Sonhos e Estratégias



CAP NÃO BETADO


Capítulo 10 – Sonhos e estratégias 




           Fazia alguns minutos desde que a escuridão cessou domínio sobre sua mente. Aos poucos os sentidos iam melhorando, mas ainda assim não queria abrir os olhos. Tinha aquele estranho pressentimento que devia mantê-los fechados por mais um tempo.


           Não tinha a menor idéia de onde estava. Não havia vozes no ambiente, provavelmente estava sozinha. Mas podia ouvir o barulho de água borrifando contra o chão de pedra e se prestasse atenção, conseguia ouvir o som do trafego na rua. Entretanto, tudo aquilo era um tanto irrelevante quando se tratava do cheio do lugar. Aquele cheiro forte de enxofre fazia seu estômago revirar algumas vezes, que logo passava.


           Em dias comuns, provavelmente conseguiria juntar as peças, mas não hoje. Sua cabeça latejava como nunca e sentia seu corpo fraquejar à qualquer tentativa de movimento. Do seu ponto de vista profissional, tinha o leve pressentimento de que problemas se aproximavam.


           Esse pressentimento se confirmou após finalmente tomar coragem e abrir os olhos de forma lenta. Era um ambiente úmido e pouco higiênico, tinha a impressão de ter visto um camundongo passar correndo logo à frente, mas a luz estava fraca demais para confirmar.


           Tentou mover os braços, mas seus pulsos estavam amarrados às costas, com uma corda. Isso vinha causando as incômodas câimbras nos ombros de vez em quando. As pernas era a mesma coisa: atadas.


           - Não tente que você irá se machucar. Eu mesmo me certifiquei que não haveria uma brecha para se livrar das cordas. – uma voz arrastada e grave vinha acompanhando as passadas que se aproximavam lentamente.


           Um homem alto saiu de dentro das sombras. Devido à pobre iluminação, Ella não conseguia ver perfeitamente o rosto do recém chegado, mas era impossível não notar o sorriso ferino e o olhar sereno. Os cabelos negros eram muito curtos, e o nariz longo aparentava estar quebrado.


           - Deve confessar que me decepcionei um pouco quando os rapazes me contaram o quão rápido você foi nocauteada. Com sua fama, esperava um pouco mais de ação. – ele riu levemente ao notar Ella apertar os olhos raivosamente.


           - Então, dá próxima vez, diga àqueles desgraçados para iniciarem um ataque pela dianteira, e não como vermes covardes que atacam por trás. – retrucou Ella entre os dentes.


           - Eu darei o recado, mas posso garantir que não haverá uma próxima vez. – ele aproximou-se mais. Em seguida, ficou de joelhos à frente de Ella. – Acho que não fomos formalmente apresentados. Sou David Nix...


           - Sei exatamente quem você é. – disse Ella. – Mais um rebelde ignorante que acabará limpando os corredores de Azkaban.


           - Eu não tenho tanta certeza disso. – ele tinha os olhos em Ella, observando cada reação da loira. – Devo admitir que fui um pouco equivocado em apressar para abordá-la, mas creio que isso não será problemas. Não pude resistir. Seu pai receberá um belo presente dentro de algumas horas, e isso é um espetáculo que venho ansiando por algum tempo.


           Ella engoliu em seco, mas não abaixou o olhar. Não daria aquele gosto de vitória ao maldito à sua frente. Ele não iria se divertir com seu medo, isso podia garantir que não.


           - É uma pena – ele estendeu a mão até tocar o rosto da jovem, que retribuiu com uma carranca. – que esse rosto tão delicado estará frio igual pedra muito em breve.


            - Isso é o que vamos ver. – Ella suspirou profundamente, depois encarou-o mais uma vez e sorriu ironicamente. – Vá para o inferno, seu aspirante à comensal!


           Cuspiu bem no centro do rosto largo do sujeito. Ele praguejou e se afastou, fazendo com que Ella alargasse seu sorriso.


           - Como ousa? Sua pequena insolente. – bufando, aproximou-se novamente de Ella. – Farei com que deixe esse mundo de forma lenta e dolorosa.


           E aquela foi a última coisa que Ella ouviu antes de Nixon nocauteá-la com o punho. Mais uma vez, a escuridão tomou conta.   






