Continuou seguindo em frente, desbravando a escuridão do lugar. Havia uma pequena quantidade de luz que vinha das lâmpadas instaladas por trouxas, mas a maioria piscava de forma irritante ou sem sequer emitiam luz.


As passadas dos rapazes se tornaram mais rápidas, e conseguia ouvir o sapato deles colidindo contra o chão de pedra de forma cada vez mais nítida. Detestava admitir isso, mas estava cansando-se. As longas horas em cativeiro a deixara exausta, e os ferimentos que Nixon deixou também não ajudavam.


Ouvira um barulho diferente das passadas de Albus e Morgan, e também não se assemelhava a batalha que estava acontecendo ali perto. Ecoou perto demais para ser dos duelos.


Ouviu uma voz grossa pronunciar algo incompreensível, e logo o túnel foi engolido por um completo breu. Ella podia ouvir a respiração cortante do seu possível agressor, e causou-lhe pequenos arrepios nos braços. Como se já não bastasse estar desarmada, tinha que estar escuro também para não poder desviar dos feitiços.


- Avada Kedavra. – pronunciou calmamente.


Ella, mesmo desviando para qualquer outra direção, não conseguiu ver o raio de luz verde vindo na sua direção, e por isso já esperava pelo pior: a morte. Mas o que aconteceu a seguir, certamente a surpreendeu.


Sentiu seu corpo ser empurrado bruscamente até colidir contra o chão gelado. A voz de Albus bradou um encantamento, e as luzes voltaram, dando visão aos três ali do agressor. Era um homem baixo, carrancudo e mancava com violência. Tinha sangue escorrendo pela testa e o nariz quebrado. Certamente conseguira escapar do lugar onde os aurores estavam.


Morgan moveu Ella com agilidade para trás de uma pilastra próxima de onde ambos estavam caídos. Albus ficou encarregado de desarmar o homem que lançara a Avada contra Ella.


Naquele momento, temeu por Albus. Eram Morgan e ela que tinha experiência naquele tipo de situação. Duelos, desarmar o inimigo e nocauteá-lo.


Esticou o pescoço a fim de conseguir uma visão melhor do que estava acontecendo. Aparentemente, Albus havia aprendido de fato alguma coisa com o pai. Era rápido para desviar dos feitiços lançados pelo outro, e tinha uma mira razoavelmente boa.


E com essa mira razoavelmente boa, conseguiu acertar em cheio o alvo. O homem que os atacara foi jogado contra a parede, obrigando-o a deixar a varinha cair no chão. Albus correu até ele e pegou a varinha, guardando-a no bolso. Conjurou uma corda, e amarrou as mãos do atacante, só por precaução, pois naquelas condições, ele não iria a lugar algum.


Morgan ajudou Ella a se levantar e os dois se juntaram a Albus.


- Meu querido, nunca pensou em ser auror, não? – perguntou Ella, num tom brincalhão.


- Acredite, você não é a primeira que diz isso. – ele riu. – Agora não sei se falavam sério, ou era algum tipo de cantada.


Ella socou de brincadeira o braço de Albus, fazendo ambos os rapazes rirem.


- Aqui. – Albus tirou a varinha do bruxo nocauteado e entregou-a a Ella. – Fique com essa até conseguir pegar a sua de volta.


- Desistiu de tentar me levar ao St Mungos? – indagou Ella, após pegar a varinha e guardá-la no bolso traseiro.


- Se você conseguiu chegar até aqui, quem sou eu para impedi-la de seguir em frente. – Albus deu de ombro. – Você vai com ela, Morgan?


- Mas é óbvio que eu vou. E eu lá sou um sujeito de perder a festa toda? – o rapaz de cachos deu uma piscadela e abriu um sorriso matreiro. – Vamos indo então, Ella?


- Vamos, sim. – respondeu a loira. – Você não vai?


O moreno negou com a cabeça, depois se aproximou da namorada.


- Aquilo lá é briga para hipogrifo grande. Além do mais, alguém tem que ficar e olhar esse daqui. – apontou para o homem caído ao chão.


Ele puxou Ella para um abraço apertado. Percorreu as mãos pelas costas dela e subiu até chegar ao rosto. Agora segurava aquele rosto delicado próximo ao seu, quase que a pontas dos narizes se tocavam. Mas foi Ella quem deu o impulso para juntar os lábios.


Albus guiava o beijo como se fosse de primeira viagem. Delicado, apaixonado e caloroso, como se estivesse procurando por mais.


- Será que eu vou precisar dizer que isso não é hora para essas coisas? – era a voz de Morgan. – Bom, não é hora pra essas coisas!


Albus meneou a cabeça sorrindo, enquanto Ella fuzilava Morgan com o olhar. Os dois se separaram, sendo Albus ficando para trás e Ella segundo em frente com Morgan.


