Capítulo Dois - EDITADO



Segundo Capítulo;


But something happened
For the very first time with you
My heart melts into the ground
Found something true

Leona Lewis – Bleeding Love


Remus Lupin

Passei pelo portão da frente e o soltei com força. Carla estava bem atrás de mim. Ela o segurou bem a tempo para que ainda pudesse passar. Seguiu-me, e segurou o portão secundário antes que eu pudesse fechá-lo totalmente.



“Qual seu problema?”  Ela arriscou, curiosa. Sua voz tão suave, que gaguejei:
“E-eu...não gosto do fato de você me olhar tão...” O seu olhar era tão profundo, que meu coração perdeu uma batida , por quê ela faz isso comigo???



“... profundamente” ela sussurrou.



“Hmm -hum” meu coração batia rápido demais.


Puxei o portão. Minha mão tocou a dela. No começo, eu não tinha percebido, até que a vi corar. Ri com a idéia de ela não gostar de relações táteis, físicas. Puxei o portão até abrir o suficiente para que ela passasse. A proximidade dela fez meu corpo aquecer. Arqueei as sobrancelhas quando ela parou e esperou por mim.



“Não vai terminar de entrar?”



“Eu não. A casa é sua. Você é quem deve me convidar para entrar”



Afirmei com a cabeça e fiz um gesto para que ela me seguisse. Ela o fez. Deslizei a porta da frente, que dava para a sala de minha casa. Passamos pela cadeira de balanço da minha mãe, depois pelos sofás, até entrarmos em um corredor. Neste, havia a escada que dava para meu quarto. Ela me seguiu de perto. Podia sentir seus olhos pregados em minha nuca, atentos a todos os meus movimentos.

Quando entramos em meu quarto, ela sorriu encabulada.
“Então...você vai ficar aqui?” perguntei, estupidamente, é claro. Eu sabia que ela iria. Ela disse.

“Se eu puder”.

“Você pode, se me explicar o por que de ter escolhido a mim” fui tão direto, que acho que a assustei.


 Vi quando os olhos dela, que até aquele momento eu não tinha reparado o quão vivos eram, se arregalaram. O sorriso cativante que me foi dirigido mais cedo apareceu novamente nos lábios dela. Os meus secaram na mesma hora. Não entendi o porquê disso. Tive que passar a língua neles para que parassem de arder. Ela notou e soltou um risinho muito parecido com um latido.



“Está bem. Mas tem que prometer não contar pra ninguém”.



“Okay”.



Indiquei a cama, e ela foi deslizando para lá. Fiquei atordoado com isso. Sentou-se com tanta delicadeza, que pensei se tratar de uma bailarina. Sentei-me na minha escrivaninha, mirando-a com intensidade.Talvez eu pudesse desvendar o que se passava na cabeça dela se sustentasse seu olhar.



“Você tem belos olhos” ela disse, tentando, visivelmente, mudar de assunto.



“Desembucha”.



Ela suspirou. Eu ri de sua expressão. Carla não parecia satisfeita em ter que falar tudo. E eu não sabia se queria saber da verdade. Ela sorriu. Sabia o que eu sentia. 



“Você está com medo de saber?”



“Sim”.



“Só vou te contar quando você se sentir pronto, okay?”



“Por quê?”



“Porque agora você é meu.” Ela disse séria. Senti outro arrepio subir por minha espinha. Isso não era bom. Não era nem um pouco bom.



“Vou esperar”



“Bom” ela sorriu, dessa vez como uma delas. Como uma garota, quando ganha uma boneca nova. O problema era que a ‘boneca’ era eu.



Ela se dirigiu ao banheiro que tinha em meu quarto no mesmo momento em que minha mãe entrou.



“Ouvi vozes.Tem alguém aqui?”



Carla abriu a porta do toilet, com um telefone celular na mão. Fiquei branco de espanto, tenho certeza.
Mamãe olhou pra mim em tal estado, que eu não pude decifrar o que se passava em sua cabeça. Ela sorriu para Carla e voltou para o andar de baixo correndo. Eu respirei fundo e olhei pra Carla. Ela me olhou.



“Sua mãe é legal.” Ela disse, enquanto vinha na minha direção e me beijava bem perto de meus lábios. Outra vez meu corpo aqueceu. Que está acontecendo comigo??



Logo que Carla ia saindo, minha mãe voltou com sanduíches. Nós arregalamos os olhos. Pela expressão de Carla, ela não parecia feliz por minha mãe ter feito comida, mas ela não deixou que mamãe visse.



“Eu fiz lanche...”



“Senhora Lupin, meu pai vai dar uma passada aqui, para me ver, sabe, ele é muito...conservador, eu acho. E, bem, imagino que ele iria querer falar com seu marido.”



“Mesmo? Sobre o quê, querida...?”



“Ah, mãe, essa é a Carla.” Levantei-me e passei meu braço pelos ombros de Carla. Pude sentí-la ficar rígida sob meu ‘abraço’. Minha mãe prendeu a respiração e depois sorriu, sem graça. Eu gelei. Forcei um sorriso e me virei para Carla.