           Scorpius acordou em sobressalto. Tinha a respiração acelerada e uma gota de suor escorreu pela bochecha esquerda, até cair no lençol de seda. Olhou para o relógio na mesa ao lado da cama. Ainda era uma e meia da manhã.


           Voltou a recostar no travesseiro e passou a ficar o completo breu do quarto. Fazia muito tempo que não tinha um pesadelo como aquele, um tão real. Talvez fosse devido à recente perda da mãe ou coisa do gênero, mas não compreendia o porquê de envolver logo a irmã.


           Mesmo com seu ritmo cardíaco abaixando aos poucos, não conseguiu voltar a relaxar e provavelmente dormir estaria fora de questão. Levantou-se e começou a caminhar cuidadosamente pelo quarto, tentando não esbarrar em nada. Foi até o corredor e ficou encarando-o por alguns segundos. Costumava ter medo de andar ali a noite quando pequeno, até hoje ainda lhe passar calafrios.


           Deu alguns passos até a porta mais próxima e a abriu com cuidado. A luminária azul brilhava fracamente, enquanto os pequenos dragões, formados pela luz desta, voavam pelas paredes do quarto. Ethan ressonava tranqüilo na cama. Afinal de contas, aquele havia sido um dia cheio para o pequeno. Scorpius esperar que o filho não tivesse que passar por aquilo novamente durante um bom tempo. Sentiu seu coração quebrar diante da tristeza do menino quando informou que a avó não estaria mais por perto, nunca mais.


           Continuou com os passos até a cama do menino, onde parou e curvou-se até que seus lábios pudessem tocar na testa do filho. Afagou-lhe levemente os cabelos iguais aos seus, e deixou o quarto, ainda atormentado.


           Fazia tempo que não tinha um sonho tão real. Tinha a sensação de estar presente no momento em que os olhos da irmã se abriram, até a hora em que se fecharam e o sonho chegou ao fim. Com a mão, limpou as últimas gotas do suor frio que escorria pelo seu rosto pálido.


            Encostou a porta do quarto de Ethan e retornou para o seu próprio. Chegara a sentar na cama, mas algo o fez desistir de voltar a dormir. Sua mente ainda estava aflita o suficiente para deixar o sono e o cansaço retornarem ao seu corpo.


           Scorpius levantou-se da cama às pressas e correu até o guarda-roupa, pegando a primeira muda de roupa que visse pela frente. Iria chegar a irmã apenas para acabar com o peso na consciência. Tinha mais do que certeza que Ella estava bem fisicamente, pois emocionalmente, a irmã devia estar uma verdadeira bagunça.


           Deu uma última olhada no relógio, que marcava quase duas, e sumiu do quarto da Mansão.


           Aparatou no corredor do apartamento de Ella. A irmã tinha colocado feitiços suficiente para impedir que qualquer um, exceto ela mesma, aparatasse dentro do apartamento. Só restava tocar a campainha e esperar que ela resolvesse abrir a porta.


           A fraca luz do corredor iluminava a porta. Scorpius estendeu os longos e finos dedos até a campainha ao lado da porta. Não houve resposta alguma vindo de dentro. Repetiu o gesto três vezes e continuou na mesma.


           Conhecendo a imã como conhecia, ela não atenderia a porta sob a menor circunstancia. Ella tinha seu luto acompanhada somente da solidão e nada mais. Não deixava mais ninguém se aproximar até conseguir se segurar. E isso merecia uma ação um pouco mais drástica.


           Mesmo não tendo ninguém à vista, Scorpius ainda se certificou de que não havia nenhum trouxa bisbilhotando antes de tirar a varinha do bolso. Aproximou-a da fechadura da porta e sussurrou um pequeno encantamento para destrancar a porta.


           O som da maçaneta da porta destrancando pôde ser ouvido claramente. Em seguida, Scorpius adentrou no lugar que parecia um verdadeiro pandemônio. Uma coisa que Ella não tinha e nunca teve é o senso de organização, e provavelmente continuará assim até o fim dos dias.


           Olhou na sala e na cozinha. Sem sinal de Ella.


           - Ella? – chamou, antes de entrar no quarto vazio. Ela não estava ali, e sem sequer voltou para casa depois do enterro. Não tinha sinais de lenços ou das roupas que Ella usou no funeral. E sabia perfeitamente que a irmã não continuaria vestindo aqueles trajes depois do enterro, e dificilmente iria usá-los de novo.


