Capítulo Três - EDITADO



Terceiro Capítulo


Remus John Lupin


Sometimes it might seem hard
And your whole world falls apart
Just know that you when you fell that way
(Monrose - even haven cries)


“Não se mexa!” A voz dela me assustou. Tentei respirar, tentei abrir os olhos e a boca, dizer-lhe que eu estava bem.


Senti calor.


”Se você não se mexer, eu te dou uma bala quando sairmos daqui”



Eu quis rir, mas quando tentei, senti uma golfada amarga em minha boca. Asfixiei. Ela gritou meu nome e seus dedos invadiram minha boca.



“Não ria, não fale. Não abra os olhos”



O que você quer que eu faça, então???



“Só vou te fazer perguntas retóricas, okay? Não! Não mexa sua sobrancelha! Perguntas retóricas são perguntas de sim ou não, Remus.”



Ah, agora sim....



“Você vai apertar minha perna uma vez pra ‘sim’ e duas para ‘não’, okay?” ela pegou minha mão, e eu a apertei uma vez. Senti que a ‘perna’ era a coxa dela. Não sorri. Eu não podia sorrir.


 Ela cutucou meu rosto várias vezes.


Podia sentir os cutucões, mas nenhuma dor. Quando ela tocou meus olhos eu soltei um gemido. Não pude evitar: doeu, ou melhor, incomodou bastante. Ela tentou me levantar, mas eu nunca fui leve. Não conseguindo, ela sussurrou: 



“Fique aqui, ta? Eu volto já” Ouvi-a levantar-se e depois sair em disparada para algum lugar atrás de mim. Não sei quanto tempo eu fiquei consciente da partida dela, ou o tempo em que batuquei no solo quente. Percebi que já era dia por causa dos barulhos ao meu redor. Então mergulhei na inconsciência. Simples assim.


 



[...]



Carla De Vallance

”I’ve tried so hard and got so far
In the end, it doesn’t even matter
I had to fall, to lose at all


In the end, it doesn’t even matter”
In the end – Linkin park




Meu corpo lutava contra a correria. Eu queria parar. Queria descansar e poder voltar pra ele.


Meu coração apertou de desespero. Finalmente ouvi os barulhos da cidade de Remus. Logo atravessei a cerca que dividia a rua da floresta e passei para a praça. Meus pés ardendo. Pela primeira vez desde que morava na casa de meu pai, desejei ser como eles. Sem dor, sem cansaço, só força e coragem. Balancei a cabeça para espantar esse pensamento. Havia esse lado da minha família, mas também havia o lado ruim. Eles eram um grupo de assassinos a sangue frio. E eu os odiava. Não a todos, mas a maioria.

Com o passo rápido, eu atravessei a pracinha na qual conheci os meninos e fui direto para a casa dos Lupin.Toquei a campainha umas dez vezes, eu acho. Quando a Sra. Lupin veio atender, ela levou um susto. Pudera, meu estado era deprimente, literalmente. Meus cabelos estavam uma palha, altos, meus shorts estavam sujos de terra das quedas que o lobisomem me deu e do trabalho que tive pra deixar Remus num local seguro. Minha blusa estava rasgada nas costas, o único local que não tinha sujado nas quedas, eu usei esse pano pra limpar o sangue do meu Protegido, e minha botas estavam sujíssimas de lama. Não foi essa a primeira imagem que ela teve de mim, no quarto de seu filho, horas atrás.



“Carla!” 



“Sra.Lupin, rápido!”



“Que foi, querida?” Ah, ela está tão calma,como se não tivesse percebido a ausência do filho. Talvez ela ainda não soubesse... Comecei a pensar no que diria à mulher:


Sabe, Sra.Lupin, eu e seu filho fomos ontem passear, e um lobisomem achou nós dois, daí, ele nos perseguiu e no final, eu até tentei proteger seu filho,Sra.Lupin, mas o lobisomem o atacou. E, ah, sabe de mais o quê?A idéia foi do REMUS!!! Dele.Não minha.Foi dele.E, sem querer estragar ainda mais sua vida, mas acho que agora em toda lua cheia o Reminho vai se transformar naquele monstro da floresta que nos atacou na noite passada, sabe??Não!Ah, que pena!Bem, é só isso.Agora, se a senhora não se importa, poderia chamar seu marido por favor para que tirássemos sua cria da floresta??