“Essa é minha mãe, Carla. Seu nome é Cassidy”.



Carla tentou sorrir, mas eu vi quando este falhou.



“É um prazer conhecê-la” disse minha mãe. Carla acenou com a cabeça e eu vi quando seu celular vibrou. Ela murmurou um ‘com licença’ e abriu o telefone, falando numa língua estrangeira. Minha mãe e eu nos entreolhamos.


______________******_______________


 



“Ele chegou” ela anunciou, passando por minha mãe rapidamente e descendo as escadas. Corri atrás dela. Abrimos juntos o portão de dentro e ela abriu sozinha o da frente. Fiquei no jardim esperando pelo homem que seria apresentado como pai dela. Minha mãe chegou na hora em que um grandalhão loiro e com cara de nazista passou pelo portal. Ele devia ter no mínimo dois metros de altura. E era do tipo halterofilista, o que me deixou realmente assustado. Logo atrás do loiro, um homem de cinqüenta e poucos anos, com os cabelos longos presos num rabo de cavalo sem nenhum fio fora do lugar. Eles tinham uma áurea sobrenatural.


Minha mãe ofegou.



“Dennis De Vallance!” eu a ouvi sussurrar e mirei-lhe a face. Ela me afastou pro lado e arrastou-se para o meio do jardim, para recebê-lo.



“Senhor, em que posso lhe ser útil?”



“Por favor, Senhora, gostaria de falar com John. Não insista. É particular.” O pai de Carla pode ter usado um tom cortês, mas eu percebi a autoridade por trás da polidez. Engoli em seco e olhei pra minha amiga. Amiga?Era isso que ela era? Não!Ela só me protegia. Mas do quê?

Carla andou em minha direção. Logo que chegou um pouco mais perto, ouvi um rosnado vindo do loiro. Um rosnado! Vindo de um ser humano!


 Ela não ligou. Puxou-me pela mão até o interior de casa, e sentou-se comigo no sofá. Segundos depois, minha mãe e os dois homens entravam também.



“....Sim, querida Cassidy, eu adoraria uma xícara de chá, por favor. Sem açúcar, se possível e com leite e limão” O pai de Carla falava alegremente enquanto sentava-se ao nosso lado, passando seus braços pelos ombros da filha.


Vi quando ela ficou imóvel e me olhou, num pedido mudo de socorro. Novamente, ouvi o riso-latido, mas dessa vez, também, veio do loiro.



“Cale-se Blöter!” a voz de Dennis ressonou na casa e eu estremeci. Entendi o porquê de minha mãe também tê-lo feito pouco tempo antes. Ele dava medo. Carla apertou minha mão. Eu nem tinha percebido que ainda nos encontrávamos assim.

Mudei minha linha de visão para a cozinha, esperando pelo olhar de minha mãe. Escutei foi o portão se abrindo e a voz de meu pai.



“Estou em casa!!!!”



Soltei a mão dela e corri para ele.


No momento em que não pude mais sentí-la, parecia que haviam tirado uma parte de meu peito. Olhei pra trás, desesperado, com medo de que ela tivesse sido só uma ilusão. Não. Carla De Vallance estava lá, ainda, tensa, esperando por mim.

Meu pai apareceu e me puxou para um abraço, que eu retribuí tenso. 



“Boa noite,rapazes. O que os trás aqui?” a voz de meu pai era tranqüilizadora. Ele era meu melhor amigo, acima de todos. Mas eu me sentia estranho, como se meu destino estivesse, agora, tão enlaçado à Carla, que eu não poderia mais viver sem ela.



Voltei para o lado dela, sem tocá-la, e me senti melhor. Mas não o suficiente. Respirei fundo, e ouvi, pela primeira vez a voz de Blöter. Era, ao mesmo tempo, áspera e macia, dura, não sei como explicar.
“É impressionante como ela nos deixa viciados, não é?!” Ele estava atrás de mim, e ao me virar, deparei-me com Carla, ainda rígida sob os braços do pai e as carícias que o alemão fazia em seus cabelos. Contraí minha mandíbula. Eu queria poder tocá-la assim também.



“É...” respondi entre dentes.



Encontrei, então, o olhar do pai dela. Ele não parecia divertido. Como eu,  contraía as mandíbulas, mas acho que era pra não brigar comigo.



“Dennis” a voz de meu pai foi alta dessa vez.


O pai de Carla virou-se pra ele.



“Tome cuidado com Fenrir Greyback, certo,John?!”



“F-fenrir...” a voz da minha mãe quebrou. Eu me virei para encará-la. Ela estava pálida. ”Você...você brigou com Lobo Greyback, John?” Ela estava histérica.

“Eu não!Só discutimos...”



“E essas pequenas discussões só trarão problemas para sua família, Lupin. E, a não ser que tu arranjes um guarda costas para teu filho, pois não poderei ficar aqui para vigi—“



“Mas, eu não sei...”



