Capítulo Dezesseis - EDITADO



Décimo Sexto Capítulo



“Nos dias certos, nos dias exteriores da minha vida,
Nos meus dias de perfeita lucidez natural, 
Sinto-me sentir que sinto,
Vejo sem saber que vejo,
E nunca o universo está (não é perto ou longe de mim,
Mas)tão sublimemente não-meu.”
(in O PASTOR AMOROSO.p.182)/ Pessoa, Fernando






Remus Lupin



Que Deus tenha piedade de nossa alma!
James me olhou meio nervoso quando Anisa direcionou seu sorriso sádico para Carla e deu um carinhoso para mim. Os olhos de Jeanette se arregalaram. Ela nunca havia visto a “madrasta” da Carla. É um baque e tanto na autoestima, se quer saber.

Quando ela se aproximou um pouquinho mais de nós, Carla e eu nos levantamos e eu abracei a cintura dela. Os olhos de Anisa pousaram nas minhas mãos em volta de Carla e ela fez uma careta.


Não entendi, mas aí Carla se afastou de mim, e num gesto que me surpreendeu, ela abraçou a loira, enterrando seu rosto no peito de Anisa.


Meu queixo caiu.

Eu, de olhos esbugalhados e boca aberta, olhei para Oscar, que tinha a mesma expressão de choque. Atrás de Anisa, Ingelise e Cannish haviam parado de andar, confusos.

“Eu e Ingelise vamos partir, Carla” ela disse, acariciando os cabelos longos de minha Protetora. Eu apontei pra elas com os olhos, abraçadas, e fiz uma careta meio louca pra Cannish.


Oscar soltou um riso-latido.


 Anisa abriu os olhos e rosnou para ele.


 Eu engoli em seco. Não era bom contrariá-la.



Carla De Vallance

Eu abracei Anisa e senti umidade em meus cabelos. Ela respirou com força e murmurou:

“Ah, querida...” 

Engoli seco. Ela só podia estar pirando. Tendo alucinações.


A morte do meu meio irmão não fez bem pra ela, não... Mas disso eu já sabia.
Ela rosnou para Oscar quando levantou a cabeça, e eu continuei a mirá-la, esperando por recomendações que ela sempre me dirigia antes de viajar para Atenas.

Anisa me soltou e eu me afastei dela antes de sorrir da forma mais doce que pude. Ela deu três passos para trás e depois se virou de costas, indo embora. Ingelise me lançou um olhar curioso antes de virar-se, sendo seguida por Cannish. Assim que a porta se fechou, Oscar riu tanto que pensei que fosse morrer de parada cardiorrespiratória.

James e Sirius não estavam entendendo o motivo de tanto riso e Jeanette estava pensativa demais. Provavelmente matutava alguma coisa naquela cabecinha loira.


 




Dirigíamo-nos para a Escócia no jatinho de papai, depois de uma noite na mansão. Sírius e James jogavam Snap Explosivo e Cannish assistia à partida de forma empolgada. Ele tentava entender como o jogo funcionava. Tenho certeza que se estivesse em sua pele de lobo, sua cauda estaria abanando que nem a de um filhote.



Remus e Jeanette conversavam sobre qualquer coisa algumas poltronas atrás de mim.


Oscar e eu jogávamos Xadrez. Vez ou outra ele me explica como certas jogadas no tabuleiro podem ser executadas na vida real. Mas é claro que eu uso dos meus próprios exemplos para preparar minhas armadilhas.



“Cheque Mate!!!!” Ele gritou pela terceira vez em quinze minutos.


Três jogos; três derrotas.


 Não dava pra ganhar de Oscar jogando assim... Ele era bom demais. Era por isso que era meu Tutor.


 Meu Protetor.



Cannish saiu de perto de James e Síx, quando ouve a primeira explosão, num pulo. Ele caminhou nervoso em nossa direção, e Oscar soltou um riso-latido. Cannish ganiu baixinho suficiente para que os outros não ouvissem. Eu ri.




Quando chegamos ao hotel em que ficaríamos, peguei um quarto com Jeanette, conjugado ao quarto de Cannish e Oscar. Remus, Sírius e James ficariam em um à frente do nosso.