           Uma ponta de preocupação bateu em Scorpius depois de checar cada cômodo da casa. Aquele seria o primeiro lugar que Ella iria se enfurnar, mas ainda havia outras opções. A próxima parada era a casa de Morgan, e era exatamente para lá que iria agora.


           Aparatou mais uma vez, agora diante de uma bela e grande casa com jardim. Estivera ali poucas vezes. Era a casa de campo da família de Morgan, que ele usara como residência. Morgan amava muito a mãe, mas não o suficiente para fazê-lo morar com ela depois da escola. Agora a senhora Hopikings residia na casa em Londres, enquanto Morgan ficava no campo.


           Caminhou pelo caminho de pedra que levava até a porta de entrada. Bateu com a argola de metal do centro da porta várias vezes, já pensando que teria a mesma resposta da casa de Ella. Quando estava quase arrombando a fechadura, a porta se abriu.


           - Lily?! – exclamou surpreso ao ver a ruiva atendendo a porta vestindo apenas uma das camisas de Morgan.


           - O que faz aqui há uma hora dessas? – perguntou ela, aumentando a  abertura da porta para Scorpius entrar.


           - Por acaso Ella está aqui? – indagou o loiro já começando a perder um pouco a calma.


           - Não. Não a vejo desde o enterro. – respondeu Lily. Ela virou o rosto para a escada e voltou a falar, dessa vez mais alto. – Você viu a Ella, Morgan?


            Um abafado “não” soou no andar de cima. Logo Morgan se juntou à eles no hall de entrada.


            - Scorpius, colega, perdeu a noção do tempo, foi? –Morgan apareceu coçando os olhos e trajando apenas uma samba canção escura. Ele fracamente e acenou para Scorpius.


            - Não a encontro na casa dela. Imaginei que ela estivesse com você. – disse Scorpius.


            - Esqueceu que eu sou a opção número dois agora? – Morgan riu matreiro e piscou para Lily, que riu e meneou a cabeça em negativa.


            - Enfim. Ela está na casa do Potter? – tornou a perguntar.


            - Talvez. Mas... – Morgan cessou a conversa por um momento e encarou Scorpius, agora sem o olhar brincalhão. – O que você tem para me contar que eu não estou sabendo, Scorpius?


           Scorpius coçou a cabeça nervosamente. Sabia que aquele sonho era besteira, mas tinha verificar que a irmã caçula estava bem. Respirou fundo e resolveu abrir o jogo.


           Contou sobre o estranho sonho que tivera agora à pouco.Deu todos os detalhes que se lembrava e quando a narrativa chegou ao fim, não era somente Scorpius que estava atormentado.


           - Fiquem aqui que eu volto já. – Lily tocou no braço do namorado rapidamente e começou a rumar para a escada. – Vou trocar e roupa e ir na casa de meu irmão. Provavelmente Ella deve estar lá.


           - Estaremos aqui esperando, então. – respondeu Morgan. – Já que está aqui, vamos comer. Quer um chá?


           - Eu passo. – recusou Scorpius. Só conseguiria relaxar o suficiente para se alimentar depois que visse a irmã na sua frente. Mesmo não querendo nada, seguiu Morgan até a cozinha.


           Sentia um certo alívio de Lily ter se oferecido para bater na porta de Albus no início da madrugada. Estava muito mais confortável com o relacionamento da irmã do que o pai, mas ainda não havia chegado ao ponto de se referir à Albus de “meu cunhado” e bater à sua porta quase duas e meia da manhã.


           Quando Morgan estava botando a água fervente numa caneca, Lily entrou na cozinha. E ela não estava sozinha.


           - Scorpius? Você tem certeza de que foi isso que viu? – perguntou Albus num tom mais elevado do que o de costume.


           - Acha que eu estou inventando história para hipogrifo dormir? É óbvio que foi isso que eu vi. – retrucou. – Era um tal de Nixon.


           Albus passou a mão pela cabeleira negra nervosamente e voltou a encarar o grupo preocupado.


           - Eu vou até papai. Ele deve saber o que fazer. – informou e começou a ganhar distância dos outros. – Scorpius, informe seu pai disso.


           - Albus, o que está acontecendo? – Lily se aproximou do irmão e o segurou pelo braço. – Foi só um pesadelo, não é mesmo?