“Pai...” minha voz saiu muito mais baixa do que eu esperava. Eles falavam de mim!



“Minha filha não tem onde ficar, por tanto ela não poderá protegê-lo.”



“Carla pode ficar aqui” eu falei, energético. Comecei a entrar em pânico. O que era isso?



“É uma menina da sua idade, Remus, não sei como ela vai lidar com um homem que tem o triplo do tamanho dela em largura e altura!” Meu pai estava bem mais nervoso do que eu.



“Ela é muito mais apta a ficar aqui, já que foi a sua imprudência que o pôs em risco.” Dennis falou isso com um pouco de nojo. Eu o mirei e ele deu um sorriso torto pra mim. ”Não me incomodo que Carla fique aqui, contanto que ela e tua cria não durmam juntos.”



“Remus é novo, ele não sabe nada sobre isso.” Minha mãe disse, exasperada.



“O problema não é tua cria. É a minha.” Disse o sr. De Vallance, olhando diretamente para a filha, com um tom reprovador.



Eu vi quando um riso debochado nasceu nos lábios dela.


_____________****_____________



But I don't care what they say
I'm in love with you
They try to pull me away
But they don't know the truth
My heart's crippled by the vein
That I keep on closing


 



Acordei no meio da noite com a cabeça latejando. Antes que eu pudesse me levantar, vi dois olhos me observando na escuridão do meu quarto. Estremeci. As pupilas, antes amarelas e cruéis, tornaram-se verdes e calorosas. Ela saiu das sombras e sentou-se ao meu lado.



“Não tenha medo” ela sussurrou, enquanto eu respirava fundo.



“Ele te deixou ficar no meu quarto.”



“Não. Eu subi escondida.” Ela disse de uma forma tão simples, que me pareceu ser normal pra ela ir escondida pro quarto dos outros no meio da noite.



“Por quê?” Sentei na cama.



“Eu disse que ia te proteger, não disse?” ela sorriu docemente.



Não podia acreditar.



“Quantos anos você tem?” eu e minha impulsividade...



“Oito” ela franziu o cenho, confusa.



“Há quanto tempo?” me encostei na parede ao lado da cama, olhando para o rosto dela.



”Por quê você quer saber?” o tom dela foi baixo e áspero. Fatal.



“Só curiosidade” meu coração acelerou. Minha voz falho no final da frase.



“Só há oito anos” ela falou, mais calma.



“Você disse que seu pai tinha 400 anos...”



“Ele têm” ela suspirou,contrariada. Eu ri e ela me olhou, curiosa.



“Como é?”



“O quê?” Parei de rir, olhando firmemente para os olhos verdes dela.



“Ser...normal?”
Eu estava incrédulo. Como assim??Ela é normal.



“Não, eu não sou”



“V-você....” meu coração perdeu uma batida. Ela seria igual à mim? Teria poderes?



“Não posso ler sua mente. Ainda”.



Meu queixo caiu de espanto. Sentia-me cada vez mais idiota.



“Carla, Eu... quero dar uma volta. Lá fora”



“Não podemos. Está frio. Está tarde. E é lua cheia”



“Eu quero ir. Agora” ela não me recusaria. Vi por seu olhar que o que ela mais desejava era ir lá também.



“Remus...são ordens dele.



“E você sempre escuta o teu pai?”



“Desde que é Lua cheia e tem haver com Fenrir Greyback!” ela se alterou num salto, e entrou no banheiro. Ouvi-a reprimir um grito.



“Desculpe” eu falei do lado de fora.



“Tudo bem. Eu é que sou a boba, aqui”



“Você não parece ter oito anos” eu me encostei na parte lateral da porta e ela saiu, me olhando profundamente.



“Fui criada para ser assim”



________________*****_____________________




Não senti nada, não ouvi nada.

Ela pulou em cima da fera que saiu de trás das árvores e foi jogada longe de mim no mesmo momento.

Não vi o que me atacou. Ela não deixou.

Vi só um vulto prateado cortar o ar e um uivo agourento escapar da garganta do animal que nos perseguia. Carla ficou entre nós dois, abrindo os braços pra me proteger, adotando uma posição de defesa e ataque ao mesmo tempo: inclinando-se para frente, como um gato.

Ela emitiu um som de aviso. Acho que foi um rosnado.

Então eu corri.

E o ‘bicho’ veio atrás de mim.

Quando me virei pra ver a distância entre nós, ele saltou e me atacou, cortando meu rosto.

A última coisa que ouvi foi um grito agudo de Carla, que corria em nossa direção.
 


 _____________****______________________


n.a.: Aqui vai o segundo capítulo já completamente revisado. Eu não mudei tanto assim, porque tava bem legal. Mas os outros vão sofrer algumas alterações drásticas! Ahushuahsuhaushuah
 Quero saber o que estão achando.


 Beijos, Mira O’Connell.

28 de maio de 2012 - 2ª edição 

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