Saímos para jantar às oito horas e depois fomos mostrar os pontos turísticos de Arbedeen, principalmente a catedral de St Machar, em estilo gótico. Para eles, o mundo trouxa era um novo universo.



Suspirei resignada ao chegarmos de volta ao hotel –finalmente. Sírius havia pego o telefone de quatro garotas e James de três. Remus ficou comigo a maior parte da noite. E Jeanette grudou-se à Oscar, tamanho o frio que sentia.



“Finalmente!” gritei, jogando-me à cama. Jeanette riu e deitou-se ao meu lado.



“Foi divertido. Quando vamos fazer compras?” Olhei enviesado para ela. E sorri, quando vi seu rosto inocente.



“É só nisso que tu pensas, criatura?”



“Ah,mas nós não fizemos nenhuma comprinha...” ela fez um beicinho.



“Janny... Aqui não é diferente de Londres, querida... Podes fazer compras lá e aqui. Tanto faz.”  Levantei-me, tomei banho e troquei de roupas, vestindo meu baby-doll.


 Bateram na porta que conectava meu quarto ao de Oscar. Eu a abri quando Jeanette entrou no banheiro.



“Oi.” Ele murmurou sorrindo. 



“Oi, você .” Respondi, incapaz de não devolver-lhe o gesto. Ele acariciou meu rosto com ternura por um segundo, baixando a mão depois.



“Tudo bem por aí?” ele olhou para dentro do quarto, rapidamente, voltando a fixar seus olhos em mim. Seus olhos castanhos eram líquidos, e eu sabia o que ele pensava. Ele sentia minha falta.



“Você sabe que sim, Oscar.” Sorri de novo para ele e suspirei encostada no vão da porta.



“É, eu sei... Mas você sabe que eu gosto de saber como você está.” Eu o abracei, sem deixa que a porta fechasse.



“Eu também gosto de você, Bobão.” Ele riu de novo e beijou minha testa. Cannish tirou o moreno do caminho e me abraçou.



“Boa noite, Pirralha!”



“Boa noite, Sean.” Ele riu, deu uma piscadela divertida, e afastou-se de mim.



“Vá dormir”  ‘brigou’ o ruivo no mesmo momento em que Jeanette saia do Toillet e me chamava para que fossemos nos deitar.



“Boa noite, Leelee.” Oscar murmurou antes que eu fechasse a porta.


 Seus olhos carinhosos me confortaram em meus sonhos.




Tomamos café e voltamos aos quartos para nos arrumarmos.


 Haveria outra maratona. Mas desta vez de compras.


E por parte de Jeanette. Nós íamos para carregar suas sacolas.



Estávamos na recepção do hotel, já indo embora, quando o celular de Cannish tocou.


 Ele atendeu-o e eu me esforcei para ouvir a conversa, mas ele deixara o volume baixo demais. Só Oscar podia escutá-la.


Quando olhei para seu rosto, esperando ver uma expressão divertida, encontrei-o pálido.

“Oscar?!” guinchei, indo ao seu encontro. Virei-me duma vez para ver Cannish, mas este parecia ter sido acertado por um Petrificus Totalus.



“Que houve?!” perguntei nervosa.



Remus respirou com força.


 Podia ouvir os corações dos humanos ao meu redor baterem descompassados esperando a notícia.


 Podia ouvir barulhos desconhecidos...


Podia ouvir o elevador, o telefone do primeiro andar, a pulsação de Jeanette, a voz insistente do outro lado da linha murmurando algo sobre um assassinato...


Segurei a respiração.


 Cannish e Oscar nunca se abalavam por causa disso. Eles eram assassinos profissionais. Havia algo errado. Seriamente errado.



“Cannish?! Oscar?!” estralei os dedos na frente de seus rostos. “Acordem! Quem morreu?” falei baixinho para os outros não escutarem.



“Vamos voltar para a Inglaterra, Carla.” Cannish estava com a voz rouca e o olhar perdido. Oscar esperou que ele desse a ordem. “Oscar, pegue as crianças e arrume as bagagens. Eu vou atrás do Frederich para pegarmos o avião.”



“Tá.” Ele disse e nos arrastou de volta para os quartos, enquanto eu via Cannish passar correndo pelas portas duplas do hotel em direção a rua.


Ao aeroporto.