           - Eu queria que fosse, mas não é. – ele sacou a varinha e lançou um olhar significativo aos presentes. – Morgan, é melhor você voltar para o Departamento. Precisarão de bastante gente por lá.


           Morgan assentiu e aproximou-se de Lily, beijando-lhe levemente nos lábios.


           - Tudo ficará bem. – disse ele em um tom um pouco mais alto que um sussurro. Forçou os lábios a sorrir, e tentava esconder a aflição no olhar. Queria que Lily ficasse calma acima de tudo. – Vou trocar de roupa e rumarei para o Departamento. Vejo vocês mais tarde.


            Agora sobraram apenas três na cozinha mal iluminada. Scorpius estava inquieto e já não agüentando mais a inquietação, disse um breve “até logo” e aparatou ali mesmo.


           - Albus, o que está acontecendo? – Lily repetiu a perguntar feita anteriormente.


           - Já faz algum tempo que esse sujeito anda atrás de Ella. – ele suspirou pesadamente. – Não há uma melhor vingança do que matar a caçula da família. Pelo menos, começar a matança por ela.


           Lily levou às mãos à boca, perplexa de horror. Meneou com veemência a cabeça algumas vezes, tentando ignorar aquela última informação. Mas nada adiantava. Depois de anos e anos, finalmente sentira medo da morte novamente.


           - Ella ficará bem, Albus? E não minta para mim! – exclamou a ruiva, apertando as mãos frias de Albus.


           - Sinceramente, eu não sei, Lily. Eu não sei.


           Os dois trocaram um olhar entristecido e aparataram.






           - Pai! PAI! – berrava Scorpius enquanto batia na porta do quarto do pai. Havia checado o escritório antes, mas Draco não estava lá. Nem na sala de leitura.


           Scorpius cessou as batidas na porta quando ouviu um movimento um do lado de dentro. Logo o barulho da fechadura destrancando.


           - Por Merlin, Scorpius, você assim vai acordar Ethan e a Inglaterra inteira. – disse o pai em um tom irritado. Ele não trajava pijamas, ainda estava com a roupa do enterro e pela cara ranzinza, ainda não havia conseguido pregar os olhos. A irritação sumiu de suas feições assim que vira o estado do filho. – O que foi, Scorpius?


           - É Ella, pai. Alguma coisa aconteceu com ela.


           - Vamos até o escritório. Vá me contando tudo no caminho. – ordenou Draco, enquanto fechava a porta atrás de si.


           E assim Scorpius o fez. Relatou detalhadamente todo o bendito pesadelo, e depois das visitas à casa de Ella e de Morgan.


           - Então, Potter já está sabendo? – perguntou Draco, enquanto caminhava de um lado para o outro no escritório.


            - Muito provavelmente. – respondeu, olhando angustiado para o jardim.


            Draco pensou por alguns segundos no melhor a fazer naquele momento. Não podiam agir sem pensar, não podia arriscar perder Ella.


             - Eis o que faremos, Scorpius. – Draco deu as instruções  ao filho, que assentiu e deixou o escritório às pressas.


             Caminhou até a cadeira atrás da mesa e sentou-se sobre esta. Suspirou. Parecia que aquele pesadelo não acabava.  Primeiro perdera a esposa e agora sua filha estava à beira da morte. Ás vezes pensava que tudo aquilo era um velho carma tentando lhe punir pelo passado. Mas logo deixava essa idéia boba de lado, pois carmas não existiam. Carma era uma desculpa para tudo de ruim que acontecia, e apenas fracos acreditavam naquilo. E ele certamente não se rebaixaria à tanto, não hoje. Naquela noite precisaria ser forte, por Ella. Por Astoria.


            No andar acima, Scorpius ajudava Ethan a vestir vestes mais quentes para saírem.


            - Para onde vamos, papai? – perguntou a sonolenta criança.


            - Vamos visitar o trabalho da sua tia Ella. – disse, tentando sorrir.


            Com a ajuda de Scorpius, Ethan se levantou da cama. Mas não ficou de pé no chão por muito tempo, logo pediu colo e Scorpius não recusou. Pegou o filho no colo e deixou o aposento às pressas. Ethan lutava para manter os olhos abertos, mas quando chegaram ao escritório para encontrar com Draco, o menino já ressonava tranqüilo novamente.


            - Assim é melhor. – pensou Scorpius. – Vamos, pai?