“Carla?” ela me olhava intrigada.



“Ah...O Remus está desacordado na floresta...” eu disse isso o mais controlada possível, embora meu desespero não tenha passado despercebido.

Mas, agora, tenho e acho que sempre terei, a sensação de que falei algo errado, porque ela saiu correndo para lá, sem esperar por mim. Então um homem moreno passou por ela e foi nesse momento que conheci o Sr.Greca. Seus cabelos negros e lisos ondularam no vento quando ele correu com Casside Lupin para a floresta. Eu fiquei parada no portão, até que ela parou e virou-se pra mim.
“Você não vem?”
Então eu corri pra eles, passando direto e levando-os para o local onde havia deixado meu Protegido.

Nós levamos meia hora para chegar lá. É claro que tendo uma mulher madura como acompanhante, nós demoraríamos. O Dr.Greca desviava os galhos para ela, eu ia mais a frente. Então nós o encontramos. Remus precia ter dormido. Eu suspirei aliviada ao constatar isso.

O Dr.Greca mediu a pulsação dele. Estava tudo bem. Cassidy teve vários tiques nervosos enquanto o médico examinava o garoto.
“Acho que é bom levá-lo para um hospital, Cassidy” o Dr.Greca disse, debruçando-se sobre o meu protegido e pegando-o no colo. Ele aninhou Remus de forma que a cabeça dele não sofresse mais nenhum sangramento.
Enquanto voltávamos para a cidade, Cassidy me puxou pelo braço para um pouco mais a frente do homem.
“Quando você o encontrou?”
“Ontem à noite. Eu já estava na floresta, quando ele apareceu.” Não me pareceu uma boa ideia dizer que eu tinha saído da casa já na companhia de seu filho.
“O que você fazia lá, Carla? Podia ter morrido!”
“Não se preocupe comigo, Sra.Lupin, eu sei me cuidar.”  Meu tom foi muito frio e altivo, mas eu não pude controlar. Só saiu de mim. Tudo bem, eu tinha oito anos, mas o meu pai e alguns amigos tinham me ensinado como combater lobisomens, então eu nunca me preocupei. Sem contar que era só subir em árvores. Lobisomens não sobem em árvores. Essa era a parte boa. A parte ruim era que o Remus era, agora, um deles. Senti-me ruim por isso. Olhei para a mãe dele e segurei sua mão.
“Desculpe, Sra.Lupin. Eu não quis ser...ingrata... Chata... Bem, foi só uma resposta-reflexo”



“Tudo bem, querida.” ela fungou e eu passei meus braços ao redor de sua cintura. Ela riu e me abraçou de volta. Não me senti feliz ao abraçá-la. Foi, como minha resposta, um reflexo. Não gostava muito de contatos físicos. Pelo menos não com os pais dos meus amigos. Era vergonhoso. 



[...]


” What you don´t know
Is that your scars are beautiful
What you don´t know
Is your imperfections are what make me whole
What you don´t know
Is how I spirel down
Cause I can´t speak whenever you´re around”
Monrose – What you don’t know 




Nós passamos direto pela porta do hospital aonde o Dr.Greca trabalhava.


Ele levou Remus pela parte de pronto socorro e depois levou a mãe do menino e eu para uma sala de espera. Depois de uma hora angustiante, ele voltou, retirando as luvas descartáveis.
“Remus foi transferido para uma quarto”
“Não temos dinheiro pra...”
“Eu liguei pro meu pai.” Me intrometi. Acho que ter feito isso não foi uma boa idéia. Cassidy não ficou alegre. Eu segurei sua mão e sentei-me ao seu lado.
“Cassidy, meu pai pediu para que seu marido e filho tomassem cuidado. Isso não aconteceu. Remus está vivo e é isso o que importa. Meu pai vai bancar a internação dele e qualquer coisa que ele precisar durante a adaptação à nova vida” ela explodiu num choro desesperado. Foi amparada por Greca, que me olhou com raiva. Eu não respondi. Levantei-me e fui perguntar o quarto no qual o menino estava para a recepcionista da sala.

Meu coração estava muito apertado. Mais do que antes, mesmo que eu soubesse que ele estava bem. Wulfmayer, ou meu pai, seja lá como queiras chamá-lo, aceitou pagar as despesas dele. De Remus, é claro.