 


{...}


Havia uma parte do meu cérebro que não conseguia absorver a notícia.


Ela não podia estar morta.


Ela não.


 Não agora.


Não aqui.


Não assim.


Minha respiração estava difícil e, apesar de escutar Oscar murmurando em meu ouvido que tudo ia ficar bem, eu não podia ouvi-lo.


 Porque não ia ficar nada bem.


Nada.


Nunca. 



Remus Lupin

Ver Carla descontrolada nunca foi algo que eu tenha querido ver alguma vez.


Se ela já era nervosa normalmente, descontrolada era algo de outro mundo, pelo menos para mim.



Mas naquele dia, fiquei surpreso que ela não tenha matado alguém.


Oscar foi o primeiro a socorrê-la quando nos contaram a notícia de que a mãe dela tinha morrido.


Não fazia sentido e a casa de Dennis estava uma loucura só.


 Só faltava uma pessoa: Anisa.



“Não vai contar para ela?” ouvi Blötter falando com Dennis.


Ao que perecia, Anisa deveria ficar isenta da notícia.



“Não sei ainda.” O Sr. De Vallance estava olhando para Carla, que estava no chão, preocupado. Ela soluçava entrecortadamente, com dificuldade de respirar.



Oscar e Jeanette a seguravam.


Eu podia vê-la fraca e indefesa, magra, de desespero. Meu peito se comprimiu e dirigi-me até ela. Abaixei-me, abracei-a, tomando seu corpo do de Oscar e beije-lhe o topo da cabeça. Ela agarrou-se a mim, chorando. Oscar levantou-se e pegou algo que Jeffrey nos estendia: Água.


Tentamos fazer Carla beber, mas era complicado.


Então Wulfmayer estava com a filha nos braços, apertando-a contra seu peito. Ela gemia baixinho, de forma dolorosa. As mulheres presentes na casa choravam pelos cantos. Era como se todos conhecessem Giulianna.


 O que não era bem verdade.




Oscar Rutherford

Suspirei mais uma vez, enquanto apertava a mão de Carla, que me parecia mais que nunca, muito frágil. Eu tinha tanto medo de machucar essa garota, que não conseguia imaginá-la como uma de nós, na pele de um lobo furioso e cruel.


Mas tinha certeza que ela seria imbatível e impiedosa quando se transformasse.


Era assim que ela era.


Pelo menos eu achava isso... Até agora.



Wulfmayer nos ligou quando estávamos saindo para fazer compras na Escócia, dizendo que Giu estava morta.


Como contaríamos à Carla?


 Ele disse para trazermos a menina para cá, de volta para Londres, para sua verdadeira família.


 Quando chegamos aqui, o próprio Wulfmayer nos recebeu e escoltou-nos de volta à mansão.


 Lá, ele disse que Giulianna havia sido assassinada em casa.


 E que não íamos levar Carla para a França porque a casa não estava habitável.


 Quem quer que tenha cometido o crime, espalhara o sangue e o corpo da mulher por toda a sala de estar. Tentara matar até o gato, mas o animal saíra com vida.


 Pelo laudo, o homicídio havia sido cometido durante a noite e foi um cão ou lobo o que efetuou o ataque. O que me fez suspeitar imediatamente da única pessoa que não se encontrava na casa na noite do crime: Anisa.


 O problema é que Ingelise estava com ela, portanto, as duas se encobririam.



Mas, não posso esquecer-me de que não existem somente nós da nossa espécie. Há outros lobos espelhados pelo mundo.


 E Anisa, como uma fêmea bela, rica e influente, faria tudo para conseguir que um deles matasse a ex-amante de seu marido. Ela não pôde matar a criança, pois então vai matar a mãe...



Suspirei.


Isso seria um problema bem grande.


 Carla não ficaria calada.


Em menos de uma semana, ela descobrirá quem foi o assassino e acabará com a raça dele. Nem que para isso tenha que transmutar-se pela primeira vez. 


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n.a.: Maaais um capítulo editado.UHUL!!!!


 Deixei também um monte de pistas sobre algumas coisas que vão acontecer no decorrer da fic, que não tinham ficado boas o suficientes.


Quaisquer perguntas, sintam-se à vontade.


 Espero que estejam gostando.


Comentem.


Beijão,
Mira.


24.07.2012

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