Ella lançou um último olhar, e viu Albus parado perto do homem caído ao chão. Ele acenou com a mão, depois sinalizou com esta para Ella apressar-se. E foi o que ela fez.


Os dois continuarem a percorrer aquele corredor escuro. A cada passo, as vozes e o barulho de pequenas explosões se acentuada mais.


- Como você quer fazer a entrada? – perguntou Morgan.


- Acho que não nos adiantaria muito fazer um ataque surpresa ao entrar de fininho. – respondeu Ella, e Morgan concordou. – Entraremos de uma vez, e começamos a atacar.


Ao se aproximarem mais do local onde a batalha ocorria, algo os pegou de surpresa. Uma parte da parede explodiu, causando um enorme estrondo. Não conseguiam vez muito bem o que estava acontecendo, devido a enorme onda de poeira que tampou o campo de visão de ambos.


- Lumus! – exclamou Ella, e um raio de luz apareceu na ponta da varia que portava.


Ella e Morgan avançaram rapidamente a abertura feita pela explosão. Era o exato lugar em que a batalha ocorria. Autores e hostis batalhavam arduamente, feitiços voavam em todas as direções, homens e mulheres caídos ao chão e deixando pairar a dúvida se estavam vivos ou não.


A loira lançou um olhar para o lado oposto de onde vinham. Viu um indivíduo alto correndo corredor adentro. Diante a pouca iluminação, não conseguia ter certeza de quem era, mas não deixaria isso passar em branco. Aurores não tinham motivos para fugir correndo dali, o que sobrava ser um dos comparsas de Nixon.


- Eu vou atrás daquele ali. – apontou com o dedo indicador ao fugitivo.


- Certo. – assentiu Morgan com veemência. – Eu vou entrar. Nos vemos em breve.


E os dois se separaram. Morgan pulou para dentro do pátio já jorrando feitiço para os que estavam próximo. Ella deu uma rápida espiada, procurando pelo pai, mas ele não estava no seu campo de visão.


Balançou a cabeça, na tentativa de tirar as piores conclusões e pôs-se a correr na direção que o desconhecido ia.


Se locomovia quase na ponta dos pés, na tentativa de evitar que suas passadas escoassem pelas paredes. O chão de pedras molhado não a ajudaria a se aproxima na surdina.


Foi seguindo o corredor até que este acabou, levando-a para um espaço mais aberto e com um odor mais forte. À sua direita, a água não tratada corria, levando os resíduos londrinos para o local de tratamento. O espaço era tão mal iluminado quanto o do corredor. Havia algumas pilastras de pedra, nas quais as luzes ficavam.


Ella caminhava devagar, tentando ao máximo não delatar sua posição atual. O individuo que perseguia tinha que estar naquele lugar. Não havia para onde sair, a menos que voltasse para o corredor. A passagem pela qual a água passava era a única abertura, e esta possuía grades que impedia qualquer um de deixar aquele ressinto a menos que fosse pelo caminho de onde vieram.


Sabia que estava em posição de desvantagem, mas o primeiro ataque tinha que vir do outro. Assim saberia sua posição. Ella mantinha-se atenta a tudo a sua volta. Mas o barulho da água dificultava identificar outros sons ali.


 - Crucio! – bradou uma voz grossa e acirrada.


O feitiço não acertou Ella por uma questão de centímetros. Por pouco, não conseguiu buscar refúgio em uma das pilastras. Se recolheu mais próxima ao seu refúgio de pedras após ouvir Nixon lançar a segunda azaração.


Sentia a ira do homem apenas ao ouvir sua voz. Ele a queria ver agonizar de dor uma última vez antes de matá-la, senão já teria recorrido à Avada desde o primeiro ataque. Mas Ella não facilitaria para o lado dele. Se Nixon queria acabar com ela ali mesmo, teria de ser homem o bastante para enfrentá-la em um duelo cara a cara.


Tanto Ella quanto Nixon sabiam que se fossem batalhar sozinhos, o momento era agora. Em pouco tempo, notariam que ele não estava mais no pátio com os outros, e os aurores logo chegariam ali. Nixon não teria chance de escapar se estivesse cercado de aurores, e Ella já havia decidido que aquela luta era dela. Se alguém fosse nocautear Nixon naquela noite, iria ser ela.


- Está com medo de mostrar a cara, princesa? – Nixon riu com desdém.


- Estou esperando você parar de se acovardar, princesa. – a resposta de Ella veio carregada com o mesmo tom de ironia que o de seu atacante.


- Então saia da toca e duelo como uma verdadeira auror.