            - Compreendeu o que fará lá?


            - Sim. Darei todos os detalhes à Potter.


            - Exatamente. Agora vamos. Eles estão à sua espera. 




             - Harry? Os Malfoy já chegaram. – anunciou Hermione Granger, após entrar na sala de carpete vermelho.


            - Até que enfim. Peça para eles entrarem, por favor. – disse Harry, ficando de pé, junto às outras duas pessoas que estavam na sala, Ron e Russell.


            Não passou nem dois segundos desde que Hermione desapareceu, que as duas figuras loiras entraram na sala, mais especificamente, duas e meia. Scorpius carregava o filho adormecido em seu colo.


            - Scorpius, estes são Ron Weasley e Gwen Russell, diretores secundários do Departamento. Eles ajudarão com o caso.


            Scorpius assentiu a cabeça apenas, sem dar uma palavra. Lançou um olhar significativo ao pai, que logo compreendeu a mensagem.


            - Eu fico com Ethan. – disse Draco, estendendo os braços para pegar o neto sonolento. O menino resmungou algum incompreensível e logo voltou a ressonar tranqüilo. – Estarei do lado de fora se precisar de algo.


          Draco assentiu para os demais na sala, depois deixou o recinto. Queria estar lá com Scorpius, mas acabaria sabendo mais tarde como os três aurores iriam prosseguir. Aquela situação enrolada em que se metera acabaria causando-lhe um enfarto precoce. Não conseguia deixar de pensar em como tudo o que estava acontecendo era sua culpa. Talvez se tivesse feito algo diferente, Ella estaria em casa, dormindo em sua própria cama.


           Sentou-se em uma das poltronas de espera na sala, para acomodar melhor  Ethan. Já não tinha mais idade nem forças para carregar crianças por tanto tempo. Riu. Por mais que tentasse fugir, a velhice acabaria lhe pegando de vez. Ethan remexeu-se e abriu os olhos ainda sonolentos.


           - Onde estamos, vovô? – perguntou, após soltar um longo bocejo.


           - No Ministério. Ajudando sua tia Ella. – respondeu. Nada mais lhe veio à mente em resposta. Ethan era pequeno demais para compreender uma situação como aquela, então o melhor a fazer era não entrar em detalhes. Desejava com todas as forças a não ter de dar mais uma notícia trágica àquela criança, ele já havia perdido muitos entes queridos  para aquela idade tão nova.


           - Estou com fome, vovô. – e uma pequeno beiço formou-se nos lábios finos do menino.


           - Logo iremos tomar café. Aguarde um momento. – disse o loiro mais velho, tentando manter a paciência. Eram geralmente com expressões  como “fome”, “sono”, “chato”, que o choramingo começava.  


           Hermione Granger observava a cena de forma discreta. Estudava o mapa dos esgotos de Londres e ouvia a conversa entre os Malfoys. Por um momento, deixou de encarar o pedaço de papel à sua frente, e olhou para o menino no colo de seu ex colega de escola. Teve de rir levemente. Como alguém conseguiria resistir àquele olhar de cão na chuva.


           - Eu posso ficar com ele por alguns instantes, se quiser, Malfoy. – ofereceu Hermione, com um tom de indiferença.


            - Eu pensaria duas vezes antes de entregar meu neto aos cuidados de uma sangue-ruim, Granger. – respondeu um tanto ríspido. Fazia algum tempo desde que não a chamava por aquele nome. Geralmente mantinha a calma quando encontrava com os ex grifinórios de seu tempo, mas calma era o que mais lhe faltava naquela madrugada.


            - Não seja um idiota, Malfoy. A criança está com fome e eu sei que está morrendo para entrar lá dentro, e se intrometer na conversa.


             Draco bufou contrariado, mas acabou assentindo com a cabeça. De certa forma, ela estava certa. Precisava estar lá dentro para contrariar qualquer decisão que ache se imprudente, e que viria a por ainda mais a vida da filha em risco. Não entregaria tudo nas mão do salvador da pátria, Potter já havia falhado antes, e não suportaria enfrentar as conseqüências caso o resgate fracassasse.


           Levantou-se e deixou Hermione pegar o neto de seus braços. Ela tomou Ethan em seus braços, mas estendeu a Draco o papel que estudava na mesa da secretária.