“Quarto 302” ela me respondeu.



“Obrigada” Eu corri pelo corredor cor de rosa e virei à direita. Era a última porta virando novamente à direita. Bati na porta três vezes antes de entrar.

“Pensei que ela não te deixaria vir” a voz dele era fraquinha, fraquinha. Eu sorri. MeuSol voltou a raiar depois de horas de chuva. Andei até ele e procurei alguma parte de seu rosto que não estivesse com curativos. Não achei, então peguei sua mão lentamente e virei a palma dele para cima. Trouxe sua mão para minha boca, beijando-a levemente.

Ele sorriu.

“Desculpe-me” eu sussurrei. Por mais feliz que eu estivesse pelo fato dele estar vivo, a imagem de meu protegido, ali, no chão úmido e sujo, completamente indefeso me deixava pra baixo. ”Nunca vou me perdoar por não ter te protegido o suficiente, Remus. Então, espero que pelo menos você me perdoe...”



“Sempre” Ele disse, sorrindo de forma adorável. Eu vacilei.

Ah, não! Não! Grite, me mate! Não aceite assim tão fácil, por favor! Remus, fui uma péssima protetora, não me perdoe tão facilmente!

Sorri de volta, meio sem graça. Meio, não! COMPLETAMENTE sem graça. Soltei a mão dele e sentei-me na cadeira reclinável bem na hora em que a mãe dele entrou, com o Dr.Greca e o pai de Remus. Meu estômago estava revirando, com mil~hoes de  borboletas dentro dele.

Eles me olharam com um misto de gratidão e raiva. Eu me levantei e saí num pulo da sala. Dei uma última olhadela para Remus, antes de acenar pra ele. Nenhum de nós sabia que era a última vez que ele me veria antes de ter que enfrentar tudo.


 



Remus Lupin

Ela havia trocado de roupas antes de entrar na sala. Eu sei. Eu me lembro da roupa que ela usava na noite em que o lobisomem me atacou.

Quando ela tocou minha mão, senti outro dos muitos arrepios subir pela minha espinha. E quando seus lábios tocaram minha palma, meu corpo inteiro pegou fogo. De um jeito nada comum. Como se algo estivesse gravado a ferro quente em minha pele.

Quando meus pais entraram para o quarto, ela saiu. Nossos olhos se encontraram, e antes que eu pudesse dizer algo, a porta se fechou silenciosamente. Ela tinha partido. Quando eu a veria de novo?

“Remus, ficamos tão preocupados com você!” minha mãe se jogou contra meu peito, beijando meu tórax, enquanto meu rosto ardia de vergonha pela cena. Meu pai veio para meu lado esquerdo e passou a mão nos meus cabelos. Suspirei fundo. Meu rosto ardeu quando tentei sorrir para eles. Parecia tão mais fácil fazer isso quando ela estava junto. Ainda assim, quando olhei para os dois ali, junto de mim, chorei. Por ter sobrevivido, por ter desobedecido, por tudo o que me aguardava no Futuro.


 




O carinho que me foi dirigido nas horas que se passaram foi irritante. Meus pais não brigaram comigo, principalmente depois que eu disse que havia acordado já na floresta.



O Dr.Greca diagnosticou que era sonambulismo. Pensei então, sonambulismo, não, mas curiosidade e teimosia, sim!

Na terceira noite, minha mãe arrumou nossas coisas e me ajudou a descer da cama. Nós fomos lavados pra casa pelo Dr.Greca, que me medicou umas coisas.

Ela não apareceu naquela noite. Nem nas outras que se seguiram.


Carla só voltou a aparecer lá em casa dois meses depois, quando eu já tinha enfrentado a lua-cheia duas vezes.


E eu não quis vê-la.


 


 


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n.a.: Então, gente! Mais um capítulo revisado! Espero que tenham gostado! E vão acompanhando a Fic e comentando. É sempre legal receber um comment.


E passem nas minhas outras fics:


Império Romano  (Dramione - Criada pelo Claudomir -Apollyon- e adotada por mim)


Fleurs do Mal  (Draco/Hermione/ Harry/ Rony -  um quadrângulo amoroso)


Never Enough (Dramione  - Short em 2 capítulos)


 


Em breve , atualizações nas outras fics e post de uma nova Short.


Beijão!!


Mira


28 de maio de 2012

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