Ella já havia percebido qual era o plano dele. Nixon queria jogar conversa fiada, assim distrairia ela enquanto estivesse mudando de posição até conseguir tê-la no seu campo de visão para o ataque final. Embora não estivesse ouvindo-o muito bem devido ao barulho da água correndo, podia senti-lo movimentando por entre as pilastras. Não podia contar totalmente com sua visão, já que o infeliz havia deixado apenas uma pequena lâmpada acesa e esta não iluminada quase nada o lugar.


O lugar que a protegia não era exatamente estratégico. Era central demais, e Ella não tinha nenhuma proteção atrás de si. Caso Nixon conseguisse mover-se até o outro lado, um ataque por trás poderia ser fatal.


- Vamos, pequena Malfoy. Está na hora de brincar. – a voz de Nixon saíra estranhamente sinistra. Mais do que o normal. – Crucio!


Desta vez, Ella não teve tanta sorte. A dor era tão intensa que nem conseguiu distinguir de onde viera aquele ataque. Quando foi atingida, tentou se controlar para não gritar, não queria dar aquela satisfação àquele bastardo. Porém era tão agonizante aquela dor que em pouco tempo seu berro ecoou mais alto do que qualquer outro barulho ali.


- Eles podem até me prenderem e me trancarem em Azkaban, mas eu vou levar comigo a satisfação que tirei a sua vida. Vamos ver como o traidor do seu pai vai reagir ao ver sua filhinha morta. – ele gargalhava tanto que parecia estar fora de si.


Ella conseguia ver o sorriso de satisfação no rosto de Nixon. Logo ele terminaria aquilo com a Avada Kedavra. Estava correndo contra o tempo. Não conseguia mover um músculo para agarrar a varinha que deixara cair ao seu lado quando colidiu contra o chão. 


Só teria mais uma chance, e não podia cometer erros. Agüentou mais algum tempo daquela tortura aos berros. Sentia até algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Até que houve um momento em que a dor cessou.


- Te vejo no inferno, princesa. – ele ostentou um último sorriso ferino e conjurou a maldição mortal.


Durante aquela pausa de poucos segundos sem a sensação de ter seus membros sendo arrancados de seu corpo, Ella conseguiu alcançar sua varinha. No momento em que ouviu Nixon pronunciar aquelas duas palavras mortais, juntou toda a força que ainda lhe restava e rolou para o lado.


Conseguiu desviar do raio de luz verde por poucos centímetros novamente. Quando Nixon viu o que havia acabado de acontecer, preparou-se para outro ataque, mas não foi rápido o bastante. Seu corpo já não tinha carregava mais vida. Era só mais um cadáver que recebeu a maldição da morte.


 Ella rebateu com o mesmo feitiço. Ainda tentava compreender o porquê de ter escolhido aquela maldição. Podia ter optado por jogá-lo na parede estuporando-o, ou algum que o deixaria imóvel. Mas agora era tarde demais para questionar a sua decisão. O corpo de David Nixon jazia sem vida a poucos metros a sua frente.


Agora o barulho da água correndo voltou a dominar o recinto. Era uma verdadeira paz não ouvir nenhuma voz. Girou seu corpo e deixou-se ficar esticada com a barriga para cima. Seu coração ainda estava acelerado, afinal, aquela era a primeira vez em que tirava a vida de um homem. Mas sua respiração já não era mais tão ofegante quanto a do momento de tortura e pressão. Ficou fitando o teto de pedras, e tentando fazer com que aquela sensação ficasse mais tempo. A sensação que aquele longo e terrível dia finalmente havia chegado ao fim.


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- Ela está ali! – gritou alguém na entrada.


Albus olhou para o homem que acabara de chamar sua atenção. Correu até ele e finalmente viu o que o outro lhe mostrava, e o porquê ponderava de adentrar no local. Sentiu suas pernas fraquejarem ao ver os dois corpos estirados ao chão.


 Lançou um olhar amedrontado ao sujeito parado ao seu lado. Ele era novo, talvez mais do que Ella. Pelo seu olhar petrificado nos corpos, não tinha muita experiência com cadáveres. Muito menos Albus.


Não sabia exatamente o que fazer. Sua mente estava atordoada, seus músculos não lhe obedeciam mais, e seu coração estava aos pedaços. Provavelmente ainda estava ali de pé porque não conseguia acreditar no que havia acontecido. Na verdade, se recusava a acreditar.


Olhou novamente para o jovem auror e assentiu com a cabeça. Iria até Ella.


Deu o primeiro passo, mas foi impedido por um braço que agora o barrava de seguir em frente. Virou a cabeça e viu quem era. Os mesmo olhos acinzentados que ela, a expressão fria e cansada no rosto. Os lábios finos se comprimiram de desgosto ao ver a cena a sua frente.


- Eu faço isso. – Draco Malfoy foi Albus e fez sinal para que os dois rapazes mantivessem suas posições.


Draco caminhou devagar até onde estava Ella. Tentava ir mais rápido, mas suas pernas não lhe obedeciam. Tinha as mãos tremendo, e mal segurava a varinha.