           - Entregue isso à eles. De acordo com as narrações de minha filha e seu genro – ela sorriu ao ver o loiro estremecer ao ouvir aquela última palavra. – deu para ter uma noção das possíveis rotas que nos levarão até Ella e Nixon.


           - Aquela cria de pseudo-heroí não é meu genro. – disse em voz alto o que vinha dizendo há semanas a si mesmo.


           Ela virou-se ainda sorrindo triunfante e deixou-o sozinho na pequena saleta. Draco suspirou pesadamente. Apenas queria que aquele inferno acabasse de uma vez. Ergueu o mapa e viu os locais circulados. De fato, havia um que não ficava tão longe da casa de Ella.


           Abriu a porta e entrou novamente no escritório. Russel anotava alguma coisa em um pedaço de pergaminho, enquanto Ron e Harry faziam algumas perguntas à Scorpius.


           - Você tem a mais absoluta certeza que viu B34 escrito na parede? – perguntou o ruivo.


           - Mas é óbvio que foi isso que eu vi. Havia barulho de carros, goteiras e esse número escrito na parede de pedra. – respondeu Scorpius com o tom um pouco mais alterado que o normal.


           - Harry, se não engano, isso fica perto de alguns bares. O barulho de carros. Isso bate. – falou novamente o ruivo.


            - Vamos ver com Hermione e Steven a melhor rota. – Harry virou-se para Russel. – Se já tem as notas prontas, entregue à Steven. Assim começaremos a montar os grupos e a estratégia de ataque.


             - Certamente. – ela assentiu. – Venha comigo, Weasley. As informações foram bastante úteis, senhor Malfoy. Obrigada.


             - Vou procurar Hermione, então. Nós encontraremos na sala de conferencia em dez minutos? – indagou Ron, seguindo Russel até a porta.


             - Vá com o Weasley, Scorpius. – ordenou Draco. – Granger está com Ethan. Eles foram até a cafeteria no quarto andar.


              - Ok, pai. – Scorpius assentiu para o moreno à sua frente e saiu da sala, seguindo os outros dois que o interrogaram.


           Draco esperou a porta se fechar para se aproximar-se mais. Parou diante do antigo inimigo de escola, e encarou seus olhos verde-esmeralda.


           - Qual é o plano, Potter? – pergunto.


           - Ataque surpresa. Mostrarei a estratégia assim que decidirmos qual a melhor rota a seguir. – explicou o outro. – Vá para casa com Scorpius. Prometo que estará a par de tudo que acontecer.


- Mas é claro que estarei a par de tudo. Irei com vocês. – disse, decidido. 


           - Se fizer isso, estará fazendo exatamente o que Nixon quer. Se tornará um alvo fácil.


           - Que seja. Mas não ficarei aqui esperando alguém me dizer se minha filha está viva ou não. Estarei lá embaixo fazendo o possível para que ela volte com vida.


            Harry suspirou. Malfoy não iria dar o braço a torcer, e sabia que o loiro estava certo. Também não conseguiria ficar parado enquanto um de seus filhos estivesse correndo algum tipo de perigo.


            - Esteja pronto, então. Partiremos em meia hora. – disse Harry, finalizando de vez aquela conversa. 




 N/Autora: Sim, sim. Eu sei que depois dessa eu vou para o inferno. O capítulo ficou bem ruinzinho, fiz corrido e sem muitos detalhes, não desenvolvi nada nele, por isso eu peço desculpas. Provavelmente esse é o pior e mais mal feito da fic toda. É, a situação é do mal ^^' Mas meio que deu um bloqueio do inferno, e tava meio trágico pra finalizar. Era pra ele ter sido postado há semanas, mas topeira do jeito que eu sou, salvei em um formato que nao abre no laptop que estou usando agora ¬¬ ai tive que esperar trazerem meu laptop


Mas nao vamos chorar por leite derramado. Acredito que o próximo deve sair rápido. Já estou com a ideia bem formulada. E prometo que o 11 será infinitamente melhor ^^'


E minha gente... só mais três capítulos para acabar agora. Decidi fazer um décimo terceiro bem curtinho, quase  como um epílogo. Depois vocês verão o porquê.


No capítulo 12 vocês entenderão por que o Scorpius conseguiu ver onde a Ella estava ^^


Beijos.. vejos vocês em algumas semanas


Contato: (msn) [email protected]





















Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.