Quando pusera os pés naquele labirinto subterrâneo de pedras, sabia que havia a possibilidade de enfrentar aquilo. Porém, tinha esperanças que conseguisse tirar a filha com vida daquele buraco imundo.


Aproximou-se devagar e ajoelhou-se perto da filha. Esticou a mão e tocou a ponta dos dedos nas maças do rosto de boneca de Ella.


Seu coração pulou ao sentir a respiração irregular dela. Pôs os dedos no pescoço  dela, procurando pela artéria, finalmente e sentiu os batimentos cardíacos. Não eram muito fortes, mas ao menos ela ainda estava com vida.    


Fez sinal para os outros dois se aproximarem. Eles tinham as expressões mais relaxadas, agora que Draco não tinha mais o olhar deprimido como agora a pouco.


- Você. – apontou para a cria do chefe dos aurores. – Leve-a para o St. Mungos imediatamente. Peça para um dos aurores perto do pátio escoltá-los. – depois virou-se para o outro rapaz. – E você corra e chame o Potter aqui.


Albus não teve muito tempo para absorver as novas informações. Fez o que lhe foi pedido. Pegou Ella no colo, com cuidado, e a carregou para fora dali. O jovem auror o seguiu, deixando-o Draco à sós com Nixon.


Lançou um olhar ao verme estirado à poucos metros dele. Não precisava sentir seu pulso para saber se ainda lhe restava vida no corpo. Nixon estava morto, Ella o matara.


Os olhos negros estavam arregalados de forma assustadora, e a boca permanecia entreaberta. Draco riu ironicamente. Parecia que ele tinha morrido de susto, dado a expressão no rosto do defunto.


Foi só Draco colocar-se de o pé novamente, que Potter chegara. O moreno estava um pouco afobado e tinha a mesma expressão de exaustão que a maioria dos aurores ali. Aquela fora uma longa noite, e ele estava contente por ela estar chegando ao fim. Todos ali estavam.


- Ella o matou. – disse Draco, com uma ponta de satisfação no tom da voz.


- Preferia ele vivo para cumprir pena, mas isso também serve. – disse Harry, examinando o cadáver mais de perto. – Foi uma Avada. Tenho certeza. E Ella?


- Seu filho acabou de sair daqui carregando-a nos braços. Estava desacordada, mas creio que ficará bem. – assim ele esperava.


- Malfoy, eu estava olhando nas coisas do Nixon e encontrei isso aqui. – Harry tirou do bolso uma carta amassada e uma varinha. – Acredito que pertença à Ella.


Era claro que pertencia à filha. Fora com ela comprar aquela varinha quando ainda era apenas uma menina. E a carta fora escrita por Astoria. Reconheceu de imediato o símbolo da família no envelope. O mesmo símbolo que continha na carta que ela deixara para ele. Naquele momento, sentiu seu coração parar. Ainda não tivera tempo para o luto, e depois que vira Ella sendo levada dali, aquele maldito sentimento estava tornando a voltar. Respirou fundo, e manteve a expressão indiferente. Não demonstraria fraqueza diante de Harry Potter. Já tivera humilhações suficientes em seu passado negro.


Estendeu a mão e pegou a varinha e a carta, depois as guardou no bolso interno do sobretudo.


- Vá para casa, Malfoy. Você parece ter perdido uma briga feia contra um hipogrifo. – o moreno não pôde deixar de brincar com o passado.


Draco revirou os olhos e deu as costas ao ex-rival. Mas antes de deixar o recinto, disse:


- Mas essa vez eu não perdi a briga. – e foi embora.


 


 


 


 


 


 


 


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N/Autora: Sim! Finalmente o capítulo! Eu disse que este seria melhor, não? Bom, eu fiquei com preguiça de revisar o capítulo, então provavelmente ele estará com alguns erros de digitação e concordância. Amanhã resolverei isso.


Bom, queria desculpar pela eterna demora do capítulo. Ele já estava pronto desde o início do mês, mas como a topera aqui parou de checar o f&b, eu não tinha percebido que o site voltou ao ar.


Pela demora, eu resolvi presenteá-los com um pequeno bônus, que estaria mais para epílogo. Ou seja, agora faltam apenas três capítulos, contando com o bônus. Intrigante, não?


Mais uma vez, obrigada pelos comentários e votos, e pela persistência e paciência e ainda tem com a fic. Espero vê-los em breve no próximo capítulo.


CONTATOS: [email protected]


                       http://twitter.com/lyrawhite


                       http://lyrawhite.deviantart.com/


  PS: mesmo que eu não esteja merecendo, comentários me fazem feliz. Please, comentem.


O que acham de um pedacinho de NC no ´proximo cap? Podem dar sugestoes se quisserem


 


 


 


 


 


 

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